Introdu��o Show O trabalho � tido como a transforma��o da mat�ria pela m�o do ser humano, num continuum din�mico no qual ambos sofrem altera��es, sendo decorrente das necessidades do ser humano (1). Al�m das necessidades relacionadas � reprodu��o e � sobreviv�ncia do corpo biol�gico, este ser humano, por se constituir num ser social, precisa atender a uma s�rie de necessidades para viver, ou seja, o trabalho � algo que o ser humano faz intencionalmente e conscientemente, com o objetivo de produzir algum produto ou servi�o que tenha valor para o pr�prio ser humano (2). O trabalho em sa�de � hoje, majoritariamente, um trabalho coletivo institucional, que se desenvolve com caracter�sticas do trabalho profissional e, tamb�m, da divis�o parcelar ou pormenorizada do trabalho e da l�gica taylorista de organiza��o e gest�o do trabalho(3). De acordo com Pires (4) (2000, p.85):
Trabalho em equipe de modo integrado significa conectar diferentes processos de trabalhos envolvidos, com base em certo conhecimento acerca do trabalho do outro e valorizando a participa��o deste na produ��o de cuidados; � construir consensos quanto aos objetivos e resultados a serem alcan�ados pelo conjunto dos profissionais, bem como quanto � maneira mais adequada de ating�-los (3). Quanto � divis�o t�cnica do trabalho, deve-se assinalar que por um lado, introduz o fracionamento de um mesmo processo de trabalho origin�rio do qual outros trabalhos parcelares derivam e por outro, introduz os aspectos de complementaridade e de interdepend�ncia entre os trabalhos especializados atinentes a uma mesma �rea de produ��o. H� que se considerar tamb�m as dimens�es t�cnica e social da divis�o do trabalho, uma vez que toda divis�o t�cnica reproduz em seu interior as rela��es pol�ticas e ideol�gicas referentes �s desiguais inser��es sociais dos sujeitos (2,5). Os processos de trabalho ainda s�o fortemente influenciados por saberes, equipamentos, normas e estruturas organizacionais, dando-se �nfase aos aspectos biol�gicos para interpreta��o dos fen�menos vitais, aos procedimentos, ao saber m�dico e �s especialidades (modelo biom�dico). Esse desenho tecno-assistencial est� organizado na divis�o de tarefas entre os diferentes agentes, tendo o m�dico como o centro da assist�ncia (6). A organiza��o dos processos de trabalho se constitui pelos seus elementos: o objeto de trabalho, os meios de produ��o e o trabalho humano, assim como as rela��es t�cnicas, sociais e de produ��o. Historicamente, por meio do trabalho, os seres humanos produzem e reproduzem a sua exist�ncia, tanto pelos processos objetivos quanto subjetivos (3,7). De acordo com Merhy(8), o produto final do trabalho na sa�de, o cuidado, � consumido, pelo usu�rio, no mesmo momento em que � produzido; sendo assim, � indissoci�vel do processo que o produziu, � a pr�pria realiza��o da atividade. O processo de trabalho � determinado pela sua finalidade, pela idealiza��o do resultado que foi projetado, pelo trabalhador, muito antes da sua realiza��o. O produto obtido cont�m a inten��o desse trabalhador que efetua a a��o, cujo objeto, o usu�rio, tamb�m interage no processo, colocando nesse espa�o a sua intencionalidade, conhecimento e representa��es. Nessa troca de subjetividades est� expressa a concep��o de sa�de e doen�a de quem produz e de quem recebe os cuidados, assim como o modo de produ��o dos mesmos. Diante deste contexto, o objetivo deste estudo foi identificar as principais caracter�sticas da divis�o do trabalho em sa�de encontradas em artigos publicados por pesquisadores brasileiros nos �ltimos cinco anos. Metodologia Foi realizada uma revis�o integrativa da literatura(9), desenvolvida nas seguintes etapas: 1) Defini��o da pergunta de pesquisa e objetivo; 2) Defini��o dos crit�rios de inclus�o e exclus�o; 3) Elabora��o e teste de protocolo; 4) Busca de artigos na base de dados SCieLO; 5) An�lise de t�tulo e resumos com a aplica��o de