Qual a sua opinião sobre a importância das intervenções urbanas na cidade o que elas podem vir a causar nos transeuntes?

Introdução

Na infância, o movimento para a criança é um aprendizado constante motivado por suas potencialidades biológicas e pelos estímulos fornecidos pelos que a cercam. A criança aprende a cultura na qual está imersa, experimentando, brincando criativamente com tudo que lhe é permitido. À medida que cresce, sua criatividade vai ora sendo cerceada, ora sendo estimulada, mas nos parece que o contexto vai moldando o ser humano.

A cultura para Geertz(1)Geertz C. A interpretação das culturas. Rio de Janeiro: LTC; 1989. é compreendida como a própria condição de vida de todos os seres humanos, produto das ações, como um processo contínuo pelo qual as pessoas dão sentido às suas realizações. Ela é universal porque todos os seres humanos produzem, mas é também local, uma vez que é a dinâmica específica de vida que significa o que o ser humano faz, constituindo-se em processo singular e privado, mas também plural e público. Neste sentido, Daolio(2)Daolio J. Educação física e o conceito de cultura. Campinas: Autores Associados; 2007. afirma que a cultura ocorre na mediação entre os indivíduos, onde se manipulam padrões de significados que fazem sentido num contexto específico.

Na década de 80 o debate acadêmico na área da Educação Física era predominantemente das ciências biológicas. O corpo era visto somente como um conglomerado de ossos e músculos e não como expressão da cultura. Considerando o corpo como uma máquina passível de intervenção técnica, priorizava-se a dimensão da eficiência, perdendo a possibilidade de observá-lo como produtor e expressão de cultura, o que levou ao distanciamento dos universos simbólicos, estéticos e subjetivos(2)Daolio J. Educação física e o conceito de cultura. Campinas: Autores Associados; 2007.. Ao ampliar e validar mais essa discussão acerca da cultura e das manifestações que as envolvem o autor é peremptório:

Tenho afirmado em outros trabalhos que 'cultura' é o principal conceito da educação física, porque todas as manifestações culturais humanas são geradas na dinâmica cultural, desde os primórdios da evolução até hoje, expressando-se diversificadamente e com significados próprios no contexto de grupos culturais específicos. O profissional de Educação Física não atua sobre o corpo ou com o movimento em si; não trabalha com o esporte em si; não lida com a ginástica em si. Ele trata do ser humano nas suas manifestações culturais relacionadas ao corpo e ao movimento humano [...](2)Daolio J. Educação física e o conceito de cultura. Campinas: Autores Associados; 2007.(p.2).

Convivemos com o esporte de uma forma aparentemente espontânea, como se fôssemos nós os seus criadores, mas ele nos é apresentado pela sociedade em que vivemos. Seria mesmo impossível imaginar crescermos sem esse contato precoce e ao mesmo tempo, tão definitivo com a experiência esportiva. O pensamento dominante quanto às atividades esportivas vincula-se ora ao entretenimento, com características para alto rendimento ora à saúde. Tal fato é alimentado na sociedade contemporânea pelos discursos midiáticos, que assumem esse papel com um conjunto de interesses próprios que se articulam, trazendo influências sobre o cotidiano social e individual. Em nossa opinião, menos ênfase tem sido dada ao esporte educacional ou ao seu uso político ou às possibilidades de desenvolver a criatividade humana usando o esporte como veículo.

Fatores históricos como a expansão do modelo esportivo inglês no final do século XX ao movimento olímpico divulgado através das camadas sociais abastadas pelo Barão de Coubertin contribuíram para a divulgação de valores ideológicos do liberalismo e do modo de produção capitalista.

Hoje em dia no Brasil, A Copa do Mundo de Futebol (2014) e os Jogos Olímpicos de 2016 são exemplos de como instituições esportivas internacionais aliadas a estratégias de "marketing" e financiadores privados ditam as regras em um país, para atender aos seus interesses econômicos em detrimento de aspectos sociais e culturais locais. A FIFA e os patrocinadores da Copa, por exemplo, pressionaram o governo brasileiro para permitir a venda de bebidas alcoólicas nos estádios de futebol durante os jogos da Copa. O governo, então criou uma lei para atender ao desejo da FIFA, que tem como um dos principais patrocinadores da Copa uma cerveja americana.

Outro exemplo são as vuvuzelas, cornetas que os torcedores levam aos estádios da África do Sul, que foram alvo de críticas durante a transmissão das partidas pela TV na Copa da África do Sul. Assim, outros instrumentos de uso dos torcedores brasileiros não foram permitidos nos estádios, para não prejudicar o andamento dos jogos e transmissões. Dessa forma, os costumes locais são cerceados.

Para multiplicar os consumidores/espectadores, a mediação é realizada pelos meios de comunicação, que exigem novos profissionais nesse campo. O "mass media" (mídia de massa) de "marketing" esportivo "passa a 'pensar' o esporte como uma mercadoria simbólica, cuja imagem (movimentos corporais humanos, emoções, valores sociais e ideológicos) precisa vender, ainda, a 'necessidade' de consumo dos produtos disponibilizados(3)Pires GL. Breve introdução ao estudo dos processos de apropriação social do fenômeno esporte. Rev Educ Fís/UEM. 1998;9:25-34.(p.31).

Em contraponto a atitudes de ordem mercadológica que tentam "vender" ou naturalizar conceitos artificiais através de uma indústria do entretenimento, surge uma forma alternativa de resistência, as Intervenções Urbanas. Estas, alicerçadas nos movimentos contraculturais da década de 60, que questionavam os valores da cultura ocidental, através de diversas atividades criativas, tentam gerar inquietação em vez de passividade social. As intervenções urbanas são bastante conhecidas até mesmo aos transeuntes mais incautos, como o grafite que por meio de inscrições ou desenhos realizados com tinta aerossol tornam-se cada dia mais comuns em muros e viadutos das grandes cidades, assim como grupos teatrais ou das artes plásticas que realizam nos espaços públicos cenas ou expõem suas obras.

O aparecimento de grupos que utilizam as atividades esportivas como forma de manifestação demonstra a enorme possibilidade que a intervenção urbana pode trazer para o processo de comunicação. Um grupo radicado na cidade do Rio de Janeiro realiza uma série de eventos que podemos caracterizar como intervenção urbana. Porém, o que chamou a nossa atenção neste grupo em especial foi o uso de atividades físicas de caráter esportivo como instrumentos para suas ações.

Cinco jovens moradores da região da Tijuca, praticantes das mais diversas atividades esportivas, formam um grupo que realiza suas ações as quais intitularam de intervenções urbanas e as filmam colocando-as em seu "blog" canalrizoma.blogspot.com. O grupo procura dar visibilidade aos problemas cotidianos vividos em uma metrópole, frutos do descaso da sociedade e do poder público, através de intervenções lúdicas, realizando atividades esportivas que sempre utilizam como cenário a cidade e seus diversos (e até incomuns) percursos.

Suas ações são realizadas em meio urbano e sem aviso prévio de onde e como ocorrerão. Contudo, a utilização da mídia digital possibilita que a intervenção alcance um grande potencial de divulgação, pois não fica restrito apenas ao número de transeuntes que presenciam o momento da ação.

