Como a microbiologia pode ajudar na produção de alimentos?

O controle da qualidade através de análises microbiológicas em alimentos, de uma forma geral, é uma ferramenta que auxilia desde a melhoria e manutenção da qualidade dos alimentos, quer seja de segurança ou sensorial, e que podem explicitar a forma de como as matérias-primas são armazenadas, bem como, os alimentos são processados, armazenados e distribuídos.

Quando pensamos em fazer análises microbiológicas em alimentos, a primeira dúvida que nos vem à cabeça é sobre a qualidade sanitária dos alimentos que consumimos.

Então, fizemos análises microbiológicas em alimentos porque…

As análises são necessárias para que possamos obter informações sobre as condições higiênicas e sanitárias durante os processos de fabricação, armazenamento, distribuição, além da determinação do seu shelf life, bem como, levantar todos os perigos relacionados à segurança dos alimentos e integridade dos consumidores.

Os resultados das análises microbiológicas são capazes de nos dar informações como, por exemplo, se há contaminações nos alimentos, qual o microrganismo envolvido e a quantidade, para que possamos ter subsídios para a eliminação e/ou controle dos mesmos, ainda mais se foram patológicos, que causam doenças transmitidas por alimentos (DTAs).

As análises microbiológicas também atendem a legislações específicas, que são utilizadas para a comprovação da inocuidade dos alimentos, como é o caso da RDC n°12, de 02 de janeiro de 2002, REGULAMENTO TÉCNICO SOBRE PADRÕES MICROBIOLÓGICOS PARA ALIMENTOS, que traz diversos tipos de alimentos e o padrão microbiológico a ser seguido pelos fabricantes de alimentos.

As análises de alimentos são serviços ou produtos realizados por terceiros, e por se tratar de comprovação dos padrões microbiológicos e de qualidade de alimentos, é importante selecionar um prestador de serviço que tenha qualidade nos serviços oferecidos, até porque em alguns casos, as análises são obrigatórias por lei, tanto para o processamento como para a comercialização de alimentos.

Como podem ser feitas as análises?

As análises microscópicas de alimentos podem ser feitas através de análises por microbiologia clássica, ou por identificação de microrganismos por sequenciamento de DNA, em que é possível detectar a presença, em todo tipo de alimento, de bactérias patogênicas ou deteriorantes, ou outros microrganismos, que causem danos à saúde e integridade do consumidor ou do alimento. Para as análises feitas pelo sequenciamento de DNA, é possível também a identificação de fraudes em alimentos.

As análises microbiológicas podem ser feitas durante todo o processo de fabricação, como forma de prevenção e controle de contaminações.

O controle de qualidade de alimentos através de análises microbiológicas, vem sendo uma constante para a busca de aprimoramento e novas tecnologias que possam ser oferecidas aos fornecedores de matérias-primas, produtores de alimentos e distribuidores, com o intuito oferecer produtos de qualidade e seguros aos consumidores finais.

Quer saber mais sobre a importância do controle microbiológico na fabricação e processamento de alimentos? Esse e-book vai te ajudar!


 

Como a microbiologia pode ajudar na produção de alimentos?

Olá, leitor do Profissão Biotec! Na parte 1 deste texto você descobriu o que são  microrganismos, um pouco sobre sua descoberta, e também suas contribuições nas áreas de biorremediação, moda e cosméticos, petróleo e indústrias Agora vamos retomar nossa lista e descobrir onde mais esses seres pequenos e fascinantes podem nos ajudar!

5. Saúde

Talvez você tenha pensado: “Microrganismos ajudando com a SAÚDE? Mas eles não causam doenças?” Olha, eu não te julgo, mas a história não é bem assim! A verdade é que desde a nossa microbiota natural, até microrganismos que são utilizados na produção de medicamentos, esses seres microscópicos têm muitos benefícios a nos oferecer.

