1 atividade construa uma paródia um poema ou um acróstico tendo como tema o mundo do trabalho

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Acróstico é um gênero de composição geralmente poética, que consiste em formar uma palavra vertical com as letras iniciais ou finais de cada verso gerando um nome próprio ou uma sequência significativa.

Os acrósticos já existiam na antiguidade com escritores gregos e latinos e na Idade Média com os monges. Foi um gênero muito utilizado no período barroco, durante os séculos XVI e XVII, e ainda hoje é muito utilizado por pessoas de várias faixas etárias, classes sociais e culturas diferentes.

A palavra ACRÓSTICO originou-se da palavra grega Ákros (extremo) e stikhon (linha ou verso), onde o prefixo indica extremidade, apontando a principal característica desse tipo de composição poética: as letras de uma das extremidades de cada verso vão formando uma palavra vertical. Mas as letras podem também aparecer no meio do verso.

Vejamos o acróstico utilizado pela potisa paranaense Santher:

Minha Razão de Viver

Felicidade maior que se
Instalou em minha vida...
Luz que ilumina e me mostra o
Horizonte a seguir... Abrigo
Onde repouso meus
Sonhos, sem nunca pensar em desistir

Segundo a Enciclopédia Britânica, o acróstico é utilizado desde a antiguidade, inclusive nos livros bíblicos dos Provérbios e dos Salmos.

Em português o acróstico apareceu no Cancioneiro geral (século XVI) e chegou a ser feito por Camões, no soneto CCIX, cujo primeiro verso é “Vencido está de amor meu pensamento".

Há muitas variantes: o acróstico alfabético, em que se vai enfileirando o alfabeto verticalmente; o mesóstico, em que as letras da palavra-chave aparecem no meio da composição, no final de cada primeiro hemistíquio ou início do segundo; e outras modalidades ainda mais complicadas.

Fizeram-se acrósticos em prosa, com as letras do começo de cada parágrafo, e se chegou a verdadeira mania de acrósticos nos tempos do barroco.

Um trabalho de autor nacional sobre acrósticos, é o de Dorival Pedro Lavirod. De sua autoria é a fábula intitulada “O Sapo e a Borboleta”, cujos versos são os seguintes:

Sabia que sou mais bonita?
A borboleta disse ainda ao sapo:
Pobre batráquio asqueroso,
O que você é me causa nojo!

E o sapo, com toda calma do mundo,

Assim respondeu à borboleta:

Bonita é minha natureza anfíbia,
O que, também, me protege mais,
Rios e solo me dão guarida,
Brejos e até mesmo matagais!
O que você faz para se defender?
Livre, viajo sobre todos os animais!
E, num segundo, o sapo projetou
Tamanha língua no espaço,
Acabando, assim, com o embaraço!

Os acrósticos podem ser simples, com frases, nomes ou palavras que não tenha ligação entre si, ou ainda poemas completos. Podem ser encarados como atividade lúdica, tornando-se um jogo muito interessante. Assim, uma das funções pode ser ressaltar as qualidades ou defeitos de alguém.

Pode-se dar evidência às letras em cada verso para evidenciar a quem são dedicados, ou ainda deixá-las sem evidência alguma, para torná-las secretas. Depende da intenção com que se fez o acróstico. Os acrósticos são ainda encontrados na Bília, principalmente nos Salmos, e em alguns poemas com o objetivo de revelar sua autoria.

Podemos dizer que o acróstico parece englobar três funções: 1) uma procura de virtuosidade própria dos poetas palacianos; 2) um carácter lúdico que designa todo um jogo de espírito sutil; 3) um certo gosto pelo secreto.

Exemplo:

Portugal, séc. XV, “meu pensamento”:

Vencido está de amor meu pensamento,
O mais que pode ser vencida a vida,
Sujeita a vos servire instituída,
Oferecendo tudo a vosso intento.
Contente deste bem, louva o momento
Ou hora em que se viu tão bem perdida;
Mil vezes desejando a tal ferida,
Otra vez renovar seu perdimento.
Com esta pretensão está segura
A causa que me guia nesta empresa.
Tão sobrenatural, honrosa e alta,
Jurando não seguir outra ventura,
Votando só para vós rara firmeza,
Ou ser no vosso amor achado em falta.

Neste caso a frase é Vosso como cativo, mui alta senhora, e constitui um duplo acróstico, composição difícil, na qual a leitura de duas séries de letras separadas forma uma frase significativa. Mas se relermos o repertório das curiosidades poéticas deparamos com o pentacróstico aue repete cinco vezes a mesma palavra, em cinco partes verticais dos versos (v. Tratatus de Executoribus de Silvestre de Morais, Tome II, Lisboa, 1730, p. 11).

