Como ocorre a quebra e o transporte das moléculas de triacilgliccerol ingeridas na alimentação

Como ocorre a quebra e o transporte das moléculas de triacilgliccerol ingeridas na alimentação

 Quando o assunto é alimentação, a maioria das pessoas tem uma dica ou opinião para compartilhar com as outras, o que é perfeitamente normal, visto que as nossas vidas dependem da alimentação para serem mantidas. Entretanto, é necessário ter cuidado com a fonte e a veracidade dessas informações, antes de sair aplicando tudo que ouvimos ou lemos pela frente.

      Talvez você já tenha ouvido falar que comer carboidratos em tal hora do dia é melhor ou pior, ou que a dieta da proteína faz isso ou assado com o nosso corpo, ou ainda, que as gorduras devem ser aumentadas ou diminuídas para ter resultados melhores nos exames de saúde. A verdade é que a nossa alimentação, assim como a vida, precisa de equilíbrio e ter um pouco de tudo, sem vangloriar ou demonizar quaisquer alimentos. Além disso, cada indivíduo é único, e as recomendações passadas para uma determinada pessoa podem não valer para você.

Mas, afinal, o que são carboidratos, lipídios e proteínas ?

       Carboidratos, proteínas e lipídios (gorduras) são os principais substratos de energia para o nosso corpo, os quais são oriundos através da nossa alimentação. Entre os carboidratos mais presentes na dieta de seres humanos estão o amido, a sacarose, a lactose, frutose e a glicose. O amido é a forma de armazenamento de carboidrato presente nos vegetais, sendo o principal carboidrato da nossa alimentação. Cada grama de carboidrato fornece em média 4kcal.

       Depois que o carboidrato é ingerido, ocorre a sua “quebra” em estruturas menores chamadas de monossacarídeos, a fim de facilitar a absorção pelo organismo. O principal monossacarídeo produzido é a glicose, a qual é utilizada para fornecer energia para as diferentes funções do corpo. A glicose também pode ser armazenada em locais como o fígado e músculos na forma de glicogênio, o qual será responsável de fornecer a energia para o corpo em estado de jejum.

      As proteínas são formadas por aminoácidos unidos em cadeias lineares. Quando ocorre a sua digestão, as proteínas, então, são quebradas nos aminoácidos que as constituem para que 

sejam absorvidos no sangue. Aqui, existe a denominação de aminoácidos essenciais e os não essenciais. Os aminoácidos essenciais são aqueles que devem estar presentes na nossa alimentação pois o corpo não consegue produzir. Entre os aminoácidos essenciais estão lisina, isoleucina, leucina, treonina, valina, triptofano, fenilalanina, metionina e histidina. 

       A combinação de arroz com feijão é fonte de dois desses aminoácidos essenciais, a metionina e a lisina, além de outros nutrientes importantes, como já comentamos aqui no blog. Os aminoácidos não essenciais também são igualmente importantes para nosso organismo, no entanto nós conseguimos sintetizá-los. Cada grama de proteína pode fornecer, assim como os carboidratos, até 4 kcal. 

      Uma questão interessante de entender é que se a ingestão de proteína for baixa ou se faltar algum aminoácido essencial na nossa alimentação, nosso corpo não vai conseguir produzir as proteínas que geralmente produz para o seu bom funcionamento e os aminoácidos não usados vão ser excretados, o que chamamos de balanço nitrogenado negativo. Se essa situação persistir por muito tempo, a função corporal será diminuída. A boa notícia é que pessoas saudáveis vão ter equilíbrio nesse cálculo, ou seja, não vão ter balanço negativo nem positivo! Mais um indicativo de que o equilíbrio significa saúde.

       Em relação às gorduras, elas são lipídios formados pelos triglicerídeos. A sua digestão é mais complexa que a dos carboidratos e das proteínas, pois não são muito solúveis em água, por isso, quando comemos uma refeição muito rica em gorduras, sentimos nosso estômago pesado por mais tempo. Após a sua digestão, as gorduras se transformam em triglicerídeos, os quais são “empacotados” nos quilomícrons, e são transportados pelo corpo. É na forma de triglicerídeos, também, que ficam armazenados no tecido adiposo, como forma de estoque de energia. Cada grama de gordura que ingerimos pode fornecer até 9kcal, mais que o dobro fornecido por carboidratos e proteínas.

     A grande maioria dos ácidos graxos (gorduras) podem ser sintetizados pelo nosso organismo a partir de carboidratos e proteínas, porém, existe um grupo seleto que deve ser obtido através da nossa alimentação, os quais são chamados de ácidos graxos essenciais.  É o caso dos famosos ômega-3 e ômega-6, os quais são importantes funções imunológicas e anti-inflamatórias do nosso corpo. Já falamos sobre isso aqui no nosso blog também! 

