Show A Primeira Guerra Mundial começou em 28 de julho de 1914 e terminou em 11 de novembro de 1918. Durou quatro anos e quatro meses e estima-se que 17 milhões de soldados e civis perderam a vida. Também três Impérios desapareceram - Alemão, Austro-Húngaro e Turco-Otomano - dando origem a novos países surgiram. Apesar de vitoriosos, França e Inglaterra, haviam consumido recursos e perdido milhares de cidadãos. Somente os Estados Unidos não sofreu tantos impactos neste conflito, pois seu território estava intacto e sua indústria funcionava perfeitamente. Contexto HistóricoO período anterior a Primeira Guerra Mundial foi conhecido como “Belle Époque” (Bela Época) e é considerada uma época de otimismo no futuro e relativa tranquilidade, que durou de 1871 até 1914. A paz foi possível porque estava vigente o sistema de alianças que permitia o equilíbrio entre as potências europeias. Igualmente, os avances científicos e tecnológicos, como a eletricidade, o cinema, a fotografia, o telefone, tornaram a vida cotidiana mais fácil. Nas artes, surgem novos movimentos como o expressionismo, o cubismo e o futurismo, que buscaram refletir as transformações pelas quais passava o mundo. Causas da Primeira Guerra MundialPaz ArmadaApesar do progresso material, da industrialização e do crescimento das cidades, os países europeus investiam pesadamente em armamentos. Por isso, este período antes da guerra também é chamado de Paz Armada. Corrida armamentistaDepois da partilha da África na Conferência de Berlim, em 1885, as rivalidades entre as nações imperialistas, a luta pelos mercados e o desejo de ganhar áreas de influência, deu início à corrida armamentista. Nesta época, o Império Alemão decidiu se transformar em potência naval, para complementar sua capacidade militar terrestre. A ferrovia passou a ser utilizada para auxiliar o Exército e faria a diferença em comparação com as guerras anteriores. O trem era capaz de se locomover dez vezes mais rápido que um cavalo e transportar maior quantidade de materiais e homens de uma só vez. Quanto ao Exército, já havia grande mobilização por parte das nações envolvidas. A Alemanha possuía 2.100.000 homens, a Áustria-Hungria, 1.330.000, França, 1.800.000. O mais surpreendente era o pequeno número de soldados do Reino Unido, com apenas 170.000 homens. O Império Russo possuía o maior número de efetivos, porém seu exército era o menos equipado e o mais atrasado tecnologicamente, se comparado aos outros europeus. No mar, os navios de guerra se aperfeiçoaram. Em 1906, o Reino Unido lança o navio de guerra “Dreadnought” que revolucionaria a Marinha. Estava equipado com 10 canhões de 305 mm, 27 canhões de 76 mm e 5 tubos de torpedo de 450 mm. NacionalismoA Alemanha vivia uma época dourada onde sua indústria enriquecia o Império. No entanto, possuía poucas colônias e e a conquista novos territórios passa a ser o eixo do nacionalismo alemão. A França tinha um grande império, mas a perda da Alsácia e da Lorena, em 1870, era considerada inaceitável. Isto gerou o “revanchismo francês” onde uma geração inteira foi educada para fazer guerra contra a Alemanha e recuperar essas zonas. A Itália, apesar de sua aliança com a Áustria-Hungria, queria as regiões ocupadas pelos austríacos no norte da Península. A Rússia, por sua vez, havia descoberto o fervor pan-eslavista, movimento que congregava os povos de origem eslava e religião cristã ortodoxa, e se aproximou da Sérvia, que partilhava estas tradições. ImperialismoApós a Conferência de Berlim, a Alemanha decide buscar territórios na África e na Ásia. Na África, tenta deslocar a França de suas possessões, como o Marrocos, mas não consegue. Por sua parte, compra da Espanha alguns arquipélagos como Carolinas e Palau, no Oceano Pacífico, e conseguiu, em 1902, uma concessão de um porto na China. Enquanto isso, na Europa, vários países se apossam das regiões do Império Turco-Otomano. Em 1911, a Itália invade províncias otomanas no norte da África. Igualmente, ocorrem a primeira e segunda guerra dos Balcãs, onde Sérvia, Bulgária, Grécia e Montenegro conquistam zonas do Império Turco-Otomano. Início da Primeira Guerra MundialEm 28 de junho de 1914, o herdeiro ao trono austro-húngaro, arquiduque Francisco Ferdinando e sua esposa Sofia, foram assassinados por Gavrilo Princip (1894-1918), nacionalista sérvio. A Áustria exigiu uma investigação independente e, caso a Sérvia não o fizesse, ameaçava a invadir o país. Como a Sérvia não cede aos pedidos austríacos, o Império Austro-Húngaro lhe declara guerra em 28 de julho de 1914. Por isso, esse atentado é considerado o estopim da Primeira Guerra Mundial. Alianças e efeito dominóA Primeira Guerra, no entanto, foi distinta das demais guerras que ocorriam na Europa Central. A diferença fundamental era o sistema de alianças e a política