Equipe Focus Um dos fundadores do partido Novo, João Amoêdo, afirmou não acreditar que a Terceira Via “vá encorpar” até a eleição em 2022. A declaração foi feita em entrevista à Folha. Ele ainda disse que votará nulo se a disputa no segundo turno ficar entre Lula e Jair Bolsonaro. “Nunca votei nulo, não gosto da ideia. Mas o duro, especialmente como agente político, é você depois ter que justificar o que não é justificável. Votar em qualquer um dos dois não é justificável.” Sobre uma eventual chapa formada por Lula e Geraldo Alckmin, Amoêdo disse: “Acho muito estranho, os dois foram competidores. Em tese, o Alckmin sempre vendeu uma linha ideológica diferente da do PT. Acho que esse processo não faz muito sentido.” Foto: Jorge Araujo/Folhapress Você deve ter reparado que, especialmente na última semana, você foi inundado por publicações sobre João Amoedo, candidato à presidência pelo Partido Novo. Mesmo aqueles mais progressistas viram suas timelines e contatos de whatsapp enviando mensagens num ritmo forte. Vejo muitos amigos, a maior parte deles bem-intencionados, declarando seu voto no candidato em Amoedo. A imagem de bom moço, aliada a discursos que pregam o fim dos privilégios a políticos causa dúvidas e boa impressão. Por isso, é hora de explicar para o leitor que este em dúvida sobre votar em Amoedo: por que não votar? Já vimos esse filme, não vimos? Sim. Se fosse um medicamento, Amoedo teria o mesmo princípio ativo de João Dória. Rico, bom discurso e tenta se manter distante da classe política, mesmo concorrendo ao cargo mais importante da política brasileira. Para manter as coincidências, o primeiro nome dos dois é João. É tentador, eu sei. Num país cuja classe política tradicional não consegue oferecer a mínima resistência a práticas corruptas, escolher alguém que já tem dinheiro suficiente e, por isso, não precisaria roubar de ninguém, parece uma escolha inteligente. Parece. Estado mínimo? Espero que você saiba, de verdade, o que é estado mínimo. Se não, permita que eu tome a liberdade de contar o que é na prática. Estado mínimo, no modo brasileiro, é cortar tudo aquilo que for possível no Estado: privatizar tudo que der, cortar serviços públicos, diminuir direitos trabalhistas e arrochar salários de contribuintes. Na prática, o estado mínimo serve para quem mais precisa do Estado e da proteção que ele oferece, que é a população mais carente. Para as grandes empresas, existe o Refis, existem os perdões de dívida e, especialmente para os bancos, existe a anuência com as práticas abusivas de juros e impostos que não chegam à metade do que assalariados pagam. O estado mínimo é para quem, mesmo? Quem é Amoedo? O problema é quando banqueiros resolvem criar um partido político, sendo justamente os bancos as instituições mais ricas do país. Se os antigos partidos políticos sempre fizeram lobby para banqueiros, a novidade no surgimento do Novo é apenas a eliminação do intermediário. Programa de governo Separei alguns trechos dele e comento: - Vamos combater a pobreza. E isso se faz com a geração de renda e não com a sua distribuição. (Quer que eu desenhe?) - Vamos trabalhar para termos uma sociedade próspera, que valorize o sucesso e não o vitimismo. (O que é vitimismo? Racismo, feminismo, causa LGBT? Talvez essa frase te ajude a entender: “Se empresas pagam salários distintos para homens e mulheres, Estado não deve interferir”) - Privatização de todas as estatais (há quem goste, mas a ideia de ver a riqueza nacional doada ao setor privado me parece estarrecedora) - Priorizar a educação básica na alocação de recursos federais (pesquisa, ciência e ensino superior: aguardem quatro anos) - Base curricular da formação dos professores direcionada à metodologia e à prática do ensino, não a fundamentos teóricos. (O que seriam os fundamentos teóricos?) - Construção, manutenção e gestão de presídios em parceria com o setor privado. (Para que um presídio seja um bom negócio, ele precisa de presos. Como fazemos isso? Já sabem...) - Desvinculação do salário mínimo e indexação pela inflação. (Aumento de poder de compra? Esquece) Concluindo... |