Como era a vida nos navios das grandes navegações?

Durante as Grandes Navegações Marítimas Europeias (principalmente nos séculos XV e XVI), as embarcações eram feitas principalmente nos portos de Portugal e na região da Andaluzia, na Espanha. As caravelas mediam cerca de 20 metros de comprimento e pesavam até 80 toneladas. Nessas embarcações, comprimiam-se durante meses de viagem cerca de 60 homens e mais os animais destinados à alimentação, além de armas, munições, alimentos, entre outros.

O cotidiano dos navegadores não era nada fácil. Além dos medos imaginários, presentes nos pensamentos desses navegadores (como a crença de que o oceano era povoado por monstros e dragões), também existiam os medos reais, as dificuldades de navegar em mar aberto, as tempestades e chuvas intensas, as doenças e a péssima alimentação.

Neste texto iremos aprender um pouco sobre o cotidiano das Grandes Navegações. Conheceremos mais sobre a alimentação dos navegadores dentro das Caravelas, ou seja, sobre a dieta de bordo dos navegadores.

As viagens marítimas nos séculos XV e XVI eram cheias de imprevistos (que ainda hoje ocorrem). Quando a viagem transcorria de forma normal, sem imprevistos, a comida a bordo supria precariamente as necessidades dos tripulantes, mas se ocorresse algum imprevisto, como tempestades, danos físicos nas embarcações ou alguma imperícia do piloto, os tripulantes sofriam com a falta de alimentos.

Nas embarcações, principalmente durante os séculos XV e XVI, o principal alimento era o biscoito. De acordo com o clima e sob certas circunstâncias (invasão de água na embarcação), essa alimentação passava por algumas alterações, ou seja, encontrava-se em péssimas condições para a alimentação (por causa do mofo e da umidade). Geralmente cada tripulante recebia diariamente cerca de quatrocentos gramas de biscoito para sua refeição.

O vinho tinha presença obrigatória nas embarcações. A água utilizada para beber e para cozinhar era guardada em grandes tonéis ou tanques, inapropriados. Assim, quase sempre a água estava infectada por bactérias, o que sempre provocou infecções e diarreias nos tripulantes.

Os alimentos sempre eram distribuídos pelo capitão da embarcação e por um ajudante. Essa distribuição dos alimentos era estabelecida em regimentos (porções) e somente o capitão e o ajudante tinham a chave dos estoques de alimentos. A segurança era rigorosa para vigiar os alimentos, pois a sua falta poderia comprometer toda a viagem e causar mortes tanto pela fome, tanto por conflitos entre os tripulantes por causa do alimento.

Juntamente com a tripulação, existia a presença de ratos e baratas, sempre comprometendo a qualidade dos alimentos. Outro fator que contribuía para a falta de higiene era a ausência de banheiros na embarcação – geralmente os tripulantes faziam suas necessidades em recipientes e as lançavam ao mar. Esses fatores contribuíram bastante para a proliferação de doenças e mortes nas embarcações.

Leandro Carvalho
Mestre em História

Grandes navegações: saiba tudo sobre esse período

  • Grandes navegações: principais características
    • Negócio lucrativo
  • Grandes navegações portuguesas
  • Grandes navegações espanholas
  • Objetivo das grandes navegações
  • Mapa das grandes navegações
  • Grandes navegações: principais consequências
  • Grandes navegações: resumo

Como era a vida nos navios das grandes navegações?

Entenda os pontos mais importantes desse período

As grandes navegações representaram uma das maiores aventuras da humanidade, talvez sendo superadas, apenas, pelo desafio atual da conquista espacial.

Além disso, para nós brasileiros, algumas questões sobre as grandes navegações são um verdadeiro mistério. Como por exemplo, entender por que Portugal foi o pioneiro nas grandes navegações, possibilitado pela Expansão Marítima.

Para esclarecer de vez esta e outras questões, vamos pintar um quadro geral desta grande obra humana, passando pelos seguintes tópicos:

  • O que foram as grandes navegações;
  • Grandes navegações portuguesas;
  • Grandes navegações espanholas;
  • Objetivo das grandes navegações;
  • Mapa das grandes navegações;
  • Consequências das grandes navegações;
  • Grandes navegações: resumo

Depois de ver todos estes itens, certamente você estará afiado para falar sobre o assunto com tranquilidade. Vamos lá?