   Como vimos, o equilíbrio entre todos os elementos da nossa alimentação se refletirá no equilíbrio da nossa saúde e do nosso corpo. Por isso, pense muito antes de reproduzir discursos que vangloriem ou demonizem determinados alimentos. Não existem alimentos milagrosos! Acompanhem nossas postagens para ficarem mais informados sobre alimentação e nutrição!

.

Fabiana Tanabe
Nutricionista – CRN 2 9727

.

Referências

Smith, Colleen. Bioquímica médica básica de Marks: uma abordagem clínica / Colleen Smith, Allan D. Marks, Michael Lieberman; tradução Ângela de Mattos Dutra … [et al.]. – 2. ed. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre: Artmed, 2007.

Sociedade Vegetariana Brasileira. Departamento de Medicina e Nutrição. Guia Alimentar De Dietas Vegetarianas Para Adultos. Florianópolis: SVB, 2012.

Slywitch, Eric. Tudo que você precisa saber sobre nutrição vegetariana. 2ª ed. Florianópolis: SVB, 2018.

Presentes em diversos alimentos, de origem animal ou vegetal, as moléculas de gordura, também chamadas lipídios ou lípidos, fornecem energia ao corpo humano, além de contribuírem para a absorção de algumas vitaminas, entre outras funções orgânicas.

As moléculas de lipídio são compostas por carbono, oxigênio e hidrogênio, e podem ainda conter fósforo, enxofre e nitrogênio. São relativamente pequenas e insolúveis em água, mas solúveis em outras substâncias, como álcool, acetona, clorofórmio e éter.

Quer saber mais sobre os lipídios e de que maneira esse tema poderá ser abordado nos vestibulares? Continue a leitura de nosso artigo e confira tudo sobre lipídios.

O que são lipídios?

Os lipídios, como já mencionado, são moléculas de gordura que, no organismo dos seres vivos, desempenham uma série de funções biológicas, principalmente o armazenamento de energia.

Uma de suas características é que são facilmente armazenados pelo organismo, mas são difíceis de serem consumidos. Isso explica por que os alimentos ricos em lipídios normalmente são os que mais contribuem para aquelas gordurinhas indesejáveis!

De fato, quando ingeridos em excesso, eles ficam armazenados no tecido adiposo. O organismo, normalmente, só passa a consumir essas moléculas quando ocorre privação de outras fontes de energia.

Os lipídios mais conhecidos são os ácidos graxos, dos quais derivam os óleos e as gorduras. Eles podem ser saturados ou insaturados, e suas cadeias variam de 4 a 36 carbonos, com possíveis ramificações. Algumas gorduras são boas (insaturadas) e outras prejudiciais para o organismo (saturadas), e sua ingestão deve ser moderada.

Apesar de associados ao excesso de peso, os lipídios são fundamentais ao organismo, pois o corpo não produz os ácidos graxos, que são essenciais para algumas funções biológicas, como fornecimento de energia e participação na formação de membranas celulares, entre outras.

Os lipídios são classificados de acordo com sua função, tamanho, saturação e solubilidade.

Função dos lipídios

Os lipídios desempenham algumas funções biológicas essenciais, de acordo com seu tipo. Confira as mais importantes:

  • armazenamento de energia, uma vez que cada grama de lipídios contém 9 quilocalorias de energia;
  • isolamento térmico, essencial para a manutenção da temperatura corporal, sendo essencial para suportar baixas temperaturas. Nos mamíferos, a gordura subcutânea é formada por lipídios;
  • disponibilização de ácidos graxos, necessários para a síntese de moléculas orgânicas e formação das membranas celulares;
  • auxílio na absorção de vitaminas A, D, E e K, que são lipossolúveis, ou seja, se dissolvem na gordura;
  • produção de hormônios e sais biliares;
  • proteção e suporte para órgãos internos de aves e mamíferos.

Metabolismo de lipídios

Quando ingeridos, os lipídios passam pelo processo de emulsificação, sendo digeridos por enzimas no trato gastrointestinal e depois absorvidos pelas células da mucosa intestinal.

A emulsificação é necessária para que os lipídios sejam absorvidos. Esse processo ocorre no duodeno, primeira parte do intestino delgado, com a ação detergente da bile, que é constituída por sais biliares. Nesse processo de emulsificação, os lipídios são transformados em partículas entre 500 a 1000 micra de diâmetro.

