Qual a relação da gestão ambiental nas grandes indústrias com a responsabilidade social?

Compreender a responsabilidade social e ambiental no contexto das empresas pode ser mais complexo do que parece à primeira vista. O uso de indicadores econômicos convencionais, como o Produto Interno Bruto (PIB), pode proporcionar uma imagem distorcida para o desempenho econômico.

Tais medidas não refletem a extensão com a qual as atividades de produção e o consumo podem estar afetando os recursos naturais. O crescimento futuro pode ser comprometido se o impacto sobre estes recursos atingir níveis críticos.

Segundo um cálculo feito pela Global Footprint Network (GNF), que monitora a Pegada Ecológica das cidades do mundo, atualmente é necessário 1,5 planeta para manter nosso estilo de vida. No longo prazo, este cenário fica ainda pior: mantendo este padrão de consumo, em 2050 precisaremos de aproximadamente 3 planetas.

Por isso, desenvolver ações que tenham como foco o bem comum e a manutenção dos recursos naturais não é apenas uma atitude associada à visibilidade, mas também de sobrevivência.

É neste contexto que as empresas devem ir além da responsabilidade social e ambiental, compreendendo-os como ativos geradores de valor e não apenas como passivos a serem mitigados/compensados. É necessário prever impacto positivo sistêmico e enxergar a questão com toda a sua complexidade.

O que é responsabilidade social e ambiental de uma empresa

Como falamos no texto “Como a Certi pode ajudar a promover a sustentabilidade empresarial?“, a sustentabilidade corporativa deixou de ser um fator abordado de forma superficial para se tornar o centro das atividades da empresa.

Isso passa pela compreensão e aplicação do sentido de sustentabilidade como o entendemos no século XXI, isto é, um conceito amplo que vai além das boas práticas ambientais.

A responsabilidade ambiental e social de uma empresa trata justamente de como a organização se relaciona não apenas com o meio ambiente, mas também com a sociedade, com a economia e até mesmo com suas obrigações legais.

Quando falamos em responsabilidade socioambiental, nos referimos a uma série de parâmetros que devem nortear uma atuação mais preocupada com os impactos não apenas em nível mercadológico, mas também de tudo que envolve a companhia e sua atuação. E isso inclui fatores como:

  • Estabelecimento de políticas e compromissos sociais e ambientais;
  • Relacionamento da empresa com a comunidade em que está inserida, com foco no seu desenvolvimento sustentável e na sua valorização;
  • Relacionamento com colaboradores e oferta de melhores condições;
  • Uso de tecnologia limpa e renovável.

Como podemos perceber, a responsabilidade socioambiental de uma empresa está diretamente relacionada à noção de Economia Verde, uma vez que se espera que as organizações consigam aliar seu crescimento econômico à preservação e uso eficiente dos recursos naturais e à justiça social.

Qual a importância da responsabilidade social corporativa

Sustentabilidade e desenvolvimento sustentável são conceitos e práticas que estão no centro da atuação corporativa.

No século XXI, a busca por uma relação saudável com o meio ambiente e com a sociedade deve vir em pé de igualdade com os objetivos financeiros das empresas – até porque, no contexto atual, há uma interdependência entre esses fatores, sobretudo por uma demanda cada vez maior por sustentabilidade por parte dos consumidores.

Essas preocupações são a base do conceito de Tripé da Sustentabilidade, uma questão central para a gestão empresarial nos dias de hoje, cujos pilares são a condução da parte financeira sem que sejam deixados de lado os impactos ambientais da empresa e a forma como ela se relaciona com as pessoas e a sociedade.

Em outra palavras, trata-se da harmonia entre a responsabilidade social, a responsabilidade ambiental e o interesse econômico. Para compreendermos melhor a importância da responsabilidade socioambiental de uma empresa, é necessário entendermos melhor do que se trata, de fato, cada uma das três bases do Tripé da Sustentabilidade:

  • Ambiental: trata-se da manutenção de práticas de produção que visem reduzir os impactos ambientais ao longo de toda a cadeia de valor, sobretudo como forma de garantir a continuidade da produção. Além disso, é fundamental o comprometimento com práticas sustentáveis e o incentivo/criação de programas que promovam a preservação do meio ambiente.
  • Social: consiste em manter uma relação saudável com as pessoas, tanto os colaboradores da empresa quanto com a comunidade em que elas estão inseridas. Isso passa, por exemplo, pela oferta de boas condições de trabalho para os funcionários e por ações para valorização do entorno, como a promoção de projetos sociais, uso de mão de obra local e programas de apoio à comunidade.
  • Econômico: abrange todas as questões que dizem respeito à gestão financeira e à lucratividade da empresa. O ponto fundamental é a compreensão de que, ao incorporar ações sustentáveis às suas atividades corporativas, a organização adota uma visão voltada ao futuro, que tende a refletir positivamente e pode levar a um aumento na produtividade, na competitividade e nos resultados que obtém. Outro fator crucial é a percepção da marca pelo mercado.