agressiva dos chefes de Estado. Durante uma semana, os enfrentamentos permaneceram entre Áustria e Sérvia, mas a Rússia resolveu acudir em ajuda desta última para reforçar sua posição nos Balcãs. A Alemanha, então, reage se posicionando a favor da Áustria, declarando guerra à Rússia e vai mais além invadindo Luxemburgo e dando um ultimato à Bélgica. Aliada dos russos, a França inicia a mobilização de tropas contra os alemães e são registrados atritos na fronteira entre os dois países. Isto culminaria na declaração de guerra no dia 3 de agosto de 1914. Entram na guerra a Grã-Bretanha, que se alia à França; a Turquia, que apoia a Alemanha, e ataca os portos da Rússia no Mar Negro. Assim, os países se dividiram em Tríplice Aliança e Tríplice Entente. De um lado, estavam as Potências Centrais ou Tríplice Aliança: Alemanha e Áustria-Hungria, Império Turco-Otomano e Bulgária. De outro, a Tríplice Entente: Rússia, França e Inglaterra. Desenvolvimento da guerraDurante a Primeira Guerra, novas tecnologias foram empregadas nas batalhas, tornando-as mais mortíferas. Canhões de tiro rápido, metralhadoras, armas químicas e aviação. Esta foi usada inicialmente para o reconhecimento do inimigo, mas rapidamente as aeronaves começaram a ser aparelhadas com metralhadoras. Algumas mudanças podem nos parecer sem importância, como a troca da cor dos uniformes que ainda utilizavam cores como o vermelho. Também o capacete voltou a fazer parte do equipamento dos soldados. A tecnologia empregada nas batalhas pelos Exércitos acabou por equilibrar a contenda. Por isso, os inimigos tiveram que cavar trincheiras para garantir o terreno conquistado. Cada exército sofria perdas enormes e era difícil apontar o vencedor. Um exemplo são as batalhas de Verdun e Somme, em 1916, que deixaram respectivamente 770.000 e 1.200.000 vítimas mortais. Por isso, o ano de 1917 foi essencial para decidir o conflito. Neste ano, a Rússia se retira da guerra e os Estados Unidos chegam à Europa. Guerra na Ásia e na ÁfricaA Primeira Guerra Mundial não ocorreu somente na Europa. Como havia colônias europeias espalhadas nos cinco continentes, estas também entraram em guerra. Desta maneira, os alemães se enfrentaram com os neozelandeses e australianos, e os japoneses combateram os alemães pela sua concessão na China. Na África, os alemães combateram pelos territórios de portugueses, ingleses e franceses. Revolução Russa e a Primeira GuerraA Revolução Russa, ocorrida em outubro de 1917, faz com que este país se retirasse do conflito. Os russos conseguem negociar o fim das hostilidades com a Alemanha no Tratado de Brest-Litovsk. Em troca da paz, os russos abriram mão do controle sobre a Polônia, a Bielorrússia, a Finlândia, os países bálticos (Estônia, Letônia e Lituânia) e a Ucrânia. Estados Unidos na Primeira GuerraOs Estados Unidos mantinham a neutralidade, apesar de venderem armamentos e suprimentos para a Entente. Dois fatos foram determinantes para acabar com a neutralidade americana: o reinício da guerra submarina sem restrições por parte da Alemanha em fevereiro de 1917 e o boato que o México estaria se aliando com a Alemanha. Alertado sobre a possibilidade que o México pudesse atacá-lo, o governo americano entra no conflito ao lado da Entente. Brasil na Primeira GuerraO presidente do Brasil, Wenceslau Braz, assina a declaração de guerra à Alemanha. O Brasil entra no conflito patrulhando o Atlântico Sul e enviando médicos e enfermeiras para os hospitais de campanha na Europa. Com o reforço dos Estados Unidos e o esgotamento dos recursos, a Alemanha não tinha mais condição de seguir lutando. Sem apoio da população e empobrecida pela guerra, explode a Revolução Alemã, que resulta na abdicação do Imperador Willhem II e a Alemanha passa a ser uma república parlamentar, a República de Weimar. As nações beligerantes se reúnem em Versalhes, França, para definir as condições da paz. Ali, a Alemanha foi considerada a grande culpada pela guerra e por isso teve que ceder regiões do seu território para as nações fronteiriças. A Alemanha perdeu suas colônias africanas e foi obrigada a aceitar a independência da Áustria. Igualmente, teve que pagar uma indenização de 33 milhões de dólares pelos prejuízos causados pelo conflito. Os termos foram considerados humilhantes por muitos alemães, e mais tarde, seriam usados para provocar a queda da República de Weimar em 1933, e a posterior consolidação no poder de Adolf Hitler e do nazismo. O Tratado de Versalhes também retificou a criação da Liga das Nações em 10 de janeiro de 1920. Temos um vídeo sobre este conflito para você: Veja também estes textos: Artola, Ricardo - La I Guerra Mundial - de Lieja a Versalles. Madrid. Alianza Editorial:2014. Canales, Carlos e Del Rey, Miguel- La Gran Guerra - Grandeza y dolor en las trincheras. Madrid. Edaf:2014. |