Quais os benefícios da atividade física no combate a síndrome metabólica?

Quais os benefícios da atividade física no combate a síndrome metabólica?

A prática de exercícios físicos auxilia no combate à doença Foto: Sangudo/ Creative Commons

Você já ouviu falar em síndrome metabólica? O nome é pouco conhecido entre as pessoas, porém atinge diversos brasileiros. Trata-se do conjunto de várias alterações que, interligadas, determinam um momento de risco cardiovascular.

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De acordo com a médica Juliana Bicca, da Sociedade Brasileira de Endocrinologia, são os cinco pilares desta doença: obesidade, pressão alta, índice acima do normal de glicemia e de triglicérides e baixo nível de colesterol HDL. Uma pessoa que apresente três destes fatores já pode ser classificada como portadora da síndrome metabólica.

"A doença está diretamente associada ao excesso de peso. Conforme os estudos indicam, o aumento do peso da população aumenta diretamente a incidência da síndrome metabólica nas pessoas", explica Juliana em entrevista ao programa Rota Saudável, da Rádio Estadão.

A prática de exercícios físicos auxilia no combate à doença. A endocrinologista ressalta alguns pontos em relação às atividades físicas visando acabar com a síndrome, como a necessidade de combinar exercícios aeróbicos com musculação para a perda de peso e aumento da massa muscular e também a taxa metabólica.

Juliana defende ainda que o nível dos exercícios deve ser no mínimo moderado. "Tenho que ser muito sincera: exercício leve não faz perder peso. Tem de ser moderado. O mínimo aconselhável é de 150 minutos de exercícios semanais. A atividade proporciona benefício cardiovascular, melhora do condicionamento respiratório, prevenção de doenças e perda de peso", afirma.

A médica ressalta também a importância de sempre ter acompanhamento de profissionais da área na realização de exercícios e de exames clínicos para saber dosar a carga de atividades de acordo com as limitações físicas, como teste ergométrico.

Segundo a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metaboligia, a Síndrome Metabólica ocorre quando estão presentes três dos cinco critérios abaixo:

  • Obesidade central - circunferência da cintura superior a 88 cm na mulher e 102 cm no homem;
  • Hipertensão Arterial - pressão arterial sistólica 130 e/ou pressão arterial diatólica 85 mmHg;
  • Glicemia alterada (glicemia 110 mg/dl) ou diagnóstico de Diabetes;
  • Triglicerídeos 150 mg/dl;
  • HDL colesterol 40 mg/dl em homens e 50 mg/dl em mulheres
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Quais os benefícios da atividade física no combate a síndrome metabólica?
Atividade f�sica e s�ndrome metab�lica: um estudo de revis�o

Quais os benefícios da atividade física no combate a síndrome metabólica?

 

*Profa. de Educa��o F�sica

**Centro de Educa��o F�sica e Esportes

Universidade Estadual de Londrina

(Brasil)

Profa. Fernanda Reis Penteado*

Prof. Dr. Nilton Munhoz Gomes**

 

Resumo

          A S�ndrome Metab�lica (SM) caracteriza-se pela associa��o, de fatores de riscos na sua maioria modific�veis, precursores principalmente do diabetes tipo 2 e da doen�a coronariana, tais como a obesidade abdominal, elevados n�veis de triglicer�deos e baixos n�veis de HDL-colesterol, hipertens�o arterial e interligando-se a estas altera��es metab�licas est� a resist�ncia � insulina (hiperinsulinemia). O presente trabalho buscou, a partir de levantamento bibliogr�fico, levantar informa��es gerais sobre a S�ndrome Metab�lica, incluindo a rela��o desta com a pr�tica de atividades f�sicas. Foram encontrados poucos estudos sobre a sua rela��o com a atividade f�sica, bem como sua preval�ncia na popula��o brasileira. Por�m, alguns estudos recentes apontam �ntima rela��o entre a pr�tica de atividade f�sica regular, desde a inf�ncia com um fator determinante na preven��o e melhoria nos sintomas da S�ndrome Metab�lica. Dentre as atividades praticadas, a atividade aer�bica tem se mostrado a principal maneira de a��o para melhorar ou at� mesmo prevenir os sintomas relacionados � SM e diminuir os fatores de risco cardiovascular. Os cuidados com a alimenta��o e com h�bitos de vida saud�veis tamb�m s�o citados como ponto fundamental como forma de preven��o e interven��o para o controle da SM. Sendo assim, a import�ncia da associa��o da pr�tica de exerc�cios f�sicos regulares com uma dieta balanceada � fator determinante na para diminuir os sintomas e prevenir o aparecimento da SM.