crit�rios de inclus�o e exclus�o; 6) An�lise de artigos com texto completo; 7) Discuss�o do resultados. O levantamento bibliogr�fico foi realizado por meio de consulta Scientific Electronic Library Online (SciELO), no per�odo entre 07 a 10 de novembro de 2011. Os descritores utilizados para busca de artigos, conforme o Descritores em Ci�ncias da Sa�de (DECS) foram: trabalho e enfermagem. Os artigos inclu�dos nas etapas 5 e 6 foram inseridos em planinha eletr�nica estruturada com auxilio do software Microsoft Excel 2007�, sendo registrados os seguintes dados: c�digo do artigo, indica��o de inclus�o/exclus�o, motivos da exclus�o. Foram definidos os seguintes crit�rios de inclus�o: artigos produzidos por pesquisadores brasileiros; que tratem da tem�tica do estudo; estudos que contenham os descritores selecionados no resumo ou t�tulo do artigo; publica��es nos idiomas ingl�s, espanhol ou portugu�s; dispon�veis em texto completo; e publicados nos �ltimos 5 anos (Junho de 2006 a Julho de 2011). Como crit�rios de exclus�o foram definidos: estudos que n�o contenham os termos selecionados no resumo ou t�tulo; publicados em per�odo anterior ao determinado para an�lise; teses e disserta��es; editoriais; cartas; protocolos; livros; e impertin�ncia � tem�tica. Resultados A partir da estrat�gia de busca foram encontrados 1073 artigos, sendo exclu�dos 411 por estarem fora do per�odo de an�lise pr�-determinado e ainda, 396 foram exclu�dos, pois n�o apresentar rela��o com o tema de estudo. Desta forma, foram inclu�dos apenas 15 artigos, que serviram de base para o estudo (Quadro 1). Quadro 1. Resultados os artigos analisados no estudo. Florian�polis, 2011 Sendo assim, estudo demonstrou que nos 15 artigos selecionados, as principais caracter�sticas da divis�o do trabalho identificadas foram: divis�o das atividades realizadas pela equipe de enfermagem (A3, A5); divis�o do tempo de trabalho (A6); divis�o em especialidades (A4, A7); divis�o nas categorias de enfermeiro, t�cnico e auxiliar de enfermagem (A2, A8); divis�o da fun��o do enfermeiro em assistencial e gerencial (A9, A10, A15); divis�o em turnos de trabalho, matutino, vespertino e noturno (A1, A2, A14); divis�o sexual do trabalho em enfermagem (A12, A13) e divis�o em trabalho manual e intelectual na enfermagem (A11). Discuss�o A divis�o do trabalho constitui-se numa forma de organiza��o, segundo os objetivos de valoriza��o do capital. O capital, pela divis�o do trabalho, consegue parcelar, desvalorizar e simplificar o trabalho individual, constituindo a primeira forma do trabalhador coletivo, criando, assim, melhores condi��es para sua pr�pria valoriza��o (25). A crescente fragmenta��o do trabalho, com vistas a sua padroniza��o e programa��o, passa, necessariamente, pela redu��o da subjetividade, implicando perda de participa��o do trabalhador na concep��o e execu��o da tarefa. Como a subjetividade do trabalhador contrap�e-se � valoriza��o do capital, quanto menos qualificados forem os trabalhadores, maior facilidade de interven��o do capital sobre a forma de realizar as opera��es, sobre o tempo e precis�o do processo de trabalho (25). Na busca realizada, as caracter�sticas da divis�o parcelar do trabalho em enfermagem que mais se destacaram foram com rela��o � divis�o da fun��o do enfermeiro entre atividades assistenciais e gerenciais e a divis�o em turnos de trabalho, matutino vespertino e noturno. Quanto � caracter�stica divis�o do trabalho em fun��es assistencial e gerencial do enfermeiro pode ser explicada pela tend�ncia evolutiva do processo de trabalhos no sentido de fragmentar, cada vez mais, as tarefas, na tentativa de eliminar toda a exig�ncia de qualifica��o e, conseq�entemente, erradicar do processo produtivo os aspectos inerentes ao trabalho qualificado (25). A divis�o do trabalho contribui significativamente para que as condi��es objetivas do processo de trabalho tornem-se, progressivamente, predominantes