Porque a Espanha demorou mais tempo do que Portugal para se aventurar em viagens ultramarinas?

Ao conhecer a história do Brasil encontramos temas no mínimo intrigantes. Se hoje os continentes estão unificados por um veloz sistema de comunicação, no passado as notícias corriam em um ritmo lento, dos pés descalços e dos ventos que sopravam nas velas. Como se integravam, então, colônias e metrópoles dos impérios coloniais na época moderna? Quais seriam as motivações para os súditos portugueses, radicados em vilas do Pará, Mato Grosso, Angola e Goa, prestarem lealdade a um rei residente em Lisboa? Este livro pretende responder a estas e outras questões e analisar os laços entre o rei e seus vassalos. Para melhor conhecer o governo a distância, a pesquisa buscou explorar não apenas a administração formal conduzida por vice-reis, governadores e magistrados, mas, sobretudo, o desempenho de uma elite ilustrada, filha das luzes, que viajava a paragens remotas, representava o rei e escrevia a Lisboa para inventariar o império, seus povos, riquezas e fronteiras. Na segunda metade do setecentos, um número crescente de jovens deixou a Universidade de Coimbra para exercer cargos no ultramar. Oriundos, em grande parte, das Minas Gerais e da Bahia, os bacharéis luso-brasileiros realizavam viagens ultramarinas como agentes da monarquia portuguesa. Do reino partiram para Angola, Moçambique, Goa, Cabo Verde, Pará, Bahia e Rio de Janeiro. Atuavam como cientistas (naturalistas) e inventariavam as potencialidades econômicas do império colonial. Em troca, contavam com as honras e os privilégios, concedidos como remuneração dos serviços prestados ao monarca. Se inicialmente eram cientistas, depois de beneficiados com cargos, títulos e demais mercês régias, tornaram-se burocratas e abandonaram, paulatinamente, suas investigações. Como naturalistas atuavam filósofos e magistrados. Os primeiros, em grande parte, caíram em desgraça, perseguidos como sediciosos ou vítimas do ostracismo. Em 1808, quando Lisboa deixou de atuar como centro do império colonial, os magistrados-naturalistas desempenharam cargos de confiança junto ao Príncipe Regente no Rio de Janeiro. Escreveram sobre economia e defenderam, até o último momento, a união entre Portugal e Brasil. Recorrendo aos naturalistas, o livro, em suma, investiga a integração entre centro e periferias, metrópole e colônias, Portugal e suas conquistas, com ênfase no Brasil. Contribui para o debate em torno da ciência em Portugal e seus empregos no ultramar. Destaca-se ainda a gênese de um pensamento luso-brasileiro, dedicado à economia política e à antropologia. Ronald Raminelli Professor associado do departamento de História da Universidade Federal Fluminense. Doutor em História pela Universidade de São Paulo com estágio de pós-doutorado na EHESS-Paris. A pesquisa que originou o livro foi financiada pelo CNPq, Faperj, Capes, CNCDP/Portugal e DAAD/Alemanha.

A expansão marítima espanhola ocorreu um século depois das viagens portuguesas pela costa do continente africano, devido, principalmente, à formação do Estado Nacional Espanhol ter sido realizada depois do Estado português. Os entraves a isto foram a necessidade de terminar de expulsar os mouros da Península Ibérica e de encontrar uma rota alternativa à descoberta pelos portugueses.

A Guerra de Reconquista, quando os espanhóis conseguiram expulsar os mouros da Península Ibérica, terminou apenas em 1492, quando foi conquistado o Reino de Granada. Esta vitória coroava a ação empreendida por Fernando, do Reino de Aragão, e Isabel, do Reino de Castela, casados com o objetivo de unificarem os vários reinos espanhóis. Os Reis Católicos, como o casal ficou conhecido, conseguiram superar as rivalidades existentes entre os vários reinos e unificá-los após a incorporação de Navarra, formando o Estado Nacional Espanhol.

