Quais são as principais dificuldades enfrentadas por esses imigrantes no país receptor?

Podcast "Que tal um mate?" debate direitos da população migrante

O oitavo episódio do podcast "Que tal um mate?" traz como tema "As dificuldades enfrentadas pelos migrantes no Brasil". Hoje são cerca de 2 milhões de estrangeiros no país, sendo que 55,1% estão na Região Sudeste; 20,5% na Região Sul e 8,6% na Região Norte. Os direitos dessa população estão previstos na Constituição Federal e em legislações específicas, mas isso não é garantia de acesso ao trabalho, moradia, saúde, alimentação adequada, muito menos de igualdade e aceitação pelos brasileiros.

Mediadora do podcast, a doutoranda em Desenvolvimento Rural (PGDR/UFRGS), Jaqueline Patricia Silveira, entrevistou o  haitiano, James Derson Sene Charles, que está há sete anos no Brasil e falou das dificuldades enfrentadas pela população migrante, desde a decisão de abandonar o país de origem para buscar uma vida melhor, longe de suas famílias, até o preconceito, o racismo e a xenofobia.

"Os imigrantes não vêm aqui para tirar a oportunidade dos brasileiros. Ao contrário, a gente vem para acrescentar, para criar, porque os imigrantes também são oportunidades que a cidade pode aproveitar. Temos muitas coisas boas para oferecer, como cultura, línguas, entre outras", ressaltou James, que é presidente da Associação de Integração Social (AINTESO).

“Não existem seres humanos ilegais, existem pessoas que cruzam fronteiras. Migrar é uma condição humana e não um crime”, afirmou a estudante de Serviço Social na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Bibiana Waquil Campana, também entrevistada no episódio. Bibiana também é membro do Grupo de Assessoria a Imigrantes e a Refugiados (o GAIRE), que integra o Núcleo de Ensino, Pesquisa e Extensão em Migração (o NEPEMIGRA) da UFRGS. Entre outros temas, ela falou dos diretos dos migrantes e das normas criadas para proteger essa população.

Sobre o Que tal um mate?

O podcast, que busca trazer informações técnicas e  científicas de forma acessível e aplicada, nasceu da cultura do Sul da América Latina, onde pessoas se sentam em uma roda de conversa para compartilhar uma cuia de mate. Esses são costumes que vêm dos indígenas, principalmente dos Guaranis e dos Quéchuas. Entretanto, o compartilhamento de utensílios e a aproximação de pessoas são pautas extremamente importantes em tempos de pandemia e devem ser feitas respeitando as determinações médicas e das autoridades locais. A ideia é aproveitar para pensar, também, no contexto dos povos das comunidades tradicionais.

O objetivo é abordar informações relevantes para a comunidade, explorando os temas de interesse do ASSSAN Círculo, que é ligado ao Centro Interdisciplinar Sociedade, Ambiente e Desenvolvimento (CISADE) e ao Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Rural (PGDR) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Interessados em contribuir com sugestões de temas e entrevistados para os próximos episódios podem enviar e-mail para: .

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Silvana Granja
Jornalista (DRT/RS 10.732)

O Que tal um mate? É uma produção do ASSSAN Círculo, ligado a Universidade Federal do Rio Grande do Sul. A coordenação do podcast é da professora Gabriela Coelho de Souza e de Danielle Finamor. A produção e o roteiro são de Silvana Granja e Jaqueline Patricia Silveira, a vinheta e a edição de áudio são do Pedro DuBois e a identidade visual é da Helena de Lima Muller.

A crise dos refugiados tem sido debatida de forma extensiva na mídia atual. Os refugiados são pessoas que saíram de maneira forçada de seus países para buscarem refúgio e uma oportunidade de restruturação de suas vidas em outros países. O que força a saída dessas pessoas de seus locais de origem são conflitos armados e conflitos políticos, causando a necessidade do asilo.

Os refugiados encontram muita dificuldade para restabelecer-se em outros locais, além do que muitos deles não conseguem legalizar a sua situação no novo país com facilidade, vivendo como apátridas e, às vezes, na clandestinidade.

Quais são as principais dificuldades enfrentadas por esses imigrantes no país receptor?
O refúgio é uma grande preocupação da ONU, que tem uma agência especial para oferecer ajuda humanitária aos refugiados no mundo.

Imigração e crise dos refugiados

Os refugiados são imigrantes, mas nem todo imigrante é um refugiado. As pessoas que saem de seus locais de origem por questões sociais e econômicas, e por livre e espontânea vontade, são imigrantes. Os refugiados são forçados à migração por sofrerem iminente risco de morte e perseguições, por diversas causas, em seus locais de origem, geralmente devastados por conflitos armados ou dominados por organizações criminosas.

A Organização das Nações Unidas (ONU) já considera a crise dos refugiados a crise humanitária mais intensa do século. Em 2016, o volume total de pessoas que havia caído na condição de refugiado chegou a 65,6 milhões. A própria ONU estima que a última crise migratória de tamanha proporção deu-se durante a Segunda Guerra Mundial.

Dados de 2016 levantados pela ONU indicavam que 3/4 da população síria necessitavam de ajuda humanitária por estarem em condição de refugiados. A Síria foi o centro do problema por ter eclodido lá uma guerra entre entidades oficiais do governo representadas pelo exército sírio e uma organização terrorista paramilitar chamada Estado Islâmico.

