Qual é a importância dos ciclos econômicos para a formação do território brasileiro?

Qual é a importância dos ciclos econômicos para a formação do território brasileiro?

Qual é a importância dos ciclos econômicos para a formação do território brasileiro?
Configuração atual do território brasileiro desde a promulgação da Constituição de 1988. Imagem: Wikimedia.

Desde muito cedo, na escola, olhamos o território brasileiro e começamos a memorizar o seu formato, seus estados e capitais, suas regiões, climas e culturas diversas. Mas o que aconteceu para termos o que temos hoje e como chegamos nessas fronteiras do nosso território nacional?

Pois neste texto iremos abordar o que aconteceu lá atrás, quando os portugueses nem haviam chegado. E depois de muitos anos, junto dos ciclos econômicos – e até mesmo depois de se tornar uma república – quais mudanças aconteceram?

É importante lembrar que toda construção teve a sua particularidade por conta da época, necessidades e estratégias políticas e expansionistas. E, aqui, iremos abordar um pouco de cada época, de cada mudança territorial até chegar ao que conhecemos hoje como Brasil.

No final deste texto iremos contar um fato muito interessante sobre o território brasileiro. É muita história importante para saber! Leia e entenda!

Formação do território brasileiro: Idade Moderna

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Século XV e XVI

A formação do território brasileiro foi desenvolvida por um longo período, a partir de vários processos de expansão que derivaram da chegada dos portugueses em 1500 até um pouco depois do país se tornar uma república. Mas seis anos antes disso, ainda no século XV, o assunto começou a tomar forma.

Na época, as navegações estavam cada vez mais sendo utilizadas pelos europeus e países como Espanha e Portugal. Os países decidiram investir nas grandes navegações em busca das Índias, que chamavam a atenção por ser um local onde se comercializava muitas especiarias.

Ambos os reinos partiram, então, para desbravarem novas rotas. Os portugueses encontraram uma nova rota e navegaram pelo litoral africano. Já os espanhóis, tentando encontrar um caminho inédito, descobriram um novo continente: a América. Não demorou para que os dois países começassem a disputar a nova terra descoberta. E após algumas discussões, chegaram em um consenso de criar um meridiano a 370 léguas (1786 KM) da ilha de Cabo Verde (África) para delimitar as terras.

Assim, em 1494, foi criado o Tratado de Tordesilhas, um documento que definia os limites das terras na América do Sul entre os espanhóis e portugueses. A oeste do meridiano, eram terras espanholas, e a leste, terras portuguesas. Nessas terras portuguesas é onde hoje se encontra o Brasil.

Leia mais: Tratado de Tordesilhas: tudo sobre esse acordo internacional

Além disso, um dos objetivos principais do Tratado era pacificar as relações entre Portugal e Espanha sobre a nova terra descoberta. E como consequência desta pacificação, os portugueses puderam enfim desbravar o novo território. A primeira ocupação portuguesa no atual território brasileiro – já no século XVI – foi no litoral nordestino, onde iniciaram algumas atividades econômicas.

O ciclo da cana-de-açúcar e a exploração do pau-brasil foram as principais atividades econômicas neste início. O açúcar, na época, não era tão conhecido ou usado na Europa, e, justamente por isso, a produção era muito focada para a exportação do produto para lá. O crescimento desta exportação levou à criação de grandes centros urbanos e de cidades portuárias.

Século XVII

Com essa expansão de cidades e com urbanizações cada vez mais presentes no território onde os portugueses estavam instalados, veio a ideia de desbravar o interior do continente. O ciclo econômico da cana de açúcar continuou prosperando e, aos poucos, a pecuária – criação de gado – avançou para dentro do país.

Junto da produção pastoril, em missões de exploração na atual região norte do Brasil, os exploradores começaram a encontrar especiarias locais e, sabendo disso, iniciaram uma busca maior pelas chamadas drogas do sertão. Essas especiarias também eram uma estratégia positiva para a exportação para a Europa, já que também não tinham essa matéria prima.

Com isso, as Índias foram substituídas pelo território brasileiro. Brasil, que se tornou uma peça importante para o comércio da colônia portuguesa durante as navegações. Guaraná, salsa, cravo, canela e vários outros produtos começaram a ter um alto valor comercial, como o açúcar.

