Qual a crítica de Milton Santos ao pensamento único sobre a globalização?

Revista: CCCSS Contribuciones a las Ciencias Sociales ISSN: 1988-7833


Autores e infomación del artículo

Josiel Alan Leite Fernandes Marques*

Luciano Marcos dos Santos**

Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Brasil


Resumo: O estudo analisa o discurso do geógrafo Milton Almeida dos Santos no livro intitulado Por uma outra globalização – do pensamento único à consciência universal, lançado no ano de 2000 e dirigido a todas as pessoas do mundo, conforme esclarece o autor. Com uma forte crítica à globalização contemporânea, o Orador procura convencer as pessoas da necessidade de uma outra globalização, que seja mais humana e solidária.  Sob a óptica da Teoria Retórica do Discurso proposta por Ivo Dittrich em 2008, a dimensão argumentativa analisada é a racionalizadora por meio de argumentos técnicos, sensibilizadores e legitimadores.
Palavras-chave: Retórica, Discurso, Argumentação, Globalização, Milton Santos.

Abstract: The study analyzes the rant Geographer Milton Almeida dos Santos in the book entitled For another globalization - the only thought to the universal consciousness, launched in 2000 and addressed to all people of the world as the author explains. With a strong criticism of contemporary globalization, the speaker seeks to convince people of the need for another kind of globalization that is more human and caring. From the perspective of the Rhetorical Theory of Discourse proposed by Ivo Dittrich in 2008, the argumentative dimension analyzed is the rationalizer through technical, sensitizing and legitimating arguments.
Keywords: Rhetoric, Speech, Argumentation, Globalization, Milton Santos.

Para citar este artículo puede utilizar el siguiente formato:

Josiel Alan Leite Fernandes Marques y Luciano Marcos dos Santos (2017): “Análise retórica do discurso de Milton Santos: por uma outra globalização”, Revista Contribuciones a las Ciencias Sociales, (enero-marzo 2017). En línea:
http://www.eumed.net/rev/cccss/2017/01/milton-santos.html


http://hdl.handle.net/20.500.11763/cccss1701milton-santos


 Introdução

Este estudo tem como objetivo principal analisar o discurso Por uma outra globalização – do pensamento único à consciência universal (Milton Santos, 2000). O Orador faz uma severa crítica à globalização contemporânea e a acusa de ser perversa e alienante, ao tempo em que sugere uma unificação entre os povos intercontinentais num movimento de ação que implique profunda mudança com a concepção de uma outra globalização: mais humana e mais solidária.
O livro em escopo é um discurso persuasivo: apresenta uma tese principal e outras teses subsidiárias com argumentos que visam convencer o leitor a aceitar e praticar a ideia ou a ação proposta que estabeleça uma nova globalização.
Para analisar o discurso, tomaremos como procedimentos teórico e metodológico de base a Teoria Retórica do Discurso proposta por Dittrich (2008a, 2008b). Tomando a argumentação como princípio organizador do discurso persuasivo, o autor apresenta três dimensões argumentativas – racionalizadora, estética, política – que, conjunta ou isoladamente, podem servir de base para a análise retórica. Dessarte, dadas as especificidades do discurso escopo desse trabalho, optamos por analisá-lo sob a óptica da dimensão racionalizadora, que possui três tipos de argumentos específicos: técnicos, sensibilizadores e legitimadores. Por racionalização entendemos que seja “um conjunto de razões arroladas para justificar (ou fundamentar) determinada tese” (DITTRICH, 2012).
Em função do tema, sempre atual, relevante e necessário e dos problemas enfrentados em sua decorrência, é que esse estudo se justifica, sem contar a contribuição que uma análise, como a que propomos, pode oferecer para estudos que englobam retórica e geografia. De maneira didática, o trabalho foi desenvolvido em quatro partes. Na primeira seção fizemos um rápido apanhado sobre Retórica e a diferenciamos de retórica; também outros conceitos finalísticos foram abordados, tais como: argumentação e argumentos, e fechamos ao discorrer mais pormenorizadamente sobre a Teoria Retórica do Discurso proposta por Dittrich (2008). Na segunda parte fizemos a contextualização do discurso onde se buscou conhecer um pouco mais sobre o Orador e os motivos políticos e econômicos que embasaram seu texto. Para a terceira parte, analisamos de forma específica cada tese subsidiária sob a perspectiva da dimensão racionalizadora e seus argumentos técnicos, sensibilizadores e legitimadores. Por fim, na quarta parte, sintetizamos todas as informações racionalizadoras da tese e traçamos uma visão esquemática.

