O que é um estudo epidemiologico

A epidemiologia pode ser definida como o estudo da distribuição e dos determinantes das doenças ou das condições relacionadas à saúde em populações especificadas.[1] Os estudos epidemiológicos incluem a vigilância, análise e experimentação dos fatores físicos, biológicos, sociais, culturais e comportamentais que influenciam a saúde. Atribui-se também a epidemiologia o desenvolvimento de estudos para o controle dos problemas de saúde.[2] Alguns autores incorporaram o termo “epidemiologia ecológica” (ou ambiental) como forma de entender a causa de doenças dentro de um contexto de relações ecológicas complexas.[3][4][5]

  1. / FURLEY, T. H.. / Identificação da causa da toxicidade de efluentes de fábricas de celulose e papel da América Latina. In: ABTCP 41º Congresso e Exposição Internacional de Celulose e Papel, 2008. Anais ABTCP do 41º Congresso e Exposição Internacional de Celulose e Papel., 2008.
  2. / FURLEY, T. H.. Poluição Ambiental: causas, conseqüências e controle. 1999.
  3. Lima-Costa, M. F. & Barreto, S. M. (2003) Tipos de estudos epidemiológicos: conceitos básicos e aplicações na área do envelhecimento. Epidemiol. Serv. Saúde v.12 nº.4 Brasília
  4. Last, J.M. A Dictionary of Epidemiology. 3rd ed. Oxford: Oxford University Press; 1995.
  5. Begon, M. (2009) Ecological Epidemiology In: The Princeton Guide to Ecology Levin, S. A. et al (ed.) Princenton University Press.

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O que é epidemiologia?
O que os estudos epidemiológicos podem nos dizer?
Como os estudos epidemiológicos são realizados?
Quais são os diferentes tipos de estudos epidemiológicos?
Quais são as limitações dos estudos epidemiológicos?
Como os resultados dos estudos epidemiológicos são interpretados? 

O que é epidemiologia? 

Epidemiologia é o estudo da disseminação das doenças nas populações e dos fatores que afetam essa disseminação. Em outras palavras, epidemiologia é o estudo da frequência que uma doença ocorre em diferentes grupos de pessoas e o por quê.

A epidemiologia teve um papel fundamental na identificação e quantificação dos riscos causados à saúde pelo cigarro e da exposição a agentes como o amianto.

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O que os estudos epidemiológicos podem nos dizer? 

Através da epidemiologia, conseguimos aprender muito sobre a incidência e causa das doenças. Esses estudos são importantes para as avaliações dos riscos à saúde porque estudam as pessoas diretamente, mas precisam ser interpretados com muita cautela.

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Como os estudos epidemiológicos são realizados?

Os estudos começam com um questionamento científico ou hipótese, que precisa ser respondida. Por exemplo, pessoas que tomam bebidas alcoólicas estão mais sujeitas a ter doenças cardíacas? Em seguida, são selecionadas as devidas populações para o estudo e é avaliada a exposição ao fator de risco alegado. Há vários tipos diferentes de estudos de epidemiologia, cada um com seus pontos fortes e fracos.

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Quais são os diferentes tipos de estudos epidemiológicos? 

Os tipos mais comuns são:

Estudo Prospectivo de Coorte 

Esse tipo de estudo acompanha um grupo de pessoas saudáveis com níveis diferentes de exposição e avalia o que ocorre com a saúde dessas pessoas com o decorrer do tempo. Nesses estudos, a exposição é anterior à ocorrência da doença, para se estabelecer a possível causa. Embora dispendioso e demorado, esses estudos não têm muito desvio porque fazem menos suposições sobre o assunto do estudo. Os estudos de coorte são mais indicados no caso de doenças relativamente comuns.

Controle de Caso 

Esses estudos comparam a exposição anterior aos fatores de risco propostos dos indivíduos com uma determinada condição de saúde (casos) e sem (controles), para verificar se as pessoas com doentes foram mais (ou menos) expostas. Esses estudos têm maior potencial de desvio, mas são mais baratos e fáceis de serem realizados. Outra vantagem é que esses estudos permitem investigar doenças raras, sem a necessidade de acompanhamento de populações muito grandes.