A responsabilidade socioambiental gera impactos positivos não apenas no planeta, como também na sociedade, em seus produtos, processo e projetos, colaborando para a preservação e regeneração do meio ambiente, e para a redução de desigualdades econômicas e sociais. Tudo isso sem abrir mão do lucro.

Exemplos de responsabilidade socioambiental

Como vimos, a responsabilidade socioambiental diz respeito, entre outras coisas, à relação com o ambiente e à comunidade em que a empresa está inserida. Mas como isso ocorre na prática?

Existem diversas formas de as empresas exercerem sua responsabilidade ambiental e social, tanto interna quanto externamente. Quando falamos de ações internas, nos referimos, por exemplo, à contratação de mão de obra qualificada com medidas que promovam a inclusão de grupos minoritários.

A utilização consciente de materiais, adoção de práticas que diminuam os impactos ambientais e o aumento da eficiência no uso de recursos, bem como a promoção da saúde dos colaboradores para além das obrigações legais, são exemplos de outras ações internas que a empresa pode tomar para valorizar seu capital social e preservar o meio ambiente.

Por outro lado, quando nos referimos a medidas externas, entram ações que a empresa desempenha junto à comunidade e na região em que ela atua. Isso passa, por exemplo, por promover a integração da empresa com a comunidade, valorizando a mão de obra local, realizando serviços de voluntariado e criando programas de apoio às pessoas e instituições locais.

Mais do que isso, a empresa que atua com responsabilidade socioambiental para com a comunidade que a recebe deve gerar compromissos com os direitos humanos e com a proteção do meio ambiente na região.

Motivos para implementar ações socioambientais

Preocupar-se constantemente com a conservação dos recursos naturais é vital para as empresas. Os consumidores estão cada vez mais exigentes e bem informados. Consequentemente, admitem cada vez menos deslizes e há mais conscientização sobre as consequências da exploração sem controle (tanto ambiental quanto social).

De acordo com estudo da Edelman Goodpurpose, 80% dos consumidores brasileiros comprariam produtos de empresas consideradas responsáveis social e ambientalmente. Complementarmente, 79% dos consumidores no Brasil (e 71% em nível global) consideram que projetos que protejam o meio ambiente podem ajudar no crescimento da economia.

Sabemos que a responsabilidade social e ambiental deve estar presente em organizações de todos os tipos, mesmo naquelas em que as atividades fins supostamente não geram impactos negativos diretos.

Mas, será que apenas isso é suficiente? A nova onda de negócios prevê novas formas de buscar oportunidades e gerar impacto social e ambiental positivo aliado à estratégia corporativa das organizações. Na sequência falamos sobre implicações práticas e consequências imediatas:

Reforçar a imagem da empresa e a reputação da marca

No contexto atual do mercado, o consumidor tornou-se mais exigente e espera que a empresa ofereça muito mais do que um produto ou serviço de qualidade.

Em uma Economia Verde, o cliente demonstra um interesse, um envolvimento e uma preocupação cada vez maiores com as ações da empresa e o modo com ela se posiciona em relação a práticas sustentáveis – no entendimento de sustentabilidade como um todo, não somente no aspecto ambiental.

Para esses consumidores, a adoção de novos hábitos faz parte de uma proposta de mudança que se relaciona diretamente com novas práticas de consumo e sua relação com as marcas. Nesse sentido, a empresa que adota uma postura de compromisso com o bem estar social e integridade do meio ambiente traz impactos positivos para sua reputação e para sua imagem.

Favorece o aumento da competitividade

Uma coisa está ligada a outra. A sustentabilidade como ponto central das ações da empresa melhora sua imagem e reputação, estreitando a relação com um perfil de consumidor e um mercado que cada vez se preocupam com a conservação do meio ambiente e os impactos sociais das marcas.