Aliás, estima-se que 90% das células em nosso corpo sejam de microrganismos. Já pensou se todos fossem patogênicos? Além disso, a microbiota gastrointestinal (que corresponde a cerca de 70% da nossa microbiota geral) é essencial para o devido funcionamento do organismo humano, ajudando até mesmo no desenvolvimento adequado do metabolismo e do sistema imune. Os lactobacilos da tirinha na parte 1 do texto, inclusive, ajudam a estimular essa microbiota. A microbiota intestinal também afeta diretamente a resposta do corpo aos medicamentos e, mais do que isso, ela pode atuar como produtora de compostos antimicrobianos! Descubra mais sobre esses seres fascinantes aqui.

E se você ainda não está satisfeito, eu vou te convencer (ou te deixar mais desconfiado) agora: existem vacinas antitumorais derivadas de microrganismos. Corra para esse texto do Profissão Biotec e entenda melhor!

6. Agricultura

Um dos principais pontos relacionando os microrganismos à agricultura é a fixação biológica de nitrogênio. O nitrogênio é essencial à vida, porém, sua forma atmosférica (N₂), muito estável, acaba sendo de difícil assimilação por muito organismos. Dessa forma, os seres diazotróficos (ou fixadores de nitrogênio), em sua maioria bactérias, disponibilizam nitrogênio para as plantas, o que auxilia no aumento da produtividade e na redução de custos de produção, além de reduzir riscos ambientais relacionados ao uso de fertilizantes químicos nitrogenados.

Além disso, os biofertilizantes têm muitos benefícios a oferecer. E esse nome nada mais é do que uma designação aos microrganismos que promovem o crescimento vegetal por meio da melhor disponibilização dos nutrientes. As microalgas são um ótimo exemplo de biofertilizante, e esse assunto já foi tratado neste texto do Profissão Biotec.

Em alguns casos, microrganismos, como a espécie bacteriana Paenibacillus vortex, atuam das duas formas supracitadas e mais: podem também auxiliar no controle biológico de pragas ou mesmo como uma proteção contra patógenos. O mais interessante é que, além disso tudo, P. vortex também é de uma beleza admirável!

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Paenibacillus vortex – dá para acreditar que essa imagem linda é de uma colônia bacteriana? Fonte: The Scientist; Autoria da imagem: Eschel Ben-Jacob/Ina Brainis

Que ver mais obras de arte feitas com microrganismos em placas de Petri? Confira nesta galeria de arte!

7. Setor energético

A palavra para esse tópico é: bioenergia – energia renovável derivada de fontes biológicas. Ela pode ser utilizada para a geração de calor, combustíveis e eletricidade. Quando se trata da aplicação dos microrganismos à bioenergia, ela corresponde, majoritariamente, à produção de biocombustíveis

Bactérias, leveduras e microalgas podem ser utilizadas na conversão da matéria-prima ao produto de interesse (bioetanol e biogás, por exemplo). Isso representa uma alternativa sustentável aos processos tradicionais de geração de energia, principalmente pelo aproveitamento de resíduos.  Os microrganismos podem servir ainda como célula de combustível ou de energia, em processos que permitem até mesmo gerar água a partir de resíduos. O Profissão Biotec explicou direitinho essa história aqui.

A contribuição dos microrganismos tem um potencial tão elevado que considera-se que eles seriam a saída para reduzir a crise energética mundial. Consequentemente, muitos trabalhos exploram características e propriedades desses seres. No Brasil, especificamente na Amazônia, pesquisadores encontraram um microrganismo capaz de produzir uma enzima de grande interesse para a produção de etanol de segunda geração. Você pode conferir mais detalhes neste texto do Profissão Biotec.

8. Alimentos e bebidas

No ramo alimentício, as contribuições dos microrganismos são variadas. Começando pelos corantes utilizados nos alimentos, que podem ter propriedades melhores (como a maior biodegradabilidade) quando produzidos por fungos e microalgas, por exemplo. 

Além disso, os fungos (mais especificamente, as leveduras) são utilizados na produção de diversos alimentos e bebidas. O Profissão Biotec fez um texto bem legal sobre essas “estrelas” da indústria alimentícia. Aliás, quando se trata de cerveja, as leveduras são mesmo estrelas famosas! Todo cuidado é pouco para conduzir uma fermentação adequada com as leveduras cervejeiras. Também já existem estudos que visam à produção de cervejas de forma mais sustentável, com melhor aproveitamento dos recursos hídricos, o que pode ser alcançado a partir de uma levedura transgênica.

