Como era a composição de cores usadas pela artista Tarsila do Amaral?

Tarsila do Amaral nasceu em 1886 e morreu em 1973. Em 1904, fez seu primeiro quadro – Sagrado coração de Jesus – e, em 1922, começou a fazer pinturas vanguardistas. Filiou-se definitivamente ao Modernismo brasileiro ao pintar a tela A negra (1923).

Durante suas fases Pau-Brasil (1924-1928) e Antropofágica (1928-1930), a artista esteve completamente voltada para o movimento modernista brasileiro, quando produziu obras como: Carnaval em Madureira (1924) e Abaporu (1928). Já Operários (1933) é a obra mais conhecida de sua fase social.

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Biografia de Tarsila do Amaral

A pintora Tarsila do Amaral nasceu em 1º de setembro de 1886, em Capivari, no estado de São Paulo, e morreu em 17 de janeiro de 1973, na cidade de São Paulo. Sua obra apresenta paisagens rurais e urbanas brasileiras, além de elementos da fauna, flora e folclore do país.

Seu primeiro quadro – Sagrado coração de Jesus – foi feito em 1904, em Barcelona, quando a artista estudava na Espanha. De 1920 a 1922, estudou na Académie Julian, em Paris. Assim, não participou da Semana de Arte Moderna de 1922, já que estava na França quando o evento ocorreu. A pintora, portanto, teve uma formação acadêmica antes de aderir ao Modernismo.

Como era a composição de cores usadas pela artista Tarsila do Amaral?
Tarsila do Amaral, possivelmente em 1925.

No Brasil, fez parte do chamado Grupo dos Cinco: Anita Malfatti (1889-1964), Mário de Andrade (1893-1945), Oswald de Andrade (1890-1954), Menotti del Picchia (1892-1988) e Tarsila do Amaral. Por causa desse convívio, em 1922, pintou os retratos de Mário de Andrade e de Oswald de Andrade, em estilo expressionista. No ano seguinte, em 1923, ela e Oswald de Andrade foram viver em Paris, onde Tarsila do Amaral pôde se envolver ainda mais com a arte moderna.

Sua primeira tela modernista é A negra, de 1923, de influência cubista, e causou forte impacto na época. Três anos depois, em 1926, Tarsila do Amaral fez sua primeira exposição individual em Paris. Nesse mesmo ano, casou-se com o escritor Oswald de Andrade. Mas, em 1930, ela se separou do marido ao descobrir que ele estava tendo um romance com a escritora Pagu (1910-1962).

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Em 1929, Tarsila do Amaral teve sua primeira exposição individual no Brasil. Em 1931, viajou para a União Soviética e fez uma exposição em Moscou. A partir de 1935, passou a trabalhar como colunista e ilustradora. Em 1950, as pinturas de sua fase “neo-pau-brasil” foram apresentadas no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM/ SP). Já em 1954, fez a tela Procissão do Santíssimo, em comemoração aos quatrocentos anos da cidade de São Paulo.

Tarsila e o Modernismo

Como era a composição de cores usadas pela artista Tarsila do Amaral?
Cartaz da Semana de Arte Moderna, em 1922.

O Modernismo brasileiro foi inaugurado com a Semana de Arte Moderna, em 1922. Nesse evento, artistas de diversas áreas apresentaram novas tendências artísticas inspiradas nos movimentos de vanguarda que estavam em curso na Europa. A principal característica desse movimento foi a quebra radical com a arte acadêmica e com os valores tradicionais, não só na arte, mas também na sociedade brasileira.

Na Semana de 22, participaram os seguintes artistas das artes visuais: Anita Malfatti, Di Cavalcanti (1897-1976), Ferrignac (1892-1958), Jonh Graz (1891-1980), Vicente do Rego Monteiro (1899-1970), Zina Aita (1900-1967), Yan de Almeida Prado (1898-1991), Antônio Paim Vieira (1895-1988) e Alberto Martins Ribeiro|1|. Apesar de Tarsila do Amaral não ter participado do evento, demonstrava interesse pela chamada “arte moderna”.

Além de apresentar marcas de movimentos das vanguardas europeias, como o cubismo e o surrealismo, o Modernismo brasileiro também explorou a temática nacional. Foi um movimento artístico que buscava revelar a identidade brasileira, e isso pode ser visto nas obras de Tarsila do Amaral produzidas entre os anos de 1924 a 1933.

entre os anos de 1904 e 1923, as obras da artista revelam seu processo de formação até a descoberta da arte moderna. A temática nacional ainda não é uma marca; mas, no final desse processo, é possível perceber a influência dos movimentos de vanguarda, como o expressionismo e o início da influência cubista, a partir de uma visão nacionalista, na pintura A negra (1923).

Assim, na fase Pau-Brasil (1924-1928), é possível observar pinturas com cores fortes e nacionais (como o verde), cuja temática é o Brasil rural e urbano, produzidas a partir da técnica cubista. Dessa fase, devemos destacar as obras: Morro da favela (1924), Carnaval em Madureira (1924) e O mamoeiro (1925).

Como era a composição de cores usadas pela artista Tarsila do Amaral?
Capa do livro Mari Miró e o Abaporu, de Vivian Caroline Lopes, publicado pela editora Ciranda Cultural. [1]

Na fase antropofágica (1928-1930), a pintora ainda utiliza as cores fortes; porém, sobressaem os elementos oníricos, com clara influência surrealista. Principal obra desse período é Abaporu (1928). “Abaporu”, em tupi, significa “homem que come gente”. Essa tela inspirou o escritor Oswald de Andrade a escrever o Manifesto antropófago (1928).

