“Todo nosso conhecimento inicia-se nos sentidos, passa ao entendimento e termina na Razão” (Immanuel Kant). Show
I - INTRODUÇÃOA Psicologia contemporânea parece confundir-se com a aplicação dos testes e, em alguns casos, julga-se que, sem esse tipo de instrumento, o psicólogo não seria capaz de fazer qualquer afirmação científica do comportamento humano. Talvez seja pelo fato das ciências serem conhecidas por suas técnicas que lhes permitem aplicações e resultados visíveis. Assim, como o público tende a ver os antibióticos como capazes de curar todas as infecções, por analogia, também à considerar os testes como recursos infalíveis para conhecer as pessoas e suas aptidões. No entanto, assim como o médico é obrigado a conhecer a potencialidade dos remédios e a levar em conta suas contra-indicações, da mesma forma o psicólogo deve saber, não apenas as vantagens dos testes, mas, também os limites de sua utilidade e validade. Do contrário, correrá o risco de apresentar diagnósticos falsos ou deformados, pois estariam baseados em resultados falhos e incompletos. Os testes psicológicos não consistem numa exemplar neutralidade e eficácia em 100% nos seus resultados, mas isto não implica que os mesmos devam ser dispensados. Desde que atendidas as pré-condições de sua aplicação, e que o psicólogo examinador tenha conhecimento, domínio da aplicação e da avaliação, os testes se instalam como referencial que elimina boa parte da “contaminação” subjetiva das suas percepção e julgamento. É importante ressaltar a condição dos testes como mais um recurso que auxilia o profissional na compreensão e fechamento das considerações a respeito de um examinando, seja em processo seletivo (exame psicológico ou psicotécnico), avaliação psicológica e psicodiagnóstico. II - CONCEITUAÇÃO DOS TESTES PSICOLÓGICOSOs testes psicológicos, da forma que se conhece hoje, são relativamente recentes, datam do início do século XX. Um teste psicológico no sentido epistemológico consiste numa tarefa controvertida, porque dependerá de posições e suposições de caráter filosófico. Para Cronbach (apud PASQUALI, 2001), um teste é um procedimento sistemático para observar o comportamento e descrevê-lo com a ajuda de escalas numéricas ou categorias fixas(p.18).Em outras palavras, um teste psicológico é fundamentalmente uma mensuração objetiva e padronizada de uma amostra de comportamento. Uma verificação ou projeção futura dos potenciais do sujeito. O parâmetro fundamental da medida psicométrica são as escalas, os testes, é a demonstração da adequação da representação, isto é, do isomorfismo entre a ordenação dos procedimentos empíricos e teóricos. Enfim, explicita que a operacionalização dos comportamentos (itens), corresponda ao traço latente1. III - ORIGENS DOS TESTES PSICOLÓGICOSCom base em Pasquali (2001), a história dos testes psicológicos, se destacam em sucessivas décadas, de tal maneira que é possível associar muitos autores a alguns períodos bem específicos.
Q.I. = 100 (IM/IC)3
IV - TIPOS DE TESTES PSICOLÓGICOSOs testes psicométricos se baseiam na teoria da medida e, mais especificamente, na psicometria, usam números para descrever os fenômenos psicológicos, enquanto os testes impressionistas, ainda que
utilizem números, se fundamentam na descrição linguística.