          Unitermos:

S�ndrome metab�lica. Exerc�cio f�sico. H�bitos alimentares. Preven��o.  
Quais os benefícios da atividade física no combate a síndrome metabólica?
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - A�o 13 - N� 125 - Octubre de 2008

Quais os benefícios da atividade física no combate a síndrome metabólica?

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1.     Introdu��o

    O crescimento do sedentarismo, de h�bitos alimentares pouco saud�veis e do estresse caracterizam elementos cada vez mais comuns na nossa sociedade, e que est�o relacionados ao aumento constante e cada vez mais precoce, das doen�as cr�nicas n�o transmiss�veis (DCNT). As DCNT representam atualmente a principal causa de mortes no Brasil e nos Pa�ses desenvolvidos (BRAND�O, 2005), dentre elas, as doen�as do aparelho cardiocirculat�rio, representadas, principalmente pelas doen�as coronarianas, cerebrovasculares e insufici�ncia card�aca. O diabetes tipo 2 � tido como um outro problema freq�ente que afeta a sa�de da popula��o mundial, representando um fator importante na mortalidade, sobretudo em rela��o � ocorr�ncia de epis�dios circulat�rios agudos.

    Um conjunto de fatores de risco apresentam influ�ncia direta para o desenvolvimento das enfermidades referidas acima, fatores esses representados por anormalidades metab�licas que t�m como ponto central a resist�ncia � insulina, levando a uma hiperinsulinemia (BRAND�O, 2005). A uni�o de cinco dos fatores de risco considerados principais (elevados n�veis de triglicer�deos, baixos n�veis de lipoprote�nas de alta densidade HDL-C, resist�ncia � insulina, obesidade abdominal e hipertens�o arterial) constituem a S�ndrome Metab�lica (SM), que � um tema atual que vem ganhando espa�o na area da sa�de, em virtude dessa complexa rela��o de fatores de risco cardiovascular. Um dos maiores problemas para estudos epidemiol�gicos da SM esta relacionado ao fato de sua defini��o n�o ser uma unanimidade. Poucos estudos s�o encontrados na literatura brasileira sobre a rela��o da SM com o exerc�cio f�sico, com isso n�o se sabe ao certo sua preval�ncia nessa popula��o, em fun��o desses estudos possu�rem normalmente uma amostra n�o muito representativa. Diante do exposto, o trabalho buscou, a partir de levantamento bibliogr�fico, levantar informa��es gerais sobre a S�ndrome Metab�lica, incluindo a rela��o desta com a pr�tica de atividades f�sicas.

2.     Metodologia

    Segundo LAKATOS (1991) a pesquisa bibliogr�fica abrange toda bibliografia j� tornada p�blica em rela��o ao tema de estudo, desde publica��es avulsas, boletins, jornais, revistas, livros, pesquisas, monografias, teses, at� meios de comunica��o orais. Ela deve oferecer meios para definir, resolver n�o somente problemas j� conhecidos, como tamb�m explorar novas �reas onde os problemas n�o se cristalizam suficientemente. A metodologia dessa investiga��o tem como base uma revis�o atual da literatura a fim de buscar reunir informa��es a partir de referencias bibliogr�ficas a qual possa atender os objetivos da pesquisa. As fontes de consulta (livros, artigos, peri�dicos), t�m em foco a defini��o da S�ndrome Metab�lica e os benef�cios do exerc�cio f�sico para sua preven��o e controle.

3.     Revis�o de literatura

3.1.     S�ndrome Metab�lica: defini��o e diagnostico

    A SM caracteriza-se pela associa��o, num mesmo indiv�duo de fatores de riscos, na sua maioria modific�veis, precursores principalmente do diabetes tipo 2 e da doen�a coronariana, tais como a obesidade abdominal, elevados n�veis de triglicer�deos e baixos n�veis de HDL-colesterol, hipertens�o arterial e interligando-se a estas altera��es metab�licas est� a resist�ncia � insulina (hiperinsulinemia), da� tamb�m ser conhecida como a s�ndrome da resist�ncia a insulina.

