De forma consensual encontramos na historiografia atual toda uma cadeia de processos que construíram as bases da idade média e como a decadência do império romano do ocidente contribuiu para essa construção. Tentaremos neste texto explicar, baseado em uma análise interpretativa da obra: Origens da Idade Média de William Carroil Bark, entender como a fase final de Roma influenciou todo o período medieval que o seguiu. Show Constituímos, em geral, uma idéia de surgimento da idade média, como sendo a decadência da civilização, representada na figura do império romano e com isso o surgimento de um tempo marcado pela “retração civilizatória” do mundo em meados do século V. Entretanto o que devemos nos perguntar é em que situação o império se encontrava? Quais as causas que o levaram a uma situação de decadência em que ele estava submetido entre o final do século II e o inicio do século IV? E por final o que as medidas tomadas no campo social, político, econômico, pelos imperadores influenciaram no futuro de Roma? Ao tentar responder estes questionamentos é que iremos desenvolver uma analise querente e nós perguntarmos mais uma vez, se a Idade Média não foi a melhor saída para o caos que se instalara na Europa, pois “a regressão da civilização do ocidente, partindo do nível romano foi uma ocorrência feliz” . Grande parte do mundo durante o final do século II se encontrava dominado pelo império romano, que nesta época possuía a sua maior extensão,
entretanto a situação política em que se encontrava não era de grande estabilidade. Em 285 d.C. surge a figura de Diocleciano considerado um dos grandes reformadores do império romano juntamente com Constantino, que se tornou imperador tempos depois. A política exercida por esses reformadores, ao mesmo tempo em que permitiu um maior controle do estado, sobre ele mesmo e sobre seus invasores, o dividindo em regiões administrativas, formando uma tetrarquia e separando o oriente do ocidente. Também instituiu uma forma de governo baseado na opressão de todos que viviam em seu território. Criando leis que posteriormente constituiriam os alicerceis para o surgimento da Idade Média. “A unidade política e a centralização que nos séculos posteriores, medievais, eram inteiramente impossíveis, já começavam a desaparecer das partes do império localizadas na Europa ocidental em fins do séc.III, e o caminho estava preparado para os reinos medievais e o lento processo de adaptação, chamado feudalismo”. Outro fator importante que se deu na política dessa época foi à adoção do cristianismo por Constantino que não podia mais negar a força que a religião cristã se tomou dentro do império, fazendo assim com que o os motivos para manter a unidade romana mudasse
de foco. “Permitindo substituir a unidade política romana pela unidade religiosa cristã” . Com a separação do império em ocidental e oriental verificamos que houve o estabelecimento de uma crescente desigualdade entre as duas partes. Já verificada que as maiores cidades estavam no lado oriental e a grande concentração do ouro de todo império também fazia parte do oriente. Por outro lado o ocidente estava sofrendo cada vez mais com os bárbaros e com as modificações políticas impostas desde Diocleciano. “As destruições provocadas pelas guerras civis e invasões do séc. III de nossa era parecem ter sido particularmente severas na Gália, sem dúvidas porque esta era uma das mais ricas e economicamente mais produtivas partes do ocidente e, portanto a mais vulnerável” . Com o lado ocidental bastante afetado economicamente
podemos notar que a economia natural passou a ter um caráter cada vez mais efetivo na vida do cidadão romano, tirando de forma intensa, mais não total, o foco da economia baseada no ouro. Não que o império nunca tivesse experimentado esse tipo de economia, podemos ate dizer que a construção econômica do império oscilava entre os dois tipos, mais não tanto quanto agora. Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;) Um dos fatos, mas marcantes nas reformas estabelecidas pelo império, foi à dura imposição na criação de impostos e as medidas atreladas ao aparelho estatal para garantir seu recebimento. Com as crescentes invasões bárbaras e um aumento na cobrança dos impostos o povo estava saindo do império, para conter este êxodo, foram estabelecidos artifícios legais que fixavam o homem a terra e as cidades, transformando as atividades tanto urbanas quanto rurais em funções hereditária, criando assim um sistema de castas. Com essa violenta supressão da liberdade individual, o homem livre da época se transformou em servo do Estado. Surgia a servidão. Os ideais greco-romanos de uma comunidade de cidadãos livres desapareceram. Voltando ao campo economico e a questão do cerscente desenvolvimento da economia natural, observamos que ela se baseia na auto-suficiencia, no comercio de trocas e agora , para infelicidade do estado, no pagamento de impostos. “Assim, apesar das reformas de Diocleciano e Constantino, o movimento de repulsão a economia monetária não podia ser detido e o imposto sobre a terra era frequentemente pago in natura” . Diante desta crescente opressão, onde os colonos não tinham mais capacidade de produzir nada além do que lhes era suficiente para pagar os impostos, observamos, mais uma vez, que a estrutura que se montava era em direção de uma total derrocada do lado ocidental. Isso fica evidente nas palavras de William Carroil Bark, quando ele diz que: “o estado era incapaz de ajudar o fazendeiro independente pelas quais, ele, como o colonus, tinha poucas soluções a sua frente... Para homens que tinham família, até mesmo a fuga para o banditismo estava fora de cogitação. De qualquer forma, o que ocorreu é evidente: um número cada vez maior de agricultores em dificuldades aceitava a proteção de potentados feudalistas capazes de desafiar o estado, e com isso praticamente se vendiam a servidão” . Diante de tantas causas e conseqüência, encontradas para dar sustentação ao surgimento das características que compunham o momento de transição entre o fim do império romano e o início da idade média, podemos agora tentar refutar a afirmação feita no inicio do texto, em que dizemos que a única saída para Roma é a Idade Medieval. Isso fica claro quando analiticamente verificamos que não foi o feudalismo que construiu uma sociedade relativamente pobre, esfacelada, sem unidade e de base agrárias, mais sim podemos indicar como criador dessa realidade o império romano, que dentro do seu espirilo belicista e conquistador não teve o cuidado e destreza necessária com seu povo e os povos conquistados, os tratando de forma violenta e opressora, fazendo com que as estruturas sócias, políticas e econômicas se fundissem na realidade medieval. Entretanto o que fica claro é que todas essas mudanças causaram, segundo as palavras de Rostovtzeff, “uma lenta e gradual modificação, uma transferência de valores na consciência dos homens” fazendo com a mudança se tornasse estrutural e não parte de uma mera conjuntura. Produzido por: Volnei Belém de Barros Neto Qual foi o legado da civilização romana para as sociedades contemporâneas?A Civilização Romana antiga contribuiu grandemente para o desenvolvimento do direito, arte, literatura, arquitetura, tecnologia, religião, governo, e da linguagem no mundo ocidental e sua história continua a ter uma grande influência sobre o mundo até os dias de hoje.
Qual foi o legado mais importante dos romanos?O direito constituiu um dos mais importantes legados da civilização romana.
Quais foram as contribuições romanas que beneficiaram a sociedade de hoje?Os povos que os romanos conquistaram puderam preservar o latim, língua falada pelos romanos. O latim se tornou a origem dos idiomas românicos (como italiano, francês ou português), mas também influenciou as línguas germânicas, como o inglês, que ainda tem uma grande quantidade de palavras de origem latina.
São traços da civilização ocidental contemporânea que revelam o legado cultural da civilização romana?Entre os traços que a civilização ocidental obteve da Roma Antiga, podemos destacar o uso das chamadas línguas neolatinas que se derivaram do latim falado entre os romanos; e o nosso conceito de democracia, que se assemelha ao modelo romano por ser marcado pela expansão dos direitos para diferentes parcelas da ...
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