Os tipos de narrador correspondem ao ponto de vista da história contada, isto é, a uma perspectiva particular.Assim, uma determinada história pode ser contada de forma mais subjetiva, aproximando o leitor das alegrias ou angústias da personagem, ou ainda de maneira distante e objetiva, tratando os acontecimentos da trama de maneira neutra, sem interferências. Show
Há também narradores que participam da história, mas não são protagonistas, e há aqueles que sabem o que a personagem pensa no seu íntimo. Dessa forma, saber qual o tipo de narrador presente em uma história é fundamental para que se compreenda o foco ou direcionamento dado. Uma narrativa intimista opta por um narrador em primeira pessoa ou um narrador onisciente intruso, que entende as nuances dos pensamentos das personagens e expõe tudo ao leitor. Por outro lado, uma história focada na trama pode conter um narrador observador ou narrador onisciente neutro, que não interfere no juízo de valor de seus leitores. Leia também: Crônica narrativa — gênero marcado pela brevidade de ações Tópicos deste artigo
Resumo sobre os tipos de narrador
Videoaula sobre os tipos de narradorNão pare agora... Tem mais depois da publicidade ;) O que é foco narrativo?De acordo com o linguista José Luiz Fiorin, o foco narrativo é amaneira de se narrar. Em um texto narrativo, é o narrador quem determina o foco, isto é, o ponto de vista. Por exemplo, na obra Dom Casmurro, de Machado de Assis, o narrador (Bentinho) é quem determina:
No entanto, explica Fiorin, há fundamentalmente dois modos de se narrar: em primeira pessoa ou em terceira pessoa. É possível observar em diferentes obras formas diversas de expressão do ponto de vista. → Como definir o foco narrativo?É fundamental que haja a definição do foco narrativo, e, para isso, o crítico literário Norman Friedman estabeleceu as seguintes questões a serem feitas:
Com base nas perguntas acima, é possível definir os tipos de narrador ou, conforme Friedman, os modos e pontos de vista apresentados no texto narrativo. Quais são os tipos de narrador?O texto narrativo pode apresentar dois tipos de narrador. → Narrador em primeira pessoaExistem dois tipos de narrador em primeira pessoa. Veremos cada um deles a seguir.
Exemplo:
O trecho acima foi retirado do livro Dom Casmurro. Percebe-se, logo de início, o uso de alguns marcadores de primeira pessoa (“expliquei-lhe”, “minha emoção”) que proporcionam uma relação de confissão entre narrador e leitor. O trecho diz respeito às dúvidas que Bentinho, o protagonista e narrador, tem a respeito da traição de sua amada, Capitu. Uma das pistas da traição, segundo o narrador, seria a semelhança de seu filho com o seu amigo Escobar. O excerto evidencia esse pensamento e a parcialidade das informações, visto que não há uma visão alternativa (de Capitu ou de Escobar). Saiba mais: Capitu traiu Bentinho?
Exemplo:
Em O paciente residente, o narrador é Watson, amigo do detetive Sherlock Holmes. Ele define um ponto de vista que caracteriza Holmes: uma personagem dotada de raciocínio analítico que faz uso de uma série de métodos peculiares. Ele ressalta, portanto, elementos que descrevem a inteligência e capacidade acima do normal do seu companheiro. Sendo assim,a narrativa é feita por uma testemunha (Watson) que define o protagonista (Sherlock Holmes) de forma parcial, atribuindo-lhe adjetivos elogiosos. → Narrador em terceira pessoaExistem três tipos de narrador em terceira pessoa. Veremos cada um deles a seguir.
