Todos nós em algum momento já usufruímos da onomatopeia, figura de linguagem que tenta reproduzir os sons existentes na natureza. Claro que alguns sons serão bem parecidos, como o barulho do relógio, da campainha; outros nem tanto, como crash, que tenta reproduzir o som de uma batida. A onomatopeia é um recurso muito importante para a escrita. É amplamente utilizada pelas histórias em quadrinhos e poemas. Entretanto, não podemos esquecer sua importância para a linguagem oral. A seguir, serão usados alguns exemplos de onomatopeia. Acompanhe: Os apaixonados amam escutar o tum-tum do coração do ser amado, mas não suportam ouvir o tic-tac indicando que o tempo está passando, e não se ouve nem o triiimm do telefone, nem o blin blong da campainha. Nesta hora, as lágrimas são inevitáveis e o buááá é ouvido de longe. Entretanto, basta um biii biii, que o coração já faz hahaha.. E o final da cena, todos conhecem, um beijo apaixonado chuac. Perceberam como esse recurso é interessante? Ele traz mais “brilho” ao texto, deixa-o mais interessante e até mais poético. Por ser usada para dar maior expressividade ao texto, a onomatopeia é objeto de estudo da estilística. No entanto, também é responsável por contribuir para a ampliação do léxico (vocabulário) da língua, já que é um exemplo de processo de formação de palavras, por isso é estudada também pela morfologia. Veja mais alguns exemplos de onomatopeia.
Outra pergunta: PortuguêsPortuguês, 15.08.2019 01:07 Boa noite, alguém poderia fazer uma redação com o tema: brasil, um país dos jovens, que aborda a diferença entre os jovens de hoje em dia com os de por favor Respostas: 3 Português, 15.08.2019 01:07 Qual a relação das classes sociais no livro quincas borba entre minas gerais e rio de janeiro? Respostas: 2 Português, 15.08.2019 05:31 Passe para o discurso indireto a) ela insistiu: me da esse papel ai? Respostas: 2 Português, 15.08.2019 04:58 Segundo o texto,o que é um "cameleão daltônico" Respostas: 1
Matemática, 29.04.2021 21:10
Fernando Sabino Ao acordar, disse para a mulher: — Escuta, minha filha: hoje é dia de pagar a prestação da televisão, vem aí o sujeito com a conta, na certa. Mas acontece que ontem eu não trouxe dinheiro da cidade, estou a nenhum. — Explique isso ao homem — ponderou a mulher. — Não gosto dessas coisas. Dá um ar de vigarice, gosto de cumprir rigorosamente as minhas obrigações. Escuta: quando ele vier a gente fica quieto aqui dentro, não faz barulho, para ele pensar que não tem ninguém. Deixa ele bater até cansar — amanhã eu pago. Pouco depois, tendo despido o pijama, dirigiu-se ao banheiro para tomar um banho, mas a mulher já se trancara lá dentro. Enquanto esperava, resolveu fazer um café. Pôs a água a ferver e abriu a porta de serviço para apanhar o pão. Como estivesse completamente nu, olhou com cautela para um lado e para outro antes de arriscar-se a dar dois passos até o embrulhinho deixado pelo padeiro sobre o mármore do parapeito. Ainda era muito cedo, não poderia aparecer ninguém. Mal seus dedos, porém, tocavam o pão, a porta atrás de si fechou-se com estrondo, impulsionada pelo vento. Aterrorizado, precipitou-se até a campainha e, depois de tocá-la, ficou à espera, olhando ansiosamente ao redor. Ouviu lá dentro o ruído da água do chuveiro interromper-se de súbito, mas ninguém veio abrir. Na certa a mulher pensava que já era o sujeito da televisão. Bateu com o nó dos dedos: — Maria! Abre aí, Maria. Sou eu — chamou, em voz baixa. Quanto mais batia, mais silêncio fazia lá dentro. Enquanto isso, ouvia lá embaixo a porta do elevador fechar-se, viu o ponteiro subir lentamente os andares... Desta vez, era o homem da televisão! Não era. Refugiado no lanço da escada entre os andares, esperou que o elevador passasse, e voltou para a porta de seu apartamento, sempre a