Qual foi o papel de Martim Afonso na colonização da América portuguesa *?

Sempre que ouvimos falar da colonização portuguesa na América, lembramos logo da colonização do Brasil. Será que o Brasil foi realmente descoberto pelos portugueses? Ou o processo de colonização portuguesa foi uma conquista?

A colonização portuguesa no Brasil teve como principais características: civilizar, exterminar, explorar, povoar, conquistar e dominar. Sabemos que os termos civilizar, explorar, exterminar, conquistar e dominar estão diretamente ligados às relações de poder de uma determinada civilização sobre outra, ou seja, os portugueses submetendo ao domínio e conquista os indígenas. Já os termos explorar, povoar remete-se à exploração e povoamento do novo território (América).

A partir de então, já sabemos de uma coisa, que o Brasil não foi descoberto pelos portugueses, pois afirmando isto, estaremos negligenciando a história dos indígenas (povoadores) que viviam há muito tempo neste território antes da chegada dos europeus. Portanto, o processo de colonização portuguesa no Brasil teve um caráter semelhante a outras colonizações europeias, como, por exemplo, a espanhola: a conquista e o extermínio dos indígenas. Sendo assim, ressaltamos que o Brasil foi conquistado e não descoberto. 

A Coroa portuguesa, quando empreendeu o financiamento das navegações marítimas portuguesas no século XV, tinha como principal objetivo a expansão comercial e a busca de produtos para comercializar na Europa (obtenção do lucro), mas não podemos negligenciar outros motivos não menos importantes como a expansão do cristianismo (Catolicismo), o caráter aventureiro das navegações, a tentativa de superar os perigos do mar (perigos reais e imaginários) e a expansão territorial portuguesa (territórios além-mar).

No ano de 1500, os primeiros portugueses chegaram ao chamado “Novo Mundo” (América), e com eles o navegador Pedro Álvares Cabral desembarcou no litoral do novo território. Logo, os primeiros europeus tomaram posse das terras e tiveram os primeiros contatos com os indígenas denominados pelos portugueses de “selvagens”. Alguns historiadores chamaram o primeiro contato entre portugueses e indígenas de “encontro de culturas”, mas percebemos com o início do processo de colonização portuguesa um “desencontro de culturas”, começando então o extermínio dos indígenas tanto por meio dos conflitos entre os portugueses quanto pelas doenças trazidas pelos europeus, como a gripe e a sífilis.

Entre 1500 a 1530, os portugueses efetivaram poucos empreendimentos no novo território conquistado, algumas expedições chegaram, como a de 1501, chefiada por Gaspar de Lemos e a expedição de Gonçalo Coelho de 1503, as principais realizações dessas expedições foram: nomear algumas localidades no litoral, confirmar a existência do pau-brasil e construir algumas feitorias.

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Em 1516, Dom Manuel I, rei de Portugal, enviou navios ao novo território para efetivar o povoamento e a exploração, instalaram-se em Porto Seguro, mas rapidamente foram expulsos pelos indígenas. Até o ano de 1530, a ocupação portuguesa ainda era bastante tímida, somente no ano de 1531, o monarca português Dom João III enviou Martin Afonso de Souza ao Brasil nomeado capitão-mor da esquadra e das terras coloniais, visando efetivar a exploração mineral e vegetal da região e a distribuição das sesmarias (lotes de terras).

No litoral do atual estado de São Paulo, Martin Afonso de Souza fundou no ano de 1532 os primeiros povoados do Brasil, as Vilas de São Vicente e Piratininga (atual cidade de São Paulo). No litoral paulista, o capitão-mor logo desenvolveu o plantio da cana-de-açúcar; os portugueses tiveram o contato com a cultura da cana-de-açúcar no período das cruzadas na Idade Média. 

As primeiras experiências portuguesas de plantio e cultivo da cana-de-açúcar e o processamento do açúcar nos engenhos aconteceram primeiramente na Ilha da Madeira (situada no Oceano Atlântico, a 978 km a sudoeste de Lisboa, próximo ao litoral africano). Em razão da grande procura e do alto valor agregado a este produto na Europa, os portugueses levaram a cultura da cana-de-açúcar para o Brasil (em virtude da grande quantidade de terras, da fácil adaptação ao clima brasileiro e das novas técnicas de cultivo), desenvolvendo os primeiros engenhos no litoral paulista e no litoral do nordeste (atual estado de Pernambuco), a produção do açúcar se tornou um negócio rentável.