Mas as bactérias também têm mérito quando se trata de contribuir à nossa alimentação. Devido à sua capacidade de realizar a fermentação láctica, elas são produtoras dos laticínios. Seja na biotecnologia clássica ou moderna, diversas bactérias podem ser utilizadas, por exemplo, no processo produtivo do queijo.

Como a microbiologia pode ajudar na produção de alimentos?

A bactéria Propionibacter shermanii é responsável por esses furinhos no queijo emmental. Fonte: Pixabay.

Ah, e sabe aquele chocolatinho que a gente ama? Também devemos agradecer aos microrganismos! A fermentação das sementes do cacau por fungos é uma etapa essencial da produção de chocolate e impacta diretamente no seu sabor e aroma. Esse fato estimula pesquisas para buscar fermentadores que ofereçam um processo produtivo ideal. Além disso, a variedade de microrganismos resulta em variedade de chocolates, ajudando a agradar diferentes gostos.

O Profissão Biotec tratou do papel desses seres microscópicos para a indústria alimentícia em dois textos, este e este.

BÔNUS

Sustentabilidade

Depois de tanto repetir ao longo deste texto que os microrganismos contribuem com práticas mais sustentáveis, nada mais justo do que associá-los diretamente à sustentabilidade. Eles são agentes biotecnológicos de extenso interesse e grande potencial em oferecer alternativas a processos e produtos tradicionais (custosos, poluidores, não biodegradáveis, entre outros adjetivos negativos), consequentemente auxiliando na conservação do meio ambiente. Aliás, a biotecnologia, de uma forma geral, é aliada da sustentabilidade, marcando presença nos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU.

Lembrou de mais alguma contribuição dos microrganismos ou está incrédulo com alguma que leu aqui? Conta para a gente nas nossas redes sociais! Facebook / LinkedIn / YouTube / Instagram.

Como a microbiologia pode ajudar na produção de alimentos?
Texto revisado por Carolina Vasconcelos e Thaís SemprebomReferências:

Estadão – Paladar. O chocolate é um alimento fermentado. Disponível em: <https://paladar.estadao.com.br/noticias/comida,o-chocolate-e-um-alimento-fermentado,10000010092>.

Rádios EBC. Fermentação do cacau é fundamental para chocolate de qualidade. Disponível em: <http://radios.ebc.com.br/brasil-rural/2019/06/fungos-e-descoberto-como-um-dos-microorganismos-beneficos-no-melhoramento-do>.

Qual a importância da microbiologia dos alimentos?

A microbiologia de alimentos é de longa data alvo de muitas pesquisas, visto que, além de diversas doenças terem como fonte de transmissão a água e alimentos, essa área é de fundamental importância para a indústria alimentícia, setor tão valorizado não só no Brasil, como no restante do mundo.

O que é microbiologia e qual a relação dela com a produção de alimentos?

A microbiologia dos alimentos é a parte da microbiologia que trata dos processos em que os microorganismos influenciam nas características dos produtos de consumo alimentício humano ou animal. A microbiologia dos alimentos, por conseqüência, engloba aspectos da ecologia microbiana e de biotecnologia para a produção.

Qual é a contribuição dos microrganismos na produção de alimentos?

Vários microrganismos são utilizados na área de alimentos pelo fato de sua facilidade em sobreviver e se adaptar a diversidade do meio e por aumentar a vida útil dos produtos por meio da fermentação, pois, diferentemente de outros seres vivos, não são afetados em grandes quantidades por condições ambientais ou de ...

Como a microbiologia está inserida na indústria de alimentos?

A indústria alimentar A microbiologia está presente na nossa mesa, em diversos alimentos. A ciência é utilizada para pesquisa e melhoria de processos de conservação e produção de alimentos, e também a produção de elementos que combatam os micro-organismos responsáveis pela contaminação dos alimentos industrializados.