Grandes navegações: principais características

No século XV (os anos 1400), a Europa começava a se reerguer economicamente, após séculos de divisões, guerras e impasses políticos durante a Idade Média.

A cultura e a ciência floresciam, sendo que uma das áreas mais privilegiadas deste desenvolvimento foi a de técnicas de navegação.

Novos tipos de embarcações e a invenção ou descoberta de instrumentos usados nas grandes navegações permitiram aos europeus se aventurarem pelos oceanos.

Negócio lucrativo

Aos poucos, estas iniciativas se tornaram grandes negócios, financiados tanto por burgueses e banqueiros, quanto pelos Estados.

Os riscos eram altos, mas as recompensas também. Principalmente, porque as rotas comerciais mais lucrativas da Europa eram as que levavam à Índia e ao extremo oriente.

Como essas rotas eram dominadas por mercadores da península itálica, a maioria dos Estados tentava encontrar formas de contornar aquele monopólio.

Isto fundamentou os investimentos na exploração dos oceanos, com duas esperanças muito claras:

CADASTRE-SE E GARANTA O STOODI AGORA!

Acesse gratuitamente por 14 DIAS mais de 6 mil videoaulas, 30 mil exercícios, resumos teóricos e materiais complementares pra download!

  • Descobrir novas rotas comerciais para a Índia e extremo oriente;
  • Descobrir outras terras e fontes de riquezas no além-mar.

E quando Cristóvão Colombo descobriu o novo mundo, em 1492, as esperanças se fortaleceram e o espírito explorador europeu dominou os próximos séculos.

Grande parte do globo terrestre foi “descoberto” neste período das grandes navegações, com o mapa mundial ficando mais parecido com o que conhecemos hoje.

Grandes navegações portuguesas

Hoje, tomamos Portugal como um país pequeno, sem grande influência ou importância na geopolítica mundial. Durante as grandes navegações, entretanto, o país possuía uma das maiores e mais bem equipadas frotas da Europa.

A caravela portuguesa da época das grandes navegações era uma embarcação frágil, mas fácil de se construir e bastante versátil.

Posteriormente, foi substituída por outros tipos mais resistentes de embarcações, mas no início, deu aos portugueses uma certa vantagem.

Por isso, ao longo do século XV, descobriram praticamente toda a costa africana, até que em 1498, Vasco da Gama chegou à Índia, contornando o continente africano.

Ou seja, o pioneirismo português deveu-se, em grande parte, a sua capacidade técnica e científica, que como sabemos, ainda resultaria na descoberta do Brasil em 1500.

Além disso, há outros fatores que costumam ser apontados como responsáveis pelo pioneirismo dos portugueses, que poderíamos resumir assim:

  • Tradição marítima pela localização geográfica do país;
  • Ter sido um dos primeiros Estados a se consolidar na Europa;
  • Apoio da Igreja Católica, com o objetivo de espalhar o cristianismo.

Grandes navegações espanholas

A Espanha iniciou suas explorações apenas no final do século XV, mas de certa forma, teve sorte, porque uma das suas primeiras expedições foi justamente a de Cristóvão Colombo.

Daquele momento em diante, seus esforços se concentraram na exploração das rotas do novo mundo, cujos grandes marcos foram:

  • 1492 – Chegada de Colombo ao Novo Mundo (imaginando se tratar da Índia);
  • 1504 – Expedição de Américo Vespúcio, indicando que a descoberta de Colombo era um novo continente;
  • 1513 – Expedição de Nunes Balboa, atravessando o novo continente e descobrindo o oceano pacífico, confirmando que se tratava de um novo continente;
  • 1522 – Fernão de Magalhães faz a primeira viagem ao redor do mundo.

Objetivo das grandes navegações

No início do século XVI, com os portugueses e espanhóis abrindo novas rotas marítimas e descobrindo o Novo Mundo, outros países da Europa se lançam ao mar.

Além disso, os objetivos das grandes navegações também se tornam mais variados, conforme os interesses de cada Estado.

Inglaterra, França, Países Baixos e outros Estados passavam a competir com os pioneiros e, assim, os interesses aumentavam.