Para conseguir alcançar os mercados onde eram comercializadas as lucrativas especiarias orientais, na Índia, os espanhóis precisavam encontrar uma rota alternativa à dos portugueses. Para isso, os Reis Católicos contrataram o navegante genovês Cristóvão Colombo. Colombo afirmava ser possível chegar às Índias navegando para o Ocidente, pois sendo a Terra redonda, era possível realizar a sua circum-navegação. Com este argumento, Colombo convenceu os reis espanhóis, partindo em 03 de agosto de 1492, com sua expedição composta por uma nau e duas caravelas: Santa Maria, Pinta e Niña.

Navegando no sentido Oeste durante mais de dois meses e tendo que enfrentar um princípio de motim, Colombo avistou, em 12 de outubro de 1492, as Ilhas de Guanaani, depois batizadas de San Salvador. Apesar de achar que tinha chegado às Índias, Colombo havia atracado em um continente desconhecido pelos europeus. Inicialmente, eles chamaram o local recém-conhecido de Índias Ocidentais.

Colombo conseguiu chegar à Espanha para comunicar sua “descoberta” aos Reis Católicos, em 1493, voltando posteriormente em mais três viagens ao novo continente, explorando as ilhas do Caribe e a costa oriental da América Central.

O nome América só seria dado ao continente após as expedições do cartógrafo Américo Vespúcio. Seus estudos mostraram que se tratava de um novo continente, e não das Índias. Em sua homenagem, o novo continente foi batizado como América.

O encontro deste novo continente acirrou a rivalidade entre Portugal e Espanha pelas novas terras conhecidas, sendo necessária a intermediação da Igreja Católica na contenda. Frente a isso, foi assinado o Tratado de Tordesilhas, em 1494, dividindo o mundo ao meio, separando as terras que ficariam sob o domínio dos dois reinos.

Além de terem proporcionado a Colombo “descobrir” a América, as expedições marítimas espanholas indicaram também que a circum-navegação do globo terrestre era possível. Em 1522, Fernão de Magalhães conseguiu contornar o extremo sul da América, passando por um estreito que o levou às ilhas das Filipinas, através do oceano Pacífico. O estreito passou a se chamar Estreito de Magalhães, em sua homenagem.

Apesar de chegar ao Pacífico, Magalhães não conseguiu chegar à Espanha, morrendo no caminho. Mas outros participantes da expedição conseguiram, comprovando a teoria de Colombo de ser possível dar a volta na Terra, navegando no sentido Oeste.


Por Tales Pinto
Graduado em História

Aproveite para conferir nossa videoaula relacionada ao assunto:

Porque a Espanha se atrasou em relação a Portugal nas grandes navegações?

Vários motivos levaram a Espanha a esse "atraso" na busca de uma rota para o comércio de especiarias que não passasse pelo Mediterrâneo (controlado pelas cidades-estado de Gênova e Veneza), nem pela costa africana, conhecida pelos portugueses até o Cabo da Boa Esperança, no extremo sul do continente.

Porque a Espanha demorou tanto tempo para iniciar sua expansão marítima?

Outro motivo foi a unificação tardia dos reinos cristãos de Leão, Castela, Aragão e Navarra. O passo mais importante nessa direção foi dado somente em 1469, quando o casamento de Fernando de Aragão e Isabel de Castela deu origem ao Reino Católico de Fernando e Isabel, núcleo inicial do que viria a ser a Espanha.

Por que a Espanha se manteve alheia ao processo de expansão marítima até o final do século XV?

A Espanha manteve-se alheia a esse processo até, praticamente, o final do século XV. Isso ocorreu porque a nação espanhola, durante toda parte desse século, teve como grande prioridade garantir a expulsão dos mouros – o que foi concluído somente em 1492.

Como era a relação entre Portugal e Espanha durante o período das grandes navegações?

Como era a relação entre Portugal e Espanha durante esse processo? Apesar de nunca ter acontecido algum conflito direto, existia uma guerra diplomática entre as duas nações. Porém, tudo isso foi resolvido por meio de tratados.