Como os processos de urbanização transformam os espaços Rio de Janeiro

DÉFICIT HABITACIONAL, FAVELAS E TERRITORIALIZAÇÃO

Como resultado de um déficit habitacional nas metrópoles foi possível observar uma forte expansão do processo de favelização, ou seja, a ocupação de áreas irregulares com as construções sendo realizadas fora dos padrões determinados pelo Estatuto das Cidades, sendo assim uma área de ocupação não adequada às medidas de organização do espaço urbano dos órgãos públicos. No Rio de Janeiro, esse é um processo antigo, que existe desde o século XIX. Porém, o processo de urbanização recente tornou a expansão do número e do tamanho das favelas muito maior.

Nesses espaços observa-se a existência de uma precária infraestrutura, fazendo com que seus habitantes tenham um acesso muito limitado aos serviços públicos que são considerados básicos para uma mínima qualidade de vida. Além disso, dentro da sociedade existe uma visão muito preconceituosa quanto às favelas e seus moradores. Com isso, muitos tratam as comunidades como um espaço de total criminalização e seus habitantes sendo vistos como pessoas ligadas a atividades ilegais. 

Por um lado, observa-se que os chamados grupos violentos – facções criminosas e grupos paramilitares (milícias) – encontraram nas favelas o espaço ideal para o seu enraizamento e expansão, aproveitando-se da atuação ausente e pouco participativa do Estado, muitas vezes substituindo suas funções, fazendo surgir uma relação de dependência junto aos moradores. Além disso, esses grupos vão se utilizar de mecanismos violentos para a sustentação de seu poder, no que provoca uma territorialização do espaço. Soma-se a isso que a vida criminosa, por muitas vezes, vai oferecer uma renda muito maior e de mais fácil obtenção aos moradores das favelas – destacadamente os jovens – do que conseguiriam em empregos de baixa qualificação. Isso alimenta cada vez mais a atuação dos grupos violentos, sobretudo após a chegada de certa infraestrutura nesses espaços (luz, água etc.) – o que despertou o consumismo nos habitantes e, com isso, aumentou o número de pessoas dispostas a ingressarem na vida do crime.

Por outro lado, nesses espaços carentes das grandes cidades é possível observar o predomínio de pessoas que não possuem envolvimento com os grupos violentos, que exercem empregos (formais ou informais) fora da criminalidade, além da existência de muitos movimentos culturais e da atuação de ONG´s que lutam para evitar a inserção de jovens na vida criminosa.

Em muitos casos – a exemplo do Rio de Janeiro – algumas das favelas que mais se expandem são aquelas próximas às áreas mais nobres da cidade. Isso pode ser explicado por diversos motivos, dentre os quais:

1. Busca por locais de residência mais próximos do local de emprego, como forma de fugir dos problemas e estresse gerados pelos movimentos pendulares;

2. Maiores oportunidades de empregos em funções de baixa qualificação;

3. Maior facilidade no acesso a serviços públicos, como saúde e educação;

4. Proximidade de espaços de lazer, como praias e praças públicas.

Como os processos de urbanização transformam os espaços Rio de Janeiro

SEGREGAÇÃO SOCIOESPACIAL: A CIDADE DIVIDIDA

Como estudar para o ENEM 2023?

Curso Preparatório completo ENEM VIP 2023

Em até 12x sem juros de

R$ 22,90

  • Aulas ao vivo toda semana
  • 4 créditos de redação mensais
  • 10 créditos extras
  • +15 mil exercícios com vídeo
  • Correção de redações nota 1000
  • Intensivo de redação
  • Simulados no modelo ENEM
Eu quero Saiba mais

Como resultado dos diferenciados processos de acumulação de riqueza no espaço urbano de uma cidade capitalista é possível observar o surgimento e intensificação da segregação socioespacial, ou seja, a cidade tendo seu espaço fragmentado de acordo com as classes sociais. De acordo com Marcelo Lopes de Souza, a segregação residencial é um resultado de vários fatores, desde a pobreza (e o racismo, sobretudo em uma situação como dos EUA) ao papel do Estado na criação de disparidades espaciais em matéria de infraestrutura e no favorecimento dos moradores de elite (principalmente em um país como o Brasil).