Para desenvolver a produção do açúcar, os portugueses utilizaram nos engenhos a mão de obra escrava, os primeiros a serem escravizados foram os indígenas, posteriormente foi utilizada a mão de obra escrava africana, o tráfico negreiro neste período se tornou um atrativo empreendimento juntamente com os engenhos de açúcar.

Leandro Carvalho
Mestre em História

Martim Afonso de Sousa (1500-1571) foi militar portugu�s, comandante da primeira expedi��o colonizadora, enviada ao Brasil, pelo rei de Portugal D. Jo�o III, no ano de 1530. Foi nomeado conselheiro da Coroa. Primeiro donat�rio da Capitania de S�o Vicente.

Martim Afonso de Sousa nasceu em Vila Vi�osa, Portugal, na �poca das grandes navega��es. De fam�lia nobre, foi amigo de Dom Jo�o, quando crian�as. Estudou matem�tica, cosmografia e navega��o.

Com a morte do rei Dom Manuel, Dom Jo�o III torna-se rei. Designa o amigo Martim, em miss�o oficial, para acompanhar Dona Leonor, vi�va de Dom Manuel, que regressava � Castela, sua terra natal.

Em terras espanholas, acompanha o rei Carlos V nas lutas contra a Fran�a. Em Castela, Martim casa-se com Dona Ana Pimentel. Em 1525 volta para Portugal, acompanhando a infanta espanhola Dona Catarina, irm� do imperador, que iria se casar com Dom Jo�o III.

Primeira expedi��o colonizadora

Em 1530, para colonizar as terras brasileiras, o rei Dom Jo�o III organiza uma expedi��o e entrega o comando a Martim Afonso de Sousa. Tr�s dias antes de partir para o Brasil, o capit�o � nomeado conselheiro da Coroa.

No dia 3 de dezembro de 1530, partia de Lisboa a nau capit�nia com Martim Afonso e seu irm�o Pero Lopes de Sousa, o gale�o S�o Vicente, a caravela Rosa e a caravela Princesa.

Navegadores, padres, fidalgos, soldados, trabalhadores de diversas profiss�es formavam o grupo de quatrocentas pessoas que o acompanhou.

A miss�o de Martim Afonso era colocar os marcos indicativos de posse, doar terra e nomear tabeli�es e oficiais de justi�a, instalando no Brasil a administra��o portuguesa.

No Brasil, na costa pernambucana, combateu os franceses que contrabandeavam pau-brasil, tomando-lhes os navios, que foram incorporados � esquadra portuguesa. Em terra encontram o fortim, erguido por Crist�v�o Jacques, saqueado.

Na ba�a de Todos os Santos, encontra o portugu�s Diogo �lvares Correia, o Caramuru, v�tima de um naufr�gio, que estava h� 22 anos em terras brasileiras, casado com a �ndia Paragua�u, e tinha o respeito e a amizade dos �ndios da regi�o.

Seguindo para o sul, chegam ao Rio de Janeiro, no dia 30 de abril de 1531. Na regi�o instalam uma oficina e um estaleiro, para reparo e constru��o de pequenas embarca��es.

Instala��o das primeiras povoa��es brasileiras

No dia 20 de janeiro de 1532, instalam o primeiro marco real da coloniza��o na capitania de S�o Vicente. Constroem um forte e com a ajuda de Jo�o Ramalho, portugu�s casado com uma �ndia, fixa a primeira povoa��o permanente.

Qual foi o papel de Martim Afonso na colonização da América portuguesa *?
Funda��o de S�o Vicente - �leo de Benedito Calixto - Museu Paulista

Subindo a serra, funda uma segunda vila, junto ao rio Piratininga. Aos poucos, Martim Afonso ia cumprindo a importante miss�o para a qual foi destacado.

Por�m, as dificuldades financeiras logo foram surgindo. A fracassada procura de ouro e prata estava exigindo um novo caminho para o enriquecimento do Reino. A doa��o de terras e a agricultura era o caminho que restava.