Compreender as relações entre a cidade e seus habitantes por meio de sua interação pressupõe partir do âmbito da cultura, ou seja, das experiências compartilhadas, da sensibilidade estética das práticas cotidianas, dos pertencimentos e construções identitárias, do universo simbólico e do imaginário comum aos grupos e sujeitos, como propôs Oliveira(4)Oliveira RCA. Estéticas juvenis: intervenções nos corpos e na metrópole. Com Mídia Consumo. 2007;4:63-86..

Assim, o objetivo deste artigo foi analisar a prática esportiva na forma de intervenção urbana como modo de manifestação cultural.

Referencial teórico

A intervenção urbana

Os movimentos de intervenção urbana tendem a produzir uma politização do cotidiano e do espaço público, e assim instaura um distanciamento da política institucional tendo a cultura e a reprodução social como terreno de combate. Não obstante, destacam a ação direta para fomentação de visões utópicas, na busca por produzir novas maneiras de ver, sentir, perceber, ser e estar no mundo, características apresentadas para a classificação de uma intervenção por Mazetti(5)Mazetti H. Entre o afetivo e o ideológico: as intervenções urbanas como políticas pós-modernas. Eco-Pós. 2006;9:123-38..

Há inúmeras formas de intervir com arte na natureza ou na paisagem, seja ela urbana ou rural, como aponta Barja(6)Barja W. Intervenção/terinvenção: a arte de inventar e intervir diretamente sobre o urbano, suas categorias e o impacto no cotidiano. Rev Ibero-Amer Ci Inf. 2008;1:213-8.. Para o autor o conceito de natureza "parte de sua espontânea presentificação ambiental, sem um planejamento prévio. Já a paisagem admite um locus, ou seja, uma lógica espacial, pensada de forma a organizá-la para gerar um lugar idealizado"(6)Barja W. Intervenção/terinvenção: a arte de inventar e intervir diretamente sobre o urbano, suas categorias e o impacto no cotidiano. Rev Ibero-Amer Ci Inf. 2008;1:213-8.(p.213).

As intervenções urbanas não significam a busca por tomar os meios de produção da informação, ou seja, assumir o papel do emissor no processo de comunicação, mas a proposição de jogo lúdico nos espaços já dados. Isto significa que tais atividades "não buscam ocupar, interromper ou destruir os canais dominantes de comunicação, mas desviar e subverter as mensagens por eles levadas"a a Autonome A.F.R.I.K.A. Gruppe. Grupo anônimo de comunicação de guerrilha são ativistas e não-artistas que vivem nas periferias da Alemanha e em 1997 publicou o AFRIKA Communnication Guerilla Handbook. Referem-se a uma tentativa de provocar efeitos subversivos através de intervenções no processo de comunicação. Eles podem ser distinguidos de outras classes de ação política, porque não se baseiam na crítica dos discursos dominantes, mas na interpretação dos sinais de uma maneira diferente. Site: www.republicart.net/disc/artsabotage/afrikagruppe. , (7)Gruppe AA. What about communication guerrilla. In: Richardson J, organizer. Anarchitexts: voices from the global digital resistence. New York: Autonomedia; 2003. p.86-92.(p.87).

A partir desta perspectiva de resistência, a prática esportiva na forma de intervenção urbana como modo de manifestação pública do Grupo Rizoma demonstra a importância da utilização desta forma de mídia. Como exemplo, uma de suas intervenções chamou-se "Rafting no Rio Maracanã" que pode ser visualizada no "blog" do grupo e no "youtube", tendo tido 1373 acessos de fevereiro a meados de agosto do ano de 2010. Porém, o número total de pessoas que assistiram a esta ação não pode ser contabilizado apenas pela quantidade de acessos mencionados porque a ação foi apresentada no Canal Sport TV, no programa Zona de Impacto, o que aumenta significativamente o acesso de pessoas à visualização desta ação.

A contracultura e o efeito midiático

Segundo Mazetti(5)Mazetti H. Entre o afetivo e o ideológico: as intervenções urbanas como políticas pós-modernas. Eco-Pós. 2006;9:123-38., as intervenções urbanas se colocam de forma crítica na sociedade e têm a proposta de "extrapolar a experimentação estética numa união entre arte e vida" (p.124). Elas buscam inspiração em movimentos artísticos iniciados no surrealismo e no Dadá-Berlimb b Tanto o movimento Dadá-Berlim, também conhecido como dadaísmo, quanto o surrealismo se caracterizam por serem movimentos ligados à arte, contestadores, subversivos, de vanguarda, e críticos da cultura vigente. O dadaísmo se inicia em 1916, com a criação do Cabaré Voltaire, em Zurique. O surrealismo é um termo cunhado por André Breton. O primeiro manifesto do movimento surrealista, em 1924, aborda uma supra-realidade, na qual não há contradição entre sonho e realidade. Sites: http://www.itaucultural.org.br/aplicExternas/enciclopedia_IC/index.cfm?fuseaction=termos_texto&cd_verbete=3651 e http://www.itaucultural.org.br/aplicExternas/enciclopedia_IC/index.cfm?fuseaction=termos_texto&cd_verbete=3650. .

"Há um caminho que liga as experimentações formais na arte, os movimentos contraculturais da década de 60, até as práticas comunicacionais subversivas de coletivos, como grupos de intervenção urbana e outras formas de ativismo midiático [...]" (Home citado por Mazetti(5)Mazetti H. Entre o afetivo e o ideológico: as intervenções urbanas como políticas pós-modernas. Eco-Pós. 2006;9:123-38., p.125).

Nas ações contraculturais, procura-se criar "meios" para gerar uma inquietação em vez da passividade social. As novas formas alternativas de intervenções submeteram e atraíram a atenção popular, dos grafites em Maio de 68 (França), o "sticker"c c Stickers são papeis adesivos produzidos artesanalmente e em número suficiente para serem espalhados pela cidade, criando percursos, apropriações territoriais e reconhecimento em áreas distintas. Esses adesivos são considerados vantajosos por sua versatilidade e fácil aplicação. Representante de uma nova vertente da filosofia Do it yourself, não há limite de tamanho e as figuras são feitas com caneta, xerox, serigrafia ou tintas plásticas num forte diálogo com as artes gráficas(4). e o "stencil"d d A técnica do stencil é um método de graffiti que recorre a um molde com um desenho ou texto pré-preparado, sobre o qual a tinta é colocada, criando uma impressão no suporte, em geral paredes, e que permite a reprodução rápida de imagens como mecanismo de comunicação semelhante ao da publicidade(30). em diversas revoltas juvenis, aos teatros de guerrilhae e Os Teatros de Guerrilha são grupos não comerciais, que através de apresentações gratuitas ao ar livre, procuram tocar e mobilizar o espectador com espetáculos alusivos a condição do país debatendo, criticando, demonstrando, centrados no plano da denúncia social e política(31). .

São alternativas em que a participação consegue ultrapassar as barreiras do convencional, do racional e do "audiovisual" estabelecendo um diálogo com o cotidiano e contestando o sistema. Todas essas formas de contestação têm a mídia como forma de divulgação e informação. Se a comunicação agride os movimentos de contestação ao diluí-los e transformá-los em assunto de moda, existe uma contrapartida das intervenções urbanas, ao se apresentarem em sua forma mais agressiva, alterando os símbolos do capitalismo(8)Home S. Assalto à cultura: utopia, subversão e guerrilha na (anti)arte do século XX. São Paulo: Conrad; 1999..

