Qual a importância do profissional enfermeiro no controle da resistência aos antimicrobianos?

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Objetivos

Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de

  • reconhecer as infecções relacionadas à assistência à saúde (IRAS) como um problema de saúde pública, bem como a resistência microbiana;
  • explicar as legislações aplicadas ao controle de infecções;
  • analisar a importância do enfermeiro como profissional essencial nas equipes das Comissões de Controle de Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (CCIRAS);
  • identificar as competências do enfermeiro para atuação na comissão de controle de infecções;
  • identificar as atribuições e as funções da comissão de controle de infecções;
  • reconhecer o controle de infecções como ação fundamental para a segurança do paciente e para a qualidade da assistência;
  • reconhecer a Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) como promotora das práticas de prevenção e controle de infecções.

Esquema conceitual

Qual a importância do profissional enfermeiro no controle da resistência aos antimicrobianos?

Introdução

As IRAS são um grave problema para a saúde pública mundial, não restrito aos países em desenvolvimento ou subdesenvolvidos, mas atingem as nações desenvolvidas de modo semelhante. O conhecimento acerca das IRAS demonstra, há anos, que esses eventos infecciosos se relacionam ao aumento da morbidade e da mortalidade entre os pacientes acometidos, ao aumento da necessidade de internação e da extensão do tempo de internação, bem como se refletem diretamente na elevação dos custos de tratamento desses pacientes.

Todos os elementos apresentados impactam, ainda, na dinâmica e na sobrevivência do sistema de saúde, que precisa suprir as demandas que se elevam a cada ano. Se a análise dos impactos ocasionados pelas IRAS for ampliado para todo o setor produtivo e econômico, relacionando a contabilização da produtividade perdida desses pacientes e das famílias envolvidas, os números apresentados serão exorbitantes.

A preocupação com a prevenção e o controle das IRAS tornou-se ainda mais intensa nas últimas décadas com a progressão acelerada da resistência aos antimicrobianos. Estima-se que aproximadamente 700 mil mortes ocorram por ano em todo o mundo relacionadas à resistência antimicrobiana e à incapacidade atual de tratar as infecções causadas por alguns microrganismos multirresistentes.1

Nesse contexto, intensificam-se as ações que visam promover a prevenção da transmissão de IRAS e o seu controle nos serviços de saúde, buscando sensibilizar profissionais e gestores da saúde, envolvendo pacientes e acompanhantes para torná-los atores ativos no processo, atuando com foco em medidas simples, como a higienização das mãos (HM), a aplicação das precauções padrão e específicas, o uso consciente e correto de antimicrobianos.1

Mas, ainda, estruturam-se ações estratégicas com o envolvimento de entidades e de grupos em nível mundial que buscam incentivar o desenvolvimento de novas possibilidades para o tratamento e o controle das IRAS, como a produção de novos antimicrobianos e de vacinas que auxiliem em sua prevenção e controle.1

As perspectivas futuras relacionadas às IRAS são potencialmente negativas e requerem que todos os profissionais e as agências que possuem relação ou influência sobre o tema se mobilizem para que se produzam mudanças e ações que alterem o rumo e os resultados projetados para o futuro próximo.2 Nesse cenário, se fortalece a importância dos profissionais especialistas em prevenção e controle de IRAS, bem como na função das comissões de controle de infecções.

No Brasil, instituíram-se essas comissões como instâncias obrigatórias para os serviços de saúde desde a década de 1980, as quais se tornaram realidade nos serviços hospitalares. Porém, nos últimos anos, vem sendo fortalecida a necessidade de ampliar essa visão e de reconhecer que as IRAS estão presentes e são um grave problema que acomete também os serviços de saúde de atenção secundária e primária, necessitando igualmente de instâncias nesses locais que analisem, planejem e implementem medidas eficazes para a prevenção e o controle das infecções em todos os serviços de assistência à saúde, inclusive de assistência domiciliar.

O enfermeiro é um dos profissionais que, desde o início, contribuiu para a consolidação das comissões e serviços de controle de infecção e teve a sua função reconhecida como de fundamental importância para o sucesso dessas ações. Atrelado a isso, tornou-se cada vez mais necessário ter profissionais especialistas na área de controle de infecções, que possam atuar de modo sistemático e sistêmico frente a essa demanda que se apresenta urgente para a sociedade.3

Há alguns anos, era comum encontrar profissionais não especialistas à frente das comissões e dos serviços de controle de infecções, o que era também reflexo do reduzido número de cursos de residência ou de especialização em prevenção e controle de infecções existentes no Brasil.3 Essa realidade tem se modificado nos últimos anos, e o reconhecimento da necessidade de se ter enfermeiro especialista na área de controle de infecções tornou-se uma realidade, que impulsionou inclusive a ampliação dos cursos de pós-graduação na área.

Assim, imbricado em uma área de especialização para os enfermeiros que tem potencial de crescimento acentuado para os próximos anos e décadas, visto que haverá a necessidade de comissões e serviços de controle de infecções com alta eficiência atuando em todos os tipos de serviços de saúde, é que se propõe, neste capítulo, debater alguns aspectos relacionados à atuação do enfermeiro nas CCIRAS.

Quais são as orientações de enfermagem importantes aos pacientes que estão em uso de antimicrobianos?

– use a dose que foi prescrita e nos horários corretos (usar doses maiores não acelera a cura); – nunca pare o tratamento antes do prazo indicado, mesmo que os sintomas tenham melhorado; – não use antibióticos fora do prazo de validade (podem não fazer efeito e causar resistência bacteriana);

Como o profissional da enfermagem pode atuar prevenindo o aparecimento das resistências antimicrobianas?

A lavagem adequada das mãos entre a prestação de assistência aos pacientes também consome tempo. Ainda assim, esta habilidade básica pode impedir a transferência de microrganismos da enfermeira para o paciente.

Qual o papel do enfermeiro na prevenção e no controle das infecções relacionadas à assistência à saúde?

O estudo sobre o papel do enfermeiro é de extrema importância, pois é ele o responsável pelo atendimento de maior contato com o paciente na unidade de saúde. Isso o torna responsável pela utilização de técnicas e rotinas que tanto previnem como minimizam o potencial de infecção dentro das unidades.

Quais medidas o profissional e o paciente podem adotar para reduzir o risco de resistência bacteriana?

O uso racional de antimicrobianos, a higienização adequada das mãos, a cultura de vigilância microbiológica, a educação continuada, a desinfecção de superfícies, uso de testes de suscetibilidade, o isolamento de contato, quando indicado e a manutenção de um banco de dados, são alguns dos métodos encontrados neste ...