Países que mais sofrem com o aquecimento global

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Países que mais sofrem com o aquecimento global

Acima, gráfico mostra (A) emissões antrópicas de gases de efeito estufa (CO2, BC, CH4 e N2O) entre 1970 a 2018, (B) resumidas na forma colunar por meio de 1 ° latitude, (C) conjunto multimodelo de partidas de temperatura do ar da superfície para o cenário RCP 8.5 ao longo de 2050-2099 em relação à linha de base de temperatura 1956-2005, (D) também calculada em média em caixas de latitude de 1 ° (Foto: Aquário da Baía de Monterey/Science Advances)

Regiões mais industrializadas como a Europa ocidental, o nordeste da América do Norte e alguns estados do Golfo Pérsico estão entre os maiores emissores de gases de efeito estufa na Terra, mas as áreas do planeta que sofrerão mais com as consequências climáticas dessas emissões são outras: o Ártico polar, a Ásia Central e a África, que têm algumas das menores taxas de poluição no mundo. É o que estima um estudo publicado no periódico científico Science Advances nesta quarta-feira (14).

A pesquisa mapeou um vasto conjunto de dados dos quatro principais gases de efeito estufa emitidos entre 1970 e 2018 pela ação humana: dióxido de carbono (CO2), metano (CH4), óxido nitroso (N2O) e carbono negro (constituído por partículas originárias da combustão incompleta de madeira, biomassa e combustíveis fósseis).

Em seguida, os locais de origem dessas emissões foram comparados às projeções de aumento da temperatura global para toda a superfície do planeta ao longo de 2050–2099, considerando o cenário RCP 8.5 do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) – o que equivale à uma concentração de carbono levaria à um aumento de temperatura de cerca de 4,3˚C em 2100 em relação às temperaturas pré-industriais.

O cálculo da equipe prevê que as regiões que registraram as menores taxas de emissão de poluentes – a exemplo de territórios como Alaska, Tajiquistão, Finlândia, Mali e Níger – serão as mais atingidas pelo aquecimento global. Por outro lado, “mudanças relativamente pequenas” de temperatura são estimadas para as áreas que mais emitiram gases de efeito estufa durante o período, como é o caso da Bélgica, Holanda, Pensilvânia, Alemanha e Kuwait.

"Um dos truques sujos da mudança climática é que a poluição local tem consequências de longo alcance", explica, em comunicado, Kyle Van Houtan, ex-cientista-chefe do Aquário da Baía de Monterey, que liderou o estudo durante sua gestão. "Quando queimamos combustíveis fósseis como carvão, petróleo e gás localmente, nós os misturamos na ‘latrina experimental’ da atmosfera de nosso planeta. O resultado é que seus impactos de aquecimento são frequentemente exportados para locais distantes", acrescenta o pesquisador.

Países que mais sofrem com o aquecimento global

Acima, o histograma da disparidade global mostra que 99% dos pixels ficam acima de zero ou ocorrem acima da linha diagonal em (A). Valores negativos (ciano) indicam relativamente mais emissões do que mudanças de temperatura, enquanto valores positivos (preto e vermelho) indicam o inverso. (Foto: Aquário da Baía de Monterey/Science Advances)

As regiões foram divididas em dois grupos, conforme o que os cientistas chamaram de índice de disparidade climática global (LCDI): as que tinham um LCDI positivo (baixas emissões, grandes mudanças de temperatura), e as de de LCDI negativo (altas emissões, pequenas mudanças de temperatura). Numa escala entre -3 e 6 pontos, a mediana da LCDI do Brasil aparece entre 0 e 2, o que significa que o país integra o primeiro grupo.

De acordo com o estudo, em todas as projeções de mudanças climáticas analisadas, 99% da área da superfície terrestre tem um valor de índice positivo. “Esse resultado ressalta que, embora as emissões sejam geograficamente concentradas, o aquecimento é globalmente generalizado”, escreveram os autores no documento.

As disparidades ilustradas em um mapa global também foram encontradas a nível local de cada país. Nos Estados Unidos, por exemplo, a maioria dos gases de efeito estufa têm origem na região mais industrializada e povoada, que corresponde à porção nordeste do território – incluindo estados como New Jersey, Connecticut e Pensilvânia –, mas os cientistas estimam que os efeitos do aquecimento global deverão recair com mais força na região oeste, sobretudo nos estados do Alasca, Dakota do Sul, Idaho e Montana, que são escassamente povoados.

Embora algumas áreas que provavelmente sofrerão mais com as mudanças climáticas tenham populações pequenas, o estudo reitera que muitas delas abrigam comunidades indígenas e são “ecologicamente únicas” devido à presença de oceanos e de sua criosfera, que desempenham um papel vital na regulação do clima global.

Segundo a pesquisa, as temperaturas da superfície da terra estão subindo mais rapidamente do que as dos corpos de água: mais de 95% das emissões de gases de efeito estufa calculadas tiveram origem na terra.

"Nossas descobertas oferecem uma representação nítida do que o oceano faz por nós", avalia Houtan. "Cobrindo 72% do nosso planeta, o oceano global serve como o coração do nosso sistema climático, regulando os padrões climáticos e transferindo calor e água ao redor do planeta. Mas não podemos dar o oceano como garantido. Precisamos proteger a saúde dos oceanos para que eles continuem a desempenhar esse papel vital para todas as pessoas na Terra”, alerta o cientista

Os autores do estudo também consideram que as projeções de aquecimento reforçam a necessidade urgente de uma ação coletiva global para evitar o aumento de 1,5 graus ºC acima dos níveis pré-industriais até o final do século, como estipula o Acordo de Paris.

Esta matéria faz parte da iniciativa #UmSóPlaneta, união de 19 marcas da Editora Globo, Edições Globo Condé Nast e CBN. Saiba mais em umsoplaneta.globo.com.

Quem mais sofre com o aquecimento global?

Segundo relatório oficial da nação, o Canadá esquenta duas vezes mais rápido que o resto do globo. Além disso, o relatório consolida que, segundo projeção, as mudanças devem ficar ainda mais fortes.

Qual continente mais sofre com o aquecimento global?

De acordo com ele, o continente africano é o que menos contribui diretamente com o problema e o que mais sofre os impactos. “As mudanças climáticas não é uma dimensão do clima, é uma dimensão humana.