Quais são as consequências do abuso do álcool no Brasil?

O uso abusivo de �lcool interfere negativamente na vida do usu�rio, seja em termos individuais, seja em seu entorno social imediato ou na sociedade. As implica��es sociais do abuso de �lcool merecem aten��o especial, uma vez que afetam a produtividade da economia, al�m de gerar gastos de relev�ncia aos cofres p�blicos, pois requerem recursos do sistema de sa�de, do Judici�rio e de outras institui��es sociais.

Assim, entre os danos sociais decorrentes do uso abusivo de �lcool, devem ser citados: acidentes de tr�nsito, perda de produtividade no ambiente de trabalho, problemas familiares (desestrutura familiar e viol�ncia dom�stica), viol�ncia urbana, suic�dios. Segundo a Organiza��o Mundial de Sa�de (OMS), o consumo abusivo de bebidas alco�licas gera, por ano, 1,8 milh�o de mortes.

Em rela��o ao trabalho, o abuso e a depend�ncia de �lcool t�m aumentado a taxa de absente�smo e acidentes, diminuindo a qualidade das rela��es interpessoais entre os funcion�rios. Isso, de forma geral, afeta a taxa de produtividade e, conseq�entemente, a economia.

No ambiente familiar, o abuso de �lcool prejudica o comportamento do indiv�duo, como pai, c�njuge ou companheiro. Durante a intoxica��o, aumentam os riscos de acidentes ou viol�ncia dom�stica. A desestabilidade financeira � poss�vel, j� que os recursos s�o comumente desviados para o uso de �lcool ou tratamento das morbidades relacionadas. Al�m disso, o dependente de �lcool prejudica n�o s� a si mesmo, como tamb�m aos outros membros familiares, que t�m o desempenho escolar ou profissional e a sa�de mental ou psicol�gica afetados, requerendo, a longo prazo, algum tipo de tratamento. O abuso de �lcool conduz a fam�lia a um grave estado de desestrutura��o.

Em termos de sa�de, o uso abusivo e depend�ncia de �lcool est�o relacionados a morbimortalidade de 60 tipos diferentes de doen�as, sendo respons�veis por 4% dos casos de morte no mundo. Dessa forma, especialmente para o padr�o binge de uso (ingest�o de quatro ou cinco doses alco�licas em uma mesma ocasi�o), o �lcool aumenta o risco de desenvolvimento de doen�as cr�nicas, como c�ncer (de boca, orofaringe, es�fago e f�gado), doen�as cardiovasculares (trombose, IAM e doen�as coronarianas), doen�as digestivas (principalmente cirrose) e transtornos neuro-psiqui�tricos (principalmente depress�o). Somente no per�odo de 2002 a 2004, conforme dados do Minist�rio da Sa�de, os cofres p�blicos gastaram mais R$ 143 milh�es com o tratamento de transtornos mentais e comportamentais devido ao uso abusivo de �lcool.

Em termos de conseq��ncias agudas, o abuso de �lcool aumenta os riscos de uma variedade de situa��es, entre elas acidentes automobil�sticos ou quedas e viol�ncia interpessoal. Em pa�ses desenvolvidos (EUA e Canad�), a ocorr�ncia de acidentes de tr�nsito � a conseq��ncia de sa�de mais relevante associada ao uso abusivo de �lcool, merecendo cada vez mais estudos. No Brasil, constatou-se que 38,4% dos adultos (que t�m carteira de habilita��o e costumam beber) possuem o h�bito de associar bebida � dire��o, sendo esse um grande motivo de preocupa��o.

De forma geral, as informa��es mencionadas ilustram a extens�o das conseq��ncias e dos custos sociais, diretos ou indiretos, implicados no abuso de �lcool. Diante desse quadro, o primeiro passo � encarar o problema de frente. O fortalecimento de pol�ticas p�blicas � uma poss�vel solu��o para os custos sociais resultantes do uso de �lcool. Assim, o controle dos impostos sobre bebidas, a restri��o de acesso, a fiscaliza��o e puni��o de motoristas que dirijam com alcoolemia acima do legalmente permitido s�o estrat�gias de relev�ncia para a redu��o dos gastos p�blicos associados ao uso excessivo de �lcool. Sobretudo, � preciso investir em pesquisas e debates cient�ficos que possam identificar os ramos sociais mais onerados por �lcool, guiando a formula��o dessas pol�ticas p�blicas e das estrat�gias de interven��o, principalmente de preven��o.


Arthur Guerra de Andrade � Presidente do Centro de Informa��es sobre Sa�de e �lcool (Cisa), professor associado ao Instituto de Psiquiatria do Hospital das Cl�nicas da Faculdade de Medicina da USP e professor de psiquiatria da Faculdade de Medicina do ABC

Quando pensamos em uma das dificuldades recorrentes das famílias com os filhos e filhas adolescentes, o uso abusivo do álcool tem destaque. 

