Na terceira e na quarta estrofes são exploradas com mais intensidade as impressões

Projeto educacional: trabalhando com os sentidos

Curso: Pedagogia

Orientador: Professor Mestre Adenízio José Ferreira 

Aluna: Cláudia Esther Galan Levy

RA – 1706247

Trabalho de curso apresentado como requisito para aprovação na graduação em Pedagogia EAD, sob orientação do Prof. Mestre Adenízio José Ferreira.

Trabalho de curso apresentado como requisito para aprovação na graduação em Pedagogia EAD, avaliado conforme segue:

Conceito Final: 9.1

Unip Universidade Paulista - São Paulo, 2019. Pólo: Marquês

Dedicatória

Dedico o presente trabalho a todos os professores do curso, ao orientador do trabalho, aos meus familiares e amigos que contribuíram para a realização deste projeto.

Agradecimentos

Primeiramente, agradeço a todos os professores e orientadores do Curso de Pedagogia EAD da UNIP, além dos funcionários muito atenciosos do Polo Marquês. Especialmente agradeço a querida amiga Carla Caruso, cujo livro “Almanaque dos sentidos” foi o gancho inicial e principal para este Trabalho de Curso.

Finalmente, agradeço aos meus familiares, em especial minha mãe, que me apoiou e respeitou os meus momentos de estudo em casa, e a meu pai (in memoriam), que esteve em meus pensamentos nesses três anos de muita dedicação ao curso todo.

Epígrafe

“Os cinco sentidos humanos são as cinco portas de entrada para a sua casa, o seu corpo. Ao conhecer todos eles, você irá conhecer a si mesmo.” (Osho)

Resumo

O presente trabalho traz uma sugestão de projeto educacional com experiências teóricas, práticas e, especialmente, lúdicas, tendo como base principal os cinco sentidos: visão, olfato, tato, audição e paladar. Para tanto, será utilizado o livro “Almanaque dos sentidos” de Carla Caruso (Editora Moderna, 2009), que proporciona trabalhar com os cinco sentidos aproveitando-se da literatura, das ciências, das artes, dos jogos e das brincadeiras, além de experiências as quais a criança, possivelmente, vive em seu dia a dia, com todos os sentidos, e com atividades lúdicas fáceis de serem aplicadas no ambiente escolar. Neste trabalho de curso, a ideia é levar o conteúdo deste livro, bem como outras ideias que serão pesquisadas ao longo do desenvolvimento do texto, para a sala de aula, preferencialmente em turmas de 4º e 5º anos do Ensino Fundamental. Ao final, será feita uma breve avaliação prevendo o resultado deste projeto, aplicado em sala de aula, e os possíveis trabalhos que se poderiam ser apresentados em eventos culturais, oficinas práticas e brincadeiras.

Introdução

            A ideia de se trabalhar com os cinco sentidos com crianças não é novidade, mas as possiblidades são infinitas. Aqui, o objetivo principal é o de se criar um projeto com atividades possibilitando experiências já conhecidas, novas e muito pessoais com cada um dos sentidos.

           A forma como vemos, cheiramos, tocamos, ouvimos e sentimos sabores varia de pessoa para pessoa. O gosto de uma simples maçã é diferente para cada indivíduo, a contemplação de uma paisagem é uma experiência única. Não há explicação lógica para os sentidos na forma como eles são absorvidos, somente a explicação de como as sensações chegam até o corpo, mas dentro do corpo, tudo é individual.

           O presente trabalho irá basear-se no livro “Almanaque dos sentidos” de Carla Caruso para elaboração de um projeto escolar. Nas palavras da autora, os motivos que a levaram a criar o livro em questão seguem abaixo:

 Observando os livros didáticos do mercado editorial, percebi como a parte destinada aos cinco sentidos era muito “pobre”, sem realmente instigar a curiosidade do aluno. Daí que comecei a pesquisar o assunto e perceber que era possível fazer um livro inteiro só sobre os cinco sentidos. A sorte foi a aprovação de uma grande editora que me propôs um Almanaque, dada a variedade de textos que queríamos abordar: literário, informativo, didático. Dessa forma surgiu o livro “Almanaque dos sentidos”.

  Cada etapa será detalhada nas próximas páginas, abrindo novas possibilidades. A cada sentido, serão trazidos uma história, a fisiologia, os cuidados com os órgãos responsáveis pelo sentido, curiosidades e brincadeiras ou experiências para aguçar ainda mais a visão, o tato, o olfato, o paladar e a audição.

Capítulo I

Apresentando os sentidos

            O tema principal deste projeto educacional é o trabalho com os cinco sentidos em sala de aula (e até fora dela): visão, olfato, paladar, audição e tato. O objetivo é, além de proporcionar o conhecimento de alguns dos principais sistemas do corpo humano (boca, orelhas, nariz, olhos e pele), informar como uma imagem é projetada no cérebro, como o som chega até nossos ouvidos, como a boca percebe o sabor dos alimentos, quais os mecanismos que permitem o funcionamento do nariz e as diversas sensações por meio do tato.

           Na vida cotidiana, não se tem dado muita importância aos sentidos humanos. Dificilmente as pessoas param para ouvir o canto de um pássaro ou sentir um aroma diferente ou mesmo chamativo para abrir o apetite. Quem, hoje em dia, contempla uma paisagem ou um quadro de um artista famoso durante alguns minutos, quem dirá horas? São requintes que, muitas vezes, são tachados de “coisas de quem não tem nada mais útil para fazer”, pois na correria diária, quanto mais ocupada e atarefada uma pessoa estiver, mais importante ela é. Há uma briga de quem tem mais tarefas para cumprir, autovalorizar-se afirmando a todo instante que se está com a agenda cheia. Enquanto isso... a vida passa, as cores se vão, os pássaros cantam, uma música toca ao longe, o vento bate no rosto acariciando-o, o cheiro do pão francês fresquinho passa desapercebido. Mas não se pode chegar atrasado à reunião, as inúmeras mensagens no celular devem ser respondidas e o trânsito só atrapalha!

Então, por que se trabalhar com os sentidos? Justamente para resgatar a natureza humana que está sendo esquecida pelo avanço desenfreado da tecnologia e dos celulares. Muitas crianças não sabem descrever o cheiro de pipoca, ou o sabor do mel, o som de um tambor, o quão macia a pelagem de um gato... Tais sensações se perdem no tempo e no espaço, e, novamente, a vida passa sem ser percebida, notada, sentida.

O que o Dicionário Aurélio nos diz sobre a palavra “sentido”? Além de direção ou definição, significa: “aptidão para receber as impressões externas através dos órgãos sensoriais: os cinco sentidos; o sentido da visão” (Dicionário Aurélio). Como o corpo humano recebe as impressões externas? Impressões que, na maioria das vezes, passam despercebidas, e perder esses detalhes é, de certa forma, deixar de viver, de vivenciar experiências sensoriais únicas e particulares, e, porque não dizer, inesquecíveis.

