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O fogo, pois, sempre arderá sobre o altar; não se apagará; mas o sacerdote acenderá lenha nele cada manhã, e sobre ele porá em ordem o holocausto, e sobre ele queimará a gordura das ofertas pacíficas. O fogo arderá continuamente sobre o altar; não se apagará (Lv 6.12-13). Não apagueis o Espírito (1Ts 5.19). Na Lei do Holocausto dada por Deus aos sacerdotes levíticos, o fogo do altar arderia ininterruptamente: O fogo arderá continuamente sobre o altar; não se apagará. Tal ação servia como um lembrete da presença contínua de Deus e da necessidade do povo de uma expiação continua. Deus acendeu o fogo no altar de bronze (Lv 9.24) e os sacerdotes estavam encarregados de garantir que essas chamas nunca se apagassem.
Observamos, entretanto, que tanto no Antigo Testamento como hoje, cada sacerdote tem a responsabilidade em manter o fogo aceso. Não apagueis o Espírito é a ordem de Deus (1Ts 5.19). O presente do imperativo grego sbennymi significa “extinguir” ou “apagar”, e é utilizado num sentido metafórico de apagar uma chama ou urna luz, a qual está associada ao Espírito Santo (Lc 3.16; At 2.3-4; 18.25; Rm 12.11; 2Tm 1.6). A interpretação mais aceita é que a proibição se refere ao exercício dos dons espirituais na comunidade, contudo é impossível negar que há aqui uma aplicação pessoal. O crente que já possui o selo do Espírito, não deve resistir ou sufocar a ação do Espírito. A ação do Espírito no nosso coração é comparada a ação do fogo. E por esta razão que Paulo nos incentiva: sede fervorosos de espírito, servindo ao Senhor (Rrn 12.11). E João Calvino comenta: “Por que, pois, diria alguém, Paulo nos exorta a continuar este fervor? Eis minha resposta: embora este zelo seja divino, estes deveres são destinados aos crentes a fim de que destruam sua indiferença e fomentem aquela chama que Deus lhes acendeu. Pois, geralmente, sucede que, ou abafamos, ou mesmo extinguimos o Espírito em razão de nossas próprias mazelas”. Não apagueis o Espírito é a ordem de Deus. Por que não devemos apagar o fogoO fogo simboliza a própria pessoa de Deus. Ele é um fogo devorador (Dt 9.3), Porque o SENHOR, teu Deus fogo que consome, é Deus zeloso (Dt 4.24). Quando Deus se revelou por meio de teofanias, Ele sempre acompanhado pelo fogo (Êx 3.2-3; 19.18; 24.17). O Espírito Santo é simbolizado pelo fogo (Mt 3.11; Lc 3.16; At 2.3). Todo crente verdadeiro tem o Espírito Santo (Rm 8.9) e deve buscar ser cheio do Espírito (Ef 5.18). O que Paulo proíbe é: “Não apagueis o Espirito (1Ts 5.19). E o que isto significa? Apagar o Espírito é impedir ou resistir a sua ação dentro de nós. Observando as propriedades do fogo e comparando-as com a ação do Espírito Santo em nossa vida, podemos dizer que o fogo: destrói, purifica, transforma ou modela, vivifica, aquece, guia e ilumina. Todas as virtudes e vitórias da vida cristã dependem do Espírito Santo. Apagar o Espirito é suprimir ou tornar inativa a sua ação dentro de nós. A frutificação espiritual e a capacitação para o serviço é obra do Espírito. Paulatinamente, o Espírito está formando Cristo em nós (2Co 3.18). Não devemos apagar o fogo de Espírito porque sem ele a vida espiritual será impossível. “O cristianismo é entusiasmo, ou então nada é” (Manson). A palavra entusiasmo se deriva dos vocábulos gregos “em” e “theos” e significa “estar cheio de Deus”.