Essas pequenas partículas ativam as lipases pancreáticas, enzimas responsáveis pela digestão de lipídios. As lipases quebram os lipídios em ácidos graxos livres e monoglicerídeos. Dentro das células intestinais, os ácidos graxos se juntam à proteína intestinal, que aumenta a sua solubilidade. Assim, eles são convertidos em moléculas ainda menores, como triacilglicerol, e organizados em partículas chamadas quilomicrons.

Essas partículas menores são liberadas nos vasos linfáticos, por onde serão transportadas até alcançarem outros tecidos. O transporte de substâncias pelas células é conhecido como osmose.

Nesse processo, os lipídios podem ficar armazenados nos adipócitos ou serem degradados, transformando-se em ácidos graxos livres e glicerol. A oxidação dos ácidos graxos é o processo que produz energia.

O metabolismo lipídico vem de duas fontes:

  • alimentos ingeridos;
  • reservas do tecido adiposo, processo que acontece quando há privação de outras fontes de energia no organismo. Isso ocorre, por exemplo, durante uma dieta de restrição alimentar.

Estrutura dos lipídios

Os lipídios são ésteres, ou seja, são elementos orgânicos derivados dos ácidos carboxílicos. Eles são compostos por uma molécula de ácido (ácido graxo) e uma de álcool (glicerol ou outro). O éster é insolúvel em água, mas se dissolve em álcool, éter, acetona e clorofórmio.

Existe uma grande variedade de lipídios, conforme a estrutura química. De qualquer forma, é importante destacar que todos os lípidos contêm pelo menos uma cadeia de hidrocarbonetos (ou seja, uma ligação de átomos de carbono e hidrogênio), com um final ácido. A grande maioria dos lipídios conta com longas cadeias de hidrocarbonetos, que não são solúveis em água.

Tipos de lipídios

Os lipídios são construídos, como foi dito, a partir do ácido graxo. Suas variações ocorrem em função do tipo de álcool. Assim, eles são ser classificados em glicerídeos, fosfolipídios, esterídeos e cerídeos. Confira mais detalhes:

  • os lipídios mais simples são os triglicerídeos, ou triacilgliceróis. Eles são compostos por três ácidos graxos, unidos com ligações éster ao glicerol. Os ácidos graxos são estruturas que armazenam energia, também chamada de gordura de reserva, e são eficientes para o isolamento térmico. Ácidos graxos também formam lipídios estruturais;
  • os fosfolipídios, ou fosfoglicerídios, resultam da união de lipídios com fosfato. Eles estão presentes na estrutura das membranas celulares;
  • os esterídeos ou esteróis são grupos mais complexos de lipídios. Possuem quatro anéis e estrutura química contendo um ciclo-pentano-fenantreno e um núcleo cíclico, como o colesterol. Além do colesterol, alguns hormônios pertencem à classe de lipídios, como a progesterona e a testosterona. Existem também lipídios com pigmento, os carotenoides.
  • os cerídeos, por sua vez, têm função protetora e impermeabilizante. É o caso do cerume ou cerúmen, popularmente conhecido como cera de ouvido, produzido pelas glândulas sebáceas para proteção do canal auditivo. Também estão presentes na superfície das folhas, no corpo de alguns insetos e na cera produzida pelas abelhas.

Alimentos ricos em lipídios

A ingestão de lipídios é essencial ao organismo, pois, como você viu, contribui para diversos processos metabólicos e hormonais. Confira as principais fontes lipídicas de origem animal:

  • carnes vermelhas e brancas, especialmente a gordura da carne e pele de aves;
  • ovos;
  • leite e derivados, como manteiga, creme de leite, iogurte e nata.

Os lipídios também são encontrados em fontes vegetais:

  • azeites e óleos vegetais, como oliva, canola, soja, milho, coco, dendê, entre outros;
  • margarinas;
  • sementes como castanhas, amêndoas, nozes, linhaça etc.;
  • frutas como coco e abacate.

Outras fontes de lipídios são alimentos industrializados, como biscoitos e salgadinhos. A gordura presente nesses alimentos, no entanto, é do tipo trans, ou seja, gerada a partir de um processo químico chamado hidrogenação, que transforma óleos vegetais em ácido graxo trans, uma gordura sólida. Devem ser ingeridas com moderação, pois não são saudáveis.

Agora que você já sabe o que são lipídios, sua importância para o organismo e quais as principais fontes, continue a visita em nossa página cadastre-se no Stoodi conheça mais sobre a Biologia e teste seus conhecimentos com exercícios! Cadastre-se: