Por que houve a substituição da mão de obra indígena pela escrava?

Primeiramente é importante sabermos que a escravidão é uma prática social. Nesse sistema, uma pessoa toma posse de outra, tornando-a sua propriedade. Ou seja, o torna escravo. Como proprietário, como dono, tem todo e qualquer direito sobre ela, ou seja, pode vender ou explorar a sua força.

Sendo assim, a escravidão na Idade Moderna teve início com a exploração dos índios e passou posteriormente para os negros.

Como resultado, os europeus passaram a investir no comércio de escravos e no tráfico negreiro internacional. No Brasil, no entanto, ao longo do século XVI, a mão de obra escrava era majoritariamente indígena. Tendo em vista que, nessa época não existiam recursos para uma mão de obra mais cara, a africana.

Transição da escravidão indígena para a africana

Tendo em vista que os indígenas eram nativos da América, possuíam maiores possibilidades de fuga. Além disso, não estavam mais suprindo a demanda de trabalho. Por sua vez, a Igreja protegia fortemente os índios, o que tornava a escravidão indígena mais complexa.

Assim, as capitanias cresceram e prosperaram através da produção de açúcar. Esse produto gerava muitos lucros. Passou-se, então, a investir na mão de obra africana.

Da mesma forma que acontecia com os indígenas, a escravidão africana era praticada por meio da violência. Os negros eram retirados de seu território e posteriormente obrigados a migrar para a América. Vinham em navios cheios, onde muitos morriam durante a viagem.

Esses negros não sabiam nem mesmo onde estavam. Não compreendiam a língua local e não conheciam as particularidades da região. Isso favorecia os senhores de engenho conseguirem sua obediência.

A resistência africana

No Brasil, o maior símbolo de resistência foi a formação de quilombos. Eles eram organizações de escravos africanos fugitivos. O mais conhecido era o Quilombo dos Palmares. Os negros utilizavam algumas estratégias como forma de resistência, como:

  • Formação de quilombos;
  • Sincretismo religioso;
  • Resistência cultural;
  • Suicídio como forma de se libertar;
  • Aborto, uma vez que consideravam melhor não submeter filhos a essa forma de vida;
  • Faziam corpo mole para não trabalhar.

A morte de Zumbi, o líder do Quilombo do Palmares, marcou o Dia da Consciência Negra no Brasil. Até hoje, os quilombos são exemplos de resistência e luta contra a escravidão.

Marcos históricos da escravidão no Brasil

  • A escravidão no Brasil teve início no século XVI com o a implementação da economia açucareira.
  • No Século XIX a escravidão no Brasil passou a ser contestada pela Inglaterra. Essa, por sua vez, tinha interesse em ampliar seu mercado consumidor no Brasil e no mundo.
  • Em 1845, o Parlamento Inglês aprovou a Lei Bill Aberdeen, proibindo o tráfico de escravos e dando aos ingleses o poder de abordarem e aprisionarem navios de países que praticavam a escravidão.
  • Em 1850, o Brasil  aprovou a Lei Eusébio de Queiróz que acabou com o tráfico negreiro no país.
  • Em 28 de setembro de 1871 foi aprovada a Lei do Ventre Livre que dava liberdade aos filhos de escravos nascidos a partir daquela data.
  • Em 1885 era promulgada a Lei dos Sexagenários que garantia liberdade aos escravos com mais de 60 anos de idade.
  • A proibição mundial da escravidão se deu no final do século XIX.
  • Em 13 de maio de 1888, com a promulgação da Lei Áurea, feita pela Princesa Isabel, o Brasil aboliu a escravidão em seu território.

Dicas Enem

O contexto sobre a escravidão no Enem está relacionado diretamente à economia açucareira, à colonização brasileira e à situação de indígenas e negros no Brasil. Sendo assim recomendamos que para compreender melhor este assunto, estude:

A substituição da escravidão indígena pela africana foi iniciada no último quarto do século XVI. Gravura de Zacharias Wagener, c. 1630. Domínio público

A substituição da mão de obra escrava indígena pela africana ocorreu, progressivamente, a partir de 1570. As principais formas de resistência indígena à escravidão foram as guerras, as fugas e a recusa ao trabalho, além da morte de uma parcela significativa deles.

Segundo o historiador Boris Fausto, morreram em torno de 60 mil índios entre os anos de 1562 e 1563. As causas eram doenças contraídas pelo contato com os brancos, especialmente os jesuítas: sarampo, varíola e gripe, para as quais não tinham defesa biológica. Outro fator bastante importante, se não o mais importante, na substituição da mão de obra indígena pela africana era a necessidade de uma melhor organização da produção açucareira, que assumia um papel cada vez mais importante na economia colonial.