Ecologicos 

Esses estudos descrevem padrões ou tendências em um determinado nível geográfico e podem ser usados para explorar possíveis associações entre a exposição da comunidade e a doença. Porém, os estudos ecológicos são os menos informativos porque não conseguem estimar a exposição individual com precisão.

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Quais são as limitações dos estudos epidemiológicos? 

Os resultados dos estudos epidemiológicos, mostrem ou não uma associação, serão sempre afetados pelas limitações do tipo do estudo e da análise. Os resultados podem ser influenciados por erros ou tendências não identificados nos dados, a influência de outros fatores relevantes, ou por variações. Nos estudos caso-controle podem surgir tendências nas avaliações à exposição decorrente da incapacidade de reportar exposições anteriores. Por exemplo, um estudo de controle de caso sobre o uso de celulares será limitado pela capacidade da pessoa de se lembrar da utilização do celular há muito tempo.

Outra questão importante é o fator confundente, porque uma exposição é um fator de risco à doença e está associada à exposição de interesse.

Por exemplo, se um estudo estivesse examinando a relação entre o álcool e as doenças cardíacas, o cigarro agiria como um elemento confundente, porque o cigarro é notadamente uma das causas doenças cardíacas.

Quanto mais critérios forem detectados, maior a confiança de que há um agente que causa a doença que está sendo estudada. Por exemplo, pode ser detectada uma relação consistente em vários estudos epidemiológicos, mas se isso não contar com o suporte de evidências de estudos de laboratório, ou seja, a viabilidade biológica, pode não ser possível concluir que o agente tenha causado a doença.

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Como os resultados dos estudos epidemiológicos são interpretados?

Os resultados dos estudos epidemiológicos são apresentados em termos como risco relativo nos estudos de Coorte, ou proporções nos estudos caso-controle. São esses valores estatísticos que dão aos pesquisadores as informações sobre a força de qualquer relação detectada entre a doença e exposição ao fator de risco preconizado.

Os cinco principais critérios para se estabelecer uma provável relação, são: 

1. Força da relação – a relação precisa ser clara 
2. Consistência - é possível repetir com outras populações
3. Temporariedade - a exposição antecede a doença
4. Viabilidade - deve fazer sentido biologicamente
5. Variação biológica - relação dose-resposta, maior exposição igual a mais doença 

Todos esses critérios precisam ser atendidos antes que se possa afirmar que a exposição a um agente esteja causando a doença. Por exemplo, pode haver uma associação consistente em vários estudos epidemiológicos, mas se isso não for suportado por evidências de estudos laboratoriais, ou seja, de viabilidade biológica, não é possível afirmar categoricamente que o agente é o causador da doença.

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Mais fontes...

Os estudos epidemiológicos ganharam uma maior atenção no último ano mesmo sem a população se tornar consciente disso. Devido a pandemia pelo novo Coronavírus, estudos foram necessários para compreender a história natural da doença, em seguida, novos estudos foram realizados em questão de encontrar um teste diagnóstico, possíveis medicações e até a criação de uma vacina.

Contudo, cada estudo epidemiológico possui um grau de relevância científica a depender de suas variáveis. Por isso, alguns medicamentos causaram certa confusão em relação ao tratamento do Coronavírus, pois seus estudos possuíam um grau de evidência menor.

Apenas um adendo: todos os estudos citados nesta coluna não são reais. Foram criados hipoteticamente apenas para ajudar o leitor a compreender melhor o tema.

Então, sem mais delongas, vamos começar a ler sobre os principais tipos de estudos epidemiológicos!

Definições

Antes de entrarmos propriamente em cada estudo epidemiológico, vamos definir algumas coisas. Cada estudo possui peculiaridades que muitas vezes são descritas com palavras intricadas, por isso, resumiremos, rapidamente, cada palavra para que, sempre que precisar, você poder voltar para relembrá-la.

Independente – Também denominada de variável preditora é aquela que pode ter produzido, ou contribuído para o desfecho estudado, precisando sempre estar presente antes da variável dependente, que veremos a seguir.

Dependente – Chamada em algumas literaturas de variável resposta, seria o próprio desfecho.

Por exemplo, em um estudo hipotético feito com estudantes de medicina, foi observada a ocorrência de síndrome de Burnout, estresse e sintomas depressivos (variável dependente, pois é a doença, o desfecho). Foi também elencado que acadêmicos de medicina apresentam maior sobrecarga acadêmica, problemas em relações interpessoais e maior contato com morte e sofrimento de terceiros (variável independente, seria o que pode ter contribuído para a síndrome de Burnout, estresse e depressão).

