O artigo é a classe gramatical que geralmente antecede um substantivo, sendo variável em gênero e em número. Pode ser contraído com algumas preposições e, às vezes, ter outras funções nos enunciados conforme aprenderemos a seguir. Show Leia também: Quais são os casos em que não se usa o artigo? Uso dos artigosO artigo costuma anteceder o substantivo para fazer referência a ele, podendo indicar que se trata de um ser já conhecido do interlocutor (no caso dos artigos definidos) ou que se trata de um representante não específico da espécie (no caso dos artigos indefinidos). Assim, os artigos não funcionam sozinhos no enunciado, estando sempre acompanhados de outro substantivo. Artigos definidosOs artigos definidos indicam que um ser é específico por já ter sido citado ou por ser de conhecimento mútuo dos interlocutores. Os artigos definidos são variáveis em gênero (masculino ou feminino) e em número (singular ou plural).
Observe os exemplos:
Em cada caso, o uso dos artigos serve para especificar um substantivo (“a lição que aprendi hoje”, “o cachorro dele”) ou para referir-se a substantivos já conhecidos do interlocutor (“os convidados da nossa festa”, “as pinturas para você”). Saiba mais como utilizar essa categoria de artigos lendo o nosso texto: Emprego do artigo definido. Por sua vez, os artigos indefinidos servem para indicar que ocorre uma generalização ou que é a primeira ocorrência do representante de determinada espécie, ainda não sendo de conhecimento mútuo dos interlocutores, visto ser a primeira vez em que aparece no discurso. Os artigos indefinidos também são variáveis em gênero e número.
É necessário entender que o artigo indefinido não pode ser confundido com um numeral. Ele não está atrelado ao número um, mas à ideia de generalização, conforme mencionado. Vejamos alguns exemplos:
Note que, agora, o artigo deu uma conotação de generalização em relação aos substantivos ou de desconhecimento por parte de um dos interlocutores. Trata-se de “uma das lições aprendidas” e de “um cachorro não conhecido”, além de “umas pinturas” e “uns convidados” que ainda serão vistos e conhecidos. Aprenda mais sobre de que forma esses artigos podem ser utilizados acessando: Emprego do artigo indefinido. Contração de artigos com preposiçõesOs artigos podem juntar-se a algumas preposições, formando uma única palavra contraída. Vejamos na tabela a seguir como essa contração ocorre:
Aqui estão mais exemplos:
Veja que, no enunciado sem artigo, sabemos que alguém gosta de arroz com feijão, um prato qualquer sem especificidade. No segundo caso, ao usar-se o artigo “o”, contraído com a preposição “de”, cria-se um efeito de especificidade: não é de qualquer arroz com feijão que ela gosta, mas de um especial (que vem explicado na sequência: o da avó dela).
No enunciado sem artigo, entende-se que a pessoa gosta de estar em qualquer evento cultural, sem especificação. Já no segundo caso, é possível entender que a pessoa gosta de estar em alguns eventos culturais — não está especificado em quais, mas fica subentendido que não é em qualquer evento cultural. Por fim, no terceiro caso, o uso de artigo definido antes de “eventos culturais” já é a própria especificação: ela gosta de estar especificamente em eventos culturais (e não em qualquer evento).