Capitanias heredit�rias

A doa��o de terras feita atrav�s da �Carta de Doa��o e do Foral� que obrigavam os benefici�rios a demarcar as propriedades e cultiv�-las. Essas terras seriam heredit�rias e, se n�o fossem rent�veis num prazo de cinco anos, deveriam ser transferidas para outra fam�lia.

Dom Jo�o III resolve oficializar e ampliar as doa��es, dividindo o Brasil em 14 capitanias heredit�rias doadas a 12 donat�rios. Martim Afonso recebe �S�o Vicente�, posteriormente �Vila de S�o Paulo� e seu irm�o recebe �Sant�Ana�.

A distribui��o do restante das terras foi feita entre os anos de 1534 e 1536. A planta��o da cana de a��car foi iniciada em v�rias capitanias. O a��car era produto raro na �poca, e de grande aceita��o na Europa.

Por�m, a dificuldade de m�o de obra e a necessidade de grandes recursos para instala��o de engenhos fez muitos donat�rios fracassarem. Apenas duas capitanias prosperaram a de �S�o Vicente� e a de �Pernambuco�.

A capitania de S�o Vicente prosperou gra�as aos esfor�os de Martim Afonso, Jo�o Ramalho e com o aux�lio do Reino, a de Pernambuco, prosperou gra�as ao donat�rio Duarte Coelho, que logo trouxe a fam�lia e grande n�mero de parentes. O cultivo da cana-de-a��car foi o grande destaque da capitania.

A volta ao reino

Martim Afonso de Sousa voltou ao Reino e deixou ordens para que executassem obras de fortifica��o e defendessem a vila do ataque dos �ndios.

Em meados de 1533, teve atua��o importante no combate aos cors�rios que saqueavam as embarca��es portuguesas. Defendeu as feitorias dos ataques dos mouros.

Em 1534 estava mais uma vez navegando pelo Tejo, foi nomeado capit�o-mor do mar das �ndias. Logo ao chegar, presta ajuda militar ao sult�o de Cambaia, em troca, permite a constru��o de uma fortaleza lusa em Diu. Em seguida, d� prote��o ao rei de Cochim, amea�ado pelo raj� de Calicute.

Em 1539 retorna para Portugal. Em 1541 foi nomeado, por Dom Jo�o III, �governador das partes das �ndias�. Nesse cargo permanece at� o ano de 1545.

Em 1557 redige uma rela��o dos servi�os prestados como soldado, esquecendo da sua atua��o como administrador. Queixa-se das poucas recompensas e honrarias que recebera nos 41 anos de servi�o ao rei. Recebe ent�o, novas terras em Portugal, com alvar� de heran�a para os filhos que teve com Ana Pimentel.

Martim Afonso de Sousa faleceu em Lisboa, Portugal, em 1571. Foi enterrado no Convento de S�o Francisco.

Qual foi o papel de Martim Afonso de Souza no processo de colonização do Brasil?

Comandada por Martim Afonso de Sousa, tinha uma tríplice missão: combater os traficantes franceses, penetrar nas terras na direção do Rio da Prata para procurar metais preciosos e, ainda, estabelecer núcleos de povoamento no litoral. Portanto, iniciar o povoamento do "grande desertão", as terras brasileiras.

Qual a importância de Martim Afonso de Sousa para a implantação da colônia portuguesa na América?

Combateu os franceses, fundou as vilas de São Vicente e Piratininga, inaugurando o povoamento sistemático do território, iniciou a cultura da cana-de-açúcar e montou o primeiro engenho.

Quem foi Martim Afonso de Souza o que ele fez?

Martim Afonso de Sousa (1500-1571) foi militar português, comandante da primeira expedição colonizadora, enviada ao Brasil, pelo rei de Portugal D. João III, no ano de 1530. Foi nomeado conselheiro da Coroa. Primeiro donatário da Capitania de São Vicente.

O que Martim Afonso fez de importante em janeiro de 1532?

No dia 22 de janeiro de 1532, São Vicente tornou-se oficialmente a primeira vila fundada na colônia. Mais tarde, quando o território brasileiro foi dividido em capitanias hereditárias, Martim Afonso de Souza recebeu a capitania de São Vicente e a do Rio de Janeiro.