A Análise de um discurso: a teoria apontada

Uma análise de discurso requer em sua essência o uso da Retórica, e a compreensão da retórica. Não é mera repetição de termos, mas distinção necessária para construir como também analisar um discurso seja de natureza filosófica, política, jurídica, econômica, religiosa, ou outras. Na literatura é fatível se referir à Retórica como a Teoria da Persuasão ou da Argumentação, enquanto a retórica é a arte de elaborar um discurso persuasivo; de persuadir de maneira articulada,“entre argumentos de ordem técnica, emotiva e representacional” (DITTRICH, 2008, p.21). Reboul (2004) lembra que com base nesses conceitos que a retórica somente é aplicada em discursos que visam persuadir. Mas sua definição vai além dos propósitos desse artigo, pois, além das clássicas, na contemporaneidade o termo tem reunido distintos e, por vezes, divergentes significados.
Segundo a história clássica, filósofos, tais quais Córax e Tísias para citar alguns, buscavam compreender a relação do discurso e as pessoas; o poder que poderia haver nas palavras acompanhadas dos gestos de oradores que seriam capazes de convencer parcelas da sociedade a, muitas vezes, tomarem atitudes distintas de suas crenças e fundamentos.
Górgias e outros sofistas atribuem poder à palavra, não necessariamente à verdade que ela carrega, mas o poder de convencimento que se estabelece através de seu uso e sua relação com o auditório. Os sofistas criaram a retórica como arte do discurso persuasivo. Sua contribuição para os estudos retóricos são, sem dúvida, importantes, principalmente no que se refere às habilidades no falar e manuseio das palavras no objetivo de convencer seu interlocutor.
Retor grego de maior destaque, Aristóteles propõe uma teoria retórica na qual apresenta uma técnica que une a teoria argumentativa de Córax e a teoria estética e literária de Górgias. Dessa forma, cabe ressaltar o papel de Aristóteles como reabilitador da retórica, agora numa visão sistêmica inserida no mundo. Para este filósofo, o sistema retórico é constituído de: quatro (4) partes: invenção (heurésis), disposição (taxis), elocução (lexis) e ação (hypocrisis), todas devem nortear um discurso; três (3) gêneros: judiciário, deliberativo ou político e epidíctico, que visam adaptar-se aos três tipos de públicos tribunal, assembleia e demais espectadores, respectivamente; e três (3) tipos de argumentos: logos, ethos e pathos. Reboul (2004) confirma que "Aristóteles define três tipos de argumentos, no sentido generalíssimo de instrumentos de persuadir (pisteis) ethos e pathos, que são de ordem afetiva, e logos, que é racional"; e continua o autor:

ethos é o caráter que o orador deve assumir para inspirar confiança no auditório [...] O pathos é o conjunto de emoções, paixões e sentimentos que o orador deve suscitar no auditório [...] o logos diz respeito à argumentação propriamente dita do discurso, é o aspecto dialético da retórica [...]. (REBOUL, 2004, p. 47).

Nessa perspectiva, Perelman e Tyteca, por meio da obra Tratado da argumentação: a nova retórica (2005),  ancorados pelo trabalho de Aristóteles, apresentam novas configurações aos estudos que envolvem a Retórica.
Perelman e Tyteca (2005) apontam o objetivo da argumentação eficaz é desencadear no auditório a ação pretendida, por meios verbais pelos quais o orador tenta influenciar nas opiniões e atitudes. Ainda asseveram que para argumentar, é necessário que o orador tenha apreço, seja ouvido, com o objetivo de obter a adesão e influenciar o auditório ao qual se dirige; mas, acima de tudo, é preciso “preocupar-se com ele, interessar-se por seu estado de espírito” (p. 18). Estes autores defendem a ideia de que é necessário ter em mente o público ao qual nos referimos com a finalidade de “conquistar-lhe” o apoio à causa defendida.

[...] os seres que querem ser importantes para outrem, adultos ou crianças, desejam que não lhe ordenem mais, que lhe ponderem, que se preocupem com suas reações, que os considerem membros de uma sociedade mais ou menos igualitária. Quem não se incomoda com um contato assim com os outros, será julgado arrogante, pouco simpático [...] (PERELMAN; TYTECA, 2005, p. 18)