O Brasil tem uma das maiores taxas de consumo de álcool, superando a média mundial e também mais de 140 países, estando na 53.ª posição. Enquanto a média mundial para pessoas acima de 15 anos é de 6,2 litros por pessoa ao ano, a do Brasil é de 8,7 litros, 30% superior à primeira. Em 1985, a média era inferior a 4 litros.

Estudos mostram que, se o crescimento continuar nessa proporção, até 2025 o consumo no Brasil será de 10,1 litros por pessoa. 

Há uma grande discrepância entre homens e mulheres, sendo a média dos homens de 13 litros e das mulheres de 4 litros por ano. A bebida campeã de consumo é a cerveja, chegando até 60%. Cerca de 13% da população apresenta um quadro de dependência e 16% tem um comportamento nocivo de consumo de álcool .

Após analisar os dados acima, como saber se você está abusando das doses alcoólicas?

O uso moderado de álcool corresponde a até dois drinques por dia para homens e um para mulheres e idosos, sendo um drink equivalente a uma lata de cerveja, uma taça de 120 ml de vinho ou 36 ml de uísque. Esta dose, para a maioria das pessoas, não é prejudicial à saúde. 

No entanto, extrapolar essas dosagens pode causar sérias consequências e até risco de vida. O abuso do álcool é definido quando o consumo está acompanhado de fracasso nas responsabilidades no trabalho, escola ou casa; beber em situações perigosas, como enquanto dirige ou opera máquinas; quando se tem problemas legais devido ao álcool, como ser preso por dirigir alcoolizado ou por ter causado lesões em alguém enquanto estava bêbado. Também, por continuar a beber, apesar de ter problemas de relacionamento causados ou agravados pelo efeito do álcool.

Como saber se há abuso de álcool?

A seguir, apresento algumas perguntas que você pode utilizar para identificar se, de fato, há abuso:

  • Você já sentiu que deveria diminuir a bebida? 
  • As pessoas já te irritaram quando criticaram sua bebida? 
  • Você já se sentiu mal ou culpado a respeito da sua bebida? 
  • Você já tomou bebida pela manhã para “aquecer os nervos” ou para se livrar de uma ressaca? 

Caso haja algum sim, isso pode significar que você tem problemas com o álcool e deve se manter atento e até mesmo buscar um médico ou psicólogo, dependendo do caso. Assim será mais fácil obter auxílio.

Características do alcoolismo 

Pesquisas feitas pelo Instituto Norte Americano sobre Álcool e Alcoolismo (NIAAA) mostram que, para muitas pessoas, a vulnerabilidade ao alcoolismo é “herdada”. Contudo, o ambiente, influências de colegas e disponibilidade do álcool também são influências significativas. Estes fatores herdados e do ambiente são chamados de “fatores de risco”. 

Para ser alcoólatra, pouco importa a bebida, o tempo que bebe, e até mesmo quanto álcool é ingerido, o que importa de fato é a compulsão. Muitas vezes se torna uma necessidade tão forte quanto a sede e a fome. 

O alcoolismo é uma doença caracterizada por:

  1. Compulsão: necessidade ou desejo incontrolável de beber; 
  2. Perda de controle: não conseguir para de beber depois de começar; 
  3. Dependência física: presença de sintomas de abstinência, como náusea, suor, tremores e ansiedade
  4. Tolerância: quando são necessárias dosagens cada vez maiores para sentir o efeito.

A maioria das pessoas precisa da ajuda de outras pessoas e/ou grupos de apoio para conseguir parar, pois é algo que não depende exclusivamente da “força de vontade” dos adictos. Porém, obtendo esse apoio, a maior parte consegue parar e reconstruir suas vidas, vivendo “um dia de cada vez”.

Consequências do consumo exagerado do álcool

O consumo exagerado de álcool pode trazer diversas consequências para nossas vidas.

O uso de álcool ocasiona mais de 3 milhões de mortes por ano em todo o mundo. No Brasil, cerca de 40 mil mortes por acidentes de trânsito e 60 mil homicídios ocorrem, por ano, como resultado deste consumo. É importante lembrar que, mesmo em pequenas quantidades, o álcool reduz sua capacidade de dirigir. Controlar a direção e permanecer atento ao trânsito podem se tornar duas ações difíceis de serem realizadas simultaneamente com apenas 0,02% de álcool no sangue. 

Para se ter uma noção, um homem de 80kg que ingerir, de estômago vazio, duas latas de 300ml de cerveja, por exemplo, após uma hora terá a porcentagem de álcool no sangue correspondente a 0,04%. 