Nosso Deus é fogo consumidor porque Ele é plenamente justo, puro e santo. Sua santidade jamais tolera o pecado e sua justiça exige a punição da transgressão de sua Lei. Essa verdade é um alerta para que sirvamos a Deus de modo agradável, com reverência e santo temor. Por isso o escritor de Hebreus escreve: “Porque o nosso Deus é fogo consumidor” (Hebreus 12:23). Deus é fogo que consomeEm diversas ocasiões o fogo aparece na Bíblia relacionado diretamente a Deus; muitas vezes como símbolo de sua presença em algum aspecto. Foi assim na aliança de Deus com Abraão (Gênesis 15:17); na convocação de Moisés quando ele avistou uma sarça ardente (Êxodo 3:2); na coluna de fogo que acompanhava os israelitas (Êxodo 13:21); etc. Sem dúvida a associação mais marcante do fogo com Deus no Antigo Testamento diz respeito a sua santidade. A santidade é um dos atributos morais de Deus. Ele é plenamente santo; Ele próprio é a fonte da verdadeira santidade. A Bíblia diz que dele não pode provir o mal. A santidade de Deus é tamanha que seus olhos não podem contemplar a iniquidade (Habacuque 1:13). Tudo isso significa que o homem pecador não pode se aproximar de Deus de qualquer maneira. Quando Deus desceu em fogo no Monte Sinai, os israelitas foram avisados para não ultrapassarem certo limite; caso contrário, eles seriam destruídos (Êxodo 19:18-21). Quando Moisés subiu novamente no Sinai para receber a Lei de Deus, a Bíblia diz que o aspecto da glória do Senhor era como um fogo consumidor (Êxodo 24:17). Para apaziguar sua ira devido ao pecado do homem, o próprio Deus instituiu na Antiga Aliança um sistema sacrifical, cuja finalidade principal era expiatória. Deus separou sacerdotes que serviriam como representantes entre Ele e o povo. Esses sacerdotes cuidariam dos sacrifícios que deveriam ser oferecidos. O fogo que ascendeu o altar onde eram oferecidos os sacrifícios foi enviado pelo próprio Deus. O livro de Levítico fala sobre como saiu fogo de diante de Deus e consumiu a oferta queimada (Levítico 9:24). Esse mesmo fogo, porém, logo depois também consumiu os filhos de Arão que ousaram trazer fogo estranho diante de Deus (Levítico 10:1-3). O nosso Deus é fogo consumidorQuando o escritor de Hebreus diz que Deus é fogo consumidor, ele faz uma citação de Deuteronômio 4:24. Nesse texto de Deuteronômio, Moisés prepara os israelitas para entrarem na Terra Prometida. Então ele exorta o povo à obediência e alerta acerca do perigo da idolatria. Moisés avisa que Deus não toleraria adoração dividida em Israel. Nesse contexto o escritor bíblico escreve: “Porque o Senhor, teu Deus, é fogo que consome, é Deus zeloso” (Deuteronômio 4:24). Já no capítulo 12 da Carta aos Hebreus, o escritor neotestamentário fala sobre a necessidade de o cristão perseverar na fé. Ele diz que o crente deve imitar o exemplo de Cristo e exorta o redimido a viver de um modo que agrada a Deus. Nesse sentido, ele indica a necessidade indispensável da santificação. Por isso no próprio capítulo 12 está registrado o importante alerta: “Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor” (Hebreus 12:14). Além disso, a superioridade de Cristo e de seu ministério messiânico é um tema central em Hebreus. Durante sua carta, o escritor estabelece muitos paralelos entre a Antiga e a Nova Aliança, com a finalidade de demonstrar o caráter superior, perfeito e definitivo da última. Em Hebreus 12 ele mantém esse foco e fornece um contraste entre Sinai e Sião. O escritor fala sobre como aqueles que recusaram as advertências divinas na Antiga Aliança foram punidos. Em seguida, ele reflete sobre quão mais severo castigo é merecedor aqueles que rejeitam o Evangelho de Cristo. Assim, ele conclui o capítulo dizendo que o cristão deve servir a Deus “de modo agradável, com reverência e santo temor”. O motivo disto é explicado imediatamente na sequência do texto: “Porque o nosso Deus é fogo consumidor” (Hebreus 12:28,29). Isso significa que o verdadeiro cristão se aproxima de Deus da maneira correta. Ele compreende a grandeza da obra de Cristo e está ciente da santidade de Deus e de seu juízo inevitável contra aqueles que desprezam sua oferta de salvação por meio do seu Filho, Jesus. O que significa dizer que “Deus é fogo consumidor”?Parece que muitas pessoas não entendem o que realmente significa dizer que Deus é fogo consumidor. Muitas, inclusive, oram pedindo que Deus venha sobre elas como fogo consumidor. É cada vez mais comum ouvir pessoas pedindo para serem incendiadas e consumidas pelo fogo de Deus. Como já foi dito, é verdade que existem diferentes sentidos do fogo relacionado a Deus na Bíblia. Uma das aplicações mais lembradas por todos, é aquela em que o fogo transmite a ideia de purificação (cf. Isaías 6). Há também aquele sentido que remete a descida do Espírito Santo no dia de Pentecostes (Atos 2). No entanto, ainda assim a ideia do juízo divino está presente, inclusive no que diz respeito ao Pentecostes (cf. Joel 2:30-32; 1 Coríntios 14:21,22). Aqueles que são purificados, pela graça divina escapam de conhecer Deus como fogo consumidor. João Batista anunciou o ministério do Messias dizendo que Ele é Aquele quem batiza com Espírito Santo e com fogo (Mateus 3:11). Portanto, através do sangue de Cristo e do ministério do Espírito Santo, os crentes são purificados e santificados, enquanto os incrédulos impenitentes são merecedores do fogo do juízo de Deus. Definitivamente a ideia de que devemos pedir que Deus venha como fogo consumidor sobre nós, é indefensável à luz das Escrituras. Como foi dito, Deus se manifesta na Bíblia como fogo consumidor por dois motivos principais: para consumir a oferta pelo pecado ou para consumir o pecador indigno, como no caso dos filhos de Arão. Essa verdade também aponta para a grandiosa obra de Cristo. Se hoje Deus não vem como fogo consumidor sobre nós, é porque sua ira contra o pecado caiu sobre Cristo em seu sacrifício vicário. Em favor do seu povo, o Filho de Deus suportou a ira divina em todo seu ardor. Mas aqueles que rejeitam o sacrifício de Cristo, inevitavelmente tentam se aproximar de Deus com seus próprios pecados. Então no dia vindouro, o Deus santo e puro revelará sua justiça, e essas pessoas conhecerão verdadeiramente por que Deus é fogo consumidor. Que tal fazer Bacharel em Teologia sem mensalidades? Clique aqui! |