Por que os anestésicos locais não funcionam em locais inflamados

Por que os anestésicos locais não funcionam em locais inflamados

De acordo com uma pesquisa feita por cientistas da Faculdade de Medicina da Universidade de Yale, nos Estados Unidos, casos de resistência à anestesia local podem ser mais comuns do que imaginado, e podem também ter causas genéticas.

De acordo com uma matéria publicada no portal BBC, que conta esta história detalhadamente, tudo começou quando o anestesista Steven Clendenen, de Jacksonville (Flórida), deparou-se com uma paciente que resistiu aos efeitos da anestesia ao ser preparada para uma operação. Instigado pela situação, decidiu investigar o problema e descobriu várias histórias na literatura médica relatando estranhos casos de pacientes que diziam que a anestesia local não lhes fazia efeito.

Você já ouviu de algum paciente que “anestesia não funciona comigo”? A grande maioria dos médicos e Cirurgiões-Dentistas, quando escutam esta afirmação de um paciente, mantém-se céticos e, muitas vezes, prosseguem com o procedimento.

Isso foi o que relatou Jenny Morrison, uma enfermeira que também tem o problema. Ela acredita que a mudança real da percepção dos médicos e Cirurgiões-Dentistas só virá quando uma grande pesquisa confirmar a existência do fenômeno em uma quantidade considerável de pacientes. Porque, mesmo com as pesquisas existentes, o comportamento padrão ainda é de ceticismo com o problema.

Porque a resistência acontece?

De acordo com uma pesquisa feita pelo cientista Alan Hakim e seus colegas no University College Hospital de Londres, que investigam casos de resistência em pessoas com a Síndrome de Ehlers-Danlos, uma hipótese é que o tecido desses pacientes é um pouco diferente das pessoas que não têm a síndrome, e isso poderia afetar a absorção das substâncias anestésicas.

Porém, Lori Lemon, a paciente de Clendenen, não possui a síndrome, o que levou o anestesista a tentar descobrir se podem existir outras razões para a resistência dela aos anestésicos.

Assim, os pesquisadores de Yale buscaram na genética uma resposta para o caso de Lemon, e descobriram que a resistência à anestesia estava presente também em outros membros da família da paciente.

Depois de analisarem o DNA dos familiares, descobriram que aqueles que apresentavam a resistência tinham uma mesma mutação em um gene específico, enquanto os que tinham comportamento normal à anestesia não tinham. No entanto, mesmo com os resultados, pesquisas ainda são necessárias para estudar melhor os mecanismos dessa mutação genética e confirmar as hipóteses das pesquisas.

Fonte: Dental Press

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José Carlos Silva | 32 minutos atrás

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Douglas Spinoza | 36 minutos atrás

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Roberto Teixeira | 45 minutos atrás

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Anestésicos locais são fármacos bastante empregados no controle da dor em procedimentos clínicos nas áreas de Medicina e de Odontologia, isso porque bloqueiam os canais de sódio, o que impede o trajeto dos impulsos nervosos que seriam conduzidos ao sistema nervoso central. Dentre os anestésicos mais utilizados, estão as amidas, grupo no qual se destacam a lidocaína, bupivacaína, ropivacaína, mepivacaína, prilocaína e articaína.

A articaína, que se desponta no mercado como uma das mais novas drogas, apresenta uma boa difusão e uma rápida biotransformação. Apesar dessas características interessantes, o seu uso ainda está associado a complicações locais, como a parestesia (anestesia persistente com duração além da esperada), e a uma maior sensibilidade pós-operatória que a lidocaína. “Esses sintomas estão associados à alta concentração (4%) ao se administrar a articaína”, explicou a pesquisadora.

Sistemas de liberação como as nanocápsulas têm sido sugeridos na esperança de melhorar a disponibilidade e diminuir a toxicidade dos fármacos. Neste estudo, o uso da encapsulação em poli(ε-caprolactona), polímeros biocompatíveis e biodegradáveis, diminuiu a toxicidade da articaína em células epiteliais e aumentou a sua permeação. Com isso, demonstrou uma possível aplicação futura em anestesia tópica, segundo concluiu a dentista Camila Batista da Silva de Araujo Candido em sua tese de doutorado, defendida na Faculdade de Odontologia de Piracicaba (FOP).

A doutoranda testou no seu trabalho a citotoxicidade da articaína associada a nanocápsulas, bem como avaliou a sua eficácia anestésica em tecidos inflamados, além da sua capacidade de permeação.

A ideia era saber se uma formulação da articaína, associada à nanocápsula de poli(ɛ-caprolactona), com ou sem epinefrina (adrenalina), teria ganhos em relação à articaína sem aditivos. Na prática, todos os anestésicos apresentam uma melhor eficácia ao se associarem a um vasocontritor como a epinefrina, pois a toxicidade diminui e a duração da anestesia aumenta.

