Como uma vacina contra a dengue pode ajudar a conter a Proliferaçao da doença?

A vacina contra dengue é uma vacina criada para prevenir a manifestação do vírus. Como a dengue é um vírus incurável e que pode levar a complicações sérias, dependendo de sua infecção, a vacina é uma forma de prevenir a doença, principalmente suas formas mais graves.

De acordo com o Ministério da Saúde, até o dia 13 de abril de 2019, foram registrados 451.685 casos prováveis de dengue no Brasil, um aumento de 339,9% em relação ao mesmo período do ano passado. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que entre 50 a 100 milhões de pessoas se infectem anualmente com a dengue em mais de 100 países de todos os continentes, exceto a Europa.

Atualmente, a Dengvaxia® é a única vacina aprovada que demonstrou segurança e eficácia em longo prazo na prevenção da dengue. O produto foi licenciado no Brasi e desenvolvido pela empresa francesa Sanofi Pasteur.

A vacina é feita com vírus atenuados e é tetravalente, ou seja, protege contra os quatro sorotipos de dengue existentes: DEN1, DEN2, DEN3 e DEN4. Ela possui a estrutura do vírus vacinal da febre amarela, o que lhe dá mais estabilidade e segurança.

Vacinas com o vírus atenuado são aquelas que diminuem a periculosidade do vírus, garantindo que ele não cause doenças, mas sejam capazes de gerar resposta imunológica, fazendo com que o organismo da pessoa reconheça o vírus e saiba como atacá-lo quando a pessoa for exposta a sua versão convencional.

Durante um período de seis anos de acompanhamento do estudo, a vacina mostrou redução na carga geral da doença. A eficácia na população acima de nove anos é de, aproximadamente, 66% contra os quatro sorotipos de vírus da dengue. Isso significa que em um grupo de cem pessoas, 66 evitariam contrair a doença. Além disso, reduz os casos graves - aqueles que levam ao óbito, como a dengue hemorrágica - em 93% e os índices de hospitalizações em 80%.

Saiba mais: Entenda os testes da vacina contra dengue do Butantan

Seus dados de segurança e eficácia estão amparados num robusto programa de estudos clínicos com duração de mais de 20 anos, envolvendo uma população de cerca de 40 mil pessoas de países endêmicos.

Além dela, o Instituto Butantan está testando uma nova vacina feita no Brasil. O antídoto também é feito com vírus atenuados e está na terceira fase de testes, em que mais de 17 mil voluntários serão observados: dois terços deles receberão a vacina verdadeira e um terço receberá um placebo. Antes ela passou por testes clínicos nos Estados Unidos em 600 pessoas e depois em São Paulo por mais 300. O plano de fazer os testes agora em todo o Brasil é garantir que as pessoas estudadas tenham contato com todos os sorotipos da doença.

A vacina é contraindicada para:

  • Pessoas imunodeprimidas
  • Alergia grave (anafilaxia) a algum dos componentes da vacina
  • Gestantes
  • Mulheres que estão amamentando
  • Pessoas sem contato prévio com o vírus da dengue (soronegativos). A aplicação, no entanto, pode ser avaliada pelo médico em áreas consideradas endêmicas, ou seja, onde pelo menos 70% das pessoas sejam soropositivas para o vírus.

Em agosto de 2018, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) realizou a alteração da bula da vacina para direcionar seu uso a pessoas que tiveram uma infecção prévia por dengue. Esta decisão permite o acesso contínuo à vacina para os milhões de brasileiros que contraíram a doença.

Essa decisão foi tomada depois da realização de uma análise suplementar de dados clínicos sobre a vacina, comunicada pela própria Sanofi Pasteur no final de 2017. São esses novos dados que mostram que, para pessoas (a partir dos nove anos) que tiveram contato com o vírus da dengue antes da vacinação ? o que engloba a maioria dos indivíduos que vivem em áreas de alta transmissão ?, a vacina oferece benefício protetor de até cinco anos após a primeira dose, ressaltando seu valor para a saúde pública de regiões endêmicas.

Os resultados também representam a primeira evidência clínica de que o perfil de segurança a longo prazo da vacina difere de acordo com a exposição prévia à infecção pelo vírus da dengue.