Quando pensamos em manifestações culturais, consideramos todas as manifestações que caracterizam, identificam e representam a cultura de um povo ou nação, cada uma com suas determinadas particularidades e princípios, sem qualquer tipo de censura ou proibição moral, exercidas pela liberdade plena de opinião e pensamento(9)Arantes AA. O que é cultura popular. São Paulo: Brasiliense; 1990.. Tal definição, apesar de muito abrangente, procura contemplar as características que constituem estas manifestações.

A atividade esportiva pode ser considerada, atualmente, a principal manifestação da nossa cultura de movimento e das práticas corporais que nos envolvem. Num passado recente (menos de um século atrás) os jogos, as brincadeiras e a ginástica representavam as nossas formas simbólicas de dialogar com o mundo e conosco mesmo(10)10 Pires G. Cultura esportiva e espetáculo midiático. Canto: Instituto Contato [citado 10 ago 2010]. Disponível em: http://www.institutocontato.org.br/noticias.
http://www.institutocontato.org.br/notic...
. Não há dúvidas da importância que o esporte adquiriu na sociedade contemporânea.

Deve-se considerar a cidade ou um determinado lugar, como um receptor não-fixo e não passivo, mas variável e de caráter transitório, um multiplicador capaz de trazer ao projeto de intervenção um alto grau de visibilidade e interatividade com seus componentes espaciais e humanos. Neste contexto, deve ser levado em conta elementos primordiais tais como: os indivíduos, o fluxo urbano coletivo, o trânsito, a arquitetura, a paisagem, o clima, a cultura e os demais fenômenos decorrentes nesse espaço público onde tal intervenção se inscreve(6)Barja W. Intervenção/terinvenção: a arte de inventar e intervir diretamente sobre o urbano, suas categorias e o impacto no cotidiano. Rev Ibero-Amer Ci Inf. 2008;1:213-8..

Em uma de suas intervenções, o grupo realizou um "Rafting" - prática de descida em corredeiras em equipe utilizando botes infláveis e equipamentos de segurança - no Rio Maracanã, um dos principais rios da Tijuca que, pelo descaso dos poderes públicos e da própria sociedade, está poluído por esgoto e acúmulo de lixo. Assim, um problema ambiental grave, naturalizado por ter se tornado comum nos grandes centros urbanos, ganhou visibilidade na mídia pública.

Esta intervenção é uma produção que passa pela estética grupal e pela reinvenção do corpo como território radical para a reinvenção de si mesmo(11)11 Ganter R. La ciudad tatuada (de jóvenes, cuerpos, architexturas y escrituras). In: Zarzuri R, Ganter R, organizadores. Jóvenes: la diferencia como consigna. Santiago: CESC; 2005.. Atualmente o corpo jovem na cidade encontra-se em um dilema entre o corpo-objeto e o corpo-sujeito, ou seja, entre ser suscetível ao consumo e às imagens midiáticas ou estigmatizadas e marcadas pelos circuitos de segurança urbana(4)Oliveira RCA. Estéticas juvenis: intervenções nos corpos e na metrópole. Com Mídia Consumo. 2007;4:63-86.. Tanto de um lado como de outro, o corpo que resiste ao sistema de controle social produz agenciamentos coletivos que encarnam novas cartografias socioculturais através de práticas e linguagens emergentes e alternativas aos sistemas de dominação(12)12 Foucault M. Microfísica do poder. Rio de Janeiro: Graal; 1979..

Compreender o processo de singularização nas intervenções do sujeito deste estudo se faz necessário, quando o mesmo, se autoproclama Rizoma. Este é o nome do conceito desenvolvido por Deleuze e Guattari(13)13 Deleuze G, Guattari F. Mil platôs: capitalismo e esquizofrenia. São Paulo: Editora 34; 1996. v.3., na introdução do primeiro volume de Mil Platôs. Segundo esses dois autores, a conceituação de singularização se faz a partir da multiplicidade, da construção e desconstrução do agir no mundo, onde este é consequência da interpretação do sujeito na sociedade, formando identidades transitórias, mas coerentes com o desejo dos sujeitos de deixarem suas marcas na vida em sociedade.

O Rizoma é uma alusão a um tipo de raiz que pode ser tanto subterrânea quanto aérea (por exemplo, algumas plantas de manguezais), não tem um início ou fim definido, pois ao se ramificar produz outras ramificações e assim sucessivamente, se multiplicando. Outra forma mais conhecida de rizoma é a erva-daninha e a grama. A grama não tem início ou fim, correndo sempre pelo meio, adaptando-se à paisagem, recortando obstáculos. Como diz uma frase sempre repetida por Deleuze(14)14 Deleuze G. Conversações. Rio de Janeiro: Editora 34; 1992.: "sempre há gramas entre as pedras do calçamento" (p.41). Em uma de suas explicações os autores dizem: "Não tem começo nem fim, mas sempre um meio, pelo qual ele cresce e transborda. Ele constitui multiplicidades"(13)13 Deleuze G, Guattari F. Mil platôs: capitalismo e esquizofrenia. São Paulo: Editora 34; 1996. v.3.(p.31). Na visão filosófica do grupo, o Rizoma dá uma forma ao desejo de ser e de se fazer singular entre tantos outros grupos, moradores de uma grande área urbana na cidade do Rio de Janeiro. Eles imaginam que seu pensamento e agir únicos e originais se espalham pelos pensamentos de outros cidadãos, causando múltiplas novas percepções e possibilidades.

Natureza / Cidade: um ecossistema contemporâneo

A celeuma quanto ao crescimento e "desenvolvimento" das cidades divide opiniões. Contudo, o mais acertado quanto às alterações sofridas é que sua topografia e geografia físicas e as relações sociais se adequaram com novas funções, diferentes de suas tradicionais.

O problema ambiental aparece num plano mais sensível com ações cívicas e culturais, procurando conciliar o desenvolvimento social com o equilíbrio dos ecossistemas. Este movimento consciente dos recursos naturais finitos permite um exercício progressivo da cidadania através de uma nova cultura ecológica.

Nessa perspectiva, pensadores como Guattari no final da década de 80 ao problematizar tais questões, vislumbram um mundo em deterioração, não apenas o físico (meio ambiente), mas assim como as relações sociais e a própria subjetividade humana ao qual estariam ligadas de forma indissociável. Dizia o autor que não haveria uma verdadeira resposta à crise ecológica a não ser numa escala mundial, na qual houvesse condições para uma autêntica revolução política, social e cultural. Em sua visão, o meio ambiente natural de nossa sociedade está envolvido em três registros ecológicos no qual chamou de ecosofia, que é o equilíbrio do meio ambiente, das relações sociais e da subjetividade humana(15)15 Guattari F. As três ecologias. Campinas: Papirus; 1990..

O conceito de natureza é social e cultural, portanto mutável, sendo assim a cidade é uma forma de natureza. Dessa forma, devemos pensar a cidade como um complexo ecossistema. A cidade não é completamente natural nem totalmente construída, ela não é "desnatural", mas a transformação da natureza "selvagem" pela humanidade para servir as suas próprias necessidades (Spirn citado por Sirkis(16)16 Sirkis A. Ecologia urbana e poder local. Rio de Janeiro: Fundação Onda Azul; 1999.).