O acróstico dissimula a palavra, que ele dá, escondendo-a; e requer do leitor uma certa esperteza para descobrir a sua subtileza. Relaciona-se com a adivinha e liga-se logicamente com ela pois existem enigmas em verso cujo nome figura em acróstico. Um autor pode assinar com um tipo de assinatura  cifrada o seu próprio nome em acróstico.

Definição Dicionarizada:

acróstico

(grego akrostikhís, -ídos)

s. m.

1. Versif. Composição poética em que cada verso principia por uma das letras da palavra que lhe serve de tema.

2. Tipo de texto em que as primeiras letras de cada linha ou parágrafo formam verticalmente uma ou mais palavras.

adj.

3. Relativo a essa composição ou a esse tipo de texto (ex.: poesia acróstica). = acrostiqueno

Fontes: http://www.fernandodannemann.recantodasletras.com.br http://muraldosescritores.ning.com

http://www.fcsh.unl.pt/invest/edtl/verbetes/A/acrostico.htm

É comum retomar textos já existentes – e das mais diversas naturezas – para expressar nossas ideias e criar outros conteúdos. Nesse processo, ativamos a intertextualidade, ou seja, estabelecemos o diálogo entre diferentes textos a partir das construções visíveis no conteúdo do segundo texto, produzido com base em um anterior. A paródia é um gênero que expressa essa relação. Acompanhe a seguir!

Índice do conteúdo:

  • O que é
  • Características
  • Exemplos

O que é paródia

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A paródia aciona a intertextualidade como recurso de linguagem na criação de conteúdos, logo, é um texto que traz influências de outro texto (criado antes), interligando-se a ele pela repetição do conteúdo verbal, pela forma ou pela temática do primeiro texto. A paródia pode ser feita a partir de diversos materiais, como literatura, música, pintura, cinema, fotografia e artes plásticas.

Também é possível que um texto composto em determinada materialidade seja conteúdo de uma paródia construída em outro suporte. É o caso do exemplo da imagem acima, em que a canção “Garota de Ipanema” (texto primeiro) é acionada em uma peça publicitária (texto segundo).

Principais características

Em seu livro “Paródia, Paráfrase & Cia”, o escritor e estudioso Affonso Romano de Sant’Anna desenvolveu estudos sobre a apropriação literária e estabeleceu as seguintes classificações para a paródia:

  • Paródia verbal: ocorre a alteração de uma ou outra palavra do texto.
  • Paródia formal: em que o estilo e os efeitos técnicos de um escritor são usados para promover zombaria.
  • Paródia temática: em que se faz a caricatura da forma e do espírito de um autor.

A paródia caracteriza-se, assim, por subverter o sentido do texto primeiro trazendo novos significados, seja com um objetivo crítico, sarcástico, irônico ou humorístico.

Exemplos de paródia

Separamos exemplos de paródia em diferentes materialidades para melhor ilustrar a teoria. Confira a seguir:

Exemplo de paródia verbal em um poema

O texto abaixo foi escrito por Millôr Fernandes através de uma paródia verbal com o poema “Vou-me embora pra Pasárgada”, de Manuel Bandeira. Millôr mantém a estrutura e algumas palavras do poema de Bandeira para que o texto primeiro seja facilmente recuperado pelo leitor, entretanto, propõe outros sentidos em sua releitura.

Que Manuel Bandeira me perdoe, mas VOU-ME EMBORA DE PASÁRGADA Vou-me embora de Pasárgada Sou inimigo do Rei Não tenho nada que eu quero Não tenho e nunca terei Vou-me embora de Pasárgada Aqui eu não sou feliz A existência é tão dura As elites tão senis Que Joana, a louca da Espanha, Ainda é mais coerente Do que os donos do país […].

(FERNANDES, Millôr. Mais! Folha de S. Paulo, mar. 2001.)

Exemplo de paródia verbal em uma música

A letra a seguir, denominada “Instapoã”, é uma paródia que o humorista Marcelo Adnet fez da canção “Tarde em Itapoã”, do compositor Toquinho. Adnet manteve a melodia e o esquema de rimas da primeira canção, alterando algumas palavras.

