De acordo com esse texto, os ludistas e cartistas possuíam como objetivo a

Forte movimento trabalhista na Inglaterra entre 1811 e 1816, o ludismo caracterizou-se pela destruição de máquinas por trabalhadores insatisfeitos com a mecanização.

O ludismo foi um movimento de trabalhadores que se uniram e revoltaram-se contra as máquinas no princípio da Revolução Industrial. A ação organizada dos ludistas consistia em invadir uma indústria têxtil e promover a destruição das máquinas que produziam as mercadorias. Esse movimento iniciou-se em Nottingham e espalhou-se por toda a Inglaterra, entre 1811 e 1816.

Contexto

O ludismo e outros movimentos de trabalhadores, como o cartismo, surgiram como consequência direta das transformações causadas nas relações de trabalho e na qualidade de vida do trabalhador inglês a partir da Revolução Industrial. Os trabalhadores organizavam-se contra a precarização que a industrialização trouxe em seu trabalho.

A Revolução Industrial consistiu basicamente em um período de grande avanço tecnológico que permitiu o nascimento e o desenvolvimento da indústria moderna. Essa primeira fase da Revolução Industrial ocorreu a partir de 1780, segundo Eric Hobsbawm|1| (outros historiadores afirmam que esse processo iniciou-se em 1760).

Desse período, a grande invenção foi o aperfeiçoamento da máquina a vapor, por James Watt, que beneficiou inicialmente a indústria têxtil (que produz vestuário). Esse invento permitiu, por exemplo, a instalação acelerada de estradas de ferro por toda a Inglaterra. A introdução dessas máquinas na indústria têxtil ocasionou o aumento da produção, a redução salarial e, consequentemente, o aumento nos lucros dos patrões.

A Revolução Industrial aconteceu de maneira pioneira na Inglaterra e depois se espalhou por toda a Europa e outras partes do mundo. Os motivos que explicam o pioneirismo inglês são:

1. Leis do Cercamento: desde o século XVI, a Inglaterra havia ampliado a expulsão dos camponeses das Terras Comuns para que a burguesia e a Gentry (nobreza rural inglesa) estabelecessem pastos nesses locais. A expulsão dos camponeses de suas terras possibilitou o aumento na disponibilidade de mão de obra e ampliou a produção de algodão.

2. Acúmulo de capital: as práticas mercantilistas colocadas em prática pela Inglaterra, principalmente a partir dos Atos de Navegação de 1651, permitiram que a burguesia inglesa acumulasse o capital necessário para investir no desenvolvimento do maquinário.

3. Reservas de carvão e ferro: a Inglaterra possuía, no século XVIII, grandes reservas de carvão e ferro que foram vitais para o progresso da indústria moderna.

A junção desses fatores possibilitou o desenvolvimento industrial na Inglaterra e, uma vez iniciada a indústria, grandes transformações aconteceram. A primeira grande mudança que a Revolução Industrial trouxe foi a desvalorização do trabalhador, pois as máquinas substituíram artesãos especializados e eram manejadas por qualquer pessoa. Isso fez com que o salário do trabalhador diminuísse.

A redução do salário era agravada pela preferência dos patrões em contratar mulheres e crianças, por serem menos propensas a revoltas e por receberem menos ainda que um homem adulto. Além da queda salarial, o trabalhador foi sujeito a uma carga de trabalho exaustiva e era comum que os trabalhadores fossem obrigados a trabalhar por 16 horas diárias. Essas condições degradantes para os trabalhadores ampliaram os lucros e enriqueceram os patrões.

As organizações de trabalhadores e o ludismo

As condições deploráveis de trabalho e a intensa exploração fizeram com que os trabalhadores passassem a organizar-se e a manifestar a sua insatisfação. Um dos primeiros exemplos da organização dos trabalhadores contra a precarização ocasionada pela industrialização do trabalho ficou conhecida como ludismo.

O termo ludismo é oriundo de luddite, do inglês, e faz menção a Ned Ludd, suposto trabalhador inglês que havia sido o pioneiro na destruição das máquinas como forma de manifestar sua insatisfação. Os ludistas também ficaram conhecidos como “quebradores de máquinas”, porque agiam promovendo a destruição das máquinas industriais.

Conforme falamos, nesse período, o trabalhador inglês viu o seu salário cair consideravelmente. Na cidade de Bolton, por exemplo, um tecelão recebia cerca de 33 shillings em 1795 e, por volta de 1815, o mesmo tecelão recebia 14 shillings|2|. Essa diminuição salarial, no entanto, não veio acompanhada de redução na carga de trabalho e de queda no custo de vida, ou seja, o trabalhador havia sido proletarizado e sua vida precarizada.

Essa diminuição salarial, aliada ao fato de que uma máquina substituía o trabalho manual de muitos homens, levou ao surgimento dos ludistas. Assim, o ludismo foi um movimento de trabalhadores que lutaram contra a mecanização do trabalho. Os ludistas entendiam que as máquinas, além de estarem roubando os empregos dos seres humanos, contribuíram para a redução salarial do trabalhador e, assim, era algo que devia ser destruído.