segurar nas mãos nervosas o embrulho de pão: — Maria, por favor! Sou eu! Desta vez não teve tempo de insistir: ouviu passos na escada, lentos, regulares, vindos lá de baixo... Tomado de pânico, olhou ao redor, fazendo uma pirueta, e assim despido, embrulho na mão, parecia executar um ballet grotesco e mal ensaiado. Os passos na escada se aproximavam, e ele sem onde se esconder. Correu para o elevador, apertou o botão. Foi o tempo de abrir a porta e entrar, e a empregada passava, vagarosa, encetando a subida de mais um lanço de escada. Ele respirou aliviado, enxugando o suor da testa com o embrulho do pão. Mas eis que a porta interna do elevador se fecha e ele começa a descer. — Ah, isso é que não! — fez o homem nu, sobressaltado. E agora? Alguém lá embaixo abriria a porta do elevador e daria com ele ali, em pêlo, podia mesmo ser algum vizinho conhecido... Percebeu, desorientado, que estava sendo levado cada vez para mais longe de seu apartamento, começava a viver um verdadeiro pesadelo de Kafka, instaurava-se naquele momento o mais autêntico e desvairado Regime do Terror! — Isso é que não — repetiu, furioso. Agarrou-se à porta do elevador e abriu-a com força entre os andares, obrigando-o a parar. Respirou fundo, fechando os olhos, para ter a momentânea ilusão de que sonhava. Depois experimentou apertar o botão do seu andar. Lá embaixo continuavam a chamar o elevador. Antes de mais nada: "Emergência: parar". Muito bem. E agora? Iria subir ou descer? [continua...] INTERPRETAÇÃO DA CRÔNICA 1. O narrador desta crônica está em primeira ou terceira pessoa? 2. Quais os tempos verbais predominantes nesta crônica? 3. Qual é o nome do homem nu? 4. Por que o casal não poderia abrir a porta do apartamento? 5. Qual efeito cômico o autor explora nesta situação corriqueira? 6. Com que objetivo o homem saiu do apartamento? 7. Por que ele não conseguiu entrar em casa novamente? 8. Por que sua mulher não abriu a porta para ele? 9. Por que ele se refugiou no elevador? 10. Repare na importância dos sons na narrativa. O estrondo da porta que bate, o ruído do chuveiro do banho da mulher... Selecione mais dois trechos em que o som se torna importante para a história e anote-os. 11. Pesquise o que poderia significar a expressão "pesadelo de Kafka"? 12. Em alguns momentos a narrativa é pontuada por questões como "E agora? Iria subir ou descer?". O que essas questões retratam na narrativa? PRODUÇÃO TEXTUAL: Continuando uma crônica
Objetivo: Criar um final para a crônica. * Escreva em seu caderno uma continuação para a crônica de Fernando Sabino. * O trecho final deve ser curto, ocupando no máximo uma folha de caderno. * Como o homem fará para sair desta situação? Imagine o que você faria se estivesse em uma situação parecida. * Atenção aos tempos verbais. Eles precisam ser coerentes com os que foram usados na primeira parte da crônica. * Use a imaginação. Tente fazer um final surpreendente. Ele pode ser cômico ou trágico. * Troque o final com um colega. * O que você achou? GABARITO 1. Em terceira pessoa. 2. Pretéritos perfeito e imperfeito do indicativo. 3. Ele não é nomeado. 4. Era dia de pagar a prestação da televisão e o homem não tinha dinheiro para pagá-la. Eles combinaram que não responderiam à batida na porta para que o cobrador pensasse que não havia ninguém. 5. O homem nu fica preso fora de seu apartamento. 6. Para pegar o embrulho de pão deixado pelo padeiro. 7. Porque a porta do apartamento se fechou. 8. Ela pensou que era o cobrador quem batia à porta. 9. Porque ouviu passos na escada. 10. "ouvia lá embaixo a porta do elevador fechar-se" e ouviu passos na escada". 11. Respostas podem variar. Sugestão: uma situação angustiante, da qual não há saída. 12. As perguntas são como indagações da personagem. Seria como ouvir seus pensamentos. Page 2 |