Apresentando os cinco sentidos

Sabe-se que os cinco sentidos do corpo humano são a visão, o olfato, o paladar, o tato e a audição. Cada um deles possui um órgão responsável por receber as sensações e enviá-las para o sistema nervoso central, o cérebro. Resumidamente, a visão é percebida pelos olhos; o olfato, pelo nariz; o paladar, pela boca e língua; o tato é percebido pelo contato com a pele, o toque; e, por último, a audição, pelos ouvidos. O cérebro recebe as informações sensoriais e processa uma reação agradável ou de repulsa.

Sobre a visão, Carla Caruso, no livro “Almanaque dos sentidos”, define a fisiologia dos olhos:

Como enxergamos?

Ao abrir os olhos e encontrar o mundo iluminado, você pode enxergar. E isso depende da luz, do bom funcionamento dos olhos e da região do cérebro que comanda a visão.

Pálpebra e cílios

A pálpebra protege os olhos da poeira e de muitos agentes externos que podem incomodar e machucar os olhos. Os cílios, pequenos pelos que ficam na extremidade da pálpebra, também têm essa função. Quando você pisca, isto é, faz o movimento de abaixar e levantar rapidamente a pálpebra, está lubrificando os olhos com a lágrima.

A lágrima dos olhos vem da glândula lacrimal, que funciona o tempo todo e não apenas quando você chora. Na hora do choro, a quantidade de lágrimas é bem maior do que num simples piscar de olhos. Para que os olhos estejam saudáveis, devem permanecer sempre úmidos.

Íris e pupila

A íris, a parte colorida do olho, possui um músculo que contrai e se dilata, dependendo da quantidade de luz que entra no olho. Pode-se perceber esse movimento pelo tamanho da pupila, o orifício preto no centro da íris, chamada também de menina dos olhos. Quando um ambiente está muito iluminado, a íris faz a pupila se fechar, já quando um ambiente tem pouca luz, faz a pupila aumentar (CARUSO, Carla. Almanaque dos sentidos, pág. 14 e 15).

Sobre a olfato, a autora define a forma como sentimos os cheiros com as palavras abaixo:

Sentir o cheiro de alguma coisa depende das moléculas de odor que flutuam no ar e entram pelo nariz.

Todos os cheiros que sentimos vêm de partículas odoríferas liberadas pelos objetos. Por isso, podemos sentir o aroma de um pão, da carne crua ou cozida, do couro de um sapato. Para captar e reconhecer os cheiros, essas partículas devem entrar na cavidade nasal e atingir o bulbo olfatório, onde células receptoras com microscópicos cílios detectam as moléculas de odor e enviam um sinal pelo nervo olfatório para o cérebro, que identifica o cheiro. Cada célula receptora possui seis cílios. Nos cães, esse número aumenta para 100! É por isso que o olfato desses animais é muito mais apurado que o nosso (CARUSO, Carla. Almanaque dos sentidos, pág. 36).

A fisiologia do paladar segue abaixo, retirada do livro “Almanaque dos sentidos”, de Carla Caruso:

Para sentir o gosto e saborear bem os alimentos, dois sentidos são fundamentais: o paladar e o olfato. O paladar sente os quatro sabores: doce, amargo, azedo e salgado. E o olfato completa a percepção do sabor, sentindo o aroma dos alimentos. As partículas do odor vão se desprendendo da comida à medida que se dissolvem na boca pela mastigação e pela saliva.

A língua e muitas partes da boca, como a garganta, a faringe, a laringe, a epiglote e o palato mole possuem botões gustatórios no interior dos quais ficam as células que têm a função de perceber o sabor. Na língua, esses botões se agrupam em papilas gustatórias (pequenas bolinhas ou elevações na superfície da língua).

As células dos botões gustatórios possuem receptores e enviam sinais ao cérebro por meio de fibras nervosas. Dessa maneira, o cérebro identifica os diferentes sabores (CARUSO, Carla. Almanaque dos sentidos, pág. 54).

No livro “Almanaque dos sentidos”, pode-se encontrar a seguinte explicação para o sentido da audição:

Os sons que escutamos são vibrações. Os seres vivos, por exemplo, movem-se produzindo essas vibrações. As asinhas do besouro batem porque ele precisa se movimentar. E nesse movimento, agita as moléculas de ar ao seu redor que se expandem em ondas sonoras, podendo chegar aos nossos ouvidos (...).

As ondas sonoras são invisíveis. Se pudéssemos vê-las, seriam semelhantes aos círculos que se abrem na água quando jogamos uma pedrinha. O movimento dessas ondas muda para cada tipo de som, devido à sua intensidade (CARUSO, Carla. Almanaque dos sentidos, pág. 68).

E por fim, pode-se ler nas páginas do livro de Carla Caruso, as seguintes linhas sobre o tato:

Para sentir e identificar o que nos cerca pelo tato, precisamos tocar algo ou alguém ou sermos tocados. Na pele existem entre 2 milhões e 10 milhões de receptores que enviam informações ao cérebro. Esses receptores táteis são células nervosas e podem ser de vários tipos, tendo diferentes funções de percepção. Veja algumas delas:

·        detectam a velocidade do estímulo

·        percebem a textura (áspero ou liso)

·        sentem movimentos de objetos na superfície do corpo

·        sentem as diferenças de temperatura

·        sentem dor (a picada de uma abelha)

·        captam a pressão (um abraço, um aperto de mão)

Com todos esses sensores, estamos com o corpo sempre alerta e receptivo às diversas sensações que vivemos (CARUSO, Carla. Almanaque dos sentidos, pág. 87).

Por que trabalhar com os cinco sentidos em sala de aula

Em vista das dificuldades que são encontradas em sala de aula em diversos aspectos, como cognitivo, motor, social, comportamental, este projeto visa a auxiliar na melhoria do processo ensino-aprendizagem. Pensando em crianças, a priori, do 4º ou 5º ano do Ensino Fundamental, como público alvo, é que este projeto foi desenvolvido.

Na idade entre 9 e 11 anos, tem-se o desenvolvimento psicossocial, isto é, o desenvolvimento do “eu”, marcado pelo autoconhecimento cada vez mais abstrato e focado nas qualidades internas do indivíduo. Tal fato significa que o conhecimento de si mesmo é muito mais amplo e abrangente, e uma relação saudável e pautada em novas descobertas dos cinco sentidos ajudam muito nessa etapa.

É nessa fase também que as crianças passam mais tempo com os coleguinhas da escola e buscam novas descobertas, novas experiências, contam histórias, novidades e até fofocas. Descobrem mais sobre o corpo, sobre a dor física em alguma brincadeira de pega-pega, ou o mundo do tato com brinquedos cada vez mais complexos e menores. As crianças, nessa fase, aprendem a cuidar mais de suas coisas, apreciar e até invejar o que é do outro, num conflito de sentimentos, já preparando-se para a adolescência.

Portanto, ter tempo e espaço para se trabalhar com os cinco sentidos nessa fase é, talvez, mais importante do que na primeira infância, quando ainda é apenas sentido, como sensação, porém sem sentido (cognitivo). Brincadeiras que abordam o tato de olhos vendados, cheiros, sons e até sabores são muito bem-vindas, principalmente com a geração atual que está muito conectada em smart phones e trabalha muito pouco com os sentidos.

Ter a oportunidade de se ouvir sons de vários instrumentos musicais, vozes dos colegas, dos professores, tons de voz expressando emoção (alegria, raiva, tristeza, nojo), barulhos urbanos, sons escolares (uma cadeira arrastando, uma porta se abrindo, o giz na lousa, uma página sendo virada), os cheiros da cantina, das bolas, do jardim, cheiro de borracha e, porque não, do banheiro. Perceber, de olhos vendados, a qual coleguinha pertence determinada mão. A gama de oportunidades é infinita, e percebendo a si mesmo e ao mundo ao redor, usando e abusando dos cinco sentidos, é assertivo que trará resultados positivos para o desempenho escolar e também nas relações sociais dentro e fora da escola.

Capítulo II

O projeto

Organização do projeto

O projeto será organizado em cinco etapas, uma para cada sentido, a saber:

Etapa 1 - Visão

Etapa 2 – Olfato

Etapa 3 – Paladar

Etapa 4 – Audição

Etapa 5 – Tato

Etapa 1 - Visão

A primeira ideia é apresentar aos alunos um conto sobre a visão, no caso, e a sugestão é um texto que fale da personagem da Mitologia Grega, a Medusa.

A Medusa era a mais bela das górgonas, porém a mais trágica e que mantinha pensamentos negativos e pessimistas. Ela é o símbolo da mulher rejeitada, pois foi abandonada ao se deitar com o Deus Posseidon. Atena jogou uma maldição em Medusa, transformando-a em um monstro de cabelos feitos de serpentes, sangue venenoso e um olhar que petrificava qualquer criatura. Morreu decapitada pelo esperto Perseu que a enfrentou pelo reflexo de seu escudo. Há várias versões dessa história e facilmente pode-se adaptá-la a uma sala de 4º ou 5º ano.

           Na sequência, serão apresentadas curiosidades sobre a visão, como por exemplo a sensação ao abrir os olhos logo ao acordar, as brincadeiras de enxergar pelas gotas da chuva, os formatos das nuvens, das sombras, além de tentar ver no escuro. Tudo com a participação dos alunos, contando suas experiências, ou proporcionando vivências em sala de aula.

           Outra questão que pode ser trabalhada com bastante dedicação é a imaginação ou a memória fotográfica, e ainda alguns sinais visuais que nossa mente interpreta quase que naturalmente, como o sinal de “pare” ou simplesmente a luz vermelha, uma expressão facial; questionar às crianças o que significa ver, ao abrir a janela, um dia chuvoso (levar o guarda-chuva, por exemplo) e inúmeras possibilidades. Com a imaginação, pode-se trabalhar com figuras inexistentes, como por exemplo uma vaca-morcego, um camelo-avião e aqui pode-se solicitar até que as crianças criem desenhos.

           O professor tem a possibilidade de trabalhar com diversos pontos de vista, como a diferença (apresentada por imagens em telão) entre sobrevoar uma floresta cortada por um rio enorme, ou navegar por este rio e ainda andar pela floresta a pé. Perguntar aos alunos o que muda na visão destas três paisagens que, na verdade, compõem a mesma, mas vista de formas diferentes, como um zoom.

           Pode-se também mostrar que nem todas as imagens precisam ser representadas da mesma forma, aí entra-se com quadros de Pablo Picasso, Tarsila do Amaral e outros artistas que possuem um olhar diferenciado, demonstrando que as crianças também podem estar abertas a representar o mundo da forma que desejarem, na livre expressão artística.

           Se o professor desejar, pode entrar mais a fundo na fisiologia do olho, explicando mais detalhadamente sobre como uma imagem é recebida e enviada ao cérebro, e ainda explicar o que são as deficiências da visão (miopia, astigmatismo, hipermetropia, daltonismo e cegueira). Também é importante falar sobre os cuidados com a visão, os alimentos que ajudam, aqueles ricos em vitamina A, evitar brincadeiras com objetos pontudos, produtos químicos e até com o sol.

           Por último, serão aplicadas oficinas de ilusão de ótica, e experiências com a visão, como por exemplo, a construção de um caleidoscópio ou de uma câmara escura, sempre utilizando materiais recicláveis e com uma produção não muito complexa.

Etapa 2 - Olfato

O conto sugerido é “A moura torta” de Câmara Cascudo, que é sobre a história de um príncipe que, na época de se casar, resolve viajar pelo mundo.

Antes de sair em sua aventura, o príncipe ganha de uma velhinha três laranjas, as quais só deve abrir quando encontrar água corrente por perto. Mas claro que o rapaz não segue esta regra, pelo menos nas duas primeiras laranjas, e as duas mulheres que aparecem somem sem deixar vestígio. Na terceira laranja, o príncipe segue a regra de abri-la perto de um rio e aparece uma bela mulher. A invejosa Moura Torta transforma esta moça numa rolinha e finge ser a moça da laranja para o príncipe. Mas sempre que a rolinha voa perto do príncipe, ele sente o cheiro de flor de laranjeira e, desconfiado da mudança repentina na aparência da moça, o feitiço se desfaz e eles vivem felizes para sempre.

O sentido do olfato pode ser facilmente trabalhado com brincadeiras de cheirar, mas primeiro é bom trabalhar com a imaginação das crianças e pedir que elas descrevam alguns aromas de seu cotidiano. Depois pode-se fazer uma brincadeira de ir à caça de cheiros pela escola.

Os alunos irão descobrir que cada um tem um cheiro característico, mas cuidado para não constranger as crianças.

Com alimentos, o trabalho do olfato é infinito! Há também os cheiros da cidade, os avisos que o cérebro detecta com determinados aromas, por exemplo o cheiro de queimado ou o cheiro de gás.

Explicar a fisiologia do nariz pode ser mais que interessante, pois além de detalhar o funcionamento deste órgão, irá esclarecer dúvidas sobre o espirro, a rinite e as melhores maneiras de se proteger as narinas.

As crianças adoram estatísticas, por exemplo, diferenciar o olfato humano de alguns animais, ou ainda as curiosidades sobre como certos bichos cheiram: a cobra pela língua, as antenas dos insetos, e ainda o uso do cheiro como defesa contra predadores, como é o caso do gambá.