Na fonte tomando banho Um dia pra fotografar Vou ajustar o tamanho E o fundo eu vou desfocar Depois na Piazza di Spagna Um pôr do sol muito louco Em frente de uma vitrine Tiro uma foto com um ovo É bom! Postar uma foto no Instagram O sol clareia o Instagram Botar um filtro no Instagram

Foto do almoço no Instagram […]

Exemplo de paródia formal em um poema

Neste texto, o poeta Chacal constrói uma paródia formal a partir do estilo de escrita de Oswald de Andrade, autor que o influenciou. Assim, percebemos o uso da linguagem coloquial e do recurso de diálogo, como no poema “Vício na fala”, de Oswald, em um texto lúdico e descontraído.

Ai de mim, aipim – Ai de mim, aipim. – Ó inhame, a batata é uma puta batata. Deixe ela pro nabo nababo que baba de bobo. Transa uma com a cebola. – Aquele hálito? Que habito, me faz chorar. – Então procura uma cenoura. – Coradinha, mas muito enrustida. – A abóbora tá aí mesmo. – Como eu gosto de abóbora. – Então namora uma – Falô. Vou pegar meu gorrinho e saí poraí pra procurar uma abóbora maneira. Te mais, aipim.

– Té mais, inhame.

Exemplo de paródia temática em um meme

Este meme faz intertextualidade com quatro pinturas famosas. Da esquerda para a direita, a primeira imagem é do quadro “O grito”, de Edvard Munch; a segunda é de “Moça com brinco de pérola”, de Johannes Vermeer; a terceira é de “Mona Lisa”, de Leonardo Da Vinci. Já a imagem ao fundo do meme corresponde ao quadro “Noite estrelada”, de Van Gogh.

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StreetArtRio

Ao juntar personagens e estilos de quatro obras consagradas na arte mundial, a paródia produz uma caricatura desses quadros de forma bem humorada (uma característica do gênero meme), com a selfie de Mona Lisa.

Exemplo de paródia em uma charge

Nesta charge, intitulada “O Pequeno Abaporu”, o cartunista brasileiro Adao Iturrusgarai constrói uma relação entre o quadro “Abaporu”, de Tarsila do Amaral, e o personagem do livro “O Pequeno Príncipe”, de Antoine de Saint-Exupéry.

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Iturrusgarai

Conforme vimos, a paródia é uma ruptura do texto primeiro. Assim, o autor ou autora traz as suas experiências e o seu conhecimento cultural na construção de sua releitura. Agora, que tal aprender mais sobre outro uso da intertextualidade? Saiba mais sobre a paráfrase!

Referências

Bandeira a vida inteira (1986) – Manuel Bandeira
Belvedere (2007) – Chacal
Paródia, Paráfrase & Cia (1985) – Affonso Romano de Sant’Anna
Poesias reunidas (1971) – Oswald de Andrade

Exercícios resolvidos

1. [IBFC]

Em “O brasileiro adia; logo existe.”, nota-se uma relação de intertextualidade promovida pelo seguinte mecanismo:

A) Paráfrase B) Citação direta C) Paródia D) Metalinguagem

E) Exemplificação

Resposta: C

Justificativa: A frase é uma paródia da expressão “Penso, logo existo”, do filósofo Descartes. A paródia subverte os sentidos da expressão original, promovendo uma ironia para definir o sujeito brasileiro.

2. [ENEM]

Quem não passou pela experiência de estar lendo um texto e defrontar-se com passagens lidas em outros? Os textos conversam entre si em um diálogo constante. Esse fenômeno tem a denominação de intertextualidade. Leia os seguintes textos:

TEXTO 1 Quando nasci, um anjo torto Desses que vivem na sombra Disse: Vai Carlos! Ser “gauche na vida”

(ANDRADE, Carlos Drummond de. Alguma poesia. Rio de Janeiro: Aguilar, 1964)

TEXTO 2 Quando nasci veio um anjo safado O chato dum querubim E decretou que eu tava predestinado A ser errado assim Já de saída a minha estrada entortou Mas vou até o fim.

(BUARQUE, Chico. Letra e música. São Paulo: Companhia das Letras, 1989)

TEXTO 3 Quando nasci um anjo esbelto Desses que tocam trombeta, anunciou: Vai carregar bandeira. Carga muito pesada pra mulher Essa espécie ainda envergonhada.

(PRADO, Adélia. Bagagem. Rio de Janeiro: Guanabara, 1986)

Adélia Prado e Chico Buarque estabelecem intertextualidade em relação a Carlos Drummond de Andrade por:

A) reiteração de imagens B) oposição de ideias C) falta de criatividade D) negação dos versos

E) ausência de recursos

Resposta: A

Justificativa: As paródias são promovidas pela reiteração da imagem do anjo, que aparece nos textos secundários de Adélia Prado e de Chico Buarque.