Por que os pombos podem oferecer risco à saúde humana

Por trás de toda a simbologia de paz e inofensividade, o pombo, mesmo sendo uma ave pequena, oferece um dos maiores perigos à saúde do ser humano. Segundo o infectologista Marcos Guerra, 60% dos pacientes infectados com o fungo (cryptococcus, neoformans) encontrado nas fezes secas do pombo vão a óbito.

O especialista destaca que o fungo formado nas fezes do pombo é transmitido ao organismo humano somente por meio da inalação. A criptococose, infecção considerada rara, é a principal doença transmitida pelo pombo. Hoje, diante de muitas pessoas infectadas com enfermidades que afetam o sistema imunológico, a “doença do pombo”, como é conhecida popularmente, causa outras infecções no cérebro, o que pode provocar uma meningite.

“O pombo não transmite, ele abriga nas fezes o fungo da cryptococcus. Ao ser inalado, ele infecta o pulmão e pode chegar também ao sistema nervoso central. É necessário informar que essa doença não é contagiosa, e a transmissão só acontece por meio do contato com as fezes”, salienta.

Além da criptococose, as fezes do pombo transmitem a histoplasmose. Essa doença provoca uma micose muito profunda que chega a afetar os órgãos internos do ser humano. Outro problema decorrente do pássaro são as doenças de pele após o contato com as penas, que começam com uma dermatite, causando muita coceira, infecções que se transformam em alergias afetando o sistema respiratório.

O infectologista informou que os sintomas variam, dependendo do paciente e dos órgãos afetados. Os mais comuns são as fortes e constantes dores de cabeça que começam gradativamente, dificuldade visual, devido ao aumento da pressão do crânio, vômitos, fraqueza, confusão mental, dor no peito, rigidez na nuca, febre, sensibilidade à luz e até perda da fala e da coordenação motora.

Sobre o diagnóstico, o médico salienta que só é possível detectar a doença por meio da análise dos sintomas e do liquor, um líquido retirado da coluna vertebral. Guerra explica que o tratamento é prolongado e pode durar até seis meses. Geralmente, são usados dois tipos de medicamentos antifúngicos, mas em alguns casos não apresentam os resultados esperados, pois não eliminam todas as formas parasitarias. Pessoas com doenças e que tomam remédios que reduzem a defesa do organismo dificilmente conseguem se recuperar da doença.

Como orientação e prevenção, o infectologista comenta que é necessário adotar alguns cuidados para evitar a contaminação, principalmente na hora da limpeza dos locais que acumulam as fezes do pombo.“É preciso evitar que os pombos construam ninhos e façam morada em residências e até mesmo em locais de trabalho. Além disso, todo cuidado é pouco na hora da limpeza das fezes. Nessa situação, é indispensável o uso de luvas e máscaras”, finalizou.

Diagnóstico precoce ajuda

Infectado com o fungo cryptococcus no início deste ano, Eddie Figueiredo conta que passou 25 dias em coma induzido, ainda está em processo de recuperação e precisa de doações para começar o tratamento de fisioterapia para reestabelecer a coordenação motora. Com o diagnóstico precoce da doença, Eddie teve a sorte de não ter sequelas graves que poderiam comprometer a sua saúde para o resto da vida.

Circulando diariamente numa área considerada recanto das aves, depois do dia 25 de janeiro Eddie começou a ter dores de cabeça intensas, chegando a ingerir Tramal para aliviar a dor crônica que não passava. Após isso, ele começou a ter momentos de desorientação, o que levou uma equipe médica a diagnosticá-lo com labirintite.

“Mesmo fazendo o tratamento para labirintite, a dor de cabeça não passava. Fomos para o pronto-socorro, onde por meio de exames viram que algumas coisas estavam alteradas. Como essa dor nunca passava, levei ele ao João Lúcio, a um especialista em neurologia. Chegando lá, ele simplesmente surtou. Imediatamente, o sedaram. Fizeram uma tomografia que mostrou que o cérebro estava todo comprometido. Coletaram o liquor, que comprovou o fungo no organismo dele”, relatou a esposa Kelly Cristini.

Transferido para o Hospital de Medicina Tropical, Eddie iniciou o tratamento correto. Após 21 dias na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), os médicos decidiram retirar a sedação. Mesmo desorientado, Eddie não apresentou nenhuma sequela que comprometesse o procedimento de alta médica.

No próximo dia 19 de março, às 13h, a família de Eddie estará realizando uma feijoada com música ao vivo, para arrecadar dinheiro que será destinado ao pagamento das sessões de fisioterapia.

