O que e família para o Serviço Social?

Esse artigo apresenta reflexões decorrentes de uma pesquisa realizada com assistentes sociais que trabalham em Centros de Referência de Assistência Social (CRAS). Objetivou-se através desse estudo conhecer a concepção de família que orienta a intervenção dos profissionais nesse espaço sociocupacional. Concepções distintas foram mencionadas como famílias tradicionais, monoparentais e famílias formadas por laços afetivos. Embora seus depoimentos apontem para conceitos explicitados nas legislações vigentes, foram predominantes em seus discursos perspectivas conservadoras. Muitos profissionais esperam padrões de funcionalidade expressos na família nuclear burguesa. Entende-se que, em se tratando de “famílias”, torna-se imperativo considerar a multiplicidade de relações presentes na sociedade, suas histórias, suas particularidades, seus códigos morais e suas linguagens.

Palavras-chaves: Famílias, Serviço Social e Políticas Sociais.

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Publicado

2015-05-27

Edição

v. 14 n. 2 (2014): Revista Libertas (jul. dez. 2014)

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Ao longo das últimas décadas o Serviço Social brasileiro consolida uma referência teórica, metodológica e política alicerçada na teoria social crítica que alimenta a cultura profissional. No decorrer deste processo, temas como a família foram secundarizados, ainda que contemporaneamente haja a latência da temática no contexto de um Estado mínimo que apregoa a centralidade da família na provisão da proteção social. Este resgate da família impõe questões candentes para os assistentes sociais que trabalham nas políticas sociais. Refletir sobre a relação do Serviço Social com a família, a partir da produção teórica da área, constitui o enfoque do presente artigo, desenvolvido por meio de revisão de literatura. Os resultados dessa aproximação indicam que a problematização do tema, apesar de relevante e historicamente relacionado ao trabalho dos/das assistentes sociais, não tem acompanhado os avanços teórico-metodológicos, técnico-operativos e ético-políticos ocorridos na profissão.

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Biografia do Autor

Bruno Grah, Secretaria de Assistência Social da Prefeitura Municipal de São José

Mestre em Serviço Social. Assistente Social. Servidor da Secretaria de Assistência Social da Prefeitura Municipal de São José.

Michelly Laurita Wiese, Universidade Federal de Santa Catarina

Doutora em Serviço Social. Docente do Departamento de Serviço Social e do Programa de Pós-Graduação em Serviço Social da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)

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Publicado

2021-08-16

Como Citar

Dal Prá , K. R. ., Grah, B., & Wiese, M. L. (2021). O serviço social e os estudos sobre famílias. Oikos: Família E Sociedade Em Debate, 32(2), 1–16. https://doi.org/10.31423/oikos.v32i2.11325

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O que é família para o serviço social?

Relevante é considerar também o conceito de família segundo o Programa Nacional de Assistência Social (2004:25) “o grupo de pessoas que se acham unidas por laços consanguíneos, afetivos e, ou de solidariedade”.

Qual a importância da família para o serviço social?

Para o Serviço Social a família é o foco de interesse, nesse sentido, considerando que o objeto de trabalho dos assistentes sociais são as expressões da questão social e que as ações destes profissionais incidem diretamente na construção da proteção social na perspectiva dos direitos, obviamente o foco de interesse ...

O que é o conceito de família?

Segundo o estatuto, família é “o núcleo social formado a partir da união entre um homem e uma mulher, por meio de casamento ou união estável, ou ainda por comunidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes”.

O que é família para Mioto?

A família, segundo Mioto (2010), vai sendo incluída tanto através de requisições nos domicílios, como através da participação nos serviços. Passa a ser invocada e evocada como sujeito fundamental no processo de cuidado tanto no sentido de sua responsabilidade do cuidado, como de ser objeto de cuidado.