Camila escolheu esse tema com base nos trabalhos que fez envolvendo fármacos e carreadores tanto na iniciação científica como no mestrado. Sua finalidade era reduzir a toxicidade e os efeitos indesejáveis da droga, bem como melhorar a biodisponibilidade.

Seu estudo de doutorado foi orientado pela professora Maria Cristina Volpato, coorientado pela professora Michelle Franz Montan Braga Leite e contou com a colaboração do professor do Departamento de Engenharia Ambiental da Unesp-Sorocaba Leonardo Fraceto e de sua aluna Nathalie Melo. 

APLICAÇÃO

De acordo com a dentista, vários autores consagrados na Anestesiologia, como Stanley Malamed, Daniel Haas e John Meechan, fizeram publicações sobre a articaína, mostrando um visível interesse da classe acadêmica neste anestésico.

Sabe-se que, graças a algumas peculiaridades na sua estrutura química (como a presença do anel tiofeno na região hidrofóbica e do grupamento éster na região hidrofílica), a articaína apresenta características como uma maior difusibilidade quando injetada e uma menor meia vida plasmática, sendo mais rapidamente eliminada.

A primeira característica garante à articaína a possibilidade de injeção infiltrativa na região posterior da mandíbula com o intuito de anestesiar os dentes desta região. Tendo a mandíbula um osso mais denso que a maxila, somente anestésicos com esse potencial de difusibilidade são efetivos quando esta técnica anestésica é adotada. Para outros anestésicos, como a lidocaína, a mepivacaína ou a prilocaína, a técnica adequada para anestesia dos mesmos dentes é a do bloqueio. 

As taxas de sucesso para anestesia infiltrativa giram em torno de 95% enquanto que, para as técnicas de bloqueio, este valor cai para 80% a 85%. Esta vantagem da articaína deve ser levada em consideração e utilizada quando possível, salientou Camila.

Esse fármaco foi sintetizado em 1969 e comercializado pela primeira vez na Alemanha a partir de 1976. Para compreender a amplitude e o conhecimento sobre essa droga, a doutoranda realizou três experimentos. O primeiro procurou verificar a toxicidade da nova formulação em células epiteliais. O resultado foi que a pesquisadora notou que a articaína associada a nanocápsulas de poli(ɛ-caprolactona) apresentava menor toxicidade que a articaína sem aditivos.

O segundo experimento investigou o perfil de permeação das nanocápsulas em relação à articaína livre, através da mucosa do epitélio do esôfago de porcos (que é semelhante à mucosa oral dos humanos). A doutoranda observou um aumento do perfil de permeação da articaína em nanocápsulas comparativamente à articaína livre.

O terceiro experimento incluiu um teste da eficácia anestésica em modelo animal em meio inflamado. A articaína associada à nanocápsula não apresentou taxas de sucesso e nem duração diferente da articaína livre. Entretanto, não foi testada somente a articaína associada a carreadores. 

Duas diferentes concentrações de articaína com epinefrina na concentração 1:200.000 também foram avaliadas e, como resultado, verificou-se uma concentração menor (2%) que a disponível comercialmente (4%). Mostrou ser uma boa alternativa em tecidos inflamados, ao passo que, uma menor concentração do sal anestésico, pode indicar uma menor toxicidade, sendo portanto exitoso o uso de uma menor concentração.

O principal achado do estudo de Camila foi ter observado o aumento do perfil de permeação da articaína em nanocápsulas de poli(ɛ-caprolactona) em comparação à articaína livre. “A minha tese sugeriu um novo uso desse sal anestésico”, reforçou.

ATIVIDADE

O estudo confirmou que as nanocápsulas são bons carreadores para articaína, uma vez que os testes exibiram bons parâmetros de caracterização. Esta associação foi menos tóxica que a articaína sem aditivos em células epiteliais da linhagem HaCaT (muito utilizada para testes de toxicidade), mas não foi efetiva para o controle da dor em tecido inflamado. 

Mesmo sugerindo outros estudos, para que o conhecimento sobre o assunto avance, o trabalho de Camila já sinalizou que esta formulação é promissora para anestesia tópica.

Publicação

Tese: “Biocompatibilidade, perfil de permeação e eficácia anestésica de formulações de articaína associada a nanocápsulas de Poli (Epson-Caprolactona)”

Autora: Camila Batista da Silva de Araujo Candido

Orientadora: Maria Cristina Volpato

Coorientadora: Michelle Franz Montan Braga Leite

Colaboradores: Leonardo Fraceto e Nathalie Melo

Unidade: Faculdade de Odontologia de Piracicaba (FOP)