            Para Perelman e Tyteca (2005), o orador constrói seu ethos em função das expectativas de seu auditório, das imagens que faz dele, e a interação entre os dois por meio da imagem que um faz do outro. Já em se tratando do pathos, para estes autores, para argumentar, é necessário que o orador tenha apreço, seja ouvido, com o objetivo de obter a adesão e influenciar o auditório ao qual se dirige; mas, acima de tudo, é preciso “preocupar-se com ele, interessar-se por seu estado de espírito” (p. 18). Dessa maneira, o pathos tem dentre suas funções a de despertar a empatia e a sensibilidade do auditório, tornando o discurso agradável e atraente sem deixar de ser pensado, ou melhor dizendo racionalizado.
            Perelman e Tyteca (2005) enfatizaram em seus estudos a estrutura da argumentação. O logos é a dimensão racional do processo argumentativo, estando atrelado ao aspectos persuasivos de adesão do auditório à tese proposta. Ainda conforme estes autores o orador que visa a uma argumentação eficaz necessita selecionar, organizar, adaptar os dados e interpretá-los. O auditório pode aderir a causa apresentada conforme a habilidade do orador de selecionar a linguagem adequada, sua capacidade de organização dos argumentos e de interpretação dos mesmos. Fundamentalmente, como se percebe, uma análise retórica necessita de um discurso.
            Aristóteles justifica que a retórica é “a arte de tornar um discurso consistente, atraente e confiável, tomando por base as três provas clássicas de Aristóteles (logos, ethos e pathos)”. (DITTRICH, 2012, p. 113). Nesta linhagem, o que pode ser concebido como discurso?
            Orlandi (2005; 2006) e Foucault (2006) consideram discurso como um processo de construção social, constituído nas relações de interação entre interlocutores. Não se trata então somente de um encadeamento de palavras, que por sua vez formam frases com objetivo de significar algo a outro, mas sim, um processo que envolve o meio social no qual foi produzido.
            Segundo Maingueneau (2008), o discurso pode estar identificado com um determinado sistema ou nos textos que são produzidos por este sistema. Há sempre uma correlação entre o local de produção e o que é produzido. Assim, observamos que: A linguagem serve para comunicar e para não comunicar. “[...] As relações de linguagem são relações de sujeitos e de sentidos e seus efeitos são múltiplos e variados. Daí a definição de discurso: o discurso é efeito de sentidos entre locutores”. (ORLANDI, 2007, p. 21). Nessa perspectiva, apresentamos outras definições que corroboram em nossa argumentação.
            Reboul (2004) define como "toda produção verbal, escrita ou oral, constituída por uma frase ou por uma sequência de frases, que tenha começo e fim e apresente certa unidade de sentido" é um discurso. Em paralelo, numa definição mais eclética, Dittrich (2008) define como a "prática social construída e materializada pela linguagem, onde interferem e se manifestam posições históricas e, portanto, interferências da sociedade, do contexto e de outras variáveis sobre as instâncias argumentativas e sobre o próprio discurso como acontecimento." Nesta visão, o discurso é, por natureza, persuasivo pois apresenta argumentos contra ou a favor a outros discursos postos anteriormente ou ao próprio discurso. O mesmo autor cita a refutação, a indiferença e a rejeição como contradiscursos. O primeiro é fruto dos fatores histórico e social do auditório que procura em seu âmago argumentos que refutem os inicialmente apresentados; o segundo traduz-se no desinteresse do auditório por ouvir e ver o que o orador apresenta; por último, o terceiro, é o rechaço da tese ou do próprio apresentador por parte do auditório.
Ao falar de discurso persuasivo é necessário superar a dicotomia argumentação e argumento. A distinção inicia ao considerar a argumentação como um processo no qual se insere o argumento, mas não somente este. Dittrich (2008) também cita as instâncias argumentativas, a linguagem e os objetivos do discurso como partes, e continua como a definir que se trata de um processo discursivo e que “corresponde ao conjunto dos argumentos que não só sustentam a tese avançada, mas também a tornam interessante e passível de ser assumida pelo auditório, sem esquecer das suas implicações em relação ao jogo de poder num discurso dessa natureza.”
Para Perelman e Tyteca (2005) a argumentação objetiva:

[…] provocar ou aumentar a adesão dos espíritos às teses que se apresentam a seu assentimento: uma argumentação eficaz é a que consegue aumentar a intensidade de adesão, de forma que se desencadeie nos ouvintes a ação pretendida (ação positiva ou abstenção), ou, pelo menos, crie neles uma disposição para a ação , que se manifestará no momento oportuno (PERELMAN; TYTECA, 2005, p.50)

