Quando apontamos uma variação linguística como erro cometemos o quê chamados de preconceito linguístico?

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Publicado em: 2021-09-17

Quando apontamos uma variação linguística como erro cometemos o quê chamados de preconceito linguístico?
VARIAÇÃO LINGUÍSTICA E PRECONCEITO LINGUÍSTICO
(REVISÃO)
Preconceito Linguístico x Variação Linguística
Quando apontamos uma variação linguística como erro, cometemos o que chamados de
Preconceito Linguístico.
Variação linguística x Preconceito linguístico. Entenda a definição de cada um e não crie barreiras
para o crescimento de nosso patrimônio cultural
A língua é dinâmica e está sujeita a inúmeras variações. Essa peculiaridade de toda e qualquer língua
é o que chamamos de variação linguística, que está sujeita ao contexto histórico, geográfico e
sociocultural no qual os falantes estão integrados.
Essa pluralidade da língua é facilmente observada no Brasil, um país de extensão territorial e
multiplicidade cultural significativas. As variações linguísticas acontecem porque, tendo em vista que
a função primordial da língua é a comunicação, os falantes arranjam e rearranjam a língua de acordo
com a necessidade de interação social.
Uma vez que essas variações visam à comunicação, jamais devemos considerá-las erros. Ao
apontarmos essas alterações como erro, estamos cometendo o que chamamos de “preconceito
linguístico”. Como todo preconceito, age-se maquiavelicamente em defesa de um dado status
imposto como mais adequado e, por vezes, mais “bonito”.
Infelizmente, esse equivocado comportamento é corriqueiro aqui no Brasil. Você já deve ter visto
afirmações pejorativas em relação à fala de quem mora no interior, por exemplo. Esse julgamento, em
vez de contribuir para que sigamos em um processo educacional democrático, cria barreiras para o
enriquecimento de nosso patrimônio cultural. A língua é responsável, segundo Biderman1
(1899), por
transmitir a herança cultural de um povo que carrega aspectos de vida, das crenças e valores de uma
sociedade.
A vida não me chegava pelos jornais nem pelos livros
Vinha da boca do povo na língua errada do povo
Língua certa do povo
Porque ele é que fala gostoso o português do Brasil
Ao passo que nós
O que fazemos
É macaquear
A sintaxe lusíada
Evocação do Recife – Manuel Bandeira
Algumas marcas do regionalismo no Brasil:
 abestado: bobo, tolo
 abirobado: maluco
 avalie: imagine
 pão de sal: pão francês
 macaxeira: mandioca, aipim
 arretado: bacana, legal; pessoa forte, concentrada, determinada
 banda: lado, pedaço
 bila: bola de gude
 semáforo: sinal, sinaleiro, farol
É importante destacar ainda que as reflexões apresentadas anteriormente não são em defesa da
queda da gramática e não respeito à norma-padrão. É necessário, é claro, que tenhamos consciência
de que há normas que regem e são responsáveis por certa organização de nossa língua. Porém, não
devemos nos esquecer do que é gramatical e do que é a língua em movimento em busca de alcançar
sua função primordial: a comunicação.
1
BIDERMAN, M. T. C. O léxico, testemunha de uma cultura. Actas do XIX Congresso Internacional de Linguística e Filoloxía
Românicas. Universidade de Santiago de Compostela, 1989.
Publicado por Mariana do Carmo Pacheco
Dialetos e registros no português brasileiro
Estudar os diferentes dialetos e registros no português brasileiro ajuda-nos a compreender o
interessante fenômeno da variação linguística.
As variedades linguísticas podem ser encontradas nos diferentes dialetos e registros, elementos de nossa rica
identidade cultural
Você já deve saber que a língua portuguesa, sobretudo o português brasileiro, é permeada por particularidades
e características advindas do dinamismo das relações sociais: a todo momento participamos de situações
comunicacionais e, para isso, acessamos nosso léxico considerando diversos fatores, entre eles, a adequação
linguística.
Os diferentes dialetos e registros no português brasileiro são importantes elementos das variações linguísticas,
e compreender suas relações com o idioma é fundamental para eliminar o preconceito linguístico que
desconsidera a mutabilidade e a dinamicidade da língua. Na verdade, a língua é um instrumento do falante e
para o falante, constituindo-se como produto das relações históricas, sociais e culturais. Os dialetos e registros
são fenômenos que comprovam na prática que não existe um modelo linguístico a ser seguido nas
modalidades oral e escrita, visto que as idiossincrasias dos falantes devem ser respeitadas.
Para explicar melhor o que são dialetos e registros da língua portuguesa, observe as diferenças existentes entre
os dois elementos:
♣ Dialetos: estão relacionados às variedades linguísticas próprias de uma região ou território, bem como às
variações encontradas na fala de determinados grupos sociais. As diferenças linguísticas também estão
associadas à idade dos falantes, sexo, nível de exposição aos saberes convencionais e à própria evolução
histórica da língua. Observe o exemplo no poema de Zé da Luz, texto literário que ilustra de maneira artística
(alguns exageros comuns aos recursos expressivos podem ser notados) características de um dialeto
encontrado na região Nordeste do país:
Ai se sêsse
Se um dia nóis se gostasse
Se um dia nóis se queresse
Se nóis dois se empareasse