Observa-se que a expansão da violência também fez despertar nos grupos sociais mais favorecidos a ideia de isolamento dos problemas urbanos, dando origem ao fenômeno de autossegregação, ou seja, pessoas que optam pelo enclausuramento em condomínios fechados, dotados de toda a infraestrutura e serviços necessários aos padrões desse grupo, fugindo assim da necessidade de sair desses espaços. A autossegregação acaba sendo uma forma de escapismo dos problemas urbanos existentes na cidade, sendo um elemento que amplia ainda mais a questão da fragmentação do tecido sócio-espacial urbano.

Portanto, a concentração de renda, a atuação errônea do Estado e as diferentes soluções encontradas pelos grupos sociais alimentam a divisão do espaço urbano e a expansão da violência. Para solucionar esses difíceis problemas são necessárias grandes mudanças na estrutura social, no planejamento urbano, nas políticas habitacionais, na distribuição de renda e nas formas de ação do Estado, para que assim todos os habitantes das metrópoles possam usufruir de uma boa qualidade de vida.

Como os processos de urbanização transformam os espaços Rio de Janeiro

GENTRIFICAÇÃO

É o processo de revitalização dos espaços urbanos ou a aparente substituição de paisagens de caráter popular por construções típicas de áreas nobres. Trata-se de um processo em que o espaço geográfico urbano é transformado e ressignificado, sobretudo em função da valorização acentuada e do enobrecimento de uma área antes considerada periférica.

Muitas vezes, as áreas periféricas de uma cidade formam-se de maneira não planejada, seja através de invasões, seja através de uma expansão descontrolada de loteamentos imobiliários em áreas afastadas. Esses locais, quase sempre sem infraestrutura básica (como saneamento, asfalto e transporte público de qualidade), sofrem pela sua distância em relação aos principais centros urbanos da cidade.

Com o tempo, prolifera-se aquilo que o geógrafo Roberto Lobato Corrêa denomina por descentralização, em que as áreas centrais – detentoras dos principais serviços e atividades urbanas – multiplicam-se e disseminam-se para outras áreas. Com isso, regiões antes desvalorizadas e sem estruturas ressignificam-se, passando por uma acentuada especulação imobiliária e modernização de seus espaços.

É nesse contexto que a gentrificação ocorre, e áreas antes desvalorizadas passam a ter um custo muito alto, ao passo em que a população residente nesse local é gradativamente substituída por um perfil comercial ou de grupos sociais mais abastados. Com isso, a paisagem modifica-se, e as zonas, que antes eram só guetos, barracos e pobreza, transformam-se em condomínios, prédios e casas de médio e alto padrão. Ou seja, ocorre uma mudança no perfil social nas áreas gentrificadas.

No entanto, é importante considerar que a transformação desses espaços não representa necessariamente uma mudança no padrão de vida da sociedade, haja vista que a população mais pobre, ao emigrar dessas regiões, passa a habitar outras localidades, geralmente ainda mais periferizadas. Essa ocorrência é chamada de segregação urbana.

Nem sempre o processo de gentrificação é um fenômeno econômico sem relação com as ações públicas. Pelo contrário: na maior parte das vezes é o próprio Estado quem comanda ou interfere no processo. Na África do Sul, durante a Copa, algumas populações foram removidas e deslocadas para moradias populares, e seus lares pobres foram substituídos por outras construções. Na Copa do Mundo de 2014, a região da zona leste de São Paulo viu uma ressignificação de suas áreas após a construção do estádio de futebol utilizado pela cidade durante o megaevento, com a consequente valorização abrupta do valor do solo. O mesmo aconteceu com a zona portuária do Rio de Janeiro, gentrificada para atender a demandas turísticas dos megaeventos de 2014(Copa do Mundo) e 2016 (Olimpíadas).

Está curtindo nosso conteúdo da nossa lista de assuntos de geografia que mais caem no enem?