O evento será no clube Ipiranga, localizado entre as ruas Barcelos e Carvalho Leal, no bairro Cachoeirinha. Para quem tiver interesse em ajudar, a feijoada está sendo vendida pelo telefone 99418-5746, no valor de R$ 10.

Gerson Freitas
EM TEMPO

Notícias de pessoas que morreram contaminadas por doenças transmitidas pelos pombos estão cada vez mais deixando as pessoas assustadas e, por incrível que pareça, apesar de serem considerados animais símbolos da paz, eles podem oferecer sérios riscos à nossa saúde.

A proliferação dessas doenças se dá, principalmente através das fezes que, quando secam, podem ser quebradas em micropartículas e aspiradas por pessoas através do vento.

Principais doenças transmitidas pelos pombos

Como já dissemos, as fezes dos pombos são os principais meios de contaminação. Por frequentarem a maioria dos ambientes das cidades, podemos encontrar esses resíduos por toda a parte. Mas não se desespere, há medidas que podem combater a proliferação dessas doenças. Continue lendo a matéria e confira tudo o que você precisa saber sobre esses animais.

Criptococose

O Cryptococcus neoformans é o fungo que se desenvolve nas fezes dos pombos e responsável pela criptococose.

Como já dissemos acima, depois que as fezes secam se dissolvem e percorrem o ar por meio dos ventos. Ao inalar os esporos, o fungo se instala nos pulmões do indivíduo e à medida que se desenvolve, consegue se espalhar em outros órgãos do corpo.

Quando a doença atinge o sistema nervoso, pode resultar em meningite, que é uma das complicações mais graves da doença.

No entanto, não precisa se desesperar. Esse tipo de fungo é considerado oportunista, ou seja, infecta pessoas que estão com o sistema imunológico comprometido.

Alguns dos sintomas da criptococose são:

- Sensação de falta de ar

- Espirros constantes

- Coriza

- Fraqueza

- Dor constante no corpo

O tratamento é feito com o uso de medicação antifúngica e pode durar de seis a 10 semanas.

Escherichia coli

A Escherichia coli, também chamada de E. coli é uma bactéria que vive em nosso intestino, mas que também é muito presente nas fezes dos pombos.

Por ser uma bactéria, o contato direto com as partículas de fezes pode gerar uma infecção no organismo. Por isso, lave e higienize as mãos depois de ficar em um ambiente com pombos, como os parques e áreas públicas da cidade.

Sintomas da escherichia coli:

- Dor abdominal

- Cansaço excessivo

- Náuseas

- Vômito

- Diarreia

Como evitar a proliferação de doenças dos pombos?

Existem medidas que ajudam a prevenir a proliferação de doenças transmitidas pelos pombos em sua residência. Veja algumas:

- Evite alimentar esses animais

- Mantenha sacos e latões de lixos fechados e amarrados

- Limpe e desinfete com frequência os locais em que os pombos ficam. Para isso, utilize luvas e máscara.

- Dedetizar o ambiente com frequência para evitar pragas que atraem os pombos

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'Ratos que voam'. Popularmente difundida, a definição se refere aos pombos, animais que, a exemplo do mamífero, também trazem prejuízos à saúde dos humanos. Para reduzir os impactos causados por essas aves, é necessário diminuir ao máximo as condições que favorecem a sua proliferação.

A população é uma grande aliada do poder público, seja para fazer as mudanças necessárias no ambiente em que vive ou denunciar situações passíveis de fiscalização. No primeiro semestre de 2019, a Seção de Vigilância e Controle de Zoonoses (Sevicoz) fez 116 fiscalizações com foco em pombos, após denúncias na Ouvidoria Municipal.

Para sobreviver e se reproduzir, os pombos necessitam de '4 As': água, alimento, acesso e abrigo. Embora o primeiro elemento não seja possível evitar, os demais são. Não oferecer alimentos a qualquer tipo de ave e não jogar restos orgânicos sem o acondicionamento devido já ajuda a afastar os pombos, que costumam se concentrar em regiões onde a oferta de alimento é maior.

Não havendo comida, a ave tem a sua capacidade de reprodução diminuída e migra para outra região, em busca de melhores condições de sobrevida.

O acesso a um local que sirva como abrigo também favorece a proliferação do pombo, em especial durante o período reprodutivo e de incubação dos ovos, que dura apenas 19 dias. Os lugares preferidos dos pombos para fazer seus ninhos são telhados, forros, caixas de ar-condicionado e marquises.