Se juntim nóis dois vivesse
Se juntim nóis dois morasse
Se juntim nóis dois drumisse
Se juntim nóis dois morresse
Se pro céu nóis assubisse
Mas porém acontecesse de São Pedro não abrisse
a porta do céu e fosse te dizer qualquer tulice
E se eu me arriminasse
E cum tu eu insistisse pra que eu me arresolvesse
E a minha faca puxasse
E o bucho do céu furasse
Tarvês que nóis dois ficasse
Tarvês que nóis dois caísse
E o céu furado arriasse e as virgi toda fugisse.
♣ Registros: estão relacionados às variedades padrão e não padrão. O grau de formalidade em determinada
situação comunicacional definirá qual registro será adotado: a norma culta ou a norma popular. A melhor
opção será aquela que cumprir melhor sua função social, estabelecendo assim uma maior sintonia entre os
interlocutores. Isso quer dizer que cada situação requer do falante um comportamento linguístico específico:
você, em uma entrevista de emprego ou em um seminário da escola, certamente adotará a norma culta,
evitando assim dialetos e gírias (marcas do coloquialismo), da mesma maneira que fará escolhas linguísticas
informais em suas relações cotidianas com a família e amigos.
Observar a manifestação dos diferentes dialetos e registros nos faz entender que a língua é um conjunto de
variedades, e todas essas variedades são importantes. Prestigiar apenas a norma culta em detrimento da
norma popular apenas colabora com o preconceito linguístico, ideia equivocada que costuma incidir
principalmente sobre os falantes socialmente oprimidos. Os dialetos não são manifestações linguísticas
menores, apenas evidenciam que todos estamos expostos a fatores extralinguísticos que influenciam a fala,
sejam eles fatores culturais, sociais ou históricos. A norma culta é uma das variedades possíveis e deve ser
utilizada em situações em que seu emprego cumpra de maneira mais eficiente a comunicação entre os
interlocutores. Sendo assim, é preciso considerar as variáveis e abrir mão do conceito simplista que divide a
língua apenas entre aquilo que é supostamente certo e o que é errado.
Publicado por Luana Castro Alves Perez
Fatores de adequação linguística
A linguagem não é uniforme, sofrendo variação de acordo com o assunto, interlocutor, ambiente e
intencionalidade – fatores que se referem à adequação linguística.
A linguagem, assim como a roupa, não pode ser a mesma em todos os momentos, por isso é importante
atentar aos fatores de adequação linguística
Durante muito tempo, buscou-se a uniformidade linguística, por isso, tudo o que fugia da gramática normativa
era considerado erro. O objetivo era fazer com que a fala fosse transcrição fiel da escrita na norma padrão.
Atualmente, o foco não está mais no conceito de certo e errado, mas no de adequado e inadequado, porque se
entende que a linguagem (processo de interação comunicativa) não é homogênea, logo haverá níveis de
linguagens e níveis de fala.
Os níveis de linguagem e de fala são determinados por alguns fatores, acompanhe-os a seguir:
1. O interlocutor:
Os interlocutores (emissor e receptor) são parceiros na comunicação, por isso, esse é um dos fatores
determinantes para a adequação linguística. O objetivo de toda comunicação é a busca pelo sentido, ou seja,
precisa haver entendimento entre os interlocutores, caso contrário, não é possível dizer que houve
comunicação. Por isso, considerar o interlocutor é fundamental. Por exemplo, um professor não pode usar a
mesma linguagem com um aluno na faculdade e na alfabetização, logo, escolher a linguagem pensando em
quem será o seu parceiro é um fator de adequação linguística.
1. Ambiente:
A linguagem também é definida a partir do ambiente, por isso, é importante prestar atenção para não cometer
inadequações. É impossível usar o mesmo tipo de linguagem entre amigos e em um ambiente corporativo (de
trabalho); em um velório e em um campo de futebol; ou, ainda, na igreja e em uma festa.
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1. Assunto:
Semelhante à escolha da linguagem, está a escolha do assunto. É preciso adequar a linguagem ao que será
dito, logo, não se convida para um chá de bebê da mesma maneira que se convida para uma missa de 7º dia.
Da mesma forma que não haverá igualdade entre um comentário de um falecimento e de um time de futebol
que foi rebaixado. É preciso ter bom senso no momento da escolha da linguagem, que deve ser usada de
acordo com o assunto.
1. Relação falante-ouvinte:
A presença ou ausência de intimidade entre os interlocutores é outro fator utilizado para a adequação
linguística. Portanto, ao pedir uma informação a um estranho, é adequado que se utilize uma linguagem mais
formal, enquanto para parabenizar a um amigo, a informalidade é o ideal.
1. Intencionalidade (efeito pretendido):
Nenhum texto (oral ou escrito) é despretensioso, ou seja, sem pretensão, sem objetivo, todos são carregados
de intenções. E para cada intenção existe uma forma de linguagem que será compatível, por isso, as
declarações de amor são feitas diferentes de uma solicitação de emprego. Há maneiras distintas para criticar,
elogiar ou ironizar. É importante fazer essas considerações.
Publicado por Mayra Gabriella de Rezende Pavan
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Comentários para: Edited - VARIAÇÃO LINGUÍSTICA E PRECONCEITO LINGUÍSTICO ATIVIDADE