Para conseguir dar conta dessa expansão e demanda externa, tornou-se necessária uma mão de obra cada vez mais especializada, como a dos africanos, que já lidavam com essa atividade nas propriedades dos portugueses na Ilha da Madeira, litoral da África.

Nessa época, a Coroa começou a tomar medidas contra a escravização dos indígenas, restringindo as situações em que isso poderia ocorrer, como em "guerras justas", isto é, conflitos considerados necessários à defesa dos colonos, que, assim, poderiam aprisionar e escravizar os indígenas, ou ainda a título de punição pela prática da antropofagia. Podia-se escravizá-los, também, como forma de "resgate", isto é, comprando os indígenas aprisionados por tribos inimigas, que estavam prontas a devorá-los.

Ao longo desse processo, os portugueses já tinham percebido a maior habilidade dos africanos, tanto no trato com a agricultura em geral quanto em atividades especializadas, como o fabrico do açúcar e trabalhos com ferro e gado. Além disso, havia o fato de que, enquanto os portugueses utilizaram a mão de obra indígena, puderam acumular os recursos necessários para comprar os africanos. Essa aquisição era considerada investimento bastante lucrativo, pois os escravos negros tinham um excelente rendimento no trabalho.>

O tráfico negreiro

Por que houve a substituição da mão de obra indígena pela escrava?

Os compartimentos de um navio negreiro. Gravura publicada em 1830 no livro Notices of Brazil in 1828 and 1829, de R. Washl. Domínio público, Arquivo Nacional – Ministério da Justiça

Na colônia, ainda no século XVI, os portugueses já haviam dado início ao tráfico negreiro, atividade comercial bastante lucrativa. Os traficantes de escravos negros, interessados em ampliar esse rendoso negócio, firmaram alianças com os chefes tribais africanos. Estabeleceram com eles um comércio baseado no escambo, no qual trocavam tecidos de seda, joias, metais preciosos, armas, tabaco, algodão e cachaça por africanos capturados em guerras com tribos inimigas.

Segundo o historiador Arno Wehling, "a ampliação do tráfico e sua organização em sólidas bases empresariais permitiram criar um mercado negreiro transatlântico que deu estabilidade ao fluxo de mão de obra, aumentando a oferta, ao contrário da oscilação no fornecimento de indígenas, ocasionada pela dizimação das tribos mais próximas e pela fuga de outras para o interior da colônia".

Por outro lado, a Igreja, que tinha se manifestado contra a escravidão dos indígenas, não se opôs à escravização dos africanos. Dessa maneira, a utilização da mão de obra escrava africana tornou-se a melhor solução para a atividade açucareira.

Os negros trazidos para o Brasil pertenciam, principalmente, a dois grandes grupos étnicos: os sudaneses, originários da Nigéria, Daomé e Costa do Marfim, e os bantos, capturados no Congo, Angola e Moçambique. Estes foram desembarcados, em sua maioria, em Pernambuco, Minas Gerais e no Rio de Janeiro. Os sudaneses ficaram na Bahia. Calcula-se que, entre 1550 e 1855, entraram nos portos brasileiros cerca de 4 milhões de africanos, em sua maioria jovens do sexo masculino.

Por que houve a substituição da mão de obra indígena pela escrava?

Gravura do interior de um navio negreiro, publicada em 1860 no livro Revelations of a Slave Smuggler, de Richard Drake. Domínio público

Os navios negreiros que transportavam africanos até o Brasil eram chamados de tumbeiros, porque grande parte dos negros, amontoados nos porões, morria durante a viagem. O banzo (melancolia), causado pela saudade da sua terra e de sua gente, era outra causa que os levava à morte. Os sobreviventes eram desembarcados e vendidos nos principais portos da colônia, como Salvador, Recife e Rio de Janeiro.

Os escravos africanos eram, de forma geral, bastante explorados e maltratados e, em média, não aguentavam trabalhar mais do que dez anos. Como reação a essa situação, durante todo o período colonial foram constantes os atos de resistência, desde fugas, tentativas de assassinato do senhor e do feitor, até suicídios.

Essas reações contra a violência praticada pelos feitores, com ou sem ordem dos senhores, eram punidas com torturas diversas. Amarrados no tronco, permaneciam dias sem direito a comida e água, levando inumeráveis chicotadas. Eram presos nos ferros pelos pés e pelas mãos. Os ferimentos eram salgados, provocando dores atrozes. Quando tentavam fugir, eram considerados indignos da graça de Deus, pois, segundo o padre Antônio Vieira, ser "rebelde e cativo" é estar "em pecado contínuo e atual"...

Escravidão: negociação e conflito

Por que houve a substituição da mão de obra indígena pela escrava?