Os autores citados enfatizam que na argumentação o orador pretende influenciar a opiniões do auditório procurando provocá-lo ou tentando aumentar a adesão. Trata-se, pois, de um processo discursivo.
  Como processo discursivo, a argumentação se difere em dialética, lógica e argumentação retórica. Alves (2003) corrobora da ideia de que a argumentação dialética é “um método, um sistema ou procedimento para regular discussões”, enquanto que a segunda – a lógica – “a argumentação é uma cadeia de proposições (premissas e conclusões) concebidas abstratamente, ignorando-se o processo comunicativo.”. Por último, a argumentação retórica é a que utilizaremos nessa análise do discurso de Milton Santos ao clamar por uma outra globalização. Ao contrário da argumentação lógica, a argumentação retórica é um processo comunicativo “entendida como a interlocução por meio da qual o orador, partidário de uma opinião, pretende fazê-la chegar ao auditório, objetivando conquistar-lhe a adesão”, onde se inscrevem as três (3) exigências do discurso persuasivo: a racionalizadora, a estética e política (DITTRICH, 2008, p. 22).
            O argumento é conceituado de forma diversa segundo as distintas teorias. Neste trabalho tomaremos como base a teoria proposta por Dittrich (2008) que considera aquelas três (3) exigências ou dimensões argumentativas, e define em sentido amplo o argumento como “toda e qualquer técnica, recurso ou estratégia discursiva que pretende interferir sobre o Auditório, contribuindo para ampliar, ou não, as possibilidades de êxito do Orador.” Como complemento capital consideramos a estrutura do argumento proposta por esse autor adaptada de um trabalho de Toulmin de 1999, e estruturada e sistematizada para servir à sua teoria retórica do discurso.
Todo argumento deverá ser estruturado da seguinte forma:
a) Asserção: afirmação sobre o que é bom ou preferível – valor, sobre o que deveria ser feito – ação, ou sobre o que seria verdadeiro – crença.
b) Justificativa: a razão de ser, os motivos da asserção proferida.
c) Evidências: os dados que fundamentam a justificativa e a asserção.
d)Pressuposição: crença implicitamente assumida pelas instâncias argumentativas.
A Teoria Retórica do Discurso proposta por Dittrich (2008) que tomaremos como base para analisar o discurso de Milton Santos quando clama por uma outra globalização, é uma teoria que engloba os delineios clássicos da retórica e busca, em especial, nas contribuições de Aristóteles a adequação “à variedade e à complexidade dos discursos atuais” e as suas diferentes naturezas, e a “descrição e análise da interatividade entre os sujeitos da situação argumentativa”. Nesta fórmula, são tomados como base as três (3) provas e/ou argumentos propostos por Aristóteles: ethos, logos, pathos.
Com a conjectura da relação Auditório x Orador, a teoria considera a configuração argumentativa do discurso como técnica, emotiva e/ou representacional. O prevalecer de uma sobre a outra ou a integração e a complementação de tais depende do próprio orador e do objetivo que se pretende alcançar com o discurso. As palavras do autor são deveras esclarecedoras sobre a atuação configurativa da argumentação. O orador

racionaliza sua tese, apoiando-se em preceitos de ordem técnica, para fazer com que o auditório entenda a opinião e as justificativas em que se assenta: não se trata somente do conteúdo dos argumentos (conhecer); também de como se relacionam para gerar uma conclusão plausível (entender); no segundo, em preceitos de ordem emotiva, mostrando-lhe as razões que a tornam boa, por que vale a pena assumi-la, afinal, o que o auditório pode ganhar, adotando-a; no terceiro, em um ethos prévio – institucional ou pessoal – e na constituição de um ethos discursivo para conquistar a confiança do interlocutor. (DITTRICH, 2008, p. 23).

Nesta linha de raciocínio o discurso persuasivo se assenta em três (3) dimensões argumentativas: a racionalizadora, a estética e a política. Por ser esta a parte basilar da Teoria Retórica do Discurso, disponibilizaremos mais didaticamente as explicações.

  1. Dimensão racionalizadora: os argumentos estão distribuídos em três (3) categorias: técnicos – relativos à sua sustentação; sensibilizadores – relativos às consequências da sua aceitação, ou não; legitimadores – relativos aos seus fundamentos éticos.
  2. Dimensão estética: desenvolvimento e configuração do discurso em seus aspectos de apresentação, linguagem e organização, com o uso de  recursos  lexicais,  textuais e pragmáticos examinando de modo a estetizá-lo e captar a atenção e manter o interesse do auditório.
  3. Dimensão política: implica o uso de estratégias que busquem aproximação e identificação entre os sujeitos do discurso, administrando possíveis tensões (refutações e contraargumentos) provenientes da sustentação e rejeição das teses em causa.

Dittrich (2008) afirma que a Teoria ora proposta é, semelhante a ciência, uma construção devido à dinamicidade que a própria retórica encerra, e se pretende como teoria e metodologia nas análises retóricas de discursos de distintas naturezas, quer na visão simultânea das três (3) dimensões argumentativas, ou em apenas uma, ou em partes ou aspectos delas. Nesta compreensão, o estudo analítico ora proposto se dará calcado nesta Teoria Retórica do Discurso sob o aspecto da dimensão argumentativa racionalizadora. Dada a dinamicidade desta Teoria bem como de uma análise de discurso como esta, nada impede que outros aspectos sejam, por vezes, analisados, o que contribuirá para uma melhor compreensão do trabalho em questão.