V - AVALIAÇÃO PSICOLÓGICAO conceito de avaliação psicológica é amplo, se refere ao modo de conhecer fenômenos e processos psicológicos por meio de procedimentos de diagnósticos e prognóstico, para criar as condições de aferição de dados e dimensionar esse conhecimento (ALCHIERI & CRUZ, 2003). Os testes gráficos são mais adequados para começar um exame ou avaliação psicológica. Eles refletem os aspectos mais estáveis da personalidade, e mais difíceis de serem modificados (OCAMPO, 1995). Segundo Cunha (1993, p.5), o psicodiagnóstico é um processo científico, limitado no tempo, que utiliza técnicas e testes psicológicos (input), em nível individual ou não, seja para entender problemas à luz de pressupostos teóricos, identificar e avaliar aspectos específicos ou para classificar o caso e prever seu curso possível, comunicando os resultados (output). O psicodiagnóstico é uma forma específica de avaliação psicológica, em ambos os processos não têm necessariamente4 que fazer uso de testes psicológicos. Mas, no entender de Nascimento (2005), quando se precisa de material fidedigno, passível de reaplicação, que permita conclusões confiáveis em curto tempo, para tomada de decisões, é preciso dispor de outros recursos além da entrevista, ainda que seja para comprovar alguma característica do examinando. Avaliação Psicológica é um conjunto de procedimentos para a tomada de informações de que se necessita e não deve ser entendida como um momento único em que um instrumento poderia ser suficiente para responder às questões relacionadas ao problema que se pretende investigar (GUZZO, 1995-2001, p.157). Este tipo de processo é a base da atuação do profissional da psicologia seja qual for sua área (clínica, escolar, organizacional, jurídica, e outras). Para Wechsler e Guzzo (1999), não há como ser um bom psicólogo se não entender o significado da avaliação psicológica como um processo de construção de um conhecimento sobre um fenômeno decorrente de uma escolha teórica e metodológica (apud PACHECO, 2005, p.12). A avaliação psicológica ou psicodiagnóstico configura uma situação com papéis bem definidos, e com um contrato no qual uma pessoa (o paciente) pede ajuda, e o outro (o psicólogo) aceita o pedido e se compromete a satisfazê-lo dentro de suas possibilidades. É um processo bi-pessoal5(psicólogo-examinando ou paciente e/ou grupo familiar), cujo objetivo é investigar alguns aspectos em particular, de acordo com a sintomatologia e informações da indicação ou queixa. Abrange aspectos passados, presentes (diagnóstico) e futuros (prognóstico) do paciente. A avaliação psicológica não tem por objetivo somente identificar os aspectos deficitários ou patológicos do paciente, mas, em reconhecer os seus recursos potenciais e suas possibilidades. Ou seja, procura valorizar o que ele tem melhor, para viabilizar seus potenciais. Para Nascimento (2005), um bom diagnóstico se faz em parte por uma compreensão racional e em parte por uma compreensão empática (p.216). No entender de Yalom (2006, p.23), Embora um diagnóstico seja inquestionavelmente crucial nas considerações terapêuticas de muitas patologias graves com um substrato biológico (por exemplo, esquizofrenia, transtornos bipolares, transtornos afetivos maiores, epilepsia de lobo temporal, toxicidade farmacológica, doença orgânica ou cerebral decorrente de toxinas, causas degenerativas ou agentes infecciosos), ele é frequentemente contraproducente na psicoterapia comum dos pacientes com um comportamento menos grave. (grifo do autor).
VI - APLICAÇÃO DOS TESTES PSICOLÓGICOSOs instrumentos técnicos, a exemplo dos testes psicológicos representam a única área de atuação que é privativa dos psicólogos (HUTZ & BANDEIRA, 2003). São de uso exclusivo dos psicólogos que, para gerenciá-los, requer treinamento e conhecimento específicos. Uma vez que os testes obedecem a uma série de regras para sua aplicação chamada de Padronização da Aplicação dos Testes, que implicam em vários procedimentos: Administração dos testes na aplicação; Questões relacionadas ao aplicador ou examinador; e Questões específicas que dizem Respeito ao(s) examinado(s) ou testando(s).