Esta nova configuração nos leva a compreender e desenvolver o elemento cidade, em uma re-ecologização do espaço urbano, trazendo para as cidades práticas de outros espaços numa progressiva deslocalização dos territórios tradicionais, tornando assim o tecido urbano objeto de novas apropriações e de diferentes usos, deixando de ser apenas um espaço de circulação de trabalho e de habitação. Para esta nova configuração, a 'rua' começa a ser ocupada por práticas lúdico-esportivas(17)17 Constantino JM. Desporto, cidade e natureza: espaço público e cultura ecológica. In: Da Costa LP, organizador. Meio ambiente e desporto: uma perspectiva internacional. Porto: Faculdade de Ciências do Desporto e Educação Física; 1997. p.116-24.. Além disso, o ato esportivo deve se apresentar como um ato ecológico, pois há uma co-existência harmônica entre homem e natureza.

Daí o grupo Rizoma ser um interessante objeto de estudo no que concerne esta configuração. Pois desenvolvem atividades esportivas que têm como características a prática em ambientes da natureza, porém eles o fazem no meio urbano (plurifuncional) e procuram em suas incursões, englobar atividades circenses, que carregam um aspecto artístico-cultural (multicultural), mas que são em sua essência atividades físicas. Congregam assim, em suas intervenções, aspectos de uma nova conjuntura, em constante movimento e com difícil característica de conceituação, assim como nos mostram Deleuze e Guattari(13)13 Deleuze G, Guattari F. Mil platôs: capitalismo e esquizofrenia. São Paulo: Editora 34; 1996. v.3..

A discussão de tornar a cidade mais "habitável" desta nova cultura urbana, através dessa re-ocupação do espaço público, se concretiza pela abordagem dos lazeres nomeadamente esportivos. Pois, temos de entendê-los como um fenômeno social de valor funcional diferente, mas não inferior ao trabalho, nem a ele subordinado. Subordinado sim, a uma necessidade de renovação emocional de equilíbrio entre o prazer e as restrições e controles civilizacionais evitando o empobrecimento humano(18)18 Elias N, Dunning E. Em busca da excitação. Lisboa: Difel; 1992..

Não podemos nos preocupar com uma cidade compatível com os automóveis ou grandes edifícios, mas sim, que esta realidade se incompatibilize com o humano no plano ecológico, antropológico e social. A cidade deve ser cada vez mais casa do cidadão, do homem que a edificou(19)19 Bento JO. Desporte cidade natureza: introdução ao tema. In: Da Costa LP, organizador. Meio ambiente e desporto: uma perspectiva internacional. Porto: Faculdade de Ciências do Desporto e Educação Física; 1997. p.94-102., uma cidade acolhedora.

Método

Este estudo caracteriza-se como uma pesquisa qualitativa, com enfoque etnográfico, realizado através de um estudo de caso. A abordagem qualitativa de pesquisa envolve alguns pressupostos sobre a natureza da sociedade humana e sobre as ciências sociais, que devem ser explicitados para a compreensão teórica e metodológica de seus diferentes tipos de estudo. Erickson(20)20 Erickson F. Qualitative methods in research on teaching. In: Wittrock MC, organizer. Handbook of research on teaching. New York: MacMillan; 1986. p.119-61. destaca que as unidades típicas de estudo da abordagem interpretativa são os grupos naturais ou as microculturas, caracterizados pela interação recorrente de seus membros para a consecução de uma ação comum.

Cada microcultura possui uma forma particular de organização social, a interação regular dos indivíduos proporciona a construção de normas culturais, com as quais a ecologia social é organizada. As microculturas locais não são estáticas, e sim, dinâmicas, na medida em que o processo interpretativo é continuamente formativo pelo enfrentamento de situações do cotidiano; a mudança é constante(21)21 Minayo MCS. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. São Paulo: Hucitec; 1996..

Diante do campo multifacetado (atividades esportivas, manifestações culturais e comunicação - de massa e subversiva) escolheu-se o método etnográfico para o estudo da Intervenção Urbana Esportiva do grupo Rizoma. Pois ele nos fornece uma visão profunda, ampla e articulada de uma unidade social complexa, possui a capacidade de retratar situações vivas do dia-a-dia e, nos permite imergir no universo do grupo ou cultura pesquisada. Numa perspectiva interpretativa, ela clarifica os vários sentidos do fenômeno estudado e, com isto, procura modos de existência e interpretação dos mesmos, na perspectiva dos nativos e dos estrangeiros - pesquisado e pesquisador(1)Geertz C. A interpretação das culturas. Rio de Janeiro: LTC; 1989..

A pesquisa utilizou um conjunto de técnicas para coletar dados, e propôs-se a observar os valores, os hábitos, as crenças, as práticas e os comportamentos do grupo social em questão, através de métodos como a observação participante, a entrevista individual e a análise de documentos.

No decorrer da coleta de dados, foi fornecido aos participantes do grupo o termo de consentimento livre e esclarecido com informações sobre a pesquisa; eles assinaram o termo, concordando assim com a sua participação. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética da Universidade Salgado de Oliveira, e o procedimento adotado estava de acordo com a Resolução do Conselho Nacional de Saúde sobre medidas éticas em pesquisas que envolvem seres humanos.

A observação participante foi desenvolvida por um período de um ano e meio, em encontros com os indivíduos do grupo, em seu ambiente natural, acompanhando e participando de suas atividades (elaboração e realização), buscando descrever a situação, compreendê-la, e revelar os seus múltiplos significados. Para coletar e organizar essas situações foi utilizado um diário de campo.

Foram realizadas entrevistas individuais com os cinco integrantes que compõem o grupo. As entrevistas foram semi-estruturadas, com a elaboração de um roteiro orientador previamente estabelecido como elemento facilitador de abertura, de ampliação e de aprofundamento da comunicação. As questões do roteiro perguntavam sobre: a) o surgimento e a formação do grupo; b) o objetivo do grupo; c) a razão de filmar as atividades esportivas; d) o porquê da necessidade de mudança da rotina urbana; e) como acontece o processo de escolha e elaboração de uma intervenção; f) o porquê de utilizar atividades esportivas como instrumento para as intervenções; g) qual a importância das atividades esportivas; e h) o impacto das intervenções do grupo nas pessoas que o presenciam.

O roteiro foi um esquema básico não aplicado rigidamente, permitindo que o entrevistador fizesse as necessárias adaptações. Pois além do respeito pela cultura e pelos valores do entrevistado, o entrevistador tinha que estimular o fluxo natural de informações por parte dos entrevistados(21)21 Minayo MCS. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. São Paulo: Hucitec; 1996..

Na análise documental foram analisados: a) reportagens em jornais e revistas; b) fotos; e c) vídeos, textos e fotos na internet sobre as intervenções exercidas pelo grupo Rizoma, desde o seu surgimento. Foi analisado também a quantidade de acessos do "blog" do Rizoma e o número de citações de outros "blogs" e "sites".