No final do século, outro tipo de commodity (produto agropecuário ou de extração mineral) começou a aparecer nessas missões de explorações. Cada vez mais em direção ao centro-oeste do país, mais precisamente na atual região sudeste. No estado de Minas Gerais, os exploradores encontraram algo que muito iria transformar a realidade do próximo século: o ouro.

Idade Contemporânea

Século XVIII

Vimos até aqui que, com alguns séculos de idade, o território brasileiro passou por algumas mudanças. No início, tínhamos apenas a noção do território da região nordeste, e descendo pela costa, já tínhamos alguns povos no litoral do estado de São Paulo, com suas vilas e cidades.

Com algumas expedições em direção ao oeste, houve a ocupação de alguns atuais estados da região norte, como Amazonas, e da região sudeste, como Minas Gerais. E mesmo com essa expansão territorial, com a mudança do mapa territorial, havia algumas coisas que ainda não tinham sido exploradas.

O século XVIII foi marcado pelo Ciclo do Ouro. Época marcante por conta da alta extração e exportação deste produto junto de algumas outras pedras preciosas. Chegou até substituir os antigos produtos mais exportados – como o açúcar – já que países como Espanha e Reino Unido, o extraiam de suas colônias na América Central e diminuíram a compra do produto brasileiro.

Neste sentido de descoberta do ouro, houve muitas mudanças na ocupação de pessoas dentro do território. Muitos portugueses se mudaram para a região das Minas Gerais para construir negócios de extração. Junto deles, várias pessoas que viviam no nordeste migraram para a região com o mesmo objetivo. É estimado que a população na região chegou a dobrar de quantidade, justamente pela alta procura do novo bem brasileiro.

Toda essa comoção e movimento populacional, gerado pela novidade, mudou também a quantidade de pessoas instruídas, que eram formadas e sabiam administrar o dinheiro e fazer os negócios renderem cada vez mais. Essa expansão do ouro aumentou a quantidade de cidades, mudou as suas estruturas e se desenvolveu conforme as suas necessidades.

Essas necessidades foram modificando algumas estruturas da mão de obra – o trabalhador – que estava ali, mantendo o movimento do trabalho sempre ativo. O século XVIII também é marcado pelo aumento do uso forçado do trabalho – a escravidão.

Povos indígenas e africanos, trazidos nos navios mercantis, eram colocados para trabalhar em condições não condizentes com o bem-estar. E este trato com o trabalhador só estava começando.

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Século XIX

O início do século XIX envolve um evento que mexeu bastante com o território brasileiro e que também chamou a atenção de diversos países europeus. A chegada da família real portuguesa para o Brasil foi uma renovação dos laços entre colônia e metrópole.

Essa renovação também atingiu o território nacional, com muitas novidades reais e novas oportunidades de negócios com países europeus. Além disso, a chegada de milhares de imigrantes europeus deu início a uma diversificação cultural imensa para o Brasil. Na economia, o ciclo do café – na região sudeste – e o ciclo da borracha – na região norte – modificaram, mais uma vez, o produto que mais era extraído do território e que passou a ser muito exportados.

Leia mais: Como era a economia colonial?

Neste meio tempo, territórios como os atuais países Uruguai e Guiana Francesa foram incorporados pelo Brasil. Mas em pouco tempo o Brasil deixou a Guiana Francesa, e após a sua independência, a área da Cisplatina foi solucionada com a criação do da República Oriental do Uruguai.

A chegada de novos povos e descobrimento de novos tipos de ciclos econômicos expandiu demasiadamente não só o território, mas também as vilas. Se tornaram grandes cidades; centros urbanos, que viraram grandes centros econômicos; e, consequentemente, um salto da população, que era estimada em 3,2 milhões em 1800 e passou para um número estimado em 17,4 milhões em 1900.

Esses dados demonstram o crescimento populacional no século e que, da mesma forma, levou a um desenvolvimento mais concreto de áreas urbanas e fortaleceu ainda mais o poder sobre o território nacional com a vinda da corte portuguesa.