Etapa 3 – Paladar

Introduzindo a história sugerida “Simbad, o marujo” (“As mil e uma noites”) que é sobre dois homens com o mesmo nome, sendo um rico e aventureiro marujo, e o outro apenas um carregador pobre. Até que um dia, o Simbad rico resolve convidar o Simbad pobre para comer em sua casa e explicar que tudo o que possuía era fruto de um árduo trabalho e também de muitas aventuras. E assim, todos os dias, Simbad, o carregador, ia à mansão de Simbad, o marujo, para degustar as mais deliciosas refeições e ouvir histórias incríveis.

O sentido do paladar também pode render muitas experiências criativas com crianças, como por exemplo sentir o sabor de diversas frutas. Mas antes, é importante para os alunos saberem que logo ao nascer, a primeira experiência de um bebê é com a boca, ao mamar o colostro, o primeiro leite materno. E ainda bebês, há muitas experiências com a boca, na fase oral, segundo Freud.

Antes de se trabalhar com o paladar nas escolas, é primordial saber sobre as intolerâncias alimentares de cada aluno, por exemplo ao leite, ao açúcar, alergias a algumas frutas. Esta pesquisa prévia deve ser feita com os pais para que não haja desconfortos futuros. Sabendo disso, basta explorar este sentido com os sabores, as texturas, a temperatura, e, ao fim, unir com o olfato, pois estes dois sentidos estão muito ligados.

Pode-se fazer um trabalho sobre as comidas típicas das regiões brasileiras e do mundo, os doces, as frutas diferentes, os costumes e culturas de cada povo, como curiosidade ou mesmo como uma pesquisa solicitada às crianças.

Os cuidados com a boca são muito importantes e precisam ser explicados passo a passo, o escovar corretamente os dentes, os cuidados com a língua, como cuidar do aparelho fixo ou do móvel (importância da higiene), os cuidados com a garganta.

Uma ótima dica de trabalhos com as crianças é criar uma horta de temperos, e ainda promover aulas simples de culinária. E nessa hora aproveitar para explicar os alimentos mais e menos saudáveis. Por último, seria interessante falar um pouco e até propor uma pesquisa sobre a alimentação dos animais.

Etapa 4 – Audição

A sugestão para o conto inicial do sentido da audição é “Laila e as bruxas do castelo obscuro”.

Laila era uma princesa que logo faria 10 anos e, como era uma menina simples e que gostava de brincar nas ruas fora do castelo, desejou que sua festa de aniversário fosse fora dos muros de sua enorme casa. Enquanto se divertia com seus amigos, chegaram três bruxas disfarçadas, cada uma com um presente: a primeira deu a Laila uma caixa azul onde dentro estavam todos os sons do reino e de repente tudo ficou silencioso. Na segunda caixa, a verde, a outra bruxa havia colocado o sol que roubou do céu, e tudo ficou escuro. A terceira e última bruxa cantou uma música que deixou todos os habitantes do reino com sono. Até que aparece uma fadinha para ajudar Laila que não estava entendendo nada e as duas tramam um plano para enganar as três bruxas. O plano era fazê-las cantar e hipnotizá-las a si mesmas para que Laila e a fada pudessem abrir as caixas e voltar tudo ao normal.

A audição é um dos sentidos mais divertidos para se trabalhar com crianças, pois elas adoram, por exemplo, a brincadeira “gato mia”, onde, numa sala escura, elas têm de adivinhar de onde vem o som das crianças imitando o gatinho miando e ir até o seu encontro.

Um bom jeito de se começar este momento com o sentido da audição é ouvir os sons do próprio corpo, como o coração. Depois pode-se trabalhar com os sons da sala, da escola, as diferenças das vozes e até os tons de voz.

O trabalho com onomatopeias também pode ser ricamente explorado, trabalhando-se com histórias em quadrinhos, por exemplo. Outra dica é o som dos animais, dos instrumentos musicais, de uma feira de rua, diferenciar os sons do trânsito e da natureza e assim por diante.

Os cuidados com as orelhas devem ser detalhadamente explicados, principalmente nesta fase que muitas crianças adoram ouvir música alta com fones de ouvido. Vale uma aula prática para explicar sobre os decibéis. O professor pode também trabalhar com a linguagem de sinais, tema que rende muitas aulas. Leitura de lábios também é interessante.

Finalmente, experiências com os sons, como a criação do telefone de lata, o apito de papel ou música com copos de água. É muito válida a criação de instrumentos musicais com sucata para explorar ainda mais os sons. As crianças podem pesquisar qual é o maior barulho do mundo, ou o local onde não se tem som nenhum, Será que existe? Como explicar o eco, e ainda a comunicação curiosa de alguns animais.

Etapa 5 – Tato

“Couro de piolho” (Câmara Cascudo) é uma boa sugestão para iniciar o trabalho com o tato.

Nesta história uma princesa encontra um piolho e o cria dentro de uma caixinha, até que ele cresce muito e seu pai resolve fabricar uma cadeira com o couro do pilho. Em seguida ele lança um desafio a todo o reino: aquele que descobrisse do que era feito o couro da cadeira se casaria com a princesa. Muitos pretendentes foram chegando ao castelo, até que um rapaz muito desengonçado chamado João, e que nem passou a mão na cadeira, acertou! A princesa ficou desconfiada e lançou outro desafio: cuidar de cem coelhos ao mesmo tempo. E o João se deu bem. No fim os dois se casaram e viveram felizes para sempre.

Assim como todos os outros sentidos, há a possibilidade de se trabalhar com a imaginação das crianças, como por exemplo pedir para que elas descrevam como é a sensação de tocar a areia da praia, ou como é sentir a água gelada do mar na pele quente do sol, e ainda o que elas sentem quando alguém lhes faz cócegas.

Brincadeiras com os olhos vendados são muito bem-vindas para se trabalhar com texturas e formas, basta montar uma caixa de papelão onde a criança coloque uma das mãos ou as duas e tente descobrir o que há ali dentro. O professor pode até fazer uma brincadeira de tato utilizando os pés, ao invés das mãos. Experiências com tintas, água, terra também rendem momentos criativos.

É importante falar sobre prazer (carinho) e dor (machucados, picadas de insetos, queimaduras). Os cuidados com a pele também têm de ser um assunto abordado.

Solicitar uma pesquisa sobre trabalhos manuais e artesanais e propor atividades com argila, massinha de modelar, bisquit e terra ou barro. Os alunos também podem pesquisar sobre o sentido do tato em animais, curiosidades sobre este sentido e a proteção de peles, pelos e penas.

Capítulo III

Detalhamento do projeto

A seguir, apresenta-se um cronograma completo para o projeto educacional “Trabalhando com os sentidos”, lembrando que tal proposta baseia-se no livro “Almanaque dos sentidos” de Carla Caruso.