E devido a esta forma de análise, a das práticas comunicacionais mediadas por computador, recorremos a um tipo de etnografia chamada de etnografia virtual e sua adoção é validada neste estudo, pelo fato de que muitos objetos de estudo localizarem-se no ciberespaço e demandarem um instrumental apropriado para sua análise(22)22 Montardo SP, Rocha PJ. Netnografia: Incursões metodológicas na cibercultura. Rev E-compós. 2005;4:1-22.. A etnografia também pode ser nomeada de netnografia e tem sido amplamente utilizada pelos pesquisadores da área do "marketing" e da administração. Preservamos o termo etnografia virtual, pois este é um termo mais utilizado pelos pesquisadores da área da antropologia e das ciências sociais. O espaço virtual permite que os dados sejam coletados à distância, facilitando a interpretação e análise de dados localizados em um território desterritorializado, ou seja, sem uma área física propriamente dita, mas que carrega sentidos dos sujeitos que os criam cotidianamente.

Assim, a partir de um determinado entendimento inicial, com este método foi possível ampliar o leque epistemológico deste estudo que perpassa pela comunicação e cibercultura. A utilização de uma etnografia virtual foi fundamental para a pesquisa, que foi realizada em um período no qual os jovens do grupo estavam tendo pouco tempo para se encontrar, e por isso não estavam planejando novas intervenções.

Na etapa de análise dos dados, à medida que os dados eram coletados, eram analisados, gerando relatórios, que serviram para expressar de forma clara a organização dos dados e as direções a serem seguidas. Essa etapa analítica e interpretativa foi elaborada através de uma reflexão deliberada e duradoura sobre a documentação obtida. A reflexão impõe o exame do observador sob seu ponto de vista interpretativo, sob suas fontes de teoria formal, sua formação cultural e seus valores pessoais(23)23 Martucci EM. Estudo de caso etnográfico. Rev Bibliotecon. 2001;25:167-80..

A coleta de dados foi dada por concluída no momento da saturação dos dados, ou seja, quando a aquisição de informação se tornou redundante ou a nova aquisição de informação foi diminuta(24)24 Bogdan R, Biklen S. Investigação qualitativa em educação: uma introdução à teoria e aos métodos. Porto: Porto Editora; 1994..

A necessidade de realizar este estudo por uma abordagem etnográfica revela-se quando Bromberger(25)25 Bromberger C. As práticas e os espetáculos esportivos na perspectiva da etnologia. Horiz Antropol. 2008;14:237-53. admite que as atividades esportivas em suas diversidades, reproduzem valores essenciais e contraditórios das civilizações que a modelaram. E que através de um trabalho etnográfico com sua observação e participação efetiva do objeto estudado é possível "delimitar insuspeitáveis correlações que escapam à consciência imediata"(25)25 Bromberger C. As práticas e os espetáculos esportivos na perspectiva da etnologia. Horiz Antropol. 2008;14:237-53.(p.243).

Resultados e discussão

Origem do grupo Rizoma

Um grupo de amigos moradores do bairro da Tijuca no Rio de Janeiro tinha em comum a prática da escalada. Em especial quatro deles se encontravam com maior frequência: Diogo Vianna, Leonardo Coupey e os irmãos Leandro e Leonardo Chagas. O exercício dos fundamentos do esporte, assim como os desdobramentos costumeiros necessários para a prática da escalada - "trekking", trilhas, acampamentos ou expedições - fizeram com que eles conhecessem lugares pouco explorados dentro da cidade. Tal fato fez com que amigos em comum começassem a pedir que os levassem para poder conhecer lugares exóticos e bucólicos da cidade em que moravam.

A partir desse momento formaram um grupo informal de guias, que eles intitularam como Climb4 f f . Eles puseram esse nome, pois apresentava um duplo significado um deles seria a tradução das palavras: climb em inglês significa escalar e four, quatro, demonstrando assim o número de pessoas que compunham o grupo. E podia ser uma expressão, devido ao numeral quatro ter um som parecido com a palavra for que em português é para. Podendo o nome ser entendido como: climb for que, traduzindo seria escalar para. . Aproveitando seus conhecimentos adquiridos através das atividades físicas que praticavam como, os fundamentos dos esportes de natureza, o reconhecimento geográfico dos terrenos para sua prática e os locais naturais dentro da cidade do Rio de Janeiro, aliaram a possibilidade financeira que isto poderia proporcionar a eles em futuras expedições.

A questão de filmar e fotografar as belas paisagens que encontravam em suas incursões nas trilhas com grupos de visitantes, não era novo. Antes mesmo do Climb4, os amigos já filmavam suas atividades escalando. A intenção era apenas registrar como foi a execução das vias (nome dos diferentes trajetos para uma escalada que se diferenciam pelo grau de dificuldade) e dos acontecimentos que viriam a ocorrer, como eles mesmos disseram "apenas por diversão, por brincadeira". Influenciados provavelmente por produções de vídeos amadores e profissionais estrangeiros de escaladag g Desde 2001, na cidade do Rio de Janeiro, acontece a Mostra internacional de filmes de montanha que se encontra hoje em sua décima primeira edição. É comum encontrar na internet vídeos amadores onde escaladores aparecem demonstrando suas performances concluindo determinadas vias. , os jovens começaram de forma lúdica a criar vídeos com trilha sonora e postar no "site youtube" recebendo boa repercussão por aqueles que os assistiam.

Concomitante a estes acontecimentos, alguns integrantes do grupo tinham um interesse pessoal em procurar ler autores da filosofia entre outras áreas das ciências humanas ou de assistir a palestras referentes a estas áreas. Os mesmos tinham um contato com o meio acadêmico por três de eles serem universitários, porém, nenhum era das ciências humanas. Uma das amigas que escalavam com o grupo, chamada Rebeca era estudante de filosofia e em conversas relacionava o que estavam fazendo com conceitos de Nietzsche, Spinoza, Deleuze e Guattari tais como a vontade de potência, de libertação do Estado e principalmente de Rizoma.

Assim cada vez mais, começaram a aparecer novos elementos corporais que fugiam da escalada. Os vídeos editados e postados sugeriam novas expressões que aparentemente não se enquadravam em uma atuação normal de um grupo de guias. Citações de autores da filosofia ou a utilização de músicas fizeram com que o grupo percebesse que o nome Climb perdia o sentido original e indicava que algo estava mudando no sentido inicial do grupo de apenas praticar a escalada e fazer expedições para procurar novas trilhas.

Nesse momento surge o nome de Projeto Rizoma. Como se interessavam por filosofia, o conceito Rizoma se integrava aos anseios que eles sentiam e necessitavam mostrar a partir daquele momento. O "divisor de águas" que seria a mudança de caráter do grupo foi a expedição ao Forte da Laje.

A partir daí criaram um "blog" para o grupo (canalrizoma.blogspot) onde pela primeira vez apresentam-se como Rizoma e com uma foto de três integrantes olhando do Forte da Laje para a cidade do Rio de Janeiro, com os seguintes dizeres: "Após a conclusão da série 'Ratier - A RATOEIRA', o grupo Climb4 começará um nova série chamada RIZOMA, onde arte, esportes radicais, música e viagens se encontram formando um programa que desafia seus instintos." A apresentação gráfica do "blog" consiste em uma ilustração com a foto de um local gramado, que é uma alusão ao conceito tirado da botânica, e a palavra Rizoma embaixo da foto. A apresentação do grupo está descrita da seguinte maneira:

O Rizoma é um grupo de praticantes de esportes radicais e circenses que usam suas habilidades em intervenções e missões que desafiam a rotina urbana, chamam a atenção e interferem em questões sociais, políticas e ambientais de forma criativa e surpreendente. O grupo carrega em si uma nova forma de encarar a realidade.