Podemos resumir os principais objetivos desta forma:

  • Fundar colônias e expandir territórios;
  • Estabelecer entrepostos comerciais nas principais rotas marítimas;
  • Encontrar fontes de recursos naturais, principalmente ouro e prata;
  • Lucrar com o comércio de escravos (século XVI em diante);
  • Difundir a fé cristã pelo mundo.

Mapa das grandes navegações

Como era a vida nos navios das grandes navegações?

A imagem acima é uma reprodução de um dos muitos mapas produzidos no período das grandes navegações.

Se você reparar bem, perceberá que a Austrália ainda não aparece no mapa e a América do Norte também não estava completamente “descoberta”.

Isso acontecia por dois motivos principais:

  • Primeiro, porque as explorações eram orientadas pelo estabelecimento de rotas comerciais, visando lucro;
  • Segundo, porque o processo de descoberta em si era lento, com muitas expedições se perdendo em tempestades e acidentes.

Por estes motivos, as grandes navegações se estenderam até o século XVII (anos 1600), com a descoberta do último continente: a Oceania.

Grandes navegações: principais consequências

A esta altura você já deve saber, mas as grandes navegações representaram um salto na história da humanidade.

Como sempre, isso significou uma série de mudanças em muitas sociedades ao redor do mundo, com o estabelecimento do contato europeu.

Portanto, a lista de consequências é longa, mas podemos resumir alguns pontos principais:

  • Descoberta da América e início do sistema colonial;
  • Estabelecimento do comércio de escravos africanos;
  • Criação de novas rotas comerciais;
  • Expansão política e militar das nações europeias.

Todas estas mudanças ainda se somam a várias outras, mais localizadas, como por exemplo, o lento extermínio das populações indígenas da América.

Resumindo, o próprio mundo contemporâneo, para o bem e para o mal, é fruto daquele período de intensa exploração e inovação europeia.

Grandes navegações: resumo

Para encerrar este artigo, vamos pontuar as principais etapas e descobertas das grandes navegações, em ordem cronológica:

  • 1415 – Marco inicial da navegação pela costa africana, com a tomada de Ceuta (Marrocos), pelos portugueses;
  • 1487 – Bartolomeu Dias contorna o continente africano pela primeira vez;
  • 1492 – Colombo chega ao Caribe, depois confirmado como sendo a América;
  • 1498 – Vasco da Gama chega à Índia;
  • 1519 a 1522 – Fernão de Magalhães faz a primeira navegação ao redor do mundo;
  • Décadas de 1540 a 1560 – Novas rotas comerciais com a chegada ao Japão;
  • Décadas de 1600 a 1640 – Descoberta da Oceania pelos holandeses.

Quer mais conteúdos completos como este para arrasar no Enem e principais vestibulares do país? Então cadastre-se gratuitamente no Stoodi e aproveite:

Como era a vida nos navios durante as grandes navegações?

Frequentemente, chuvas abundantes inundavam as embarcações. As condições sanitárias estavam longe do ideal. A ideia de tomar banho, por exemplo, sequer se colocava. Os passageiros mais ricos faziam suas necessidades em penicos, que, depois, eram despejados no mar por seus encarregados, geralmente crianças.

Como era a vida nos navios?

Os africanos escravizados eram mantidos nus, separados por sexo e os homens permaneciam acorrentados a fim de evitar revoltas. Já as mulheres, sofriam violência sexual por parte da tripulação. Por vezes era permitido que pequenos grupos subissem ao convés para um banho de sol.

Como era a vida nas caravelas da época das grandes navegações?

Não era nada fácil... Extremamente desconfortável, insalubre e perigosa. Em média, a cada três navios que partiam de Portugal nos séculos 16 e 17, um afundava. Cerca de 40% da tripulação morria nas viagens, vítimas não só de naufrágios, mas também de ataques piratas, doenças e choques com nativos dos locais visitados.

Como era o cotidiano em alto mar das pessoas nos navios durante as explorações marítimas?

Fome, sede, doença e estupro eram apenas algumas das palavras incorporadas ao cotidiano dos navegantes nos séculos XV e XVI. Fugindo de uma vida dura na Europa, centenas de homens embarcaram nas caravelas dos descobrimentos.