Primeiro sentido - Visão

Aula 1

O professor inicia um bate-papo sobre a visão, instigando, questionando os alunos sobre este sentido. Em seguida apresenta a leitura de um texto adaptado sobre Perseu e a Medusa. No livro de Carla Caruso temos uma adaptação da própria autora. Segue um trecho da história:

(...) Uma das greias estava com o brilhante e penetrante olho no meio do rosto, e conduzia as outras duas pelo bosque. De repente, as três começaram a brigar. (...) O olho caiu no chão e rolou até os pés de Perseu. As greias, não enxergando nada, ficaram desesperadas (...) Perseu ganhou uma capa da invisibilidade e foi alertado a não olhar diretamente nos olhos de Medusa, senão viraria pedra (CARUSO, Carla. Almanaque dos sentidos. Pg. 8).

Depois de ler todo o conto, o professor irá novamente perguntar aos alunos como é a sensação ao se abrir os olhos logo cedo. Sabe-se que pode ser difícil às crianças lembrarem desta sensação, então o professor pode sugerir uma breve experiência na própria sala, apagando a luz e propondo que cada um feche os olhos por alguns minutos. Em seguida, cada um pode relatar o que sentiu, ou melhor, o que viu ao abrir os olhos.

Algumas brincadeiras com a visão podem ocorrer nesta primeira aula, como olhar através de gotas de água e perceber que as imagens ficam invertidas. As crianças podem olhar através de plásticos coloridos, ou garrafas e potes coloridos, transparentes e com várias texturas. É importante que cada aluno descreva suas sensações.

Aula 2

Faça mais uma experiência interativa com os alunos. Peça para que todos fechem os olhos e imaginem, por exemplo, “uma bola azul e branca, ou um passarinho de peito amarelo, a ilustração de um unicórnio branco com um chifre colorido” (CARUSO, Carla. Almanaque dos sentidos. Pg. 10). Explique que este é outro tipo de ver, ver para dentro, a imaginação ou a lembrança, e que este tipo de visão pode ir mais longe imaginando coisas ou animais que não existem, como “uma vaca-morcego, um camelo-avião, um trem-cobra” (CARUSO, Carla. Almanaque dos sentidos. Pg. 13).

Se for possível, traga para a sala uma luneta ou um binóculo, ou ainda um microscópio para explicar a expressão “a olho nu”. O professor pode utilizar imagens de uma floresta vista do céu, depois vista do barco passeando pelo rio e de uma trilha no meio da mata para exemplificar os diferentes pontos de vista.

Carla Caruso sugere algumas experiências com sinais que já são conhecidos no cotidiano e que, ao serem visualizados, enviam uma mensagem para o cérebro que comanda uma atitude ou reação imediata a todo corpo, como o trecho a seguir:

Homenzinho vermelho: fique onde está.

Homenzinho verde: pode atravessar.

Cocô de cachorro: não pisar

Fumaça: pode ser fogo.

Rua esburacada: andar com cuidado.

Ondas enormes no mar: não ir muito fundo.

Nuvens densas e escuras no céu: guarda-chuva.

Fila no banco: espera.

Crianças na rua sem nada: abandono.

Perguntas na prova: responda.

Dia de sol na praia: banhos de mar refrescantes.

Favela ao lado de prédio bonito: desigualdade.

Manga madura: comer.

Manga verde: esperar.

(CARUSO, Carla. Almanaque dos sentidos. Pg. 12)

Aula 3

Agora é interessante trabalhar um pouco com desenhos. O professor pode ler um trecho simples de alguma história, e pedir que os alunos desenhem logo em seguida. Por exemplo: “O tatu cava um buraco à procura de uma lebre, quando sai para se coçar, já está em Porto Alegre.” (Trecho do poema “O buraco do tatu”, do livro Boi da cara preta, de Sérgio Capparelli L&PM, Porto Alegre).

O professor pode ainda mostrar imagens de um personagem bastante conhecido, como a Cuca, do Sítio do Pica-pau-amarelo, por exemplo, representada de diversas formas, e pedir aos alunos que a desenhem como quiserem.

Aula 4

Nesta aula, cabe um trabalho interdisciplinar com a professora de Ciências que poderá explicar a fisiologia dos olhos. Como enxergamos, qual a função das sobrancelhas, pupilas, pálpebras, íris, cílios, retina, nervo ótico. Em seguida, é importante explicar os cuidados que deve-se tomar com a visão, falando sobre os alimentos ricos em vitamina A, como a beterraba, a cenoura, o leite, os ovos etc.; bem como “evitar brincadeiras com objetos pontiagudos e tomar muito cuidado com produtos químicos” (CARUSO, Carla. Almanaque dos sentidos. Pg. 16).

Nos dias atuais, é imprescindível explicar os males que muito tempo à frente da TV, celular ou computador podem causar à visão. E que, em se tratando de estudos, é sempre bom enfatizar a importância de se ter em casa um local bem iluminado para leitura e lição de casa.

Aula 5

O professor pode destacar alguns alunos da sala que usam óculos e explicar porque algumas pessoas precisam deste acessório.

Porque elas têm problemas de visão. Mas isso não significa que seja uma doença. Por exemplo, dois problemas bem comuns são a miopia e a hipermetropia. Na miopia a pessoa não enxerga bem de longe, e na hipermetropia, de perto. (CARUSO, Carla. Almanaque dos sentidos. Pg. 17).

Em seguida o professor pode pegar este gancho e falar sobre daltonismo e os deficientes visuais. Se houver a possibilidade, fazer uma experiência prática com os alunos, vendando-os e os levando para passear pela escola. Praticar esportes, como uma experiência simples de chutar uma bola com os olhos vendados, também pode ser interessante, e ainda desenhar na lousa com os olhos vendados. Ainda mais instigante seria levar um livro em braile para as crianças observarem e manusearem.

Aula 6

           Esta será uma aula de artes, onde os alunos podem confeccionar, ficando a critério do professor e conforme a disponibilidade de materiais na escola, um caleidoscópio ou uma câmara escura. O professor também pode demonstrar no telão, depois de prévia pesquisa, algumas imagens para que proporcionam a ilusão de óptica.

Aula 7

           Para fechar este módulo sobre a visão, a sugestão é de se trabalhar com curiosidades sobre o sentido da visão. A seguir alguns exemplos:

A luz do Sol parece branca, mas não é. Ela tem sete cores que podemos ver quando surge um arco-íris no céu: vermelho, alaranjado, amarelo, verde, azul, anil e violeta. Num dia de sol, antes ou depois da chuva, surge o arco-íris. É que as gotículas de água que ficam na atmosfera filtram e decompõem a luz em suas sete cores.” (CARUSO, Carla. Almanaque dos sentidos. Pg. 24).

Além desta, a autora sugere curiosidade como quando surgiu o primeiro espelho, e algumas características interessantes sobre a visão de alguns animais, como a águia, a coruja, a visão noturna do gato e de certos insetos. Mas o professor tem total liberdade, inclusive propor uma pesquisa aos alunos sobre este assunto, que certamente o resultado será muito interessante.