As ações do grupo

Com o fim do Climb4, o site do grupo sai do ar, assim não foi possível ter conhecimento dos vídeos que podiam ser acessados nesse site. Uma forma encontrada para possibilitar uma visão de maior abrangência acerca dos significados, símbolos, estéticas, discursos entre outros elementos, recorremos aos canais pessoais dos componentes do grupo no "site youtube" assim como buscamos informações oriundas dos próprios componentes do grupo. Como o grupo Rizoma é oriundo do Climb4, se faz necessário iniciar os comentários sobre os vídeos no "site youtube" que ainda estão disponíveis na rede, postados por Diogo Vianna e Leonardo Chagas, para que se possa compreender a transição entre a formação de um grupo a outro.

Os vídeos de escalada do Climb4 têm em comum apresentar o desempenho do escalador, mostrando os percursos em uma via e sempre alcançando o objetivo. Os vídeos do Rizoma apresentam outras atividades como a circense, por exemplo, e não intencionam demonstrar a habilidade na via de escalada, mas uma ideia.

O que se presencia nesse momento é o confronto com uma nova forma de expressão, é a constituição dos complexos de subjetivação: indivíduo-grupo-vídeo-trocas múltiplas, que oferecem a eles (assim como a quem assiste) possibilidades diversificadas de recompor uma corporeidade existencial, e "sair de seus impasses repetitivos e, de alguma forma, de se re-singularizar"(26)26 Lévy P. O que é o virtual? São Paulo: Editora 34; 1996.(p.15).

Esta atitude vai ao encontro e se coaduna com os eventos de formação do grupo tanto no Climb4 quanto no Rizoma. No que diz respeito ao caráter físico e filosófico, por não se deixarem perturbar pela eventual dificuldade em desenvolver uma prática, o que existe para os integrantes do grupo é a possibilidade de desenvolver suas habilidades e assim desestruturar uma cadeia institucionalizada na estratificação social ou econômica. As adversidades encontradas são novas possibilidades no percurso de 'desviar' o que para eles é socialmente imposto.

Pode ser percebido em suas falas e atitudes um espírito álacre e transgressor em que verdades institucionalizadas, por diversas formas de controle (religioso e econômico), não se sustentam a partir do momento em que se vêem como seres corporais. Ou seja, seus corpos e mentes não são dicotomizados e suas ações nada mais são que a resposta para discursos reducionistas e sectários do esporte ideologizado em um pensar capitalista.

As ideias para as ações são tratadas entre eles em "reuniões" não formais. Até o ano de 2010 disseram que marcavam de se encontrar e pensar novas ações, porém sem dia e horário rígido; era entrar em contato uns com os outros e "realizar a reunião". Pela dificuldade de horários no ano de 2011 ficou ainda mais raro o encontro de todos. No entanto, em conversas informais ou durante as entrevistas, nenhum deles sequer falou na ideia de que o grupo está acabando ou pode acabar.

Ainda enquanto uma microcultura fica difícil definir quantas pessoas participam do grupo. Este é aberto a qualquer pessoa que queira participar de suas atividades, sejam elas na prática das atividades esportivas, intervenções ou nas discussões sobre filosofias e outros assuntos que envolvam o grupo.

Não há necessidade de que todos estejam reunidos para criar e discutir novas ações; entretanto estas só são realizadas se todos tiverem o conhecimento, se for possível a ação. Não há obrigatoriedade de que todos participem e somente participam aqueles que quiserem.

A forma como o grupo age pode parecer desorganizada, mas é resultado da ideia de Rizoma enquanto conceito filosófico que permite e incita uma configuração, em nossa opinião, criativa. Pensamos que sua multiplicidade de interesses, elementos constitutivos de sua manifestação cultural através de atividades esportivas ou corporais, desenvolve um elo fraternal que une os integrantes do grupo e cria uma rede de amizade com outras pessoas. Essa multiplicidade também favorece que a liberdade vivenciada pelos jovens escape a uma subjetividade serializada e potencializa ramificações em diferentes caminhos, permitindo perceber novos ângulos em sua atuação como grupo.

Pudemos apreender que a referência do grupo é a ocupação dos espaços por ideias, seja numa esfera pública (praças, ruas ou internet) ou privada (meios de comunicação corporativos) que venham dar-lhes o espaço necessário para, através de seus meios, divulgarem suas crenças. Essas concepções fundamentam uma luta ou ideal, com característica ideológica, já que os meios de difusão de informação beneficiam-se de um poder simbólico poderoso. Dessa forma, por que eles não poderiam utilizar seu instrumento (as atividades corporais), que carregam signos tão fortes, para criar novos olhares para o que eles têm a dizer? Compreendemos que para eles o registro além de um modo de guardar um momento é um modo de potencializar o evento. Assim, eles pensam na utilização das mídias de massa como estratégia para ações que desloquem o olhar do espectador para uma direção não comum.

A utilização e ocupação dos espaços urbanos como estrutura física para as intervenções urbanas esportivas, que o grupo Rizoma cria, expressa uma compreensão de cidade em seu aporte "natural", ou seja, seu habitat. Se possibilitarmos uma visão das ciências biológicas, para as quais a interação em uma determinada região por diferentes seres vivos que sofrem influência de meios abióticos é um ecossistema, então a cidade em sua configuração contemporânea pode ser entendido como o principal ecossistema humano.

E é nesse meio ambiente urbano que o grupo realiza a prática de esportes de natureza (mesmo que não seja o local comum para a prática escolhida), aproveita-se das habilidades desenvolvidas nesses esportes (além de outras atividades) e elabora as suas intervenções. Essas, com o suporte dos conceitos filosóficos conhecidos pelos integrantes do grupo, legitimam suas ações nos espaços públicos e nas mídias, em especial na digital. Mídia esta que possibilita em um distinto espaço-tempo reverberar e produzir diferentes afetos nos espectadores que não puderam presenciar as atividades "in loco".

Presenciamos esses elementos que não podem ser categorizados em escalas de prioridade, pois não há uma esquematização ou regras a serem seguidas na criação das intervenções. Elas surgem pelas sensibilidades dos integrantes ao que ocorre a sua volta, indo ao encontro do principal conceito filosófico a que se apegam e dá nome ao grupo: Rizoma. Uma raiz sem um centro e um início aparente, tudo nela é meio, pois se ramifica para todos os lados e constantemente de diferentes pontos, podendo existir mesmo sem o ponto que lhe originou. E assim deve ser para eles compreendida uma forma de viver, pensar e agir.

A seguir apresentamos alguns trechos de falas dos entrevistados sobre sua prática. A categoria de análise que emergiu após a transcrição das entrevistas foi a da intervenção urbana.

A intervenção urbana é justamente [...] Primeiro basicamente é por quê? Eu sinto muita vontade de fazer algumas coisas quando estou andando na rua, por exemplo, Le parkour, dá muita vontade de tá passando numa praça vê um monumento ou alguma estrutura que dá vontade de subir, dá vontade de pular, de girar, dá vontade de fazer tudo isso (E1).