Contextualização

O geógrafo Milton Almeida dos Santos, ou como ficou conhecido Milton Santos, nasceu em maio de 1926 na cidade de Brotas de Macaúbas, interior do Estado da Bahia, Brasil. Casou com Marie-Hélène Tiercelin dos Santos com quem teve dois filhos. Em junho de 2001 Milton Santos veio a falecer vítima de insuficiência respiratória ocasionada por uma carcinomatose advinda de um câncer de próstata com o qual sofreu os seus últimos sete (7) anos de vida.
Considerado pela crítica jornalística e pela acadêmica nacional e internacional como um dos maiores intelectuais renomados do país, Milton Santos formou-se Bacharel em Direito, pela Universidade Federal da Bahia, em 1948, e recebeu o título de Doutor em Geografia pela Université de Strasbourg, na França, em 1958. Ao longo de seus 75 anos de vida, o geógrafo colecionou títulos e prêmios, a exemplo do titulo de Doutor “Honoris Causa” lhe outorgado entre os anos de 1977 a 2001 por doze universidades brasileiras e sete universidades estrangeiras, e o Prêmio Internacional de Geografia Vautrin Lud, recebido em 1994. Também desenvolveu trabalhos de pesquisa e professorado em universidades brasileiras, como as Universidades Federais da Bahia e do Rio de Janeiro, além da Universidade de São Paulo onde recebeu título de Professor Emérito, em 1997; e universidades estrangeiras como as universidades de Toulouse, Bordeaux e Paris-Sorbonne, e o IEDES (Instituto de Estudos do Desenvolvimento Econômico e Social), na França; o MIT (Massachusetts Institute of Technology) e a Columbia University, localizados respectivamente em Boston e New York, nos Estados Unidos; e as universidades de Toronto, no Canadá; de Caracas, na Venezuela; de Dar-es-Salam, na Tanzânia. Ademais, foi autor de cerca de 400 artigos publicados em vários idiomas em revistas científicas, e de 50 livros, dos quais se tem o da análise em tela Por uma outra globalização – do pensamento único à consciência universal.
Este discurso, publicado em forma de livro, foi um dos últimos escritos por Milton Santos. Lançado no ano de 2000, a obra, definida com suas próprias palavras, “resulta de um longo trabalho, árduo e agradável [...] uma reescritura de aulas, conferências, artigos de jornais e revistas, entrevistas à mídia, cada qual oferecendo um nível de discurso e a respectiva dificuldade” (SANTOS, 2001, p. 12).
Insere-se, dessa forma, em um contexto conturbado econômico e financeiramente a nível mundial, o que reflete propositalmente os problemas sociais, econômicos e, por vezes, culturais do Brasil das últimas duas décadas do século XX. Nesse período soava forte os rugidos de um fenômeno global que tendia, aos olhos de economistas e também de geógrafos, tal qual Milton Santos, preocupados com as consequências; desestruturar economias nacionais e criar um sistema perverso que implicasse de forma negativa na cultura local.
Milton Santos foi um grande estudioso das relações locais, da construção e gestão do espaço geográfico e seus aspectos contemporâneos. Para ele, estudar os lugares implica em conhecer os elementos centrais; os potenciais para gerir um espaço passível de interação com as ações solidárias hierárquicas. Porém, percebeu que as relações locais estão sendo afetadas pela homogeneização quando parcelas da população estavam

marginalizadas pelo perverso processo de globalização ora em curso, e deixou sua marca de indignação e revolta por todos os meios e instrumentos nos quais teve a oportunidade de manifestar suas ideias, fossem eles textos acadêmicos, aulas na universidade, artigos de jornais ou entrevistas nos programas de televisão. (CARVALHO, 2002).

Na década de 1980, teóricos persuadidos pela imprensa financeira internacional acreditaram que a globalização estava a florescer, e a tornaram “sinônimo de aplicações financeiras e investimentos pelo mundo afora.” (RIBEIRO, 2002). Nesta perspectiva, a globalização econômica ganhou adeptos e o estudo focou o “papel das empresas na internacionalização do capital, mas também os fluxos financeiros” (RIBEIRO, 2002). Milton Santos foi um desses teóricos que assimilou o processo globalizador à economia, aos fluxos financeiros, ao capital, ao capitalismo. Em seu discurso Por uma outra globalização – do pensamento único à consciência universal,trata que a “globalização é, de certa forma, o ápice do processo de internacionalização do mundo capitalista” (SANTOS, 2001, p. 23). E prossegue com afirmações de que um sistema de técnicas criado no fim do século XX pelos avanços da ciência preside as relações locais e globais; é, por assim, de presença planetária. Esse sistema de técnicas é homogeneizador e está ao serviço de um mercado global que, por sua vez, influencia nos processos políticos.
Com esta visão, é criado um discurso único, e Milton Santos afirma que “seus fundamentos são a informação e o seu império, que encontram alicerce na produção de imagens e do imaginário, e se põem a serviço do império do dinheiro, fundado este na economicização e na monetarização da vida social e da vida pessoal” (SANTOS, 2001, p. 18).  Essa economicização e monetarização da vida são ações sustentadas no mercado dito global que é avassalador e homogeneizador, porém essa homogeneização do planeta carrega uma farsa pois ao invés de unir, aguça as diferenças locais e distancia do sonho de uma cidadania solidária e universal.
Milton Santos assim clama Por uma outra globalização, pois a que estamos vivenciando, isso em sua visão reduzida das demais dimensões da globalização, é perversa. A dupla tirania do dinheiro e da informação cria um novo ethos para as relações sociais e interpessoais; a competitividade gera totalitarismos; e a produção gera uma violência estrutural por parte do Estado, das empresas e dos indivíduos.
Na análise do discurso, Dittrich (2012) lembra que Orador e Auditório são partes que dominam perspectivas históricas e sociais e a partir destas criam e analisam, respectivamente, o discurso “na medida em que representam lugares sociais de onde falam ou interpretam, sofrem coerções do meio social e cultural em que se inserem e, ao mesmo tempo, nele (no meio social) apoiam suas intenções e balizam o que dizem ou deixam de dizer ou de fazer.” Nesta concepção, Milton Santos como um estudioso das questões locais e profundo conhecedor das relações a estas inerentes mesmo em território nacional e no estrangeiro, em virtude de sua carreira itinerante mundo afora ocasionada por uma situação política no Brasil em 1964, adquiriu credibilidade para propor uma outra globalização. Por outro lado, sua visão econômica sobre o processo globalizador sofreu a coerção do meio social e cultural e suas intenções e falas foram balizadas pelo contexto que vivia à época – a globalização econômica alinhada ao capitalismo com pressupostos de homogeneizar o mundo a partir da unificação de um sistema de técnicas criado pela ciência.
Sua ampla carreira acadêmica e profissional, suas publicações em meios não acadêmicos, seus discursos nos mais diversos ambientes e temperados “com estilos que poderiam variar da ênfase cortante à afabilidade, segundo as contradições ou identidades que os diálogos permitissem apurar” (CARVALHO, 2002), concederam autoridade, carisma e competência legítima para analisar e deixar analisado a situação do mundo contemporâneo e persuadir o amplo Auditório de que é necessário uma outra globalização.