Segundo sentido - Olfato

Aula 1

O professor pode instigar os alunos a falar sobre os cheiros que cada um conhece, aqueles mais agradáveis e aqueles nem tanto, tentando descrevê-los. O texto sugerido para leitura introdutória é “A moura torta”, de Câmara Cascudo. Abaixo, segue um trecho:

De repente, sentiu um ar úmido em seu nariz e, enfim, encontrou um enorme rio. Desceu do cavalo, pegou sua faca e abriu a terceira laranja. As cascas tombaram uma de cada lado e um aroma maravilhoso de flor de laranjeira envolveu o príncipe. (CARUSO, Carla. Almanaque dos sentidos. Pg. 30).

Terminada a leitura, os alunos podem comentar qual a relação do conto com o sentido do olfato e o professor pode questioná-los sobre o cheiro da flor de laranjeira. Em seguida, pode-se fazer um jogo sobre a descrição de vários cheiros como o de uma sapataria, um açougue, uma padaria ou o cheiro de cinema. Existem cheiros muito ruins e outros muito bons e que até acalmam, pergunte aos alunos se eles sabem. Também é interessante questioná-los sobre quais cheiros eles estão sentindo neste momento.

Aula 2

           Na segunda aula sugerida sobre o olfato, saia pela escola “caçando cheiros” diferentes, cheiro de cadeira, de livro, de borracha; cheiro da sala de aula, das lancheiras. Pergunte se a sensação é boa. Perto da hora do almoço, é interessante perguntar se o cheiro da comida está bom, ou na hora do lanche, os pães de queijo assando.

           Cada aluno pode cheirar a si próprio, em uma oportunidade de se autoconhecer. Cabelos, roupas, pele e até os sapatos. Algumas gozações podem surgir e o professor deve estar atento. Sentindo que o clima está favorável, pode até sugerir que cada colega cheire o outro.

           O professor pode trazer temas sobre cheiros mais desagradáveis, como a poluição, comida estragada e até pum. Questionar os cheiros de sua cidade e até de sua casa, principalmente se há animais de estimação. Deixar que os alunos participem livremente deste bate-papo.

Aula 3

           Os cheiros também são uma forma de comunicação, por exemplo, cheiro de fumaça ou de queimado, e ainda cheiro de gás. São sinais de alerta ou de perigo que não podem ser ignorados.

           Peça para os alunos imaginarem e descreveram alguns aromas, como o de café, bolo de fubá, milho cozido, chocolate, pão fresquinho, pipoca, queijo derretido. Se houver a oportunidade, o professor pode trazer algumas frutas ou plantas para que os alunos sintam o cheiro, de olhos vendados, e tentem descobrir de qual é. Sempre tomando cuidado com alergias ou cheiros muito fortes e desagradáveis.

           Usar a imaginação é uma ótima dica que a autora do livro que está sendo trabalhado nesta monografia sugere a seguir:

Cheiro de canguru depois da chuva.

Cheiro da pinta marrom da girafa.

Cheiro de repolho podre com limão.

Cheiro de estrela cadente.

Cheiro do Saara à noite.

Cheiro de brisa da primavera.

Cheiro da Mata Atlântica no outono.

Cheiro de pum de rato com xixi de porco.

Cheiro de lagartixa escondida.

Cheiro de... (agora é a sua vez!) (CARUSO, Carla. Almanaque dos sentidos. Pg. 35).

Aula 4

           O convite para a participação da professora ou professor de Ciências está feito e agora pode ser uma boa hora para explicar a fisiologia do nariz. O que é bulbo olfatório, cavidade nasal, narina; como ocorrem os espirros. E o tema pode seguir com a saúde do nariz, como protegê-lo, como entender as alergias, como evitar um resfriado.

           Aproveite para explicar o que é “anosmia”, o nome que se dá à deficiência de uma pessoa que não sente cheiro de nada e às vezes até o sabor.

Aula 5

           Para a aula de artes, o professor pode trazer novamente algumas frutas e deixar que as crianças abram-nas, descasquem-nas e até misturem umas com as outras para entrar num mundo infinito e totalmente novo de aromas. Flores também são bem-vindas e algumas ervas, como hortelã, erva-doce, salsinha, cebolinha etc.

           Passe uma atividade para as crianças fazerem em casa, anotarem os cheiros que sentem durante um dia inteiro, desde acordarem até dormirem. Pesquisas e interações sempre geram o empenho, despertam a curiosidade e tornam a aprendizagem muito mais significativa, O professor deve explorar ao máximo essas oportunidades.

Aula 6

Fechando esta etapa sobre o olfato, apresente curiosidades como o perfume mais famoso do mundo, como funcionam os incensos, o filtro de ar, como são feitos os perfumes em laboratórios.

O professor pode introduzir o tema sobre o olfato nos animais, mas será mais interessante solicitar uma pesquisa aos alunos, que irão descobrir coisas incríveis sobre, por exemplo, o potente olfato dos cães e o mecanismo de defesa dos gambás.

Terceiro sentido - Paladar

Aula 1

O professor deve conversar abertamente com os alunos sobre os diversos sabores que eles conhecem, aqueles que agradam mais e quais cada um aprecia menos. Em seguida, pode-se apresentar o texto sugerido por Carla Caruso no seu livro “Almanaque dos sentidos”: Simbad, o marujo.

– Aproxime-se, jovem Simbad, e sirva-se do que bem desejar – disse o velho Simbad.

O jovem sentou-se, tremendo, mas diante de tantas iguarias, ficou inebriado e começou a comer os pistaches crocantes, as azeitonas pretas bem salgadas, os picles adocicados, as amências descascadas, as avelãs, o grão-de-bico assado, a coalhada seca. Deliciou-se com as carnes tão macias. Por fim, frutas suculentas, pastéis almiscarados recheados de doce, bolos, bolinhos de chuva. (CARUSO, Carla. Almanaque dos sentidos. Pg. 48).

Após a leitura do conto, do clássico “As mil e uma noites”, o professor pode fazer seus comentários e instigar os alunos também a se manifestarem com relação ao tema que é o sentido do paladar.

O professor também pode fazer algumas brincadeiras usando e abusando da imaginação e da lembrança das crianças, por exemplo, descrevendo o sabor de uma maçã. E pode seguir com este jogo, descrevendo outras frutas. Os alunos também podem, e devem, participar.

Aula 2

Esta aula pode ser iniciada com as primeiras experiências de um bebê ao nascer que são quase que totalmente sensoriais e focadas no paladar: o primeiro leite, o colostro, é um bom exemplo. Explique que mamando, o bebê “começa a trabalhar com a língua, sentindo o calor e a textura do seio e o gosto do alimento” (CARUSO, Carla. Almanaque dos sentidos. Pg. 50).

