Quais fatores colaboram para a proclamação da independência do Brasil?

Quais fatores colaboram para a proclamação da independência do Brasil?
Cientista Político revisita história de Alagoas para
pesquisa sobre índices de violência.
(Foto: Natália Souza/G1)

Há 196 anos a Comarca de Alagoas, que dependia administrativamente e politicamente de Pernambuco, era declarada emancipada pelo rei de Portugal, Dom João VI. A época era de movimentos revolucionários contra a coroa portuguesa por todo o Brasil. Segundo a maioria dos historiadores e professores do Ensino Fundamental, o desmembramento teria sido uma forma de punição da Coroa a Pernambuco por causa da revolução que resultou na Insurreição Pernambucana, e um prêmio à Alagoas por não ter aderido ao movimento republicano, em 1817.

Nesta segunda-feira (16), quase dois séculos após a emancipação do estado que começou como comarca, o governo prepara um desfile cívico, com direito a participação de estudantes da rede pública de ensino e apresentações artísitcas no tradicional bairro do Jaraguá, em Maceió. Porém, para o cientista político e professor da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Emerson Oliveira, o processo de emancipação do Estado ainda é atual e deve considerar uma independência a começar pelas histórias e explicações sobre o movimento separatista contado nos livros.

"A história da emancipação política de Alagoas é sempre contada do ponto de vista dos historiadores pernambucanos. Alagoas aparece sempre como um sujeito passivo, fruto de um heroísmo pernambucano, e como um prêmio aos alagoanos por não ter aderido a revolução de 17, o que soa um tanto quanto traíra. Essa versão desmerece a importância do território alagoano, do ponto de vista estratégico para a coroa portuguesa", afirmou.

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"Alagoas, sempre teve sua importância política. O primeiro presidente do Brasil após a proclamação da independência, foi o Marechal Deodoro da Fonseca. Do ponto de vista econômico, Alagoas possuía a cultura da cana de açúcar, latifúndios, fazia divisa estrategicamente com a Bahia e com Pernambuco onde os movimentos republicanos estavam estourando, ou seja, firmar uma base política em Alagoas era importante para Portugal", destacou.

Alagoas sempre esteve envolvida nos grandes acontecimentos relevantes da história brasileira, com o primeiro presidente após a era monárquica, que foi Marechal Deodoro da Fonseca, a história de Calabar, em Porto Calvo, a resistência quilombola de Zumbi dos Palmares, tivemos escritores como Gracilano Ramos, entre outros.

Pesquisa
De acordo com Oliveira, o interesse pela história da emancipação surgiu a partir de um projeto de pesquisa, em que orienta na Ufal, sobre os índices de violência no Estado. Ainda na fase descritiva, os pesquisadores analisam dados da dinâmica de homicídios na cidade e o perfil das vítimas da violência, bem como os bairros em que residiam.

"Comecei a observar que na década de 1990 houve um 'boom' de homicídios em Alagoas e após a fase descritiva do projeto, começaremos a testar e cruzar hipóteses sobre esse fenômeno. Muitos associam a atual violência ao histórico coronelismo, ao cangaço ou ao próprio movimento quilombola com Zumbi dos Palmares, mas não dá pra dizer que todos os índices sociais negativos sobre violência vêm disso. Por isso que fui tentar entender melhor o contexto da emancipação alagoana", contou.

"O que começou a chamar minha atenção ao analisar a história foi que em 1712 com a criação da Comarca de Alagoas, quase um século antes da emancipação, Alagoas já tinha indícios de caracterísitcas sociais políticas divergentes de Pernambuco. Então não era novidade para a Coroa. Não foi uma concessão. Já havia sujeitos incomodados com a necessidade de apartar a província da comarca", destacou.

Segundo Oliveira, é necessário que os alagoanos revisitem a história da emancipação para que a história comece a ser contada do ponto de vista alagoano. "É possível contar a história de um ponto de vista. Os alagoanos estão viciados a reproduzir a história contada pelos pernambucanos. É interessante esse movimento de revisitar a história alagoana".

Neste 7 de setembro, a Rede Nacional de Rádio apresenta série especial que conta a história de personagens importantes no processo de independência do país.

Quais fatores colaboram para a proclamação da independência do Brasil?
Quais fatores colaboram para a proclamação da independência do Brasil?

Intitulada Heróis e Heroínas da Independência, a série traz dez programetes sobre brasileiros e brasileiras que tiveram atuação decisiva no processo de emancipação do país. Todo o material pode ser reproduzido, de graça, por qualquer emissora de rádio do país. 