Exemplo: Em pouco tempo a força do rei Polícrates cresceu imensamente, e ele se tornou famoso na Jônia e em toda a Hélade; aonde quer que se dirigisse para guerrear, era em tudo bem-sucedido. Acumulou cem navios de cinquenta remos, e mil arqueiros. Atacava e saqueava a todos, sem fazer distinção de ninguém. De fato, dizia que faria algo mais grato a um amigo restituindo-lhe o que lhe tomara, do que se nunca lhe tivesse roubado coisa nenhuma. Conquistou numerosas ilhas, e também muitas cidades do continente. Entre outros ilhéus que venceu em batalhas navais, conquistou também os lésbios, que haviam acorrido com todas as suas forças em socorro aos milésios; esses, como prisioneiros, escavaram todo o fosso que há em volta das muralhas de Samos. (O anel de Polícrates, Heródoto) Onarrador observador descreve os feitos do rei Polícrates com certo distanciamento. Não se sabe, por exemplo, o que o narrador pensa da característica de conquistador do rei (não há juízo de valor), e, dessa forma, é mantida a neutralidade. Com esse ponto de vista estabelecido, cabe ao leitor formar sua opinião acerca da personagem, que, nesse texto narrativo, é descrita de forma superficial. Veja também: Apólogo — texto narrativo curto que apresenta histórias fantásticas
Exemplo: O rosto de Spade estava calmo. Quando seu olhar encontrou o dela, seus olhos amarelo-pardos brilhavam por um instante com malícia e depois tornaram-se de novo inexpressivos — Foi você que fez isso? — perguntou Dundy à moça, mostrando com a cabeça a testa ferida de Cairo. Ela olhou de novo para Spade, que não correspondeu absolutamente ao apelo dos seus olhos. Encostado ao batente, observava os circunstantes com ar educado e desprendido de um espectador desinteressado. (O falcão maltês, Dashiel Hammett) No excerto, a característica de narrador onisciente neutro se faz presente quando observamos, principalmente, os seguintes trechos:
Em I, o narrador fornece algumas informações ao leitor sobre o estado da personagem Spade (ele estava calmo, como analisa o narrador a partir de suas feições). A malícia, elemento presente em II, é outra característica que compõe o pensamento de Spade, exposta a partir do olhar (o narrador faz uso de um movimento concreto, o de olhar, e fornece ao leitor uma emoção, a malícia).
Exemplo: Outra observação. O mundo das meretrizes, dos ladrões e dos assassinos, os galés e as prisões comportam uma população sessenta e oito mil indivíduos, machos e fêmeas [...] Não será extravagante constatar que a justiça, os gendarmes e a política oferecem um número de pessoal quase correspondente? Esse antagonismo de gente que se procura e que reciprocamente se evita, constitui um imenso duelo, eminentemente dramático, esboçando no presente estudo. Com o roubo e o meretricio sucede o mesmo que com o teatro, a polícia, o sacerdócio e a gendarmaria. Nessas seis condições, o indivíduo toma o caráter indelével. Não pode mais ser o que é. (Balzac) Em Esplendores das cortesãs, o narrador onisciente intruso descreve uma série de nuances e elementos sociais que influenciam no comportamento das personagens. Elas são apresentadas com suas inconstâncias e desespero por condições de vida melhores, por conta do contexto sócio-histórico em que vivem. Dessa forma, além de apresentar o estado de sofrimento das personagens, o narrador dá sua opinião, atribuindo a elas a condição social desfavorável da época. O recurso utilizado é uma maneira de convencer o leitor, o que caracteriza um narrador onisciente intruso parcial. Videoaula sobre narraçãoPor Rafael Camargo de Oliveira Qual é o foco narrativo identifique?O foco narrativo designa o ponto de vista daquele que narra a história. Dessa forma, ele pode ser em primeira pessoa, isto é, quando pertence a uma das personagens (principal ou coadjuvante), e também pode ser em terceira pessoa, ou seja, quando não pertence a uma das personagens, localizando-se fora da história.
Quais os 3 tipos de foco narrativo?Os tipos de narrador são o narrador personagem (em primeira pessoa), que participa da história; o narrador observador (em terceira pessoa), que apenas narra o que vê; e o narrador onisciente (também em terceira pessoa), que tem total conhecimento de personagens e fatos.
Qual é o foco narrativo é tipo de narrador da obra de Júlio Verne?Na obra Miguel Strogoff, de Júlio Verne, verifica-se a presença clássica do tipo de narrador observador: distante e neutro, ele apresenta a vida do personagem como um filme.
Como o narrador se apresenta no texto qual é o foco narrativo?Foco narrativo é o ponto de vista daquele que conta uma história. O foco narrativo pode ser em primeira ou em terceira pessoa. O narrador personagem possui um ponto de vista em primeira pessoa. O observador e o onisciente possuem ponto de vista em terceira pessoa.
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