Para afastar os pombos desses locais, são necessárias algumas adaptações que trazem bons resultados: retirar ninhos e ovos; vedar buracos ou vãos entre paredes, telhados e forros; telar varandas, janelas e caixas de ar-condicionado; instalar trilho elétrico, passarinheiro ou cabo de aço tensionado no telhado para que não pousem.

Vale lembrar que os pombos são animais protegidos por lei e não podem sofrer maus-tratos.

CUIDADOS COM AS FEZES

 

As doenças mais comuns transmitidas pelos pombos aos seres humanos são provenientes de suas fezes. É o caso da salmonelose, histoplasmose e criptococose.

A salmonelose, provocada pela bactéria Salmonela spp, acomete a pessoa que ingeriu alimentos com resquícios de fezes de pombo contaminadas. Os sintomas mais comuns são febre, dor de cabeça, náuseas, vômitos, falta de apetite, cólicas, diarreia com ou sem sangue.

A histoplasmose, causada pelo fungo Histoplasma capsulatum, atinge o ser humano após a aspiração do fungo presente nas fezes do pombo. A doença ataca o sistema respiratório e não costuma causar sintomas em sua forma aguda. Já na forma crônica, que geralmente acomete pessoas com o sistema imunológico comprometido, provoca tosse seca, febre, dor no peito e nas juntas e inchaço nas pernas. Em casos mais severos, dá sudorese excessiva, falta de ar e tosse com sangue.

Já a criptococose, causada por fungos do gênero Cryptococcus, pode levar à morte dependendo do tipo de fungo que acomete a pessoa após inalação. Frequentemente, a doença atinge o sistema neurológico, causando meningite subaguda ou crônica, cujos sintomas são febre, fraqueza, dor no peito, rigidez na nuca, dor de cabeça, náusea, vômito, suor noturno, confusão mental, alterações de visão, podendo haver comprometimento ocular, pulmonar e ósseo.

“Limpar as fezes dos pombos requer cuidados, já que os fungos nelas presentes não podem entrar em contato com as vias aéreas dos seres humanos. Para evitar o contágio, basta lavar o local com água clorada; jamais varrer ou usar pano seco. Pode-se ainda proteger o nariz com algum pano ou lenço”, ensina Laerte Carvalho, veterinário da Sevicoz.

AÇÕES PREVENTIVAS

 

O grupo de Informação, Educação e Comunicação (IEC) da Secretaria de Saúde realiza trabalho educativo e de conscientização em relação às pragas urbanas (pombos inclusos) por meio da Casa do Saber, cenário itinerante que reproduz o ambiente doméstico e por meio do qual são realizadas as atividades lúdicas tanto para crianças quanto adultos em escolas, empresas e locais públicos.

CASA DO SABER

 

“Os maus hábitos do cotidiano e o desconhecimento da natureza destes animais facilitam sua chegada e permanência. Com as atividades da Casa do Saber, distribuição de material informativo à população e capacitação dos agentes de controle de endemias e dos agentes comunitários de saúde, aumentamos o alcance das informações e propagamos multiplicadores que potencializam as ações de prevenção”, destaca Liseane Quadros, chefe do IEC.

Representantes de empresas, escolas e condomínios que quiserem levar o projeto Casa do Saber – Pragas Urbanas e a equipe do IEC para orientação, pode realizar agendamento pelo telefone 3257-8036 ou pelo e-mail . Além dos pombos, são abordados ratos, caramujos africanos, mosquitos e doenças causadas por animais como raiva e leishmaniose.

“Contamos com o apoio da população para dar mais visibilidade ao trabalho educativo, de forma a reduzir ou eliminar a reprodução dos pombos em meio urbano”, destaca a chefe do Departamento de Vigilância em Saúde, Ana Paula Valeiras.

DENÚNCIAS

Pessoas que alimentam pombos; acúmulo de fezes de aves sem a devida higienização; descarte indevido de matéria orgânica que atrai pragas urbanas; locais inabitados que atraem grande número de pombos. Estas são as principais denúncias recebidas pela Sevicoz, que checa a informação no local dos fatos e orienta os munícipes em relação ao que deve ser feito.

As denúncias devem ser feitas à Ouvidoria Municipal, pelo telefone 162; pelo site www.santos.sp.gov.br/ouvidoria ou pessoalmente, de segunda a sexta-feira, das 8 às 18 horas, no Paço Municipal (Praça Mauá s/nº – térreo).

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