VII – PARÂMETROS PSICOMÉTRICOSPara Alchieri e Cruz (2003, p.59), os instrumentos psicométricos estão basicamente fundamentados em valores estatísticos que indicam sua sensibilidade (ou adaptabilidade do teste ao grupo examinado), sua precisão (fidedignidade nos valores quanto à confiabilidade e estabilidade dos resultados) e validade (segurança de que o teste mede o que se deseja medir), como será visto em alguns detalhes a seguir:
VIII – CONSIDERAÇÕES FINAISEmbora se associe o psicólogo ao uso de teste psicológico, no entanto é apenas a minoria desses profissionais que aceitam testes psicológicos na sua práxis. Muitos desprezam esses instrumentos, mais por não saber ou não querer utilizá-los do que a partir do seu conhecimento. Como diz Nascimento (2005), os testes continuam sendo alvos de críticas por muitos colegas e, em certos meios chegam a ser considerados uma área desprestigiada da psicologia. Ainda segundo a autora, as críticas mais contundentes partem das correntes humanística e psicanalítica, que vêem no psicodiagnóstico uma forma de classificar personalidades, considerado por elas como discriminatória, estigmatizante e reducionista, em vez de considerar a pessoa na sua singularidade e em sua dinâmica. Em uma pesquisa com psicólogos sobre o uso de testes psicológicos, Venturi e Silva (1996), concluíram que os entrevistados consideram importante o uso dos testes em sua prática, ao mesmo tempo em que acreditam existir um desinteresse pelo uso desse instrumental devido ao preconceito e ceticismo generalizados. Ademais, acreditam ser necessário rever o ensino das técnicas de avaliação psicológica (apud PACHECO, 2005). As sugestões apresentadas para melhoria no ensino dos testes, de acordo com os citados pesquisadores, foram: O ensino dos testes deve ser aliado à prática; Os alunos devem submeter-se aos testes ou aplicá-los em outras pessoas; Os alunos devem realizar estágios em que possam aplicar os testes; O aluno deve receber uma sólida base teórica sobre os testes utilizados. Porém, estes itens apontados como favoráveis para aprendizagem dos testes, mesmo quando seguidos na íntegra, ainda assim se encontra resistência em boa parte dos alunos. Outro dado interessante é que os psicólogos, pelos menos nunca vi, não fazem crítica à utilização de testes na área infantil, então com criança pode, não tem do que criticar? A seu favor, pode se argumentar que é pelo fato da criança não ter um repertório oral pronto de auto-expressão. É verdade, mas, por conseguinte ela tende a ser mais autêntica! Apesar da validade e legitimidade do CFP (Conselho Federal de Psicologia) em relação aos testes atuais, me parece inadiável repensar não somente a epistemologia dos testes, mas, também as categorias das doenças psicológicas e a psicologia como um todo. Afinal, alguns autores, na sua maioria da filosofia (o que é mais intrigante), já vem formatando, havia tempo, perfis atuais e coerentes do homem pós-moderno, a exemplo do “Mínimo eu” de Lasch (1987), do “Homem líquido” de Bauman (2004). Finalmente, ou desdobramos a psicologia para entendermos esse novo homem em construção da “Sociedade depressiva” (ROUDINESCO, 2000), na “Era do vazio” (LIPOVETSKY, 2005), que produz o “Homem sem alma” (KRISTEVA, 2002), ou continuaremos a atendê-lo e avaliá-lo nos parâmetros enviesados do século passado. Aí, certamente nos reduziremos ao que diz Guattari (2005, p. 16), em profissionais “psi”, sempre assombrados por um ideal caduco de cientificidade. NOTAS1. Latente, aqui não tem o sentido usado
abusivamente nas teorias da personalidade. Segundo Pasquali (2001), este conceito de traço latente é utilizado inclusive pela Teoria moderna de Resposta ao Item (TRI), no campo da Psicometria, para se referir aos processos mentais em oposição aos processos físicos ou comportamentais. IX - REFERÊNCIAS ANASTASI, Anne. Testes psicológicos. Trad. D. M. Leite. 2. ed.
São Paulo: EPU, 1977. Quais são as principais características de um teste psicológico?Testes psicológicos são uma das mais típicas técnicas de avaliação, que se caracterizam como medida objetiva e padronizada de uma amostra de comportamento.
Quais são as três características específicas dos testes psicométricos?De todas as características avaliadas pelos testes psicométricos, existem quatro grupos ou categorias principais: aptidão, comportamentos, personalidade e inteligência emocional. Enquanto a aptidão mede as habilidades cognitivas, os testes de comportamento analisarão como um candidato age ou se comunica.
Quais são os principais testes psicológicos?Quais são os tipos de testes psicológicos mais utilizados em processos seletivos?. Teste AC (Atenção Concentrada) ... . Teste Quati (Questionário de Avaliação Tipológica) ... . Teste Não Verbal de Inteligência (G38) ... . Teste BFP (Bateria Fatorial de Personalidade). Quais as quatro características técnicas necessárias para um teste psicológico?São discutidos os principais parâmetros psicométricos considerados indispensáveis para a construção de testes psicológicos, a saber: evidências de precisão/fidedignidade, evidências de validade, e, por fim, sistema de correção e interpretação dos escores.
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