O que é variação linguística é preconceito linguístico?

O preconceito linguístico é, segundo o professor, linguista e filólogo Marcos Bagno, todo juízo de valor negativo (de reprovação, de repulsa ou mesmo de desrespeito) às variedades linguísticas de menor prestígio social. Ele está diretamente ligado a outros preconceitos (regional, cultural, socioeconômico etc.)

O que é o preconceito linguístico?

Preconceito linguístico é uma forma de discriminação social que consiste em julgar o indivíduo pela forma como ele se comunica, seja oralmente, seja por escrito. O parâmetro desse julgamento é a chamada norma culta: quanto mais distante dela, mais criticado (e rebaixado) é o falante.

Por que a variação linguística gera preconceito?

As causas do preconceito linguístico Como exploramos um pouco acima, a principal causa do preconceito linguístico é acreditar que uma variação linguística está mais correta do que a outra. Isso, levando em consideração construções sociais que envolvem classe social e diferenças entre regiões e sotaques.

O que é preconceito linguístico de um exemplo?

Exemplos de preconceito linguístico no Brasil dizer que uma pessoa fala “errado” porque não segue as regras da gramática; julgar que é mais certo falar “você” ao invés de “tu” (são apenas diferenças regionais); debochar dos nomes diferentes que as coisas têm em cada região (como mandioca, macaxeira e aipim);