Confira abaixo alguns dos problemas que, mesmo com um período curto de tempo, podem ocorrer após o uso do álcool. 

4 problemas causados pelo álcool em curto período após seu uso:

  1. O álcool reage negativamente a mais de 150 medicamentos.
  2. Ingerir bebidas alcoólicas ao ingerir um remédio para alergia, irá aumentar a sonolência causada pelo mesmo, tornando a direção de veículos ainda mais perigosa. 
  3. Pode prejudicar gravemente os relacionamentos, tanto amorosos, quanto familiares e de amigos. 
  4. Para mulheres que venham a engravidar, pode causar problemas de nascença nos filhos, relacionados ao álcool, mesmo sem beber durante a gravidez. 

Existem diversos problemas que podem afetar o bebê, como:

  • Problemas de aprendizado e de comportamento para toda vida
  • Síndrome fetal alcoólica (SFA). Os nascidos com esta síndrome têm anormalidades físicas, comprometimento mental e dificuldades no comportamento. 

3 problemas de saúde causados pelo álcool a longo prazo

Confira algumas doenças que podem surgir em decorrência do consumo excessivo de ácool com frequência:

  1. Hepatite: pode levar à morte se o indivíduo não parar de beber. Nos casos de interrupção do uso é frequentemente reversível. A faixa etária com mais casos costuma ser entre 50 e 59 anos, com 31,1%. Os sintomas incluem febre, icterícia (amarelamento exagerado da pele, olhos e urina escura).
  2. Câncer: o álcool em excesso aumenta as chances de câncer no esôfago, boca, garganta, cordas vocais e, nas mulheres, de mama.
  3. Pancreatite: uma inflamação do pâncreas que pode ser aguda ou crônica. Esta, por sua vez, vem acompanhada de sintomas como dor abdominal aguda e perda de peso.

Como identificar qual é o momento certo de um alcoólatra pedir ajuda?

Reconhecer que precisa de ajuda, não é algo fácil para um adicto. Porém, quanto mais cedo o problema for detectado, maior a chance de uma recuperação bem sucedida. 

É necessário ser o mais honesto possível, tanto para si mesmo, quanto para quem está acompanhando seu processo de recuperação e também entender tudo sobre a necessidade e as formas de tratamento. O mesmo irá depender da gravidade do alcoolismo. Pode incluir:

  • Desintoxicação que “limpa” e livra o organismo do efeito da toxicidade do álcool. Este processo exige acompanhamento médico, psicológico e o apoio da família por conta da dificuldade de se libertar da dependência química e de todos os estigmas a ela associados.
  • Uso de medicamentos prescritos utilizados no tratamento do alcoolismo que são usados como uma complementação no tratamento e desintoxicação do paciente
  • Acompanhamento psicológico envolve variados tipos de terapias, que incluem atendimento e acompanhamento psiquiátrico, psicológico e terapêutico.
  • Engajamento em grupos de mútua ajuda, como o A.A.(alcoólicos anônimos), que vão “apoiar” na recuperação dos adictos e identificar situações e sentimentos que levam à necessidade de beber, descobrindo novas maneiras de lidar com o álcool. 
  • Aconselhamentos conjugais para ajudar o casal a melhorar sua relação e caminharem juntos nesta jornada.
  • Terapias familiares, que é psicoterapia realizada em grupo, mediada por um psicólogo ou terapeuta, é de curta duração e tem como principais objetivos ensinar a melhorar o relacionamento entre os familiares, melhorar a comunicação e fazer mudanças significativas para o equilíbrio entre as relações familiares.
  • Assistência legal que tem objetivo de estabelecer uma política interna de orientação, apoio e acolhimento de usuários através de atividades preventivas e assistenciais.

Em suma, é importante se atentar aos sinais e, caso necessário, buscar ajuda profissional imediatamente para que o tratamento seja feito da melhor e mais rápida forma possível. Cuide e preze por sua vida e não deixe o álcool destruí-la.

Quais as consequências do uso indevido do álcool para a sociedade?

Além dos gastos com a bebida, o usuário abusivo de álcool sofre outros prejuízos, como, por exemplo, exposição a trabalhos mal remunerados, perda de oportunidades de trabalho, gastos crescentes com saúde devido a doenças e acidentes e dinheiro gasto em decorrência de problemas com a lei envolvendo o uso de bebida.

Quais são as consequências do uso do álcool na adolescência?

O uso de álcool por adolescentes está fortemente associado à morte violenta, queda no desempenho escolar, dificuldades de aprendizado, prejuízo no desenvolvimento e estruturação das habilidades cognitivo-comportamentais e emocionais do jovem.