A rotina urbana que está dentro da gente [...] A rotina de vida né. E ela está muito mais baseada em certo e errado do que necessariamente do que é saudável ou não. Então o que o Rizoma procura fazer nunca é o errado, pode beirar valores moralmente errados criados pela sociedade, mas a utilização do espaço público de maneira saudável, eu acho que é realmente o ponto (E3).

Essa quebra de rotina pela intervenção traz ali um sorriso na pessoa que ela não daria naquele horário, traz um pensamento diferente de que ela está acostumada a ter. E isso modifica a pessoa, e a gente acha, que traz um bem principalmente pra gente e pra sociedade também como um todo e a gente gostava de fazer essa modificação (E2).

Podemos afirmar que a categoria central mencionada acima e ressaltada nas falas dos participantes, é coerente com a filosofia do grupo. Por outro lado, considerando que esse estudo tem como sujeito de pesquisa um grupo de intervenções urbanas que, para as apreensões de seus discursos e subjetividades, utiliza ferramentas comunicacionais para suas ações o tempo real e virtual. Para isso o virtual não pode ser compreendido como algo etéreo ou abstrato, mas, concreto. Que assim como o real sofre influências e influencia na subjetividade de quem participa ou de quem observa. Feres Neto(27)27 Feres Neto A. Produção de subjetividades, subjetivação e objetivação: algumas contribuições de Félix Guattari e Pierre Lévy para a educação física. Motrivivência. 2001;17:6-17. discorre sobre o tema lembrando Pierre Lévy:

Logo no início do seu trabalho O que é o virtual, Lévy desfaz a noção, tão difundida, de que o virtual se opõe ao real. A palavra virtual vem do latim medieval virtualis, derivado por sua vez de virtus, força, potência. Na filosofia escolástica, é virtual o que existe em potência e não em ato. O virtual tende a atualizar-se, sem ter passado, no entanto, à concretização efetiva ou formal. A árvore está virtualmente presente na semente. Em termos rigorosamente filosóficos, o virtual não se opõe ao real, mas ao atual: virtualidade e atualidade são apenas duas maneiras de ser diferentes(27)(p.8, grifo do autor).

Dessa maneira, esse estudo não pode apenas se fixar ou limitar em uma noção de realidade para as intervenções, mas deve se debruçar no processo de virtualização das ações do grupo e na potência desencadeada por elas. Os diversos elementos que o grupo envolve em seus vídeos e fotos como trilha sonora, títulos e epígrafes, edição, "layout" da página entre outros, produzem sensibilidades tão diversas nos que navegam pela internet e em seu "blog", tanto quanto se observassem as ações em tempo real. Ou seja, nesse espaço eles podem criar e atualizar algo que já é novo, potencializando as suas ações através de diversos outros instrumentos que não seriam possíveis no mundo real.

Esses novos ativistas no ciberespaço transformaram na prática o sentido da palavra "resistência", percorrendo e ramificando-se em um processo evolutivo nas redes da internet, ao potencializar discussões e conformações em novas configurações libertárias advindas da sua prática nas ruas. Para aqueles que se organizam a partir de seus ideais não é somente a paixão do embate com o poder institucionalizado e seus dispositivos de controle como ponderou Antoun(28)28 Antoun H. Jornalismo e ativismo na hipermídia: em que se pode reconhecer a nova mídia. Rev FAMECOS. 2001; 16:135-48., resistir tornou-se também inventar os movimentos através dos quais os modos autônomos de viver e governar a própria vida possam ser ao mesmo tempo as formas de lutar e se manifestar publicamente.

O grupo Rizoma, manifestando-se por formas da cultura esportiva, demonstra ao público o quanto é viável pensar e agir fora das instituições hegemônicas esportivas. Uma expressão cultural não se pode manter enclausurada ou aprisionada pelos meios de comunicação de massa que tentam vender uma configuração de uma pequena gama de atividades esportivas referentes ao alto rendimento como confirmam os autores:

Quem oferece o modelo esportivo a ser seguido é o esporte praticado sistematicamente por uma minoria de indivíduos obstinados. Ainda mais se considerarmos a farta e onipresente difusão da imagem pelos meios de comunicação do esporte praticado por esses esportistas. A presença insistente dessas imagens acaba reforçando todo o imaginário popular em torno dessas atividades. (...) E é nesse sentido que a concepção esportiva adotada como modelo hegemônico é aquela vinculada as suas instituições. Somente nas instituições encontramos praticantes com perfil e com capacidade técnica de realização dos feitos adequados à linguagem midiática. É esse tipo de praticante, portanto aliada a uma poderosa indústria da cultura, o principal responsável (direta ou indiretamente) pela popularização desses esportes enquanto um símbolo de consumo(29)29 Dias CAG, Alves Junior ED. Entre o mar e a montanha: esporte, aventura e natureza no Rio de Janeiro. Niterói: EdUFF; 2007.(p.94).

Talvez também por isso o tecido urbano venha sendo tomado, quase que "arrendado", em sua totalidade, pela esfera do privado na presença maciça dos shoppings-centers ao invés das lojas de rua, da supervalorização dos transportes individuais aos coletivos, e dos espaços privados para as atividades físicas às áreas de lazer públicas. Podemos assim ler de forma subscrita como valores agregados a uma homogeinização do indivíduo, em que o mesmo "necessita" consumir em diversos momentos de sua vida social e de lazer com produtos e marcas "fetichizadas".

O grupo em suas ações procura sensivelmente perceber a cidade e suas áreas (física e virtual) em sua abrangência, tanto em seu controle e segurança com seus muros ou moderadores de sites, assim como nos espaços públicos e livres de grades, e perniciosamente, às vezes, esquecidas pelo poder público. Nestes locais far-se-ão seus dispositivos de transgressão inventiva ou como os mesmos mais de uma vez nas entrevistas disseram "formas de libertar o corpo".

Podemos discorrer que o Rizoma em sua concepção quer demonstrar e mostrar, que é preciso tomar a cidade de surpresa e oferecer de uma nova opção com a utilização do próprio movimento do corpo. Que o espaço deve ser apropriado, produzido e reproduzido de modo libertário através das atividades corporais, sejam elas atividades esportivas ou não. Pois como eles mesmos projetam, os espaços públicos devem ser ocupados e vivenciados das mais diversas formas possíveis, pelas atividades físicas ou por outras formas de manifestações. O importante como afirmou Pedro, "é que as pessoas se conheçam como indivíduos corporais e que seu meio é a cidade, é a praça, é a rua".

Na fala de um de seus participantes:

A gente não é um grupo revolucionário. O caráter do grupo, a filosofia do grupo já é tão a desinstitucionalização, é tanto a desestruturação, é tanto a questão de ser rizomático é tanto a questão de intervir que seria totalmente contra a lógica do que a gente criou ou do que foi criado na gente. De se pegar aquilo e criar um programa de televisão, totalmente não interventor....perderia totalmente o programa por si só... não ia dar certo ou ia pegar uma outra linha e tudo. O que dá certo no Rizoma, porque a gente quer que dê certo, que esses afetos nas pessoas e na sociedade, tem que ser esse caráter, essa chama interventora, não adianta. Não dá para parar isso.