em rela��o �s subjetivas, com vistas a um maior n�vel de controle do capital sobre o trabalho (25). Por fim, com rela��o � segunda caracter�stica divis�o do trabalho mais relatada nos estudos analisados, a divis�o do trabalho da enfermagem em turnos (matutino, vespertino, noturno), foi poss�vel identificar que, considerando que a enfermagem atua vinte e quatro horas por dia na assist�ncia em sa�de, esta divis�o em turnos de trabalho pode trazer conseq��ncias danosas tanto para a assist�ncia ao paciente, quanto para os profissionais. Dentre ela podemos citar as quest�es de sa�de do trabalhador relacionadas aos profissionais que atuam no turno noturno, que muitas vezes ap�s uma longa jornada diurna, ainda trabalham a noite, cansados. Esta situa��o tamb�m pode causar danos a seguran�a do paciente, causada por trabalhadores que trabalham a noite por muitos anos, sem o devido descanso ou com sobrecarga de trabalho. Conclus�o A Enfermagem nesse processo de fragmenta��o do seu trabalho, tem sido de certa forma, passiva. Esta caracter�stica pode ser atribuida a diversos fatores, dentre eles a falta de sindicato organizado e ativo, a sua forma��o voltada para o mercado e a necessidade em se manter empregado. A aus�ncia do sindicato de enfermagem, desvinculado do poder p�blico ou partidos politicos e atuante, pode causer consequencias danosas para a profiss�o. Inexplicavelmente, a enfermagem � uma profiss�o que tem como organismo que luta pelos diretiros da profiss�o, sendo regulamentado e prestando contas ao poder p�blico. Essa distorss�o, transforma a nossa classe numa grande massa manobr�vel, atendendo aos des�gnios do poder p�blico, de associa�oes partid�rias e de certa forma, dos patr�es. Agragamos ao problema da aus�ncia da sindicaliza��o, a tradicional forma como tem sido formado o profissonal de enfermagem, seja o de n�vel m�dio quanto o do superior. Ambos s�o formados para atender a necessidade do mercado. Este fator tem colaborado para a forma��o de profissionais pass�vos e alheios aos des�gnios politicos da sua profiss�o. Alimentando a aliena��o e o descaso com que estes cidad�os discutem sua pr�tica di�ria, tornando-a descontextualizada, mecanizada e desprovida de reflex�o. Por �ltimo, como consequ�ncia da aus�ncia de um sindicato e de sua forma��o deficit�ria temos um profissioal v�tima de baixos sal�rios, trabalhando em condi��es materiais ind�gnas e mesmo assim, lutando para manter-se empregado. Colocando-o como parte de uma roda viva que o oprime e limita seu pensar cr�tico, levando-o ao adoencimento f�sico e psicol�gico. H� necessidade de desenvolvimento de novos estudos que pesquisem com maior profundidade as questoes relacionadas a divis�o do trabalho e suas conseguencias para a enfermagem, no sentido de compreender melhor estas rela��es em benef�cio de uma melhor assist�ncia a sa�de. Refer�ncias
Outros artigos em Portugu�s
Quais são as características do processo de trabalho na enfermagem?Atualmente, considera-se que o processo de trabalho de enfermagem está dividido em quatro subprocessos: cuidar ou assistir, administrar ou gerenciar, pesquisar e ensinar(3).
Qual é o objeto de trabalho da enfermagem?O processo de trabalho Assistir ou cuidar em Enfermagem tem como objeto o cuidado demandado por indivíduos, famílias, grupos sociais, comunidades e coletividades.
Como é o trabalho da enfermagem?O trabalho de enfermagem é constituído por atividades relativas ao cuidado e administração do espaço assistencial, organizado sob a égide da divisão parcelar ou pormenorizada do trabalho. Desde sua organização, a profissão "é predominantemente subordinada e assalariada"(8).
São características do trabalho em equipe enfermagem?A construção do trabalho em equipe requer interação, comunicação e capacidade para colocar-se no lugar do outro, entendendo os diferentes saberes, em cada especificidade.
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