Qual foi a importância dos tropeiros para desenvolvimento de algumas cidades?

 

Qual foi a importância dos tropeiros para desenvolvimento de algumas cidades?

Qual foi a importância dos tropeiros para desenvolvimento de algumas cidades?

História

TROPEIROS

Os tropeiros eram condutores de tropas de cavalo ou mulas, que atravessavam extensas áreas transportando gado e mercadorias.

Qual foi a importância dos tropeiros para desenvolvimento de algumas cidades?

Os percursos podiam durar várias semanas e envolvendo regiões do Sul, Sudeste e Cento-Oeste do Brasil. Essa atividade existiu desde o século 17 até início do século 20.

A partir do século 18, pequenos povoados começaram a surgir ao longo do trajeto das tropas, principalmente no Sul e Sudeste, onde os tropeiros paravam para trocar mercadorias e o gado podia pastar.

O comércio nesses povoados desenvolvia-se naturalmente para atender as tropas, ao mesmo tempo em que os tropeiros levavam e traziam mercadorias para esses povoados. Os tropeiros prestaram, assim, importante contribuição ao desenvolvimento das regiões por onde passaram e foram responsáveis pela integração econômica e cultural entre muitas regiões longínquas do Brasil Colônia, com o aparecimento de vilas, freguesias e cidades.

Qual foi a importância dos tropeiros para desenvolvimento de algumas cidades?

Os tropeiros percorriam uma distância aproximada de 40 Km diários, nos mais diversos tipos de terreno.

Qual foi a importância dos tropeiros para desenvolvimento de algumas cidades?

Em direção a Minas Gerais, o transporte era feito no lombo de animais devido aos acidentes geográficos da região, o que, conseqüentemente, dificultava o transporte.

O tropeiro iniciava-se na profissão por volta dos 10 anos, acompanhando o pai, que era o negociante (compra e venda de animais) e o condutor da tropa.
Usava chapelão de feltro preto, cinza ou marrom, de abas viradas, camisa de cor similar ao chapéu de pano forte, capa e/ou manta com uma abertura no centro, jogada sobre o ombro, botas de couro flexível que chegavam até o meio da coxa para proteção nos terrenos alagados, nas matas em dias de chuva.

A alimentação dos tropeiros era constituída basicamente por toucinho, feijão, farinha, pimenta-do-reino, café, fubá e coité (um molho de vinagre com fruto cáustico espremido). Nos pousos, comiam feijão quase sem molho com pedaços de carne de sol e toucinho (feijão tropeiro), que era servido com farofa e couve picada. Já as bebidas alcoólicas só eram permitidas em ocasiões especiais: nos dias muitos frios tomavam um pouco de cachaça para evitar constipação e como remédio para picada de insetos.

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O tropeirismo, cujo termo deriva de tropa, foi uma atividade itinerante desenvolvida por grupos de homens, os tropeiros durante a época colonial do Brasil. Os tropeiros conduziam o gado, do Rio Grande do Sul para Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro e, ao mesmo tempo, levavam consigo bens essenciais para o interior. A criação de gado no Rio Grande do Sul começara com o estabelecimento das missões jesuítas. A catequização dos índios Guarani nas missões não teve êxito e os missionários mudaram-se para o nordeste do território. Para trás ficaram os rebanhos que desde logo atraíram a atenção daqueles que vinham ao Rio Grande do Sul em busca de escravos.
Quando no século XVII começou a corrida ao ouro e pedras preciosas em Minas Gerais, os que para aí foram, dedicavam todo o seu tempo à mineração. Nem mesmo os escravos eram dispensados para a lavoura. Assim a importação de bens essenciais tornou-se imperiosa e os tropeiros passaram a abastecer a região de gado, alimentos e produtos manufaturados. O tropeiro conduzia o gado por trilhas conhecidas mas mesmo assim as viagens podiam durar várias semanas. Mais tarde, no século XVIII, a sua atividade estendeu-se aos territórios de Goiás, Mato Grosso, São Paulo e Rio de Janeiro.
A figura do tropeiro, à maneira do gaúcho das pampas da Argentina ou do Uruguai, identificava-se pela sua vestimenta adaptada à viagem árdua: manta, camisa de flanela, chapéu e botas que o protegiam das vicissitudes do clima. Acampava todas as noites protegido apenas pela manta e pelas tendas feitas de couro. Cozinhava ainda a sua refeição na fogueira que o aquecia. O tropeiro foi fundamental para fomentar o desenvolvimento do interior e estimular a fixação das populações.