Como os processos de urbanização transformam os espaços Rio de Janeiro

RESUMO

O processo de urbanização acontece sempre que a população das cidades cresce mais rápido que a população da área rural. Tradicionalmente, as cidades crescem por causa das indústrias, que geram empregos e atraem as pessoas. Por isso, a industrialização foi durante muito tempo a grande responsável pela urbanização. Logo, fica fácil entender o porquê de a urbanização dos países subdesenvolvidos ser recente (anos 1950 em diante): a industrialização deles também foi tardia.

Nos países desenvolvidos, o crescimento foi mais antigo e ocorreu em mais cidades. Por isso, se formaram várias metrópoles. Ao longo do tempo, algumas cresceram e se “juntaram” a outras. Ou seja, houve uma conurbação de metrópoles, formando megalópoles. Além disso, se os países desenvolvidos são os mais importantes e possuem mais sedes de empresas e bancos, são eles que comandam a economia global. Logo, é lá que estão as principais cidades globais. É importante lembrar que uma cidade global é um centro de gestão econômica, mas não necessariamente é uma área com muitas indústrias (mas sim com muitas sedes de empresas). Entre os países subdesenvolvidos, muitos ainda não são urbanizados. Nesses países, cujos exemplos podemos citar diversos da Ásia e África, a economia ainda é baseada na agropecuária. Logo, a população ainda mora e trabalha predominantemente no campo – no setor primário. E por isso mesmo, não podem ser considerados países muito urbanizados.

Porém, outros vários países subdesenvolvidos se industrializaram (a partir dos anos 1950, após a 2ª Guerra Mundial). Esses países de industrialização tardia são chamados de emergentes ou NPIs (Novos Países Industrializados), e já são fortemente urbanizados, como por exemplo, o Brasil. Só que nesses países, como o processo foi muito rápido e desordenado, somente algumas cidades é que cresceram de forma expressiva (e cresceram demais). Por isso, é cada vez mais comum encontrar cidades muito populosas, com mais de 10 milhões de pessoas – as megacidades. E quanto mais gente num só lugar, maior é a chance de haver problemas, como a macrocefalia urbana.

Além disso, é comum haver forte concentração de renda nos países pobres. Tal panorama de grande desigualdade social é ainda mais grave nas cidades, onde os muito ricos dividem espaço com os muito pobres. Porém, cada um fica num canto diferente das cidades. O dinheiro permite aos ricos escolherem suas moradias, num processo de autossegregação. Os pobres, sem muita escolha, costumam ficar em áreas muito precárias, sem qualquer tipo de infraestrutura, onde a aglomeração de casas é tão grande que se formam favelas – num processo de segregação forçada. Essa segregação socioespacial, que revela um forte abandono do poder público às áreas periféricas, abre espaço para a ação da criminalidade. Por isso, a existência de milícias e traficantes de drogas é comum, de forma que estes grupos passam a mandar até mesmo mais do que o próprio governo. Ou seja, passam a comandar o território – num processo chamado de territorialização.

Como foi o processo de urbanização da cidade do Rio de Janeiro?

Desde o início do século 19, manteve-se como a maior cidade do país. Com exceção de seus palacetes de Botafogo e Laranjeiras, era cortada por ruas estreitas e vielas, onde se erguiam prédios e imensos cortiços. Nos morros, amontoados de barracos formavam as primeiras favelas.

Como processo de urbanização transformaram esses espaços?

Resposta verificada por especialistas Processos de urbanização acabam por transformar os espaços adaptando-os às necessidades humanas, o que se dá por meio da supressão das características naturais e sua substituição por características antropizadas.

Que mudanças ocorreram no espaço urbano da cidade do Rio de Janeiro?

O espaço urbano se alterava, conjugado com o aumento da população, que ora se fixava, ora circulava, ora visitava... Aqui e mais ali, surgiam moradias. Algumas com o térreo chamado de lógea. Casas rurais e chácaras, desmembradas e loteadas, eram incorporadas ao tecido urbano.

Como os processos de urbanização transformam esses espaços Ouro Preto?

Atualmente Ouro Preto sofre as conseqüências da ocupação inadequada do espaço urbano, em função do povoamento excessivo, da falta de áreas para expansão e da concentração da população de baixa renda em torno dos rios, córregos e zonas da periferia do núcleo urbano.