O professor pode propor, depois de prévia pesquisa sobre intolerâncias e restrições alimentares de alguns alunos, uma experiência com o paladar, vendando os olhos e oferecendo alguns alimentos e bebidas. Uma dica simples é dar água pura para a criança e em seguida um pouco de água com gás. Dificilmente ela dirá que é água gaseificada, pois o sabor com os olhos vendados, se não influenciado pelo olfato (lembrando que a água é inodora), remete à água com sal. Alguns sabores mudam muito quando não se pode ver o alimento e esta pode ser uma brincadeira muito rica e ótima para explorar o sentido do paladar. Pode-se trabalhar com quente e frio, doce e salgado, azedo e amargo etc.

É importante fazer uma lista dos alimentos ou bebidas que podem ser trabalhados nesta aula para que não haja problemas futuros.

Aula 3

Aqui o professor pode propor aos alunos uma pesquisa sobre as comidas do mundo, aquelas mais exóticas. Certamente eles farão descobertas extremamente interessantes, tornando a aprendizagem bastante significativa.

Outra ideia de pesquisa é sobre as pessoas que trabalham com o paladar, aquelas que experimentam e classificam as melhores comidas, o sorvete mais gostoso, o pastel mais famoso, a pizza mais crocante. A escola pode até providenciar uma pessoa nesta área para uma aula expositiva.

Aula 4

Na aula de fisiologia, promovendo a interdisciplinaridade com o professor de Ciências, pode também haver uma explicação detalhada sobre alimentação saudável. Nesta idade, percebe-se claramente que os alunos adoram comer alimentos industrializados. As lancheiras das crianças são, muitas vezes, preparadas com pacotes de bolacha, suco de caixinha, pois é mais prático para os pais que, é quase certo, estão sempre muito atarefados. Raramente há algum tipo de fruta no lanche dos alunos.

Está aí uma oportunidade também de pesquisa: os alimentos que contém mais sódio, ou mais açúcar, quais os males que estes alimentos fazem ao organismo e inúmeras outras ideias.

Também pode-se falar sobre a saúde da boca, dos dentes, principalmente; da higienização dos alimentos, das mãos e do local onde se come.

Aula 5

Que tal agora, com apoio da escola, propor uma aula de culinária? Organize com a coordenação da escola qual o alimento mais viável, não muito complexo e que possa ser feito no espaço escolar de forma simples e interativa, e, claro, que depois todos possam experimentar.

Aula 6

Uma aula sobre curiosidades acerca do paladar, na proposta de Carla Caruso: porque gostamos mais de comida quente e como o homem descobriu o fogo é um bom começo. Questione os alunos sobre o porquê de alguns alimentos industrializados serem tão crocantes, como as batatas chips, ou ainda uma pesquisa sobre a alimentação dos animais, quais são carnívoros, quais são herbívoros, ou onívoros.

O professor pode finalizar com alguns personagens que tem muita ligação com o paladar, por exemplo a Magali, da Turma da Mônica, e o Marinheiro Popeye.

Quarto sentido - Audição

Aula 1

           Inicie a aula pedindo que as crianças fechem os olhos e prestem atenção aos sons da escola. Depois peça que algumas delas descrevam esta sensação e qual foi o som que cada uma ouviu. Se era um som agradável ou não, se estava longe ou perto. Explique que os sons podem ser benéficos ou maléficos, podem ajudar ou atrapalhar na concentração dos estudos. Questione os alunos sobre isso, pode ser um bom momento para descobrir se sua sala é ou não barulhenta, ou qual aluno possui mais dificuldade de concentração.

           Em seguida, inicie a leitura do conto sugerido “Laila e as bruxas do castelo obscuro”. Veja um trecho abaixo:

– Laila, você está sob efeito de bruxaria: as palavras enfeitiçadas de Agatha entram por seu ouvido, Citrila faz sua trança com fios do esquecimento, e Safira canta uma música que hipnotiza.

Laila escutou atentamente as palavras da fadinha e depois foi corando até ficar vermelha de raiva. Gritou:

– Malditas!

– Calma, eu vou te ajudar – disse a fadinha, tirando do bolso uma cera transparente. – Laila, escute, eu vou colocar esta cera mágica nos seus ouvidos para te proteger dos feitiços. Lembre-se, assim que Citrila fizer seu penteado, puxe o fio do esquecimento.

A partir desse dia, Laila se livrou dos feitiços e passou a ouvir a conversa das três. Descobriu que as caixas daquele quarto guardavam a vida de muitos reinos. (CARUSO, Carla. Almanaque dos sentidos. Pg. 62-63).

Comente sobre a história com a participação dos alunos e dê continuidade ao tema da audição explicando que as crianças ouvem antes mesmo de sair da barriga da mãe, ouvem as vozes de fora, a do pai e da mãe e vários outros ruídos. Explique que o bebê também pode ser ouvido. A voz do bebê recém-nascido é percebida por ele próprio e já existe uma comunicação, um tipo diferente de gemido em caso de alegria, choro, dor. A mãe percebe e entende o que seu filho necessita naquele momento.

Aula 2

Nesta aula, o professor pode trabalhar com rimas, ler algumas poesias ou simples estrofes e questionar os alunos sobre a sonoridade do texto. Depois pode até solicitar que as crianças tentem escrever alguma rima. Pode-se também utilizar músicas.

Aula 3

Proponha uma pesquisa sobre o sentido da audição nos animais. Porque alguns bichos movimentam as orelhas. É um tema interessante que pode se transformar em cartazes.

Aula 4

Provoque a turma questionando-a sobre sons que causam outras sensações, por exemplo raspar o giz da lousa, ou o motorzinho do dentista, ou ainda o som da chuva, de um grilo ou das ondas do mar. Quais sensações estes sons podem causar?

Em seguida, o professor pode começar a trabalhar com as onomatopeias, as palavras que representam sons. Apresente alguns gibis ou quadrinhos, ou ainda questione como descrever com palavras um vaso caindo, um gato miando, um cão latindo, um caminhão passando pela rua e brecando logo depois.

Aula 5

Proponha uma experiência prática com o professor de música. Traga alguns instrumentos musicais, chame um aluno que, com os olhos vendados, terá de descobrir qual instrumento está sendo tocado.

O professor pode trabalhar com sons mais rotineiros da escola, uma folha sendo amassada, uma bola batendo no chão, a página de um livro sendo virada. E ainda com músicas famosas, como temas de filmes, por exemplo. Toque-os e deixe as crianças adivinharem!

Aula 6

O professor de Ciências pode ser chamado para explicar a fisiologia das orelhas, e aproveitar para falar da higiene, dos cuidados com música alta nos fones de ouvido, os barulhos que estressam, porque é importante estudar num local silencioso e como os sons tiram a concentração.

