Como podemos detectar uma não conformidade e como resolvê lá?

Como podemos detectar uma não conformidade e como resolvê lá?

7 Dicas para resolver problemas de Não Conformidades com a ISO 9001:2015

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  • Não Conformidades, Qualidade

Muitas vezes pensamos que já temos desafios demasiados em nosso dia a dia. Especialmente preocupante é o risco de estarmos desalinhados com normas e certificações. Ainda mais com o prazo para migração para a versão ISO 9001:2015 acabando, que é em setembro/2018. Mas para mostrar que tudo está muito bem fundamentado nos desafios da sua rotina, vamos interpretar a nova versão no que se relaciona à tratativa de Não Conformidades.

Bebendo direto da fonte da ISO 9000:2015, que trata sobre os fundamentos e vocabulários do sistema de gestão da qualidade, temos que não conformidade é não atendimento de um requisito. Que por sua vez define requisito como sendo uma necessidade ou expectativa que é declarada, geralmente implícita ou obrigatória.

Então podemos considerar que, no dia a dia das empresas, temos os seguintes tipos de não conformidade (NC):

  • internas: não atingimento de requisitos verificados internamente na organização. Por exemplo, um eixo que deveria estar com 25 mm ± 0,6 de diâmetro e na verificação foi constatado que estava com 26,4 mm, ou seja, fora da especificação.
  • auditoria (interna ou externa): não constatação de evidência objetiva coletada, comparada com os critérios de auditoria. Exemplo, falta de registro de ação corretiva do problema do eixo.
  • fornecedor: quando o fornecedor entrega o material fora das especificações que você requisitou. seguindo no nosso caso, poderia ser a barra de aço fornecida para fabricar o eixo com o teor de carbono mais alto do que o especificado.
  • reclamação de cliente (SAC e/ou Ouvidoria): agora foi longe demais! O cliente detectou que o eixo estava com 26,4 mm.

O que diz a ISO 9001:2015 sobre Não Conformidade e Ação Corretiva?
Como podemos detectar uma não conformidade e como resolvê lá?

Na versão ISO 9001:2015, o item 10.2 diz o seguinte:

10.2.1 Ao ocorrer uma não conformidade, incluindo as provenientes de reclamações, a organização deve:

  1. reagir à não conformidade e, caso aplicável:
    1. tomar ação para controlá-la e corrigi-la;
    2. lidar com as consequências;
  2. avaliar a necessidade de ação para eliminar a(s) causa(s) da não conformidade, a fim de que ela não se repita ou ocorra em outro lugar:
    1. analisando criticamente e analisando a não conformidade;
    2. determinando as causas da não conformidade;
    3. determinando se não conformidades similares existem, ou se poderiam potencialmente ocorrer.
  3. implementar qualquer ação necessária;
  4. analisar criticamente a eficácia de qualquer ação corretiva tomada;
  5. atualizar riscos e oportunidades determinados durante o planejamento, se necessário;
  6. realizar mudanças no sistema de gestão da qualidade, se necessário.

Ações corretivas devem ser apropriadas aos efeitos das não conformidades encontradas.

Já o item 10.2.2 da versão ISO 9001:2015 contém a seguinte informação:

10.2.2 A organização deve reter informação documentada como evidência:

  1. da natureza das não conformidades e quaisquer ações subsequentes tomadas;
  2. dos resultados de qualquer ação corretiva.

Então, seguindo o caso do eixo, a organização precisa comprovar o registro da não conformidade (RNC) bem como todo o tratamento corretivo e preventivo analisado. Para assim, evitar a recorrência desse problema.

Embora esse processo descrito não aparente complicações na sua realização, a experiência nos mostra que as empresas possuem algumas dificuldades. Vamos a elas.

  1. falta de registro de eventos indesejados.

    Ao registrar um evento precisamos pensar na tratativa e algumas vezes isso assusta as pessoas que pensam em mais trabalho na rotina delas, e portanto, evitam o registro;
    Dica: Fomente uma cultura na organização de pensar problemas como oportunidade de melhoria, aprendizado e reconhecimento profissional.

  2. identificar corretamente o problema e sua(s) causa(s) raiz(es);

    Einstein já dizia que se tivesse apenas uma hora para salvar o mundo gastaria 55 minutos definindo o problema e 5 minutos para resolvê-lo. Este pensamento demonstra o quão importante é a etapa de definição para que possamos chegar a um bom resultado final.
    Dica: Utilize gráficos de Pareto, descreva detalhadamente o problema e registre evidências.

  3. definir um plano de ação que elimine ou minimize essa(s) causa(s);

    Algumas vezes percebemos ações de pouca efetividade, como “comunicar ao time sobre o problema”. Comunicar é importante, mas amanhã o time muda, ou faltou alguém durante o comunicado, ou ainda o comunicado foi rápido e sem muitos detalhes. O fato é que quem criou esta única ação tem a convicção que cumpriu a tratativa e que o problema nunca mais irá ocorrer. Mas quando se repete, fica a sensação de que a responsabilidade é de quem não ouviu direito.
    Dica: Monte uma equipe multidisciplinar para realizar o brainstorming integrado com o diagrama de Ishikawa, passando pelos 5 Porquês e utilize a ferramenta 5W2H para definir ações e responsáveis.