A dimensão racionalizadora da análise do discurso persuasivo

Todo discurso de argumentação possui uma tese que é sustentada por um ou mais argumentos. Dittrich (2008) em sua Teoria Retórica do Discurso afirma que os argumentos estão maiormente vinculados à dimensão racionalizadora da análise do discurso persuasivo. Cita que os argumentos técnicos convergem para tornar a tese consistente; os argumentos sensibilizadores, para mostrar sua utilidade e suas consequências; e os argumentos legitimadores, para atestar a competência do orador e a natureza ética da tese em apreciação.
A análise do discurso se dará ao contemplar as teses e os argumentos sob a óptica da dimensão racionalizadora, teses e argumentos estes que buscam sustentar a tese principal, objetivo fundamental de Milton Santos que é persuadir as pessoas do mundo todo de que a globalização atual é perversa e alienante e deve ser pensada a construção de um outro mundo, mediante uma globalização mais humana.

Argumentação técnica

Os argumentos técnicos são os fatos e/ou dados que dão sustentabilidade à tese principal. No caso específico da análise do discurso de Milton Santos em Por uma outra globalização – do pensamento único à consciência universal, a tese capital é voltada para as pessoas do mundo todo e afirma que a globalização atual é perversa e alienante e por isso deve ser pensado a construção de um outro mundo, mediante uma globalização mais humana. Neste caso, o Orador coagido pelo meio social e cultural do momento vivido à época, analisa o estado da arte nesta situação e afirma estar a globalização “se impondo como uma fábrica de perversidades para a maior parte da humanidade” (SANTOS, 2001, p. 19) e, dessa forma, estabelece a primeira tese que apoia a principal, “a perversidade sistêmica que está na raiz dessa evolução negativa da humanidade tem relação com a adesão desenfreada aos comportamentos competitivos que atualmente caracterizam as ações hegemônicas. Todas essas mazelas são direta ou indiretamente imputáveis ao presente processo de globalização”(SANTOS, 2001, p. 20), e é sustentada por argumentos fatuais:

A tirania da informação e do dinheiro e o atual sistema ideológico:

As técnicas da informação são apropriadas por alguns Estados e por algumas empresas, aprofundando assim os processos de desigualdades SANTOS, 2001, p. 39).
As empresas financeiras das multinacionais utilizam em grande parte a poupança dos países em que se encontram (SANTOS, 2001, p. 43).

A competitividade

A competitividade tem a guerra como norma. Há, a todo custo, que vencer o outro, esmagando-o, para tomar seu lugar (SANTOS, 2001, p. 46).

O consumo

A produção do consumidor, hoje, precede à produção dos bens e dos serviços (SANTOS, 2001, p. 48).
Os argumentos técnicos apresentados por Milton Santos no discurso em tela dão conta de atividades que perpassam a vida humana e até mesmo influem no comportamento das pessoas. O estado de coisas em que a sociedade está vivendo é nefasto e pode resultar em catástrofes locais e globais. O Orador parte, dessa maneira, para a sensibilização das pessoas, fim maior do discurso, através da apresentação dos argumentos sensibilizadores.