Descritivo – É aquele que busca entender as condições da doença. Em relação ao Covid-19, por exemplo, um estudo descritivo seria aquele que procurou compreender o perfil epidemiológico da doença.

Analítico – Busca associar uma exposição a um desfecho, sendo ele positivo como uma recuperação, ou negativo como uma doença. Por exemplo, em um hospital há dois pacientes com Covid-19, um deles foi tratado com o medicamento A e o outro com o medicamento B, a partir disso é observado a evolução desses pacientes para determinar qual teve uma melhor recuperação.

Agregado – Forma de estudo que avalia uma população inteira. É muito importante que seja compreendido que nessa forma de estudo não é possível fazer associação de fator de risco. Por exemplo, um estudo observa a população de uma cidade inteira e nota que 30% da população não cumpriu a quarentena, sendo que existe 10% da população internada por Covid-19. Não há como ter certeza de que os não cumpridores do isolamento social foram os mesmos que desenvolveram Covid-19 posteriormente. 

Individual – Nesse caso, temos um grupo seleto de pacientes sendo analisados, assim, conseguimos perceber possíveis causas e consequências, determinando associações ao objetivo estudado. Então, um estudo seria feito apenas com pessoas que não cumpriram o isolamento social e foi percebido que 80% deles contraíram Covid-19 nos dias seguintes.

Transversal – É avaliado um único momento, não é possível saber a história anterior, ou a evolução do paciente, por isso em estudos transversais não é possível estabelecer uma causalidade.

Longitudinal – Nessa forma de estudo é possível acompanhar o desenvolvimento do paciente, por isso estabelecemos uma causalidade.

Prospectivo – O estudo começa baseado em uma exposição, em um fator de risco, para depois observar se surgiu, ou não, uma patologia.

Retrospectivo – Nesse direcionamento, o paciente já é portador de uma doença e, a partir disso, será investigado seus hábitos anteriores para procurar uma causalidade.

Observacional – O pesquisador apenas observa o desenvolvimento do estudo, não interferindo.

Intervencional – O pesquisar faz uma forma de intervenção em seu grupo de estudo, por exemplo, fornece uma medicação.

DEFINIÇÕES DAS VARIÁVEIS  
VARIÁVEISINDEPENDENTE – Produziu, ou contribuiu para o desfecho. DEPENDENTE – Desfecho, consequência, doença.  
OBJETIVODESCRITIVO – Avalia o perfil epidemiológico. Ex.: Quem essa doença afeta, como é sua evolução. ANALÍTICO – Compara dois pacientes. Associação entre variáveis.  
DISTINÇÃO DE INDIVÍDUOSAGREGADO – Avalia populações inteiras. Não é possível associar fator de risco. INDIVIDUAL – Avalia um grupo seleto. Pode associar fator de risco.  
ANÁLISE TEMPORALTRANSVERSAL – Não sabe o que vem antes, ou depois. Não tem como fazer uma associação de causalidade. LONGITUDINAL – Sabe o que vem antes, podendo estabelecer causalidade.  
DIRECIONAMENTOPROSPECTIVO – Risco para desfecho. RETROSPECTIVO – Desfecho para risco.  
PESQUISADOROBSERVACIONAL – Não interfere. INTERVENCIONAL – Interfere em um grupo.  

Tipos de estudos

São estudos agregados, observacionais e transversais.

Portanto, como explicado anteriormente, são uma modalidade que analisa populações inteirais (agregado), sem intervenção do pesquisador (observacionais) e avaliam um único momento (transversal). Esses estudos servem para gerar hipóteses que serão provadas ou descartadas em outras modalidades de pesquisas.

É importante ficar atento ao fato de que não podemos estabelecer uma causalidade nessa forma de estudo, afinal, ele é um agregado, caso seja inferido um fator de risco, então chamamos isso de falácia ecológica, sendo isso um viés do estudo.

São analíticos, individuais, longitudinais, observacionais e retrospectivos.