Século XX

Na virada do século XIX para o século XX, o Brasil ainda precisava se acostumar com o novo regime de governo que fora instalado: A República. Com a sua proclamação em 1889, o Brasil passou a ter algumas mudanças estruturais, como a divisão dos estados, que antes eram províncias, e mudanças na forma de expansão territorial.

Durante a colônia e, por algumas vezes, durante o império, o Brasil utilizava missões de exploração para reconhecer, anexar e administrar as novas terras. Entretanto, na república, nós já tínhamos conhecimento das terras povoadas no nosso continente. Será que tinha mais espaço para o governo brasileiro conquistar?

A resposta para esta pergunta é: sim!

Logo no início do século XX, houve duas últimas conquistas principais que contribuíram para formar o território brasileiro que conhecemos hoje. Após algumas disputas diplomáticas com a França – país que administra a Guiana Francesa – o Brasil recuperou uma faixa de terra que eles se reconheciam como donos daquela terra. Atual estado do Amapá – e esta faixa de terra foi incorporada ao estado do Pará.

Além disso, o conflito que mais chamou a atenção na época foi a anexação do atual estado do Acre. Um conflito travado com a Bolívia terminou com a incorporação da terra e, em troca, o Brasil indenizou a Bolívia de acordo com o Tratado de Petrópolis.

E já que você chegou até aqui, vamos contar um fato muito interessante sobre o território brasileiro. Comparado com a expansão territorial dos EUA – que também adotou o avanço para o oeste, como no caso brasileiro – o Brasil iniciou o processo de expansão bem antes de sua independência (1822), já os EUA só iniciou depois de sua independência (1776).

E se não fosse a conquista do Acre, em 1903, o Brasil teria, desde 1828 – quando perdeu o território da Cisplatina -, finalizado a sua expansão total antes dos Estados Unidos, que a finalizou somente em 1853. Portanto, o Brasil praticamente mantém o mesmo território desde sua independência, já os norte-americanos iniciaram seu processo de expansão só após a sua independência.

Durante os séculos de nossa existência tivemos diversas mudanças em vários setores. Entretanto, a expansão territorial brasileira carrega uma longa história. E cada passo dado desde o século XV até o início do século XX é refletido no que temos hoje e no que conhecemos como Brasil.

E você, aprendeu algo novo sobre a Formação do Território Brasileiro? Nos conte nos comentários! E para saber mais sobre o Brasil, continue lendo os textos da Politize!

Referências:
  • Brasil Escola – “Formação e organização do território brasileiro”
  • DELLORE, Cesar Brumini. Araribá Mais: Geografia. Editora Moderna, 1ª Ed, São Paulo, 2018. 6º ao 9º . PNLD 2020.
  • INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Brasil: 500 anos de povoamento. Rio de Janeiro, 2000. p. 221.
  • RICUPERO, Rubens. A Diplomacia na Construção do Brasil: 1750-2016. Parte I: O Território. 1ª ed. – Rio de Janeiro: Versal, 2017.
  • Toda Matéria – “Formação do Território Brasileiro”

Qual a importância dos ciclos econômicos do território brasileiro?

Os ciclos econômicos do Brasil estiveram, majoritariamente, localizados nos estados mais litorâneos do país. Essa configuração está associada à não homogeneidade na povoação do território nacional, às grandes diferenças climáticas existentes no país e à disponibilidade dos recursos com valor comercial.

Qual a importância dos ciclos econômicos para a formação do território?

Resposta. Os ciclos econômicos do Brasil dizem respeito às atividades econômicas do país em determinado intervalo de tempo. Desde a colonização pelos portugueses, riquezas naturais foram exploradas e culturas agrícolas foram implementadas.

Qual a importância dos ciclos econômicos?

Sendo assim, os estudos dos ciclos econômicos têm por objetivo compreender os fatores que contribuem para o crescimento da economia com flutuações e não pela tendência que deveriam acompanhar.

Qual a relação entre os ciclos econômicos e a formação do território brasileiro?

Chegou-se à conclusão de que a formação territorial do Brasil foi baseada nos ciclos econômicos, utilizando as leis territoriais para ocupação de mais terras, acentuando-se ainda mais após o declínio do ciclo do açúcar e posterior interiorização do país com o ciclo da mineração.