Artigo publicado na edi��o n� 41 de mar�o de 2010.

O tropeiro como propagador cultural e mola mestra da cultura cafeeira no s�culo XIX


Filipe Cordeiro de Souza Algat�o

O s�culo XIX no Brasil foi marcado pela altera��o no modo de vida da popula��o em geral, sa�mos da condi��o de col�nia de explora��o do imp�rio portugu�s e lan�amo-nos, a partir de 1822, com a independ�ncia pol�tica do pa�s, a um processo de intensa transforma��o, que forneceria subs�dios para a moderniza��o brasileira posterior. Nesse contexto, o eixo pol�tico-econ�mico do Brasil havia-se deslocado da regi�o Nordeste para a atual Sudeste, sobretudo para o Rio de Janeiro, Minas Gerais e S�o Paulo.

O Tropeirismo, atividade praticada no Brasil desde o s�culo XVIII, encontrou terreno f�rtil para sua fase de maior expans�o, pois, al�m do deslocamento do eixo pol�tico do Brasil para o sudeste, a cultura cafeeira, respons�vel pelo grande surto de desenvolvimento brasileiro na segunda metade do s�culo XIX, come�ava a espalhar-se por essa regi�o.

O tropeiro foi de fundamental import�ncia no per�odo, pois, em tempos de escravid�o e de uma sociedade senhorial pautada pela moral cat�lica de valoriza��o do �cio, o transporte de mercadorias, visto como algo marginal, ficou a cargo de homens livres, pobres, que o desempenharam por ser uma forma de garantir sua subsist�ncia.

O papel do tropeiro, no s�culo XIX, pode ser visto como a s�ntese entre dois fatores: tecnologia rudimentar e grande empreendimento mercantil, pois, devido ao tra�ado das estradas que conectavam o litoral ao interior do Brasil � mal conservadas, extremamente estreitas e sinuosas �, apenas a mula de carga reunia condi��es de trafegar pelos tortuosos caminhos que serviam ao escoamento da produ��o cafeeira para os portos, de onde seguiam para os mercados consumidores no exterior (FRANCO,1983).

As dificuldades apresentadas durante os trajetos, somando-se � necessidade de paradas para descanso dos animais e dos pr�prios condutores, obrigaram que se estabelecessem ranchos para abrigo da tropa ao final de cada dia de jornada, cuja dist�ncia percorrida variava entre 18 e 25 quil�metros. Esses ranchos, em muitos casos, eram constru�dos pelos fazendeiros para que os tropeiros que transportavam seus produtos pudessem descansar e seguir viagem na madrugada seguinte.

Depois de estabelecidos os ranchos, os fazendeiros n�o tardavam em erguer uma capela, s�mbolo de sua devo��o, em seguida instalava-se uma pequena venda para suprir as necessidades b�sicas dos tropeiros e viajantes em geral que por ali trafegassem. Depois, algumas fam�lias fixavam moradia no entorno e estava dado o ponto de partida para o estabelecimento de mais uma vila no interior do pa�s. Muitas das pequenas vilas de outrora constitu�ram pr�speras cidades como Campinas e Jundia� em S�o Paulo e Pouso Alegre em Minas Gerais (ALMEIDA, 1981).

A regi�o que ilustra com maior propriedade essa particular din�mica do tropeirismo associada � expans�o cafeeira � o Vale do Para�ba, devido a sua proximidade com a capital administrativa e pol�tica do Imp�rio e a grande gera��o de riquezas para o pa�s no per�odo mencionado.

As primeiras fazendas de caf� da regi�o foram estabelecidas no lado fluminense do Vale do Para�ba, em algumas cidades como Barra Mansa, Barra do Pira�, Valen�a e Vassouras. Em pouco tempo, a onda cafeeira tomou os espa�os agricult�veis do sul fluminense e adentrou o territ�rio paulista atrav�s das cidades lim�trofes de Bananal e Ubatuba, al�m de Ilha Bela (MILLIET, 1982).

Os plantadores de caf� da regi�o tornaram-se a elite local e constitu�ram a nobreza do per�odo imperial, tamanhos foram a riqueza que produziam e o seu faustoso modo de vida. O tropeiro, homem simples, foi indiretamente o respons�vel pela manuten��o do modo de vida da elite, pois era atrav�s de suas tropas que se transportava a produ��o dos fazendeiros, que comercializada, sobretudo no porto do Rio de Janeiro, lhes rendia as divisas necess�rias para enviar seus filhos � Europa e prepar�-los para ingressar no cen�rio pol�tico ap�s seu retorno.

Apesar desse forte v�nculo com os fazendeiros, os tropeiros gozavam de certa autonomia no contexto das cidades; o que os ligava ao fazendeiro era apenas a quest�o comercial, tanto que a eles era facultativo negociar tanto com um fazendeiro espec�fico quanto com seus principais desafetos pol�ticos.

No lado paulista do Vale do Para�ba, a rede de caminhos pelos quais trafegavam j� se encontrava em certa medida mais consolidada, j� que foram aproveitados caminhos abertos por bandeirantes e posteriormente utilizados pelos tropeiros que se dirigiam �s minas de ouro de Vila Rica pela chamada Estrada Real.

Nesse contexto, chama aten��o a regi�o do Vale Hist�rico, localizada na Serra da Bocaina, a primeira regi�o cafeeira do estado, cuja cidade conhecida como sua �capital� � Bananal, ber�o de abastadas fam�lias de cafeicultores e respons�vel pelas maiores produ��es de caf� do planeta no dec�nio de 1850.

As cidades da regi�o, Silveiras, Areias, S�o Jos� do Barreiro, Arape� (emancipada de Bananal nos anos 1990) e Bananal, nasceram a partir de ranchos de tropa � beira do caminho aberto para ligar a regi�o da Vila de Nossa Senhora da Piedade de Lorena e o Rio de Janeiro, sendo uma varia��o da Estrada Real (CORDEIRO, 2009).

A ocupa��o de todas essas deu-se em acordo com a voca��o natural de ranchos de tropa: agregar servi�os e gentes de modo a que em todas essas paragens fosse poss�vel o abastecimento e a consequente manuten��o da tropa.

O fato de ter sido aquela regi�o a primeira a conhecer o surto cafeeiro no estado tamb�m representa um diferencial, principalmente no caso de Bananal, j� muito pr�xima, inclusive, da capital do Imp�rio, para onde aflu�am as abastadas fam�lias locais.

As fazendas de caf� da cidade foram dotadas de ricos adornos, prova da opul�ncia no modo de vida dos bar�es locais. A cidade acanhada ganhou pr�dios luxuosos, com t�cnicas de constru��o inspiradas nas constru��es da corte, mostrando que a nobreza rural mantinha �ntimo contato com a urbe, acompanhando-a em todas as suas tend�ncias.

Outra cidade da regi�o, S�o Jos� do Barreiro, teve seu destino pr�ximo ao da vizinha Bananal, no entanto, poucos de seus ricos fazendeiros chegaram a serem agraciados com t�tulos nobili�rquicos.

As outras cidades do Vale Hist�rico, apesar de envolvidas com a cafeicultura, n�o despontaram devido ao enriquecimento de seus cidad�os. Areias teve f�rteis fazendas de caf� no estado em 1850 (MILLIET,1982), mas chegou a ter apenas membros da Guarda Nacional[*1]. Silveiras, a �ltima das cidades mencionadas, representa um diferencial e aproxima-se do tipo que tratamos neste artigo, a cidade tamb�m n�o viu sua elite converter-se em titulares do Imp�rio, no entanto cristalizou sua voca��o como ponto de presta��o de servi�os a tropeiros e viajantes rumo ao interior do pa�s.

Em torno do rancho de tropas, foi erguida uma capela em louvor a Nossa Senhora da Concei��o no final do s�culo XVIII. No entanto, com a cultura cafeeira do s�culo XIX � que a vila desenvolveu-se, gra�as � figura do tropeiro � um dos tipos humanos daquele s�culo que mais teve chance de ascender, em fun��o de exercer uma atividade considerada residual, mas de vital import�ncia para a manuten��o do sistema econ�mico vigente (FRANCO, 1983).

A rotina de cidades como Silveiras e muitas outras pelo vasto interior do pa�s esteve intimamente vinculada ao ciclo do Tropeirismo; nas cidades cuja voca��o primeira era o abastecimento, tudo girava em torno da tropa, da produ��o de bens de consumo � da ferramentaria, inclusive as rela��es sociais eram ditadas em fun��o dessas atividades, sendo impens�vel, no cen�rio urbano ou rural, o desenvolvimento de alguma atividade que nada tivesse a ver com a tropa.

A figura do tropeiro tornou-se emblem�tica e o Vale do Para�ba � o cen�rio por excel�ncia para a descri��o da atividade e da influ�ncia dela no modo de vida dos habitantes, porque ali ela est� intimamente ligada, por meio de seus valores culturais e de sua participa��o, � viabiliza��o da economia local.

Assim como o Vale Hist�rico, outras regi�es cafeeiras tamb�m despontavam, como o m�dio Vale do Para�ba Paulista, sendo suas principais cidades � �poca Taubat�, Jacare�, Pindamonhangaba, Guaratinguet� e Lorena.

Essa regi�o, cujas cidades fundadas eram fruto das empreitadas bandeirantes na regi�o rumo �s Minas Gerais, consolidara-se, no s�culo XIX, como importante entreposto comercial e de abastecimento de tropas. Igualmente a Bananal, seus pr�speros fazendeiros n�o tardaram a serem agraciados com t�tulos nobili�rquicos, sendo n�o raras as visitas do Imperador em pessoa a algumas fazendas de nobres considerados seus amigos na regi�o, como o Visconde de Trememb�[*2] (1830-1911), que foi cafeicultor e av� do escritor Monteiro Lobato.

As cidades mais � beira do Rio Para�ba do Sul, no estado de S�o Paulo, utilizaram seus espa�os agricult�veis quase em sua totalidade, dedicando-se � cultura daquela rubi�cea. Os nobres locais, com o dinheiro obtido, dotaram suas cidades com infraestrutura somente compar�vel com a que havia no Rio de Janeiro, capital imperial; caso da cidade de Lorena (SOBRINHO, 1967).

Pindamonhangaba, outra cidade da regi�o que merece destaque, a maior possuidora de bar�es no Brasil imperial, tem, em seus palacetes, marcas de que o caf� produziu sua civiliza��o e legou aos que nela viveram a seguran�a material de que necessitavam, inclusive para a manuten��o do poder.

As tropas foram amplamente utilizadas na regi�o, pois, devido � crescente produ��o � que batia recordes ano a ano a custa de um plantio desordenado que n�o levava em conta nenhuma t�cnica de preserva��o do solo �, as mulas eram requisitadas constantemente para transportar o caf� at� o porto mais pr�ximo.

As tropas que levavam os produtos rurais para serem vendidos tamb�m eram respons�veis por trazer ao interior os bens de consumo que vinham do exterior, j� ca�dos no gosto popular, como tecidos, itens de toucador, ferramentas, entre outros.

N�o apenas as classes abastadas, mas todos os que viviam nas cidades interioranas, em certa medida, consumiam os produtos trazidos pelos tropeiros, j� que n�o havia f�bricas no Brasil. Todas as �novidades� vindas do exterior encontravam ampla aceita��o e assimila��o no meio rural brasileiro.

Tanta inova��o e o uso indiscriminado do solo cobraram um pre�o caro, j� no dec�nio de 1870, a terra do Vale do Para�ba dava seus primeiros sinais de esgotamento, a produ��o recorde dos anos anteriores dava lugar a safras cada vez menores, principalmente na regi�o do Vale Hist�rico, cuja explora��o fora anterior.

Somando-se a esse fato, h� tamb�m a quest�o da m�o de obra majoritariamente escrava empregada na lavoura. Nesse ponto, h� outro entrave ao desenvolvimento da regi�o. Desde a Lei Eus�bio de Queir�z[*3], houve acentuado decl�nio nos bra�os dispon�veis para serem empregados no cultivo e na colheita do caf�, no entanto, essa situa��o adversa s� foi mais forte posteriormente.

Al�m da m�o de obra escassa e do decl�nio das safras em virtude do esgotamento do solo, outra frente de produ��o cafeeira despontava no estado, a regi�o do Oeste Paulista, que utilizava uma terra de qualidade superior � do Vale do Para�ba, empregava t�cnicas mais modernas de cultivo e trazia uma novidade: m�o de obra livre, na maior parte composta de imigrantes que vieram ao Brasil fugindo dos conflitos e da fome que os assolavam na Europa.

O Vale do Para�ba, com seu solo desgastado, m�o de obra escrava e produ��o declinando ano a ano n�o teve condi��es de competir em igualdade com a terra nova, com produ��o abundante e m�o de obra livre. Em 1889, �s portas da Rep�blica, a safra de caf� do Vale do Para�ba apodreceu no p�, pois n�o havia quem colhesse a j� diminuta produ��o. Os fazendeiros mais ricos seguiram o rumo da �civiliza��o do caf�, que n�o conhece limites, desgasta o solo e segue levando a onda de progresso por onde passa e legando a mis�ria e a estagna��o para os que ficam (LOBATO, 1978).

Nesse contexto, os tropeiros tiveram ativo papel, por mais que o sucesso de sua atividade acabasse contribuindo para seu ocaso, a outrora crescente produ��o cafeeira n�o tardou a demandar um meio mais r�pido e eficiente de transporte de mercadorias � nesse caso o trem � e o tropeiro continuou a fazer o servi�o de transporte intermedi�rio entre as fazendas e a cidade.

A ferrovia chegou ao Vale do Para�ba ao final da d�cada de 1870, fase em que a produ��o j� se encontrava em decl�nio, mas, como o transporte n�o beneficiou todas as cidades da regi�o, garantiu ao tropeirismo certa sobrevida.

No Vale Hist�rico, por exemplo, apenas Bananal contou com ramal f�rreo, mesmo assim j� pr�ximo � Proclama��o da Rep�blica, fase em que o caf� j� praticamente havia desaparecido das grandes fazendas locais.

A produ��o rural das cidades que n�o contaram com ferrovias passando por seu territ�rio continuou a ser transportada em lombo de mulas, com jornadas mais curtas, em alguns casos sendo poss�vel que em apenas um dia de jornada os produtos fossem embarcados para S�o Paulo ou para o Rio de Janeiro.

O tropeiro, durante o s�culo XIX, como foi dito, mostrou-se um agente articulador de duas realidades, a vivida no litoral, de influ�ncia externa, de contato maior com os avan�os tecnol�gicos, e a realidade do interior, ainda presa ao passado colonial, cultivando as tradi��es transmitidas e assentadas num modo de vida menos influenciado pelas grandes cidades.

O que se percebe � que, gra�as � exist�ncia da figura do tropeiro, se quebrou um hiato entre ambas as realidades; devido � presen�a desse agente, os dois mundos conectaram-se, as novas tend�ncias encontraram penetra��o no interior das prov�ncias, as cidades do interior modernizaram-se. Nesse caso, o tropeirismo cumpriu seu papel de n�o apenas ser um transportador de mercadorias, mas tamb�m de tend�ncias, modismos, novos h�bitos.

O tropeiro no s�culo XIX foi o respons�vel pela transmiss�o da cultura brasileira em todos os cantos pelos quais passou, o que n�o � pouca coisa dadas as continentais dimens�es do nosso pa�s.

