Mais de 40 semanas de gestação

Abre! Abre que está na hora de nascer, vamos! Cadê o meu pintinho? E aí, o que fazer com esse bebê que não quer nascer?

Eu sou Eleonora Morais, psicóloga, Doula, mãe de 3 pintinhos e diretora do Despertar do Parto. Nesse vídeo a gente vai falar sobre pós datismo, que é o termo utilizado quando o bebê passa das 40 ou 41 semanas, e aí começa a ficar o medo desse bebê morrer dentro do útero, e faltar oxigênio pro bebê, e é tanta coisa que a gente escuta né? “Ah, vai engolir água do parto, vai comer cocô, vai passar data e da hora dele nascer! ”

Qual seria então o tempo e o modo de medir a segurança desse bebê ficar dentro do útero, e nascer saudável no momento certo? Como eu já disse no outro vídeo, o bebê pode nascer entre 38 e 42 semanas. Esse é aquele tempo em que a gente fica esperando com uma ansiedade gigante esse bebê chegar, e muitas vezes eles demoram.

Vou contar aqui pra vocês! As minhas duas filhinhas resolveram vir ao mundo com mais de 41 semanas e 5 ou 6 dias, com a corda no pescoço, e eu estava pra ir pra cesariana e resolver a situação que elas tinham que nascer de qualquer jeito. A literatura médica fala sim em evidência científica, sobre a segurança dos bebês e resultados neonatais melhores quando
estão perto das 40 semanas, e a partir de 41 ou 42 semanas a gente tem mais alguns riscos associados sim.

Mas, o mais importante, é a gente perceber que temos meios de perceber que esse bebê está sendo bem nutrido pela placenta, e recebendo todo o sangue oxigenado, com alimentos e tudo que ele precisa pra se manter bem dentro do útero. A gente sabe que um dos mecanismos que fazem iniciar o trabalho de parto é justamente a maturidade pulmonar do bebê, pra ele estar pronto na hora que nascer.

Então, se a gente pensar em 38 à 42 semanas de vida que o bebê tem que nascer, e dar um prazo limite máximo pra que ele nasça, com 41 ou 42 semanas, na verdade a gente sabe que essa data é estimada, igual a data da última menstruação que a gente nunca sabe, assim como qual é a idade gestacional que o bebê tem. Eu mesmo como Doula já vivi situações que a mãe passou por um baita estresse porque queria viver o parto normal, chegou próximo às 42 semanas e nada do bebê nascer, e acabou intervindo pro bebê vir ao mundo.

Quando o bebê nasce, a gente consegue ver por uma série de sinais que ele apresenta no nascimento, qual a idade gestacional que ele tinha. E a gente viu nesse caso, que não foi só em um, que esse bebê tinha muito menos do que 42 semanas e não chegava nem próximo a 40 semanas. Então essa data é estimada, uma suposição, e a gente precisa (por segurança) partir de um marco que é a última menstruação.

Mas o mais importante para quando isso acontece de passar o tempo dessa data, e como eu vivi isso eu passei por muito estresse e ansiedade, com aquele WhatsApp e telefone que não para, com todo mundo te ligando e perguntando “é filho de burro que tá demorando pra nascer? Não vai nascer nunca não? ”. Na realidade, a gente pode sim confiar na fisiologia do parto, que teve milhões de anos pra se adaptar e se aperfeiçoar, e confiar nos sinais que a gente tem através de alguns exames que são feitos no pré-natal e também da própria percepção da mãe com a movimentação do bebê no útero.

Então no final da gestação, chegando próximo a 40 semanas ou passando a data de 41 semanas, o que é muito comum é pedir no pré-natal exames pra ver a vitalidade dessa placenta e do bebê, que é o cardiotocografia, ultrassonografia com doppler, e assim por diante que não é a área da Doula (os termos médicos), mas o importante é que existe alguns recursos onde a gente consegue alguma segurança pra perceber e saber que esse bebê está bem.

O outro é a mãe ficar atenta à movimentação do bebê dentro do útero. Quando minha terceira filha chegou com 41 semanas de gestação dentro do meu útero e nada dela querer nascer (essa danadinha não estava pronta ainda!), a minha médica me passou uma coisa chamada mobilograma, que é uma tabelinha que a gente faz pra poder controlar a movimentação do bebê após as principais refeições do café da manhã, almoço e janta. Se der um número menor do que 10 mexidas durante o dia era pra eu ligar pra ela, pra gente poder avaliar a vitalidade desse bebê, com exames mais apurados e tudo mais.

Mas o mais legal disso é que o quanto essa ferramenta me dava a tranquilidade e segurança de esperar, sabendo que eu estava fazendo o melhor, e sabendo que eu podia confiar sim no meu corpo, confiar que ela poderia vir ao mundo de uma forma natural sem estar fazendo nada pra colocar a vida dela ou a minha em risco.

E, por fim, se você chega no limite da própria assistência ou própria família querer interromper a gestação pra ajudar esse bebê a nascer, é sempre se pensar em uma indução, e não direto na cesárea. A gente tem resultados das evidências científicas que eu posso colocar aqui listado o resumo das metanálises, falando sobre essa questão de esperar o trabalho até 42 semanas e os desfechos, que é muito mais seguro, com resultados muito melhores quando se tenta uma indução do que ir pra uma cesariana agendada, que vai implicar em uma série de ocorrências e resultados não tão satisfatórios.

Então, mais uma vez, é o exercício da confiança e entrega na fisiologia do parto, na sabedoria desses bebês que estão chegando ao mundo também, da gente se entregar e esperar, aguentar um pouquinho a ansiedade que, no momento em que tudo estiver ali alinhado, o trabalho de parto vai começar e o teu bebê vai chegar aos teus braços.
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Nos próximos vídeos, eu vou falar sobre como a gente pode estimular o trabalho de parto pra ajudar um pouquinho a mãe nessa ansiedade (e a família inteira). Então é isso, espero que vocês tenham gostado, curta se curtiu, compartilha nas redes sociais, escreva aqui em baixo dando sugestões de outros vídeos e fazendo comentários. Até a próxima.

Estou com 40 semanas é 2 dias é não sinto nada?

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