Por que o corpo incha apos a morte

Mais que um tabu, a morte é um mistério para todo mundo. Isso porque muita coisas sobre ela e seus reflexos sobre os corpos já foi estudada e, mesmo assim, há ainda uma infinidade de outros detalhes que os cientistas ainda precisam compreender.

Nós, os leigos, no entanto, raramente temos consciência do que acontece com nosso corpo depois de fazermos a inevitável “passagem” dessa para outra, não é mesmo? O máximo que sabemos é que alguma coisa ruim deve acontecer, caso o corpo demore muito para encontrar o repouso eterno, causando mal cheiro e uma sequência de acontecimentos não desejáveis.

Hoje, no entanto, vamos compreender, passa-a-passo, os principais acontecimentos que rolam assim que a morte chega e porque eles acontecem. Confira a lista:

1. Temperatura caindo

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O primeiro sinal de que o corpo está entrando em decomposição é a queda de temperatura. Assim que a pessoa morre, seu organismo passa a esfriar cerca de 1,5ºC por hora, até chegar à temperatura ambiente. Em seguida, é a vez do sangue tornar-se mais ácido, uma vez que sem oxigênio, fica acumulado dióxido de carbono nesse fluído. É aí, então, que as células começam a se dividir, esvaziando as enzimas dos tecidos.

2. Ficando pálido

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Outro processo que se inicia, logo após a morte, é a palidez. Isso acontece porque as células vermelhas do sangue passam a se concentrar na parte do corpo mais próxima ao chão, uma vez que a circulação foi interrompida. Aliás, é por isso que manchas rochas ajudam a identificar a posição em que o corpo estava no momento da morte.

3. Enrijecimento 

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Em média, três horas depois da morte, começa o processo de endurecimento do corpo, que atinge seu auge 12 horas depois da “passagem”, findando completamente após 48 horas. Esse processo de enrijecimento acontece devido à falta de circulação sanguínea, que para de regular a distribuição de cálcio no sangue. Como resultado disso, o morto endurece e tem os músculos contraídos.

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4. Putrefação

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Uma mistura de micróbios e as enzimas liberadas pelo pâncreas dá início ao processo de apodrecimento do organismo morto. Literalmente, o corpo passa a ser consumido de dentro para fora, liberando uma tonalidade verde e dando início ao mal cheiro tão característico. Inclusive, são as bactérias, que tomam conta do corpo, que liberam esse fedor, composto principalmente por substâncias chamadas putrescina e cadaverina.

5. Enceramento 

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Outro processo que pode acontecer é a cobertura total do corpo por uma espécie de cera, a adipocera, formada por alterações químicas resultantes da decomposição dos tecidos pelas bactérias. Isso é mais fácil de acontecer se o morto ficar em contato com a água fria ou com o solo e funciona como uma mumificação natural, digamos assim. Contam que o processo é tão potente que é capaz de conservar os órgãos internos do corpo por séculos, como no caso de um cadáver, encontrado em uma baía, na Suíça, que os legistas estimam ter 300 anos.

Louco, não?

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Há poucas certezas na trajetória de vida de todos nós, humanos. Uma delas é de que, um dia, partiremos dessa para melhor — ou seja, eventualmente, todo ser humano irá morrer. Enquanto não sabemos o que acontece com a nossa consciência após esse momento chave, já se sabe sobre muito do que acontece com nossos corpos após a morte, podendo identificar quando ela ocorreu e sob quais circunstâncias.

Depois que o corpo humano perde suas funções vitais, ele começa a se desintegrar em matéria orgânica mais simples através de processos químicos e biológicos. A duração deles pode variar de semanas a anos, a depender de alguns fatores específicos. Reações químicas envolvidas no apodrecimento, por exemplo, aceleram em temperaturas mais altas, enquanto climas mais frios preservam o cadáver por mais tempo. O enterro no solo ou em um caixão também pode mudar essas condições.

E cada vez sabemos mais sobre os processos de decomposição: cientistas australianos publicaram uma pesquisa, em 2020, mostrando que o corpo pode se mover enquanto se decompõe — e não são pequenos espasmos, mas sim movimentos em todos os membros, mesmo em avançado estado de putrefação. Braços posicionados no chão, ao lado do corpo, chegaram a ficar esticados para cada lado respectivo. Os pesquisadores acreditam que isso acontece enquanto o corpo se "mumifica" e os ligamentos secam.

