A Educação Popular é um movimento pedagógico e político tipicamente latino-americano. No Brasil, Paulo Freire foi um dos principais disseminadores deste método. Embora o movimento tenha surgido antes, ele ganhou força nos anos 60, no contexto de resistência às ditaduras militares. A Educação Popular defende que só pode haver uma sociedade justa e democrática se as classes oprimidas e discriminadas tomarem consciência de suas condições de vida e das raízes dos problemas que as afetam. Assim, por meio da educação, seria possível conceber estratégias para concretizar transformações sociais a favor dos setores populares. Uma questão de coerência
Com o golpe militar de 1964, os programas de alfabetização e educação popular que se multiplicaram no período entre 1961 e 1964 foram vistos como ameaça à ordem e seus promotores duramente reprimidos. O governo só permitiu a realização de programas assistencialistas e conservadores de alfabetização de adultos até que, em 1967, é lançado o Movimento Brasileiro de Alfabetização (Mobral). O projeto era a resposta do regime militar à ainda grave situação do analfabetismo no país. Durante a década de 70, expandiu-se por todo o território nacional, diversificando sua atuação. Para alcançar esse objetivo, é necessário alguns princípios. A Educação Popular compreende todo e qualquer ser humano como produtor de conhecimento, reconhece que o contexto de cada estudantes importa, e respeita a cultura, os conhecimentos populares, os valores e habilidades individuais que todos trazem consigo. É portanto, possível definir a Educação Popular como uma teoria de conhecimento referenciada na realidade, com metodologias incentivadoras à participação e ao empoderamento das pessoas permeado por uma base política estimuladora de transformações sociais e orientado por anseios humanos de liberdade, justiça e igualdade. Também faz parte da Educação Popular garantir uma gestão democrática em todos os espaços. A escola deve, portanto, ser uma instância de participação social de crianças e estudantes, para que eles possam e saibam como exercê-la também na família, na comunidade, nos espaços sagrados e nas instâncias de poder.
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