Tratando o Tropeirismo juntamente com o ciclo do caf�, observamos que esse entrela�amento resultou num fen�meno in�dito no Brasil at� ent�o: a na��o produziu um novo modo de vida, inspirado nas na��es europeias, mas que possibilitou a absor��o de novas tecnologias ao pa�s. Os filhos desses tropeiros, gra�as �s divisas obtidas pelo pai, puderam estudar e, juntamente com os filhos dos nobres cafeicultores, compuseram a cena pol�tica brasileira no Segundo Reinado e nos primeiros tempos da fase republicana.

O Tropeiro, apesar de enquadrado como um tipo humano do s�culo XIX, sujeito �s rela��es de domina��o social, ao quebrar essa l�gica difundindo a cultura brasileira e agindo autonomamente, mesmo num per�odo em que praticamente todos os neg�cios de alguma forma eram �regulados�, prestou-nos um grande favor: grande parte do desenvolvimento do interior s� foi poss�vel gra�as a esse ousado empreendimento mercantil, que constituiu cidades, atraiu povos e gentes, consolidando a expans�o demogr�fica e espacial do Brasil.

Refer�ncias bibliogr�ficas

ALMEIDA, Aluisio de. Vida e morte do tropeiro. S�o Paulo: Martins; EDUSP, 1981.

CORDEIRO, Filipe. O culto � mem�ria e a mem�ria negada: um estudo sobre os tropeiros no Vale Hist�rico. In: SEMIN�RIO DE INICIA��O CIENT�FICA FESPSP, 1., 2009, S�o Paulo. Papers... S�o Paulo, 2009. Dispon�vel em:

. Acesso em: 8 jan. 2010.

FLORES, Moacyr. Tropeirismo no Brasil. Porto Alegre: Nova Dimens�o, 1998.

FRANCO, Maria Sylvia de Carvalho. Homens livres na ordem escravocrata. 3. ed. S�o Paulo: Kair�s, 1983.

LOBATO, Monteiro. Cidades Mortas. 20. ed. S�o Paulo: Brasiliense, 1978.

MAIA, Thereza Regina de Camargo. O passado ao vivo. S�o Paulo: FDE, 1988.

MAIA, Tom; MAIA, Thereza Regina de Camargo. O folclore das tropas, tropeiros e cargueiros no Vale do Para�ba. Rio de Janeiro; S�o Paulo; Taubat�: MEC-SEC; FUNARTE; Instituto Nacional do Folclore; Secretaria de Estado da Cultura; Univ. de Taubat�, 1981.

MILLIET, S�rgio. O roteiro do caf� e outros ensaios. 4. ed. S�o Paulo: Hucitec; Instituto Nacional do Livro, 1982.

SOBRINHO, Alves Motta. A civiliza��o do caf� (1820-1920). S�o Paulo: Brasiliense, 1967.

Qual a importância dos tropeiros para o desenvolvimento da cidade?

Centenas de milhares de milhas foram transpostas pelos tropeiros, e, do imenso trânsito, nasceram algumas cidades do sul de hoje, como Castro, Ponta Grossa, Passo Fundo, que foram, em início, pouso e repasto de tropas, raízes de uma cultura e uma civilização que moldaram e nos deram o País que temos.

Qual é a importância dos tropeiros?

O tropeiro foi de fundamental importância no período, pois, em tempos de escravidão e de uma sociedade senhorial pautada pela moral católica de valorização do ócio, o transporte de mercadorias, visto como algo marginal, ficou a cargo de homens livres, pobres, que o desempenharam por ser uma forma de garantir sua ...

Qual foi a importância dos tropeiros na história do Brasil?

Os tropeiros eram condutores de tropas de cavalo ou mulas, que atravessavam extensas áreas transportando gado e mercadorias. Os percursos podiam durar várias semanas e envolvendo regiões do Sul, Sudeste e Cento-Oeste do Brasil. Essa atividade existiu desde o século 17 até início do século 20.

Como a atividade dos tropeiros favoreceu o desenvolvimento das vilas e das cidades?

Os tropeiros também foram muito importantes na abertura de estradas e fundação de vilas e cidades. Muitos entrepostos e feiras comerciais criados por tropeiros deram origem a pequenas vilas e, futuramente, às cidades.