Esta vacina só é capaz de prevenir contra o vírus da dengue, não garantindo imunização contra outras doenças transmitidas pelo Aedes aegypti, como o Zika vírus e a febre chikungunya.

A dengue é uma epidemia e está disseminada em mais de 100 países, o que representa metade da população mundial.

Existem quatro tipos de dengue, pois o vírus causador da dengue possui quatro sorotipos: DEN-1, DEN-2, DEN-3 e DEN-4. A infecção por um deles dá proteção permanente para o mesmo sorotipo, mas imunidade parcial e temporária contra os outros três.

Embora pareça pouco agressiva, a doença pode evoluir para a dengue hemorrágica e a síndrome do choque da dengue, caracterizadas por sangramento e queda de pressão arterial, o que eleva o risco de morte. A melhor maneira de combater esse mal é atuando de forma preventiva, impedindo a reprodução do mosquito.

A vacina contra dengue da Sanofi Pasteur só pode ser aplicada no Brasil em pessoas de nove a 45 anos, faixa etária que representa 70% dos casos de dengue no Brasil. Além disso, os testes da vacina foram feitos nessa faixa etária e a segurança da vacina foi comprovada nesses indivíduos.

É recomendada também para indivíduos previamente infectados por um dos vírus da dengue (soropositivos com ou sem história da doença).

A vacina contra a dengue da Sanofi Pasteur é aplicada em três doses, com intervalos a cada seis meses. Não se sabe se tomando apenas duas doses da vacina a pessoa pode ficar imunizada também, já que não houve essa situação nos testes clínicos da vacina. A partir da primeira dose a vacina já oferece alguma proteção, mas é fundamental que toda as doses sejam tomadas para se ter certeza de que se está imunizado de forma duradoura e equilibrada.

O primeiro ponto a ser lembrado é que a vacina não causa a doença. Uma pessoa pode ter dengue até quatro vezes durante a vida, apresentando sintomas ou não, devido à circulação de quatro tipos diferentes de vírus.

A dengue é tão complexa, que a segunda infecção pode vir a ser mais grave que a primeira. A sanofi analisou o valor da proteção a longo prazo da vacina em indivíduos com uma infecção prévia por dengue demonstrando, neste grupo, eficácia de 79% de redução de hospitalizações e 84% de redução de casos graves. A eficácia global da vacina em soropositivos é 76%, ou seja, permite evitar três em cada quatro casos de dengue.

Outro aspecto importante é que 75% dos casos de dengue são assintomáticos, ou seja, a grande maioria de pessoas é contaminada mas não sabe. Sendo assim, tanto do ponto de vista individual quanto de saúde pública, prevenir uma infecção subsequente em pessoas que já tiveram dengue pode desempenhar um papel importante na redução da carga social e econômica da doença.

A vacina da dengue não pode ser aplicada em pessoas imunosuprimidas, grávidas, lactantes e pessoas com doença aguda ou doença febril moderada ou grave em curso. Isso ocorre porque os vírus atenuados não causam doença em pessoas com o sistema imunológico em ordem, mas não foi testada em pessoas com o sistema de defesa mais deficiente.

A vacina foi considerada como segura, não trazendo efeitos adversos graves. No entanto, é possível esperar efeitos colaterais comuns a vacinas, como febre, reação no local em que foi aplicada, entre outros.

A vacina contra a dengue da Sanofi Pasteur começará a ser distribuída para o mercado privado em agosto de 2016. Ela será vendida às clínicas por um valor entre 132 e 138 reais, mas o valor para quem for tomar variará de acordo com o estabelecimento. Ainda não há previsão da chegada da vacina na rede pública.

Já a vacina contra dengue do Instituto Butantan precisa passar pela fase 3 de testes antes de ser licenciada e produzida. Acredita-se que até 2018 ela esteja em condições de ser feita.

Quem já teve dengue pode tomar a vacina?

Não só pode, como deve. Pessoas que já tiveram dengue costumam ter uma resposta melhor contra a vacina, por já terem se exposto a um sorotipo do vírus anteriormente. Isso ocorre devido a memória imunológica, que é o mesmo princípio da vacina: quando você se expõe uma vez a um vírus, o corpo se lembra dele e sabe como responder adequadamente. Dessa forma, ocorre o chamado efeito booster. De qualquer forma, mesmo quem já teve dengue deve tomar as três doses da vacina para garantir uma imunização completa.