Como resultado natural desse movimento, as organizações conseguem aumentar sua posição competitiva no longo prazo, atraindo cada vez mais interessados – potenciais clientes, parceiros e investidores.

Melhora o engajamento dos colaboradores

Como vimos, a responsabilidade socioambiental de uma empresa também diz respeito à forma como ela se relaciona com seu capital humano, ou seja, seus colaboradores. Nesse sentido, o exercício da responsabilidade e a adoção de boas práticas passa também pelos funcionários, não somente introduzindo mudanças na sua rotina de trabalho, como também oferecendo-lhes melhores condições e remunerações mais justas.

Atitudes assim colaboram para a criação de um ambiente de trabalho mais saudável, em que há uma relação justa e harmônica entre todos. Esses fatores impactam diretamente no engajamento dos colaboradores, na sua produtividade e, consequentemente, nos resultados da empresa.

Ter acesso a recursos financeiros

Muitos financiamentos e aportes financeiros, de origem pública e privada, têm como requisito de acesso a existência de práticas sustentáveis – associados também a responsabilidade social e ambiental. Mesmo quando não estão claramente descritas, tais exigências são desejáveis, já que podem atuar como diferencial.

Há também fontes que exigem que parte do recurso captado seja destinado para negócios que gerem impacto social e ambiental positivo, a exemplo das linhas de Subcrédito Social do BNDES.

Ter problemas ambientais pode ainda dificultar o acesso a crédito. Por isso, se sua empresa precisa ou deseja ter acesso a recursos, é bom começar a atentar para a temática o quanto antes.

Visibilidade para investidores

Empresas que adotam práticas de sustentabilidade são mais resilientes – enfrentam melhor tempos de crises – e também menos voláteis. Em outras palavras, representam investimentos mais seguros para os investidores.

De acordo com análise feita pela BM&FBovespa, a rentabilidade média dos fundos de sustentabilidade foi superior ao Ibovespa em todos os períodos avaliados, e a volatilidade (risco) dos fundos de sustentabilidade foi inferior à do Ibovespa em todas as comparações. Especialmente em tempos turbulentos e instáveis, esta é uma características de peso e bastante desejável.

Oportunidade de Novos Negócios

De acordo com estudo da Accenture e do CEBDS, R$ 150 bilhões é o tamanho do mercado das oportunidades futuras na área de sustentabilidade. Destes, R$ 20 bi estão associados à economia de energia elétrica e combustíveis nos setores de manufatura, transportes e edificações comerciais e públicas; R$ 55 bilhões voltados à economia circular e modelos de negócios inovadores (como product as a service); R$ 18 bilhões relacionados à geração de valor compartilhado a partir de melhor gestão de recursos ao longo do processo de licenciamento ambiental e social de empreendimentos; R$ 52 bilhões para geração de valor compartilhado a partir da estruturação efetiva de programas de desenvolvimento de fornecedores locais.

Continuaremos falando sobre sustentabilidade empresarial aqui no blog. Acompanhe nossos textos e qualquer dúvida entre em contato conosco.

Qual a relação existente entre gestão ambiental e responsabilidade social da empresa?

A responsabilidade social e ambiental de acordo com Kirschner (2006) é uma forma de agregar valor à organização, pois funcionários satisfeitos acabam agregando maior qualidade em sua produção, assim como clientes satisfeitos acabam se tornando fiéis à organização e consecutivamente trazem mais clientes por meio de ...

Qual é a relação entre responsabilidade social e meio ambiente?

A responsabilidade socioambiental gera impactos positivos não apenas no planeta, como também na sociedade, em seus produtos, processo e projetos, colaborando para a preservação e regeneração do meio ambiente, e para a redução de desigualdades econômicas e sociais. Tudo isso sem abrir mão do lucro.

Qual o objetivo da gestão ambiental e responsabilidade social?

O objetivo de Gestão Ambiental e Responsabilidade Social Corporativa é apresentar reflexões para uma compreensão global sobre o assunto, para que os gestores possam entender melhor a missão, a visão e os valores do novo perfil organizacional e adotar uma postura ética perante os clientes e a comunidade em geral.

Qual a importância da gestão ambiental na indústria?

A gestão ambiental é uma das áreas mais importantes para alcançar um equilíbrio entre a produção industrial e a manutenção do meio ambiente. É uma maneira de administração que prioriza métodos e práticas que favorecem o uso racional dos recursos naturais, minimizando impactos ambientais nas atividades industriais.