  4. controlar o status da realização das ações;

    São tantas atividades no dia a dia de todos, que aquelas ações que realmente podem solucionar o problema de forma consistente podem ficar “esquecidas”, já que não há um processo de acompanhamento consistente. Leia mais sobre isso aqui.
    Dica: Procure estar próximo dos responsáveis, se não for possível fisicamente utilize um software que “encurte” essa distância com e-mails automáticos de lembretes de atrasos.

  5. verificar se a ação corretiva ou preventiva foi eficaz;

    Em reunião de acompanhamento (ou mesmo passando pelo corredor), o responsável pela principal ação corretiva do problema informa que a ação está concluída. Mas infelizmente ocorre a reincidência do problema. Ronald Regan galgou a frase “confie, mas verifique”. Não precisamos ser desconfiados, mas abordar a conclusão de uma ação importante pode trazer a tona dúvidas, fragilidades e aprendizados para todos os envolvidos.
    Dica: Depois de passado tempo suficiente para as ações terem efeito, colete dados e verifique se o problema não voltou a ocorrer pelas mesmas causas.

  6. envolver áreas correlatas ao problema;

    Realmente é difícil envolver as pessoas na resolução de problemas. Mas outras visões sobre o que ocorreu e a suposta solução são fundamentais para a efetividade do processo. Como resultado do envolvimento das pessoas temos redução de barreiras de adoção da solução e união do time em torno de um objetivo comum.
    Dica: Procure envolver as áreas da empresa que tem vinculação com a NC (por exemplo, compras, engenharia, produção, etc) e evidencia o crescimento da organização com o trabalho da equipe.

  7. acessar todas as informações das não conformidades;

    A falta de informações é um dos motivos básicos para que um problema não seja resolvido e aconteça novamente. Isto é, quanto mais difícil for para ter os dados necessários, mais provável que o time se desmotive e que a tratativa seja apenas uma forma “para inglês ver” que o tema foi solucionado.
    Dica: Busque deixar as informações referente as não conformidades agrupadas no mesmo local e de preferência com acesso online para compartilhar o conhecimento gerado.

Depois de todo esse bla blá blá, mude o sua forma de pensar! Ficarei feliz se, para começar,  ao invés de chamar não conformidade de problema, passe a chamá-la de oportunidade de melhoria. E agora, expandindo os horizontes da ISO 9001:2015, veja os 4 níveis de benefícios de analisar problemas, ou melhor, oportunidades de melhorias ;-), clicando aqui.

Caso prefira, baixe esse post em formato de guia clicando ao lado: Guia – 7 Dicas para resolver NCs com a ISO 9001-2015.

Grande abraço e sucesso!!!

Sobre o autor

Como podemos detectar uma não conformidade e como resolvê lá?

Carlo Rossano Manica é Engenheiro de Produção, Msc Inovação UFRGS, +20 anos de experiência profissional e acadêmica em tecnologia e inovação, gestão de projetos, produção e manutenção, além de três especializações em negócios. Atualmente é Diretor na Télios,professor de engenharia de produção no IPA.

Referências

ABNT NBR ISO 9000:2015: Sistemas de Gestão da Qualidade – Fundamentos e vocabulário. Rio de Janeiro, 2015.
ABNT NBR ISO 9001:2015: Sistemas de Gestão da Qualidade – Requisitos. Rio de Janeiro, 2015.

CAMPOS, Vicente Falconi. TQC: Controle da Qualidade Total (no estilo japonês). 8. ed. Belo Horizonte: Bloch Editora, 2004.
SHOOK, J. Gerenciando para o aprendizado: usando um processo de gerenciamento A3 para resolver problemas, promovendo alinhamento, orientar e liderar. São Paulo: Lean Institute Brasil, 2008.

Imagem de capa <https://www.humour.com/medias/photos/2014/600×404/l-20140708032702.jpg>

Como identificar uma não conformidade?

Não conformidades podem ser definidas quando um produto, serviço ou processo não atendem as especificações definidas, trazendo um resultado não satisfatório nas organizações. Embora às vezes serem vistas como negativas, as não conformidades podem ser uma boa oportunidade para a empresa.

Como devemos tratar as não conformidades?

Assim que saídas não conformes forem detectadas dentro da organização, elas devem ser identificadas, registradas e controladas; e, mais importante, eles devem ser tratadas pelo tratamento de não conformidade. O objetivo é impedir a liberação, entrega ou uso de produtos ou serviços não conformes pelos clientes.

Quais as principais formas de identificação de uma não conformidade?

As Não Conformidades podem ser identificadas por agentes internos da organização, por exemplo um colaborador através de procedimentos de controle internos. E também podem ser identificadas por agentes externos, por exemplo um cliente através de reclamações.

Qual a ação que resulta em resolver uma não conformidade?

Ação Corretiva, tratando a causa! A ação tomada então após a identificação da causa raiz é a Ação Corretiva. Esta tem o objetivo de eliminar a causa de uma não conformidade, evitando a sua repetição.