A série também será veiculada na programação da Rede Nacional de Rádio, distribuída via satélite, pelo mesmo sinal da Voz do Brasil, até o dia 8 de setembro, às 14h03 e às 18h. 

Conheça aqui brasileiros e brasileiras que foram importantes para a independência do Brasil: 

Sepé Tiaraju - No final do século 18, o índio guarani despontou como líder das forças missioneiras na Guerra Guaranítica pelas terras do Sul do país. Tinha horror à escravidão e até hoje é venerado como santo no Rio Grande do Sul.

Frei Caneca - Foi um dos principais líderes da Revolução Pernambucana contra a dominação portuguesa em 1817. Também esteve à frente da Confederação do Equador, que rejeitava a constituição conservadora outorgada por dom Pedro I em 1824. 

Domingos José Martins - Foi um dos mentores da Revolução Pernambucana em 1817. Comerciante bem-sucedido, não concordava com altos impostos e desmandos de Portugal no Brasil Colônia. Ajudou a difundir os ideais de liberdade em reuniões no Recife, em Salvador e no Rio de Janeiro. 

Luís Gonzaga das Virgens e Veiga - Ele foi um dos líderes da Conjuração Baiana - revolta popular que mobilizou a Bahia em 1798 contra o sistema colonial português. Negro e neto de escravos, deixou de ser promovido na carreira militar por causa dos ideais republicanos e acabou sendo enforcado. 

Cipriano Barata - Nasceu em Salvador e se formou médico em Portugal, onde conheceu as ideias iluministas. Dedicou-se à política e à imprensa, e foi preso diversas vezes sob acusação de ser “inimigo do imperador”. 

Joana Angélica - No início do século XIX, a religiosa baiana foi protagonista de um dos episódios mais dramáticos nas batalhas pela independência do Brasil. Ela morreu defendendo o Convento da Lapa, em Salvador, contra o ataque dos soldados portugueses. 

Maria Felipa- Na Ilha de Itaparica, perto de Salvador, a pescadora conseguiu vencer a tirania dos portugueses com sua força e inteligência. Era descendente de negros escravizados do Sudão, e se vestia com batas e turbantes. 

Maria Quitéria - Foi a primeira mulher a integrar o Exército, na campanha da Bahia pela independência do Brasil. Contra a vontade do pai, fugiu de casa para se alistar, vestida com as roupas do cunhado. 

Bárbara Heliodora - No final do século XVIII, o Brasil Colônia sofria com os desmandos de Portugal. Em Minas Gerais, um grupo de intelectuais e comerciantes mineiros se uniu para defender os ideais de liberdade do povo brasileiro. Entre eles, estava Bárbara Heliodora, considerada a primeira poetisa do país e primeira mulher a participar de um movimento político. 

Bárbara de Alencar - Avó do escritor José de Alencar e matriarca de uma família de revolucionários em um Nordeste marcado pelo patriarcado, em 1817, proclamou e assumiu a presidência da República do Crato, no interior do Ceará. Por defender os ideais separatistas, entrou para a história como primeira presa política do país. 

Por que foi proclamada a independência do Brasil?

A independência do Brasil aconteceu na medida em que a elite brasileira percebeu que o desejo dos portugueses era restabelecer os laços coloniais. Quando a relação ficou insustentável, o separatismo surgiu como opção política, e o príncipe regente acabou sendo convencido a seguir esse caminho.

Qual foi o ponto de partida para o processo de independência do Brasil?

O ponto de partida para o processo de independência do Brasil foi, portanto, a intenção da Corte portuguesa (instituição à frente dessa revolução em Portugal) de revogar todas as medidas tomadas por d. João VI durante o Período Joanino.

Quem foram os agentes da independência do Brasil?

Pedro, príncipe regente, declarou o território brasileiro definitivamente separado da metrópole portuguesa, no dia 7 de setembro de 1822. D. Pedro, Maria Leopoldina e José Bonifácio são algumas das mais ilustres personalidades da Independência do Brasil, relembradas e celebradas na História.

Quais foram as consequências do processo de independência do Brasil?

A primeira e mais marcante consequência da independência do Brasil foi a constituição do país como uma nação soberana. Nesse processo, houve a separação de Portugal, de modo que a nação alcançou sua autonomia para estabelecer suas próprias normas políticas, sociais e econômicas.