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deputado Luiz Antonio Teixeira Jr. em reunião do colegiado que acompanha as ações contra o coronavírus, coordenado por ele
Caio Spechoto 18.abr.2020 (sábado) - 17h54 O deputado Luiz Antonio Teixeira Jr. (PP-RJ), conhecido como Dr. Luizinho, diz que o novo ministro da Saúde, Nelson Teich, deverá ter restrições em seu trabalho impostas pelo presidente da República, Jair Bolsonaro. Dr. Luizinho coordena a comissão da Câmara que acompanha o combate ao coronavírus no Brasil. Teich assumiu o ministério nesta 6ª feira (17.abr.2020), depois da demissão de Luiz Henrique Mandetta. O pivô da queda de Mandetta foi o coronavírus, causador da Covid-19. Enquanto o ex-ministro defendia o isolamento social como forma de conter o avanço do vírus, Bolsonaro queria que as pessoas voltassem ao trabalho. Receba a newsletter do Poder360 todos os dias no seu e-mailBolsonaro defende o chamado “isolamento vertical”, que consiste em manter confinados apenas quem faz parte dos grupos de risco de agravamento da covid-19, causada pelo coronavírus, como os idosos. Teich já criticou publicamente essa política. “Eu acho que o ministro aceitou algumas regras que o presidente colocou. Acho que o presidente vai colocar regras que inibem a liberdade do ministro trabalhar. Tenho certeza que o ministro vai tentar fazer tudo da melhor forma e cientificamente”, afirmou o deputado. Dr. Luizinho afirma que o ideal seria a manutenção de Mandetta. Porém, como estava claro que o ex-ministro já não gozava da confiança do presidente, era necessário fazer a troca. “O presidente precisa ter 1 ministro em que ele possa confiar, e esse ministro tem de ter a confiança do presidente para tomar as medidas adequadas”, disse o deputado. Luiz Antonio Teixeira Jr. deu entrevista ao Poder360 por videoconferência na noite desta 6ª feira (17.abr.2020). A seguir, 3 trechos da conversa em video: Maus conselheirosEle afirmou que o presidente Jair Bolsonaro está sendo mal aconselhado na crise do coronavírus. Cita 1 nome: “O [ex-]ministro Osmar Terra (MDB-RS) é uma pessoa que eu respeito muito, mas tenho a convicção de que ele está errado”. Terra tem defendido o fim do isolamento e minimizado o poder destrutivo da pandemia. O deputado também afirma que há “algumas pessoas com discurso fácil para agradar o presidente concordam com o presidente”. Dr. Luizinho diz que o isolamento não precisa ser rígido em todo país. Há regiões com menos casos e mortes pela doença que poderiam ter uma vida mais próxima do normal. Os Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Ceará, Amazonas, Amapá e o Distrito Federal, porém, precisariam de medidas ainda mais rígidas. Ele afirma que, talvez, o novo ministro consiga convencer o presidente da necessidade da aplicação de 1 isolamento a cada região do país de acordo com a gravidade da epidemia. “Tenho certeza absoluta que o presidente não vai querer marcar a gestão dele por 1 número absurdo de mortes no Brasil”, declara. Uso dos númerosO deputado diz que há uma impressão de que a pandemia não é tão grave no Brasil porque o isolamento social foi adotado e impediu o avanço mais rápido da doença. “Alguém coloca 1 gráfico e fala ‘tá vendo, no Brasil não vai ser da maneira dos outros países, não está subindo tanto’. Não está subindo porque a gente está em isolamento. E aí usam essa desculpa de não estar subindo tanto para poder liberar o isolamento, quando é justamente o contrário”, diz. Enquanto o presidente Jair Bolsonaro critica o isolamento social e frequenta pontos com aglomeração, prefeitos e governadores têm defendido e implementado a política. João Doria (PSDB-SP) e Wilson Witzel (PSC-RJ), entraram em confronto com Bolsonaro por meio dessa divergência. Perguntado se o presidente se beneficiava da posição dos governadores, Dr. Luizinho diz que sim. “Óbvio que o governo dele está se beneficiando do isolamento, é beneficiário direto. Porque, sem o isolamento, pode anotar aí, certamente a gente teria, no melhor cenário, 5 vezes mais mortos”, afirma. Ele, porém, faz uma ressalva: “O isolamento não é dos governadores e prefeitos, é uma política mundial, que a OMS [Organização Mundial da Saúde] decretou. Não é a política do Trump, do Conte, do Boris Johnson. O mundo está praticando o único formato que se encontrou para tentar enfrentar esse epidemia, que é o isolamento social”. O deputado também explica que há subnotificação dos casos e demora de dias para que os resultados dos exames de mortos se tornem conhecidos. |