Mostre uma tabela de decibéis como a representada no livro “Almanaque dos sentidos”, de Carla Caruso. Veja abaixo:

10 decibéis

Igreja vazia; caverna

20 decibéis

Sussurro

30 decibéis

Casa silenciosa; sala de leitura de biblioteca

40 decibéis

Sala de aula normal; automóvel parado (com o motor ligado)

50 decibéis

Loja, restaurante

60 decibéis

Fábrica. Televisão com volume alto

70 decibéis

Oficina mecânica

80 decibéis

Rua barulhenta

90 decibéis

Trem sobre ponte

100 decibéis

Metrô (plataforma)

110 decibéis

Trovão próximo

120 decibéis

Início de audição dolorosa

Aula 7

Esta aula pode ser uma boa oportunidade para introduzir a comunicação para pessoas com deficiência auditiva. Ensine o alfabeto em Libras (Linguagem brasileira de sinais) e tente fazer com que as crianças digam seus nomes utilizando as mãos.

Uma brincadeira com a mímica, estilo o jogo “Imagem e ação”, também pode ser uma boa dica para esta aula. Ou ainda, imitando os sons de animais, profissões, objetos a serem descobertos.

Feche a aula com algumas curiosidades, por exemplo, porque o espaço sideral é silencioso, qual é o barulho mais alto do mundo, o que é eco, se é verdade que podemos ouvir o som do mar encostando uma concha na orelha etc.

Quinto sentido - Tato

Aula 1

O professor pode iniciar esta aula com uma experiência sensitiva. Faça uma caixa de papelão com um buraco para apenas caber uma mão e coloque um objeto ali dentro (apagador, caneta, apontador, borracha, bola etc.) e vá passando de aluno para aluno pedindo que eles toquem o objeto e descrevam a sensação tentando adivinhar o que é.

O conto para abrir o tema sobre o tato é “Couro de piolho”, de Câmara Cascudo, de onde foi retirado o trecho abaixo:

O rei mandou matar o piolho e tirou o couro dele para fazer a cadeira real. E lançou um desafio:

– Aquele que adivinhar do que é feito o couro da cadeira poderá se casar com a princesa.

E assim, os moços ricos e nobres foram tentar. A fila era imensa. Olhavam muito e depois passavam a mão pelo couro da cadeira:

– É áspero como uma lixa. É couro de lagartixa – disse um jovem muito alto (...)

– Dá cócegas na palma da minha mão. É couro de lagartão (...).

– É frio! Deixa a mão gelada. É couro de peixe-espada. (CARUSO, Carla. Almanaque dos sentidos. Pg. 82).

Pergunte aos alunos qual é a sensação de se estar na praia tomando sol e depois entrar na água do mar. O sentido do tato tem tudo a ver com a pele. Os sensores da pele mandam mensagens para o cérebro, ela pode sentir desde um inseto pousando sobre o braço até uma pancada forte.

Aula 2

Se a escola tiver uma sala escura ou se for possível deixar o ambiente escuro, proponha uma exploração do ambiente por meio do tato. Ou, se isso não for possível, coloque uma venda em um aluno por vez e peça que ele explore o ambiente. Sempre tomando cuidado com objetos no meio do caminho que podem vir a machucá-lo.

Questione quais são as sensações boas no tato: um carinho, cócegas, um abraço, a água morna do banho, um pijama macio, uma leve brisa no rosto. E quais sensações táteis não são tão agradáveis. Deixe as crianças falarem.

Aula 3

O professor de Ciências pode explicar a fisiologia da pele, suas camadas, o porquê de se ter pelos, quais os cuidados que se deve tomar com cortes, sol, a importância da vitamina D, a higiene da pele e como ela vai envelhecendo e formando rugas ao longo dos anos.

Aula 4

Proponha uma aula de artes com argila, barro ou massinha de modelas. Deixe as crianças tocarem, amassarem, modelarem. Brinque com formas, adivinhas. No livro “Almanaque dos sentidos” há uma receita de massinha de modelar caseira (apud, CARUSO, Carla. Pg. 91).

Aula 5

Para fechar este tema, apresente algumas curiosidades sobre animais, porque a pele enruga quando se fica muito tempo debaixo da água, do que é feita a casca da ferida, como é a temperatura do nosso corpo, o que é arrepio, suor, impressão digital e muito mais. O professor ainda pode solicitar uma pesquisa aos alunos sobre a pele, pelos e penas dos animais, quais são as suas funções, como eles controlam a temperatura em locais muito quentes ou muito frios, por exemplo.

Considerações finais

Após a realização deste projeto, espera-se que as crianças tenham passado por experiências novas e inesquecíveis, que tenham tido a possibilidade de se autoconhecer e se autoavaliar; de descobrir novas sensações e que tenham superado medos e receios. O conhecimento por meio dos cinco sentidos é puramente sensorial, mas que também trabalha o emocional e o racional, pois a ideia é aprender a identificar os sons, as texturas, os sabores; descobrir novos cheiros, novas formas e ter a oportunidade de colocar isso em prática, na vida cotidiana.

O interesse pelo novo, pelo desconhecido, a superação do medo de não saber o que há na caixa, as sensações divertidas, a descoberta no ato (já tendo conhecimento prévio). São inúmeras as conclusões que se podem tirar deste projeto. A criança irá descobrir aquilo que gosta e aquilo que não gosta, mas principalmente descrever as sensações e explicar, ou seja, argumentar porque um alimento, por exemplo, é mais saboroso que outro. Porque um som é mais agradável que outro. O que ela sente ao tocar uma superfície macia e depois em algo áspero. Se prefere o frio ao calor, o doce ao salgado, e por aí vai.

Este autoconhecimento é o grande objetivo deste trabalho, pois dizer se gosta ou não é muito fácil, mas os motivos exigem uma reflexão mais complexa e só experimentando as sensações é que se pode explicar suas escolhas. Os alunos devem ser a todo instante instigados, incentivados e ter sua curiosidade aguçada para que este aprendizado, que é enorme, seja significativo e duradouro.

Uma ideia muito instigante é propor bate-papos com outras salas, de alunos menores, por exemplo. Levar a caixa dos sentidos e deixar os pequenos colocares as mãos e adivinhar o que há lá dentro pelo tato. Usar os pés é muito interessante e irá demonstrar que não é a mesma coisa tocar com as mãos e tocar com os pés um objeto. Os alunos podem trabalhar com cheiros e sons nas salas de aula dos menores, propondo um jogo. Caso o projeto se transforma em algo maior na escola, grandes oportunidades podem ser exploradas em uma Mostra Cultural. Basta seguir o roteiro do projeto que foi apresentado e elaborar as oficinas de artes para cada um dos sentidos, ou ainda os cartazes e as curiosidades que foram descobertas ao longo das aulas.

Bibliografia

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CIBOUL, Adèle. Criança curiosa: os cinco sentidos. Salamandra. 1999. São Paulo

GIRARDET, Sylvie; ROSADO, Puig. A casa dos sentidos. Editora: IBEP Nacional

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ROSSI, Telma Lúcia Ferreira. Audição e fala. Editora Ática. São Paulo. 1996.