Os escravos ladinos, que sabiam falar português e faziam serviços domésticos na casa-grande, eram os que recebiam os melhores tratos de seus senhores. Gravura de Jean-Baptiste Debret, 1835. Domínio público, Acervo ABL

Para o historiador Eduardo Silva, "a escravidão não funcionou e se reproduziu baseada apenas na força. O combate à autonomia e à indisciplina escrava, no trabalho e fora dele, se fez através de uma combinação de violência com a negociação, do chicote com a recompensa".

Os escravos que trabalhavam na casa-grande recebiam um tratamento melhor e, em alguns casos, eram considerados pessoas da família. Esses escravos, chamados de "ladinos" (negros já aculturados), entendiam e falavam o português e possuíam uma habilidade especial na realização das tarefas domésticas. Os escravos chamados "boçais", recém-chegados da África, eram normalmente utilizados nos trabalhos da lavoura.

Havia também aqueles que exerciam atividades especializadas, como os mestres de açúcar, os ferreiros e outros distinguidos pelo senhor de engenho. Chamava-se de crioulo o escravo nascido no Brasil. Geralmente dava-se preferência aos mulatos para as tarefas domésticas, artesanais e de supervisão, deixando aos de cor mais escura, geralmente os africanos, os trabalhos mais pesados.

A convivência mais próxima entre senhores e escravos na casa-grande abriu espaço para as negociações. Essa abertura era sempre maior para os ladinos, conhecedores da língua e das manhas para "passar a vida", e menor para os africanos recém-chegados, os boçais. Na maioria das vezes, essas negociações não visavam à extinção pura e simples da condição de escravo, e sim obter melhores condições de vida: manutenção das famílias, liberdade de culto, permissão para o cultivo em pedaço de terra do senhor, com a venda da produção, e condições de alimentação mais satisfatórias.

Por que houve a substituição da mão de obra indígena pela escrava?

A Guerra dos Palmares. Os quilombos eram não só comunidades de resistência ao trabalho compulsório, mas também de afirmação da cultura africana. Óleo sobre tela de Manoel Victor Filho, século XX. Domínio público, Arquivo Histórico Ultramarino

Uma das formas de resistência negra era a organização dos quilombos – comunidades livres constituídas pelos negros que conseguiam fugir com sucesso. O mais famoso deles, o Quilombo dos Palmares, formou-se na Serra da Barriga, atual Alagoas, no início do século XVII. Resistindo por mais de 60 anos, nele viveram cerca de 200 mil negros. Palmares sobreviveu a vários ataques organizados pela Coroa portuguesa, pelos fazendeiros e até pelos holandeses.

Para o senhor de engenho, a compra de escravos significava um gasto de dinheiro considerável e, portanto, não desejava perdê-los, qualquer que fosse o motivo: fuga ou morte, inutilização por algum acidente ou por castigos aplicados pelos feitores. A perda afetava diretamente as atividades do engenho.

Outro problema a evitar era que as revoltas se tornassem uma ameaça ao senhor e à sua família, ou à realização das tarefas cotidianas. Dessa forma, se muitas vezes as relações entre senhores e escravos eram marcadas pelos conflitos causados pelas tentativas dos senhores de preservar suas conquistas, em muitos casos, a garantia dessas conquistas era justamente o que possibilitava uma convivência mais harmoniosa entre os dois grupos

Porque a mão de obra indígena foi substituída pela escrava?

O que parece ter sido decisivo na substituição da mão de obra indígena pela africana foi a combinação de três fatores: um crescente decréscimo da população indígena (nos anos 1540, mais pela guerra; nos anos 1560, mais por pestes e epidemias), a multiplicação dos engenhos necessitados de cativos e as boas relações dos ...

Por que os índios foram substituídos pelos negros?

Por fim, a escravidão indígena foi suplantada pela africana, pois se acreditava que os índios não suportavam o trabalho forçado e acabavam morrendo. Isso acontecia em decorrência do trabalho pesado ou vítimas de epidemias contraídas do contato com o homem branco, gripe, sarampo e varíola.

Por que os portugueses deixaram de usar a mão de obra escrava indígena e passaram a utilizar a mão de obra escrava negra?

A escravidão indígena no Brasil existiu principalmente no começo da colonização portuguesa, minguando posteriormente pela preferência pelo escravo negro, e por pressão dos lucros do tráfico negreiro, e extinguindo-se por ordem do Marquês do Pombal.

Porque a mão de obra indígena foi substituída pela negra Brainly?

Os nativos não possuíam a representatividade econômica dos africanos, isto é, ao contrário destes, os índios era cativos e não comercializados, o tráfico negreiro era uma alternativa mais rentável a coroa.