Os atores sociais do Grupo Rizoma pensam a cidade como um território não apenas de moradia, mas uma entidade resultante de variáveis demográficas, forças de diversas esferas sociais e de interesses políticos e econômicos. Esta é um cenário e ponto de encontro, onde diferentes redes sociais mesmo desprovidas de bens comuns para seu lazer produzem ramificações de sociabilidade através de atividades corporais levando-nos a pensar escolhas distintas da visão hegemônica, que se propõe como natural, de como deve ser o esporte na cidade.

A recusa generalizada que se observa hoje em aceitar essas novas práticas como compondo mais uma manifestação esportiva, deve-se, provavelmente, a esse inexorável atrelamento às instituições esportivas hegemônicas, sendo estas últimas, decisiva e verdadeiramente influenciadas por uma excessiva valorização da competição. Traço que segundo dizem, não se faria presente nos esportes na natureza(29)29 Dias CAG, Alves Junior ED. Entre o mar e a montanha: esporte, aventura e natureza no Rio de Janeiro. Niterói: EdUFF; 2007.(p.31).

Como autores da filosofia apareceram em todas as falas dos integrantes do grupo, e são citados como base conceitual para existência do grupo, procuramos em alguns deles pontos de apoio para compreender o ponto de vista e o que reflete suas intervenções. No momento debruça-mo-nos sobre o texto de Deleuze(14)14 Deleuze G. Conversações. Rio de Janeiro: Editora 34; 1992. que disserta sobre a passagem da sociedade disciplinar para a sociedade de controle, onde os dispositivos disciplinares de encarceramento foram substituídos por novas modalidades de controle.

Se prisões, escolas e manicômios aparentemente esgotaram arquitetonicamente como instrumento de poder disciplinar, a arquitetura pode ser encarada como uma célula ou uma peça de algo maior - o urbanismo - que está sendo usado a serviço de interesses de alguns em detrimento de outros. E assim, quando se fala sobre renovações urbanísticas na cidade vende-se uma ideia de uma vida melhor para a sociedade em geral. Como exemplo acontece na cidade do Rio de Janeiro mudanças urbanísticas para a Copa do Mundo e Olimpíadas, que resultam em desalojamentos de pessoas, como na favela da Mangueira ou em diversos bairros periféricos para dar lugar a novas vias de acesso. Essas pessoas são realocadas longe do centro urbano e dos olhos dos turistas que passarão do aeroporto do Galeão a outros pontos da cidade.

Quando o Rizoma propõe 'mudar a rotina da cidade', faz pensar em especial nesse aprisionamento do corpo por um urbanismo sectário que priva os espaços comuns frente ao privado. Suas intervenções instauram um levante através das atividades corporais não capturadas por instituições hegemônicas do esporte. Em suas apropriações e improvisações dos espaços, legitimam de forma performática aquilo que foi ou não projetado para uma determinada ação (uma escada ou muro não foram feitos para serem escalados ou percorridos em dois apoios). Mas, são essas ações e experiências que reinventam a utilização dos espaços públicos.

Apresentar novos modelos de práticas de atividades esportivas alocadas em ambientes que não seriam os próprios deles demonstra sua visão do esporte enquanto uma cultura dinâmica em consonância com as mudanças contemporâneas. Eles encontram novas possibilidades e propõem uma discussão das práticas esportivas que muitas vezes são determinadas por demandas instituídas por uma estratificação social.

É importante salientar o quanto isso vai ao encontro do problema proposto neste estudo acerca da visão hegemônica do esporte que prioriza apenas duas formas de esporte: o de alto rendimento e o para manutenção da saúde, em detrimento das atividades esportivas serem vistas como modos de expressão humanos na forma de uma manifestação cultural e assim possibilitando diversas e múltiplas leituras. Não se pode tornar para si, como tentam as instituições esportivas através da mídia, que o esporte ou o jogo deve ser feito em lugares específicos ou para fins exclusivos. Como afirmam Dias e Alves Junior(29)29 Dias CAG, Alves Junior ED. Entre o mar e a montanha: esporte, aventura e natureza no Rio de Janeiro. Niterói: EdUFF; 2007.: "Devemos então fugir da tentativa da canonização de uma determinada forma de expressão do esporte e compreender que essa manifestação cultural, como todas as demais, é fluída" (p.31).

Poder-se-ia dizer que o grupo pondera, já que tratam de intervenções por modo de resistência, acerca de um caráter de questionamento radical no trato com o ambiente urbano. Contudo, seu modo de resistência utiliza experiências sensíveis e lúdicas no espaço urbano procurando construir, nas suas apropriações, outras experiências nos indivíduos que observam suas ações ou apenas as percebem em seu passar pelas calçadas ou em "blogs" e "sites" de vídeos.

As formas comunicacionais da linguagem humana virtualizam o tempo real, os acontecimentos atuais, as coisas materiais e as situações em curso. As intervenções urbanas nas mídias digitais proporcionam uma ferramenta que possibilita potencializar ideias e pensamentos os tornando concretos, já que surtem um efeito nos afetos do indivíduo.

A tentativa de diminuir as ações do grupo dando-as apenas uma concepção virtual, na qual implicaria a negação do corpo e dos desejos reais, é implodida ao percebermos que a memória e o pensamento são amplificados através de cabo ou redes "wireless" e convertidos em informação atual e imediata. Disponível na internet, esta mobiliza e afeta os corpos que, não passivos, procuram formas novas ou antigas de manifestar a sua alegria ou descontentamento em novas conformações de se viver.

As intervenções corporais dos jovens integrantes do grupo em ambientes públicos suscitam um escape simbólico das imagens hegemônicas do corpo impetrados em ambientes sectários e privados. Os componentes do grupo buscam a experiência corporal urbana, e suas diversas facetas: o corpo urbano e o corpo humano, o corpo arte e o corpo político, ou seja, o corpo e as suas potencialidades. No caso específico do Grupo Rizoma, as intervenções urbanas esportivas são uma forma de micro-resistência em oposição ao corpo mercadoria e corpo espetáculo.

Qual a sua opinião sobre a importância das intervenções urbanas na cidade?

Dessa forma, as intervenções urbanas constroem um novo espaço, uma nova percepção no ambiente urbano que valoriza, caracterizam locais e criam novas paisagens no patrimônio cultural das cidades.

Que impacto a intervenção urbana pode causar na cidade?

"A intervenção urbana está no espaço cotidiano, na rotina, e provoca rupturas, dilata olhares, instaura novas maneiras de pensar o tempo e o espaço na dinâmica cotidiano", ressalta Pâmella.

O que as intervenções urbanas causam nas pessoas?

A Intervenção lança no espaço público questões que provocam discussões em toda a população. De uma maneira ou de outra, ela faz com que as pessoas parem sua rotina por alguns minutos, seja para questionar, criticar ou simplesmente contemplar a arte.

Quais são as intervenção urbanas?

Intervenção Urbana é uma manifestação artística que ocorre nos espaços urbanos, mas não em galerias e museus, e sim em lugares como praças, ruas, avenidas, etc. As intervenções urbanas constituem uma ramificação da arte contemporânea, podendo ser um espaço de ressignificação e transformação da cidade.