Uma observação importante é que os ludistas não podem ser vistos como tecnofóbicos. A ação dos ludistas era exclusivamente uma reação contra a precarização que a industrialização gerou em suas vidas, e essa ação era estratégica e visava pressionar os patrões. Esse movimento teve início em Nottingham, em 1811, e existiu em toda a Inglaterra em 1816. Registraram-se movimentos ludistas também em outras partes da Europa, como na Bélgica.

A ação dos ludistas consistia da seguinte maneira: os ataques eram organizados contra as fábricas à noite, onde uma multidão de trabalhadores invadia o local estabelecido e destruía todas as máquinas que conseguisse. O historiador argentino Osvaldo Coggiola registrou também que donos de fábricas recebiam ameaças de trabalhadores para promover o desmonte de suas máquinas|3|.

A ação dos ludistas gerou repressão imediata, tanto dos donos de fábricas quanto do governo inglês. O governo inglês mobilizou uma grande quantidade de soldados (12 mil) para reprimir a ação dos ludistas|4|, e uma lei de 1812 (Frame-Breaking Act, em inglês) transformou a destruição intencional de máquinas em crime capital e, portanto, punível com a morte. A repressão do governo inglês enfraqueceu o movimento a partir de 1816.

|1| HOBSBAWM, Eric. A Era das Revoluções, 1789-1848. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2014, p.59.
|2| Idem, p. 79.
|3| COGGIOLA, Osvaldo. Os inícios das organizações dos trabalhadores. Para acessar, clique aqui.
|4| You’ve Got Luddites All Wrong. Para acessar, clique aqui.

Por Daniel Neves
Graduado em História

URGENTE!!, [. ] A partir da ascensão do sistema capitalista [. ], ocorreu a ascensão de uma nova classe social: os operários, isto é, os trabalhadores das indústrias capitalistas. Consequentemente, surgiram as relações sociais entre donos das fábricas [. ] e trabalhadores das fábricas [. ] que permearam o dia a dia das indústrias. Dessas relações nem um pouco amistosas entre capitalistas e trabalhadores, surgiram na Inglaterra dois movimentos, os ludistas e os cartistas, que tinham um objetivo em comum: encontrar soluções para os problemas enfrentados pelos operários, principalmente o desemprego. Tanto ludistas quanto cartistas reivindicavam, através de ações [. ], o retorno ao emprego dos trabalhadores desempregados. [. ] De acordo com esse texto, os ludistas e cartistas possuíam como objetivo a ampliação das atividades industriais. Aquisição de privilégios econômicos. Expansão das vantagens políticas. Manutenção das práticas agrícolas. Transformação do seu contexto social

Com o advento da Revolução Industrial no século XVIII, ocorreram progressivas e intensas transformações sociais, políticas e econômicas. A industrialização havia trazido consigo a urbanização, as mudanças no modo de produção e as tensas relações entre a burguesia, donos dos meios de produções e trabalhadores, que vendiam sua força de trabalho para a sobrevivência.

As indústrias substituíram a produção artesanal pela mecânica, proporcionando, assim, um aumento significativo na produção diária de mercadorias. Esses avanços enriqueceram os capitalistas (burguesia detentora de riquezas), mas os trabalhadores foram excluídos desse enriquecimento.

Na verdade, as condições de vida dos trabalhadores eram precárias: eles viviam em bairros afastados das regiões centrais das cidades, suas casas eram insalubres, construídas em ruas escuras e sem pavimentação, eram mal ventiladas, não tinham água e apresentavam péssimas condições sanitárias.

As indústrias, conforme as casas dos trabalhadores, também não proporcionavam boas condições de trabalho, geralmente eram quentes e úmidas, com pouca ventilação. A alimentação servida para os operários nas fábricas era insuficiente e de péssima qualidade, pobre em nutrientes.

Outro fator que acirrou, cada vez mais, as relações entre capitalistas e trabalhadores foi a interminável jornada de trabalho. Cada trabalhador chegava a trabalhar dezoito horas ao dia. Juntamente com as péssimas condições de trabalho, a expectativa de vida dos operários era baixa, em virtude também da incidência de doenças e de acidentes de trabalho.

Dessa forma, os capitalistas preferiam contratar mulheres e crianças, no intuito de evitar maiores problemas relacionados às manifestações e às revoltas operárias, que reivindicavam melhores condições de trabalho.

Com o incremento das máquinas industriais nas fábricas, rapidamente a mão de obra operária foi sendo substituída, gerando milhares de desempregados. Logo em seguida, os trabalhadores reagiram com o movimento de quebra de máquinas: no ano de 1811, muitos trabalhadores invadiram as fábricas à noite e quebraram as máquinas com golpes de martelos.

Para esses trabalhadores, as máquinas se transformaram na principal responsável pela situação de exploração e de desemprego em que se encontravam. Os trabalhadores quebradores de máquinas ficaram conhecidos como ludistas, nome que deriva de Ned Ludd, uma personagem, tida por muitos como lendária, que teria quebrado a máquina em que operava a golpes de martelo, mostrando assim sua insatisfação. Rapidamente, o ludismo se espalhou da Inglaterra para outros países europeus.

Portanto, o ludismo se constituiu como o primeiro movimento operário de reivindicação de melhorias nas relações e condições de trabalho.

Leandro Carvalho
Mestre em História