Segundo Christian Bruno Alves Salles, doutor em Sociologia:

“Uma tensão entre o local e o universal caracterizou o Modernismo brasileiro. Tensão que não se traduzia em antagonismo, mas se harmonizava na afirmação da primazia do nacional. Um impulso universalista orientava o movimento, manifesto, sobretudo, na assimilação das vanguardas artísticas europeias. Contudo, a incorporação do dado estrangeiro pressupunha uma reinvenção, por meio da adaptação às condições do meio nacional”.

Dessa maneira, Oswald de Andrade percebeu a necessidade de considerar, como parte da identidade nacional, a influência estrangeira histórica e inerente à cultura brasileira. A antropofagia defendida pelo escritor era cultural: era preciso “comer” o estrangeiro e ressignificar a sua cultura, inserida na cultura brasileira, o que fica exposto neste trecho do Manifesto antropófago:

Nunca fomos catequizados. Vivemos através de um direito sonâmbulo. Fizemos Cristo nascer na Bahia. Ou em Belém do Pará.

Mas nunca admitimos o nascimento da lógica entre nós.

Contra o Padre Vieira. Autor do nosso primeiro empréstimo, para ganhar comissão. O rei-analfabeto dissera-lhe: ponha isso no papel mas sem muita lábia. Fez-se o empréstimo. Gravou-se o açúcar brasileiro. Vieira deixou o dinheiro em Portugal e nos trouxe a lábia.

[...]

Nunca fomos catequizados. Fizemos foi Carnaval. O índio vestido de senador do Império. Fingindo de Pitt. Ou figurando nas óperas de Alencar2 cheio de bons sentimentos portugueses.

A fase social (década de 1930) de Tarsila do Amaral foi o período em que a artista demonstrou sua preocupação com questões sociais brasileiras. Esse interesse se deve à sua viagem à União soviética em 1931. Ao voltar ao Brasil, a pintora participou de reuniões do Partido Comunista Brasileiro (PCB) e acabou sendo presa, o que durou um mês. Principal obra dessa fase: Operários (1933).

Entre os anos 1930 e 1950, Tarsila do Amaral não abandonou os temas nacionais, mas essa temática voltou a ser mais fortemente trabalhada a partir de 1950, em sua fase neo-pau-brasil. Uma das obras desse período é Batizado de Macunaíma (1956), onde se podem perceber símbolos da cultura nacional, como a floresta brasileira, o índio e o batizado.

Veja também: Dadaísmo – a vanguarda que era contra os valores estéticos tradicionais

Obras de Tarsila do Amaral

Como era a composição de cores usadas pela artista Tarsila do Amaral?
Selo de 1998 em que se vê a reprodução da tela Urutu (1928), de Tarsila do Amaral.

Tarsila do Amaral produziu mais de cinquenta obras. Conheça algumas das obras mais representativas de sua carreira:

  • Retrato de Oswald de Andrade (1922);
  • As margaridas de Mário de Andrade (1922);
  • Retrato de Mário de Andrade (1922);
  • O autorretrato (1923);
  • A negra (1923);
  • Caipirinha (1923);
  • São Paulo (1924);
  • Morro da favela (1924);
  • Carnaval em Madureira (1924);
  • O mamoeiro (1925);
  • Urutu (1928);
  • Abaporu (1928);
  • A Lua (1928);
  • Antropofagia (1929);
  • Floresta (1929);
  • Operários (1933);
  • Orfanato (1935-1949);
  • Costureiras (1936-1950);
  • Bandeira do divino (1939-1968);
  • Batizado de Macunaíma (1956).

Notas

|1| Há pouca informação sobre Alberto Martins Ribeiro. O que se sabe é que era carioca e morreu ainda jovem, provavelmente na Itália.

|2| Oswald de Andrade se refere ao escritor romântico José de Alencar (1829-1877), autor do romance O guarani, obra adaptada pelo compositor Carlos Gomes (1836-1896), autor da ópera O guarani.

Créditos da imagem:

[1] Editora Ciranda Cultural (Reprodução)

[2] neftali / Shutterstock

Como eram as características das cores das obras de Tarsila?

Características de suas obras Tarsila conseguiu traduzir em cores vibrantes todas as sombras de um país. Influência do cubismo (uso de formas geométricas). Abordagem de temas sociais, cotidianos e paisagens do Brasil. Estética fora do padrão (influência do surrealismo na fase antropofágica).

Quais as principais cores utilizadas nas obras de Tarsila do Amaral?

Modernistas, suas obras eram marcadas por cores vivas, figuras geométricas (influência do estilo artístico cubismo), formas surrealistas, temas de cunho social, cenas cotidianas e muita paisagem.

Como era as pinturas de Tarsila do Amaral?

Obras e características da arte de Tarsila Fase Pau Brasil: marcada pelo uso de cores fortes e temas nacionais (brasilidade); Fase Antropofágica: inspirada nas vanguardas europeias, surrealismo e cubismo, e sobretudo, ao conceito de antropofagia; Fase da Pintura Social: focada nos temas cotidianos e sociais do país.

Que técnica Tarsila usava na pintura de seus quadros?

As obras de Tarsila do Amaral usavam de técnica de pintura com cores vivas e de tinta a óleo. Uma das suas técnicas de pintura tinha uma estética fora do padrão, com influência do surrealismo na fase antropofágica e do cubismo.