Argumentação sensibilizadora

Com intuito de despertar paixões e emoções, apreços e desapreços, a ligação afetiva com a causa em curso, o Orador busca argumentar de forma sensibilizadora as consequências dessa globalização perversa, que delimita a tese subsidiária. “Seja qual for o ângulo pelo qual se examinem as situações características do período atual, a realidade pode ser vista como uma fábrica de perversidades” (SANTOS, 2001, p. 58) onde “a compreensão do que se está passando chega com clareza crescente aos pobres e aos países pobres, cada vez mais numerosos e carentes” (SANTOS, 2001, p. 118). Os argumentos sensibilizadores são elencados, portanto, como tragédias pessoais e descompassos globais socioeconômicos.

As questões socioeconômicas

O desemprego crescente torna-se crônico (SANTOS, 2001, p. 19).
A pobreza aumenta e as classes médias perdem em qualidade de vida. (SANTOS, 2001, p. 19).
            O salário médio tende a baixar (SANTOS, 2001, p. 19).
A fome e o desabrigo se generalizam em todos os continentes (SANTOS, 2001, p. 19).
A educação de qualidade é cada vez mais inacessível (SANTOS, 2001, p. 20).

As questões humanas

Novas enfermidades como a SIDA se instalam (SANTOS, 2001, p. 19).
Velhas doenças, supostamente extirpadas, fazem seu retorno triunfal (SANTOS, 2001, p. 20).
A mortalidade infantil permanece, a despeito dos progressos médicos e da informação (SANTOS, 2001, p. 20).
14 milhões de pessoas morrem todos os anos, antes do quinto ano de vida, mesmo quando os progressos da medicina e da informação deveriam reduzir problemas de saúde (SANTOS, 2001, p. 59).
Alastram-se e aprofundam-se males espirituais e morais (SANTOS, 2001, p. 20).
Celebração dos egoísmos, alastramentos dos narcisismos, banalização da guerra SANTOS, 2001, p. 60).
Milton Santos faz apelo em seu discurso quando provoca o setor mais frágil da cadeia humana: os problemas acometem principalmente “os pobres e os países pobres”, que são cada vez mais numerosos e carentes. Com isso, o Orador busca a sensibilização para favorecer maiormente a tese principal de que a globalização atual é perversa e alienante e por isso deve ser pensado a construção de um outro mundo, mediante uma globalização mais humana. Sabe-se, por questões óbvias, que os pobres e os países pobres são os que mais sofrem com aquelas mazelas apresentadas como argumentos sensibilizadores, e se a globalização é tal perversa o suficiente para tirar deles o que praticamente não têm, a adesão do Auditório é quase que inevitável, o que faz do Orador uma figura legitimada, com a devida credibilidade, para propor e ser seguido.

Argumentação legitimadora

A legitimidade da tese é apoiada na credibilidade do Orador. Milton Santos na condição de Orador do discurso escopo dessa análise possui credibilidades curriculares e argumentativas, esta última conferida pelas duas argumentações precedentes – a técnica e a sensibilizadora. Mas, para a retórica do discurso persuasivo aquela primeira credibilidade não é o fator primordial, o que este recai sobre a segunda; é, pois, o conjunto argumentativo que confere mormente ao Orador a credibilidade no discurso. Ademais, a relevância social e os princípios e valores éticos são postos e compartilhados no discurso e visam a aceitação da tese por parte do Auditório.
A legitimidade ética da tese poderia ser escrita como a globalização atual é perversa, logo as pessoas de todo o mundo podem mudar a situação, pois possuem poder legítimo de participação e mudança. Os argumentos legitimadores indicados pelo Orador são:

  1. Somente agora a humanidade pode identificar-se como um todo e reconhecer sua unidade, quando faz sua entrada na cena histórica como um bloco. (SANTOS, 2001, p. 170).
  2. Essa ideia de movimento e mudança é inerente à evolução da humanidade (SANTOS, 2001, p. 141).
  3. Ampliação da vocação atual para a mistura intercontinental e intranacional de povos, raças, religiões e gostos (SANTOS, 2001, p. 145).
  4. As mudanças sairão dos países subdesenvolvidos (SANTOS, 2001, p. 154).
  5. O mundo datado de hoje deve ser enxergado como o que na verdade ele nos traz, isto é, um conjunto presente de possibilidades reais, concretas, todas factíveis sob determinadas condições (SANTOS, 2001, p. 160).

O orador procura de forma ética e também jurídica estabelecer a legitimidade para si e para as pessoas do mundo todo no intuito de unir-se para lutar por uma outra globalização, destarte, mais humana, mais solidária: “somente agora a humanidade pode identificar-se como um todo e reconhecer sua unidade, quando faz sua entrada na cena histórica como um bloco” (SANTOS, 2001, p.170). Como a atual globalização influencia negativamente em especial os pobres, Milton Santos acredita nesse grupo da sociedade como capital para as mudanças: “as mudanças sairão dos países subdesenvolvidos”.