Por que o corpo incha apos a morte
Saber os processos pelos quais o corpo passa após a morte ajuda especialistas a saberem quando isso ocorreu. Mas e ao ar livre, quando ele não é encontrado por ninguém, o que acontece? (Imagem: Twenty20photos/Envato Elements)

Hoje em dia, clínicas funerárias preparam os corpos para o enterro a ser realizado pelos entes queridos, desacelerando alguns processos o suficiente para que a aparência se mantenha por algumas horas. Mas o que acontece se um corpo for deixado ao ar livre?

Estágios da decomposição

À medida que o corpo vai se decompondo, vários processos vão acontecendo com o cadáver. Na ocasião dele estar ao ar livre — sem ter sido enterrado e estando descoberto — é possível dividir o que acontece com o corpo humano em algumas categorias:

  1. Rigor mortis;
  2. Inchaço;
  3. Deslizamento da pele;
  4. Marmoreio;
  5. Expulsão de órgãos liquefeitos;
  6. Multiplicação de insetos;
  7. Surgimento de carniceiros;
  8. Esqueletização.

Rigor mortis

A fase na qual o corpo ainda está "fresco" pode durar de alguns dias a uma semana. Inicialmente, o que se instala é o Pallor mortis, quando o cadáver fica pálido por conta da falta de circulação e consequente ausência de sangue nos capilares. Isso acontece cerca de 15 minutos após a morte. Duas a seis horas depois, então, o Rigor mortis surge, quando as células morrem ao sentir falta do oxigênio e dos nutrientes para se manter, e o corpo fica rígido.

Então, vem a chamada proteólise — a quebra das proteínas —, que desfaz a rigidez e deixa o corpo mole novamente, acabando com o rigor mortis cerca de 36 horas após a morte. É a chamada flacidez secundária. Ao ar livre, o corpo irá atrair insetos rapidamente, geralmente 10 minutos depois do falecimento.

Com a morte, as bactérias que vivem nas vísceras fogem do controle e começam a se reproduzir e consumir o corpo. Um estudo de 2014 descobriu que leva 58 horas para elas se espalharem pelo corpo, indo até o fígado, baço, coração e cérebro. Disso derivam gases, que causam um inchaço no abdômen. Em climas mais temperados, isso acontece em um período de dois a três dias.

Deslizamento da pele

O aumento de gás dentro do corpo também causa um aumento da pressão, que começa a empurrar fluidos entre as camadas da pele, causando o desprendimento das mais superficiais. A pele, assim, começa a deslizar à medida que a epiderme se separa da derme, e pode ser removida do corpo com facilidade.

Por que o corpo incha apos a morte
Ao ar livre, principalmente em climas mais quentes, o corpo vai atraindo insetos e animais carniceiros em sequência, que acabam por deixar só o esqueleto (Imagem: davidpereiras/Envato Elements)

Marmoreio

Quando já não há mais oxigênio no qual antes se ligavam, as hemoglobinas do sangue começam a se ligar ao enxofre, preenchendo as artérias e veias com uma substância roxo-esverdeada, que dá a aparência de mármore a certas partes do corpo, como o tronco e os membros.

Com o aumento da pressão interna, os fluidos corporais e órgãos já liquefeitos começam a escapar por todos os orifícios possíveis. Os globos oculares podem ser deslocados e alguns corpos até mesmo explodem, a depender de onde e como a pressão é feita. Os tecidos ficam moles e as unhas começam a cair. Isso pode acontecer em até três semanas após a morte.

Multiplicação de insetos

Os elementos químicos que o corpo libera atraem moscas, que começam a pôr ovos dentro e ao redor dos orifícios do cadáver. As larvas que nascem desses ovos começam a sair e se alimentar da carne e dos órgãos, em um ciclo. Fica visível a dispersão larval, processo pós-alimentar feito pelas larvas, quando já não há mais pele.

Surgimento de carniceiros

Outros insetos, tais como os besouros, começam a ser atraídos para o corpo, bem como pássaros, todos vindo se alimentar dos restos humanos. Animais carniceiros, como urubus, também começam a aparecer, gradativamente arrancando a carne dos ossos.

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Quando só o esqueleto sobra, os ossos acabam desarticulados por ação do ambiente, como chuva, vento e erosão, o que pode levar meses ou anos (Imagem: Yakov_Oskanov/Envato Elements)

Nesse último estágio, já não há mais tecido mole no corpo, restando apenas ossos e cartilagens mais duras. A esfoliação e branqueamento dos ossos começa cerca de nove meses após a exposição ao ar livre. Após isso, fenômenos como chuva, vento, erosão e abrasão começam a afetar o que restou do corpo e os ossos são desarticulados, o que pode levar meses ou até mesmo anos.