Veja que o verbo “ir” exige a preposição “a”. Assim, no primeiro enunciado, não há artigo, apenas preposição, indicando que a pessoa costuma ir a qualquer cerimônia. No segundo caso, com o artigo indefinido (que não se contrai com a preposição “a”), está dito que a pessoa costuma ir a algumas cerimônias, sem especificar em quais. No último caso, com a contração da preposição “a” com o artigo “as”, o substantivo “cerimônias” está especificado: trata-se de cerimônias já citadas ou das quais os dois interlocutores têm conhecimento. Atenção: na linguagem informal e coloquial, ocorre a contração da preposição “para” com os artigos, gerando as formas: pro, pra, pros pras, prum, pruma, pruns, prumas. Entretanto, lembre-se de que essas formas não são aceitas na linguagem formal. Exemplos:
Enquanto no primeiro enunciado o substantivo “amigos” está generalizado, indicando que um dos interlocutores não sabe quem são os amigos, no segundo enunciado o artigo especifica o substantivo “amigos”, mostrando que ambos os interlocutores sabem quem eles são. Veja também: Usos particulares da preposição Os artigos auxiliam na determinação de gênero e número do substantivo que eles acompanham.Outras funções dos artigosO uso dos artigos gera alguns efeitos no texto além dos que já aprendemos. O artigo pode substantivar palavras que pertenceriam originalmente a outras classes gramaticais, como adjetivos ou verbos. Por exemplo: O participar é mais importante do que o ganhar. No enunciado, “participar” e “ganhar” teriam, normalmente, valor de verbo, porém os artigos antes deles os substantivam (fazendo com que “participar” seja sinônimo de “participação”, e “ganhar”, de “vitória”). O castanho dos seus olhos é especial. Agora, “castanho”, que teria valor de adjetivo (em “olhos castanhos”), foi substantivado, passando a ser substantivo no enunciado. Atenção: um artigo pode referir-se a um substantivo mesmo que o adjetivo tenha sido posto entre os dois. Há uma corajosa menina por aqui. No enunciado anterior, “uma” faz referência ao substantivo “menina”, e não ao adjetivo “inteligente”. Seria possível inverter as posições: “Há uma menina corajosa por aqui”. O artigo indefinido também é utilizado como recurso expressivo de algumas frases feitas. Por exemplo: Estou com uma fome! Embora não seja estritamente necessário nesse enunciado, o acréscimo do artigo indefinido gera um recurso para expressar com mais intensidade a fome sentida. Artigo definido antes de partes do corpo ou de palavras que determinam parentesco pode indicar posse. Por exemplo:
Nos dois enunciados, o artigo definido deixa nítido que se trata do avô do sujeito “ela” e da cabeça do sujeito “eu”, sendo omitidos os respectivos pronomes possessivos (“o avô dela” e “a minha cabeça”). Artigo indefinido antes de numeral pode indicar valor aproximado devido à sua natureza de generalização. Por exemplo:
Mais comum na linguagem informal, esse recurso substitui expressões como “aproximadamente”, “em média” e “por volta de” pelos artigos indefinidos. Agora que já vimos a importância dos artigos e como eles afetam os substantivos, que tal treinarmos um pouco com exercícios? Acesse também: O pronome “todo” deve ou não vir acompanhado de artigo? Exercícios resolvidosQuestão 1 - (Cesgranrio) Entre os apresentados a seguir, qual o único exemplo em que o a NÃO pode ser classificado como artigo? a) "... mostram como ponto em comum a capacidade de ..." (l. 8-9) b) "de suportar a frustração." (l. 10) c) "(sujeitos a condições subumanas, ...)" (l. 11-12) d) "Venceram a voz que falava:" (l. 16-17) e) "... sobre a atitude negativa." (l. 26-27) Resolução Alternativa C. O “a” nessa alternativa é uma preposição. Não poderia ser artigo, considerando-se que o substantivo à sua frente é feminino plural, portanto, o artigo seria “as”. No caso, junto da preposição, teríamos a contração “às”. Questão 2 – (NCE-UFRJ) O trecho a seguir em que o emprego do artigo é EQUIVOCADO é: a) Ambos os animais são dotados de alguma inteligência. b) Todos os quatro animais de estimação sobreviveram. c) Os biólogos trabalharam todo o dia. d) Entre os animais há diversos graus de inteligência. e) Toda a manhã eles chegavam sempre na hora. Resolução Alternativa E. O artigo definido em “toda a manhã” implica algo que ocorreu durante toda uma manhã específica. Entretanto, o enunciado fala que “eles chegavam sempre na hora”. O uso adequado seria “toda manhã” (sem artigo, generalizando que o ato ocorre em qualquer manhã) ou “todas as manhãs” (colocando artigo e substantivo no plural, especificando que o ato ocorre em todas as manhãs). |