A racionalização da tese: uma síntese

Milton Santos na condição de Orador com credibilidade curricular e argumentativa, como bem exemplificado pelas inúmeras obras literárias e científicas publicadas ao longo de sua carreira profissional, além da crítica acadêmica e jornalística nacional e internacional que concebe, se dirige, em um discurso persuasivo intitulado Por uma outra globalização – do pensamento único à consciência universal, a um Auditório amplo e diversificado que extrapola as fronteiras nacionais do Brasil concebendo uma polêmica crítica ao processo globalizador contemporâneo. Nesta, constrói sua capital tese sobre o tema, que pode ser assim sintetizada: a globalização atual é perversa e alienante e por isso deve ser pensado a construção de outro mundo, mediante uma globalização mais humana.
Na tentativa de persuadir o Auditório sobre sua tese, passa ao longo do discurso elencar diversos argumentos de natureza técnica, sensibilizadora e legitimadora. Nesta perspectiva, concebe três teses subsidiárias. A primeira que visa dar consistência à tese principal é a de que a perversidade sistêmica está na raiz dessa evolução negativa da humanidade, e para justificar discorre sobre alguns fatos técnicos como a tirania da informação e do dinheiro, e a competitividade e a produção. A segunda enfoca as consequências dessa globalização perversa; aqui os argumentos são sensibilizadores e postulados como tragédias humanas e socioeconômicas como as enfermidades que se alastram pelo mundo, o desemprego, a fome e toda sorte de mazelas que atinge em especial os pobres e os países pobres. Com argumentos técnicos e sensibilizadores, ao Orador carece justificar sua tese capital de forma ética e jurídica, e assim estabelece sua terceira tese subsidiária, que é a de que a globalização atual é perversa, logo as pessoas de todo o mundo podem mudar a situação, pois possuem poder legítimo de participação e mudança; e apresenta diversos argumentos legitimadores que justificam ética e juridicamente a participação da sociedade num movimento de mudança intercontinental e intranacional de povos, raças, religiões e gostos, e atrela essas mudanças à evolução natural da humanidade.
Numa articulação e interdependência as três teses subsidiárias e os consequentes argumentos persuasivos de natureza técnica, sensibilizadora e legitimadora justificam e fundamentam a tese principal. Nesse trabalho conjunto, a racionalização da tese pode ser assim resumida: A evolução negativa da humanidade está criando um sistema perverso – a globalização contemporânea – que ocasiona consequências graves de natureza humana e socioeconômica, logo as pessoas de todo o mundo podem mudar a situação, pois possuem poder legítimo de participação e mudança, que é inerente à evolução da humanidade. De forma esquemática, a racionalização da tese pode ser assim visualizada:
A humanidade evolui naturalmente, essa evolução pode ser negativa ou positiva; na atualidade essa evolução tem gerado uma globalização perversa, as consequências são graves, logo, uma mudança torna-se necessária, a ação é legítima.

Considerações finais
Apesar desta análise de discurso persuasivo pautar nos delineamentos de uma teoria ainda em construção, observa-se que o seu conteúdo teórico pautou de forma satisfatória a análise de um discurso de ação, tal qual este em escopo. Observamos dentro do discurso persuasivo de Milton Santos a dimensão racionalizadora e sobre a qual se pode distinguir as três teses e seus argumentos de natureza técnica, sensibilizadora e legitimadora.
Outrossim, é que a Teoria Retórica do Discurso proposta por Dittrich (2008) se aplica em análises discursivas interdisciplinares que carecem de contribuições de outras áreas do conhecimento.

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* Geógrafo e Técnico administrativo na Universidade Federal da Integração Latino-Americana – UNILA.

** Professor de Língua Portuguesa e Língua Espanhola do Instituto Federal do Paraná – IFPR.

Recibido: 14/12/2016 Aceptado: 20/03/2017 Publicado: Marzo de 2017


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Qual a crítica de Milton Santos sobre o mundo globalizado?

"O espaço se globaliza, mas não é mundial como um todo senão como metáfora. Todos os lugares são mundiais mas não há um espaço mundial. Quem se globaliza mesmo são as pessoas" (Milton Santos, 1993).

O que Milton Santos define de uma outra globalização?

Este novo livro de Milton Santos trata da globalização como fábula, como perversidade e como possibilidade aberta ao futuro de uma nova civilização planetária. Os atores mais poderosos desta nova etapa da globalização reservam-se os melhores pedaços do Território Global e deixam restos para os outros.

Quais os principais pensamentos de Milton Santos?

Frases de Milton Santos.
“O Brasil jamais teve cidadãos, nós, a classe média, não queremos direitos, nós queremos privilégios, e os pobres não têm direitos, não há, pois, cidadania neste país, nunca houve!”.
“A geografia brasileira seria outra se todos os brasileiros fossem verdadeiros cidadãos..

Quais são as 3 visões de Milton Santos em relação a globalização?

No filme, Milton Santos ressalta as três faces da globalização: A primeira seria o mundo tal como nos fazem vê- lo: a globalização como fábula; a segunda seria o mundo tal como ele é: a globalização como perversidade; e a terceira, o mundo tal como ele pode ser: uma outra globalização.