Assim, faz uma associação entre variáveis (analítico), analisam grupos seletos de pacientes (individuais), acompanham a evolução do grupo podendo estimar riscos (longitudinais), o pesquisador não interfere (observacionais) e partem da doença para os possíveis riscos e causalidades (retrospectivos).

Sua medida de associação é Odds-Ratio, que para ser calculada, é necessário primeiro criar uma tabela, como a abaixo, então, a partir disso, fazemos a seguinte conta:

Odds-Ratio ═ A x D / B x C

 Com desfechoSem desfecho
Com exposiçãoAB
Sem exposiçãoCD

São estudos analíticos, longitudinais, observacionais, prospectivos e individuais.

Busca associar uma exposição a um desfecho (analítico), acompanha a evolução do paciente, podendo estabelecer uma causalidade (longitudinal), o pesquisador não interfere (observacional), avaliam o risco para o desfecho (prospectivo) e são focados em um grupo seleto de pacientes (individuais).

Nessa forma de estudo é possível avaliar a história natural da doença, estabelecendo importantes correlações e causalidades. Contudo, apresenta a desvantagem de ser um estudo mais longo e com custo financeiro mais elevado.

A medida de associação da coorte é o Risco Relativo (RR), sua fórmula é a seguinte:

RR ═ Incidência no expostos / Incidência em Não expostos

Caso o RR seja igual a 1, então a exposição estudada não interfere no desenvolvimento da doença. O RR maior que 1 considera a exposição como um fator de risco para a doença. Enquanto o RR menor que 1 seria a exposição como um fator de proteção para a doença.

Ensaios clínicos randomizados

Os ensaios randomizados são realizados com o objetivo de testar uma única hipótese. O desenvolvimento de uma nova medicação, por exemplo, muitas vezes passa por ensaios clínicos randomizados, sendo eles prospectivos (avalia do risco para o desfecho), individuais (focados em um grupo específico) e intervencionista (o pesquisador conduz os grupos).

Assim, em um ensaio randomizado, o grupo estudado é dividido de maioria aleatória (randomizada) em dois subgrupos. O pesquisador, então, conduzirá o trabalho observando as diferenças entre cada população estudada. No caso de avaliação da eficácia de um novo medicamento, parte do grupo o receberia e a outra parte receberia um placebo.

Uma diferença importante que precisa ficar clara é: os estudos de caso controle são observacionais e retrospectivos, enquanto os ensaios clínicos randomizados são intervencionistas e prospectivos.

Hierarquização dos estudos epidemiológicos

Como pode ser observado, cada estudo epidemiológico possui suas características, servindo para analisar determinada hipótese. Contudo, é preciso compreender que existe uma hierarquia entre eles determinada pelo seu nível de evidência. Tal fato foi resumido na pirâmide a seguir.

Em tempos de pandemia e quando as redes sociais constituem uma parte importante dos hábitos da população, é preciso que os estudantes e profissionais da área da saúde compreendam o grau de evidência dos estudos para, assim, conseguirem entender melhor as centenas de novas pesquisas sendo feitas e publicadas a respeito do Coronavírus, fazendo com que informações corretas e verossímeis sejam transmitidas a população.

O que é um estudo epidemiologico

Para verificar a lista completa dos níveis de evidência científica segundo a classificação de Oxford Center for Evidence-Based-Medicine, acesse o seguinte link: 

https://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2014/janeiro/28/tabela-nivel-evidencia.pdf

Autora: Gabriele Curvo Bett

Instagram: @gabi_curvo

O que é um estudo epidemiologico

O texto acima é de total responsabilidade do autor e não representa a visão da sanar sobre o assunto

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O que é um estudo epidemiologico

Conceitos Básicos em Epidemiologia e Bioestatística – Hermano Alexandre Lima Rocha e Eduardo Rebouças Carvalho. Disponível em: http://www.epidemio.ufc.br/files/ConceitosBasicosemEpidemiologiaeBioestatistica.pdf

Tipos de estudos epidemiológicos: conceitos básicos e aplicações na área do envelhecimento.  – Maria Fernanda Lima-Costa e Sandhi Maria Barreto. Disponível em: http://scielo.iec.gov.br/pdf/ess/v12n4/v12n4a03.pdf

Delineamento de estudos científicos. – Aristides Schier da Cruz. Disponível em: http://residenciapediatrica.com.br/detalhes/16/delineamento-de-estudos-cientificos