Quais são as principais dificuldades enfrentadas por esses imigrantes no país receptor?
A guerra civil na Síria forçou a saída de mais de cinco milhões de sírios de seu território natal. [1]

A crise dos refugiados decorreu e ainda decorre do grande número de imigrantes, principalmente de origem síria, que se deslocou em massa para a Europa, através do Mar Mediterrâneo, de forma precária e com embarcações inseguras. Isso gerou, a priori, um crescimento demográfico intenso e rápido da região próxima ao mar e depois de outras partes do continente, causando, dessa forma, repulsa dos europeus, que se baseiam em discursos xenofóbicos, além dos que alegam que os imigrantes roubam os empregos dos cidadãos, entre outros.

Além da Síria, países africanos, como o Congo, o Sudão e a Nigéria, sofrem com conflitos políticos que geram o refúgio. Ainda no Oriente Médio, o Afeganistão é um país com conflitos que envia, hoje, a segunda maior quantia de refugiados para o mundo. Aqui na América do Sul, a crise na Venezuela também tem colocado os cidadãos venezuelanos em situação semelhante.

Leia também: Fatos importantes sobre a imigração de venezuelanos para o Brasil

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Causas da crise dos refugiados

O refúgio é causado, geralmente, por guerras. No entanto, não somente guerras mas conflitos de ordem política também colocam a pessoa na situação do refúgio. Muitos cidadãos fogem de seus países porque são ameaçados por organizações criminosas que dominam o cenário político local. Outros fogem porque perdem tudo na guerra e a situação do país impede a reconstrução de suas vidas.

No caso da Venezuela, há uma crise que coloca os cidadãos em necessidade de ajuda humanitária, pois a fome, o desemprego e a instabilidade econômica afetam drasticamente a população venezuelana pobre. Os conflitos políticos e perseguições ideológicas também acontecem por lá.

Saiba também: Causas e consequências da imigração haitiana no Brasil   

Consequências da crise dos refugiados

As consequências, em geral, do refúgio são sentidas nos países que abrigam os refugiados. Geralmente, quando há uma leva repentina e grande de fluxo migratório para um local, ocorre o fenômeno que a geografia chama de “explosão demográfica”. A explosão demográfica afeta diretamente a economia e as relações sociais, pois ela acarreta uma cadeia de eventos que podem ser desastrosos, como demostramos nos tópicos seguintes:

  1. Há uma grande e repentina quantidade de pessoas migrando para um mesmo local;
  2. Não há infraestrutura nesse local para receber essas pessoas, fazendo com que o acesso à saúde, ao saneamento, à segurança e à educação fique comprometido;
  3. Não há emprego e geração de renda para todos, pois o aumento populacional aconteceu de repente;
  4. A fome e a miséria instalam-se entre a população migrante e até entre a população local, pois a falta de emprego começa a afetar os moradores locais;
  5. Há o aumento da criminalidade pela falta de estrutura e de organização.

Esse ciclo vicioso tende a manter-se se não houver esforços conjuntos dos governos, da iniciativa privada, de ONGs e até mesmo da população local para o acolhimento dos refugiados. Nesse sentido, apesar do dispêndio de energia, recursos e dinheiro gastos para receber os refugiados, o sacrifício é mais que necessário por uma questão humanitária.

Quando uma pessoa sujeita-se ao refúgio, ela o faz porque não há outra opção, pois a permanência no seu local de origem representa um risco iminente à sua vida e à vida de sua família. Muitas famílias de refugiados, inclusive, são pertencentes a uma classe média em seus locais, tendo moradia garantida, negócios, bons empregos e uma vida digna, até que se inicie um conflito tão perigoso a ponto de fazer com que elas abandonem tudo o que construíram por medo e desespero.

Quais são as principais dificuldades enfrentadas por esses imigrantes no país receptor?
Quando os refugiados e imigrantes em geral não são acolhidos e inseridos na sociedade, eles podem acabar vivendo nas ruas ou caindo na criminalidade.

Pensar como um cidadão global, ter senso de humanidade e prezar pelos direitos básicos (vida, liberdade e dignidade), hoje, implica perceber que quando o outro precisa de nossa ajuda, mesmo que o outro seja estrangeiro, é necessário que nos esforcemos para ajudá-lo.

Outra perspectiva possível para defender a ajuda humanitária é pensar em nosso amanhã. Nenhum país e nenhuma cidade do mundo estão tão imunes a conflitos que não possam cair em uma guerra civil ou militar, à dominação por organizações criminosas ou a sofrerem com a falta de recursos no futuro. Se isso nos acontecer amanhã, talvez estejamos sujeitados a cair na condição de refugiados como acontece hoje com sírios, congoleses, afegãos, nigerianos, sudaneses, venezuelanos, cidadãos do leste europeu e de outras nacionalidades. 

O acolhimento e o tratamento com respeito e dignidade são a melhor saída para que o mundo supere essa crise.

Crédito de imagem
[1] TabqaPhotos/Commons

Quais são as principais dificuldades enfrentadas por esses migrantes no país receptor?

Falta de informação, dificuldades com o idioma e acesso à documentação são os principais obstáculos para os estrangeiros no país.

Quais são as dificuldades enfrentadas por imigrantes?

Você sabia que o domínio da língua portuguesa é um dos principais desafios enfrentados pelos imigrantes? O Brasil é um país monolíngue. Ou seja, a maioria da população não domina outro idioma além do português, o que dificulta a socialização dos imigrantes por aqui.

Qual a maior dificuldade que o imigrante sofre quando migra para Europa?

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