Saiba mais: Diferencie a dengue, zika e chikungunya

Grávida pode tomar a vacina contra dengue? 

Gestantes são contraindicadas a tomar a vacina contra a dengue por ser uma vacina com vírus atenuados, ou seja, com maior potencial (mesmo que teórico) de causar doenças em pessoas com o sistema imunológico mais deficiente, como o feto.

Se eu tomar a vacina contra dengue, ainda preciso me proteger do Aedes?

Sem dúvida! Não se deve esquecer que a fêmea do mosquito Aedes aegypti ainda transmite outras doenças, como zika vírus, febre chikungunya e febre amarela. A vacina contra a dengue só protege contra essa doença, e para prevenir as outras e suas complicações, é importante evitar a picada do mosquito.

(1) João Prats, infectologista da Beneficência Portuguesa de São Paulo (BP) (2) Pediatra Isabella Ballalai (CRM: 52.48039-5), presidente da Sociedade Brasileira de Imunologia (SBIm) (3) Sheila Homsani (CRM-RJ: 534.941), diretora médica da Sanofi Pasteur, divisão de vacinas

(4) Sociedade Brasileira de Imunologia (SBIm). Disponível em: https://familia.sbim.org.br/

(5)"Response to Dengue Fever - The Good, the Bad, and the Ugly" - The New England Journal of Medicine. Disponível em: https://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMcibr1005904

(6) 'Updated Questions and Answers related to the dengue vaccine Dengvaxia® and its use' - World Health Organization (WHO). Disponível em: https://www.who.int/immunization/diseases/dengue/q_and_a_dengue_vaccine_dengvaxia_use/en/

(7) Key background documents for the meeting of the Strategic Advisory Group of Experts (SAGE) on Immunization. Disponível em: http://www.who.int/immunization/sage/meetings/2018/april/YB_SAGE_APR_2018_Final.pdf?ua=1.

(8) "Dengue and Severe Dengue." - World Health Organization (WHO). Disponível em: www.who.int/en/news-room/fact-sheets/detail/dengue-and-severe-dengue.

(9) Shepard, Donald S, et al. "The Global Economic Burden of Dengue: a Systematic Analysis." The Lancet Infectious Diseases, vol. 16, no. 8, 2016, pp. 935?941., doi:10.1016/s1473-3099(16)00146-8.

(10) Mizumoto, Kenji, et al. "On the Risk of Severe Dengue during Secondary Infection: A Systematic Review Coupled with Mathematical Modeling." The University of Tokyo, J Vector Borne Dis 51, 2014, pp. 153?164.

(10) Mizumoto, Kenji, et al. "On the Risk of Severe Dengue during Secondary Infection: A Systematic Review Coupled with Mathematical Modeling." The University of Tokyo, J Vector Borne Dis 51, 2014, pp. 153?164.

Como uma vacina contra dengue pode ajudar a conter a proliferação?

A vacina contra a dengue é fabricada utilizando-se um vírus da dengue atenuado, ou seja, em uma forma incapaz de causar a doença. Apesar de ser incapaz de causar dengue no paciente, o vírus permite que o sistema imunológico produza anticorpos contra ele, garantindo uma proteção contra a doença.

Como a vacina pode ajudar a conter a proliferação da doença?

Para isso, ela conta com os antígenos que causam a doença, enfraquecidos ou mortos, para estimular o sistema imunológico a produzir os anticorpos necessários. Assim, se a pessoa entrar em contato com a infecção após a vacina, o corpo estará imunizado para combater a doença sem sofrer com os sintomas.

Qual a importância da vacinação da dengue?

A vacina da dengue é indicada para pessoas de 9 a 45 anos que moram em áreas de risco ou para aquelas que já foram contaminadas pelo vírus da dengue. A vacina protege contra os sorotipos 1, 2, 3 e 4.

O que fazer para evitar a proliferação do mosquito da dengue?

A melhor forma de prevenção da dengue é evitar a proliferação do mosquito Aedes Aegypti, eliminando água armazenada que podem se tornar possíveis criadouros, como em vasos de plantas, lagões de água, pneus, garrafas pláticas, piscinas sem uso e sem manutenção, e até mesmo em recipientes pequenos, como tampas de ...