    A partir da d�cada de 1980 houve um maior interesse por parte dos pesquisadores em rela��o � SM e desde ent�o alguns trabalhos vem sendo publicados para melhor caracterizar a S�ndrome. O conjunto de fatores de risco que identificam a S�ndrome Metab�lica foi reconhecido, pela primeira vez, em 1983. Em 1988, Reaven introduziu o termo s�ndrome X e identificou a resist�ncia � insulina, definida como a menor capta��o da glicose pelos tecidos perif�ricos, como o substrato fisiopatol�gico comum da s�ndrome (MINAME, 2005). Desde ent�o a SM j� foi descrita por diversos nomes, como, por exemplo, s�ndrome metab�lica hipertensiva, s�ndrome plurimetab�lica, s�ndrome X, quarteto mortal e s�ndrome da resist�ncia � insulina; por�m, a maioria dos trabalhos atuais tem adotado o termo s�ndrome metab�lica. (LOPES, 2003).

    Um dos grandes problemas para estudos epidemiol�gicos da SM esta relacionada ao fato de sua defini��o n�o ser uma unanimidade. A n�o uniformiza��o dos crit�rios a serem estabelecidos tem dificultado pesquisas direcionadas ao seu diagn�stico e tratamento. Recentemente algumas defini��es vem sendo propostas com pretens�es de facilitar as pesquisas e favorecer compara��es entre as mesmas. Tanto a Organiza��o Mundial de Sa�de (OMS) quanto o National Institute of Health (NIH) publicaram suas propostas.

    De acordo com a Organiza��o Mundial de Sa�de, a avalia��o da resist�ncia � insulina ou o dist�rbio do metabolismo da glicose s�o o ponto de partida para sua caracteriza��o. O mais recente relat�rio publicado pelo NIH, National Cholesterol Education Program�s Adult Treatment Panel III (NCEP-ATP III) desenvolveu sua defini��o para uso cl�nico e n�o exige a comprova��o da resist�ncia � insulina o que facilita o seu uso, pela sua simplicidade e praticidade como foi desenvolvida � a defini��o recomendada atualmente pela I Diretriz Brasileira de Diagn�stico e Tratamento da SM (I-DBSM). Seu diagn�stico � proposto por meio da presen�a de no m�nimo tr�s dos fatores de risco mais caracter�sticos relacionados ao estilo de vida e a fatores de risco emergentes. Como crit�rios de diagn�sticos da SM segue o consenso descrito na tabela:

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Tabela 1. ATP III crit�rios para identifica��o da S�ndrome Metab�lica1

    A I-DBSM (2004) recomenda que para os componentes press�o arterial e triglicer�deos o uso de medica��o anti-hipertensiva ou de hipolipidemias assim como diagn�stico pr�vio de diabetes.

    O ponto de corte estabelecido para a circunfer�ncia abdominal (�ndice antopom�trico mais representativo da gordura intra-abdominal) de 102 cm para homens e 88 cm para mulheres � relativo por n�o se adequar em popula��es de diferentes etnias, assim alguns valores mais baixos que v�o de 94-102 cm para homens e 80-88 cm para mulheres s�o recomendados.

    Para a confirma��o do diagn�stico da SM e identificar os fatores de risco cardiovascular associados de acordo com os crit�rios do NCEP-ATP III, � necess�rio investiga��o cl�nica e laboratorial que inclua:

  1. Anamnese cl�nica � idade, tabagismo, pr�tica regular de atividade f�sica, hist�rico familiar de hipertens�o, doen�a cardiovascular e diabetes, diabetes gestacional, doen�a arterial coronariana, acidente vascular encef�lico

  2. Medida de circunfer�ncia abdominal: determinada no plano horizontal, no ponto coincidente com a dist�ncia m�dia entre a �ltima costela e a crista il�aca (GUEDES & GUEDES, 2003).

  3. N�veis de press�o arterial: Na posi��o sentada, ap�s cinco minutos de repouso, a press�o deve ser aferida pelo menos duas vezes por consulta.

  4. Peso e estatura: Utilizados para determinar o �ndice de massa corporal pela f�rmula do IMC= peso/altura �.

  5. Exame cardiovascular.

  6. Exame de pele (pesco�o e dobras cut�neas) para a identifica��o de acantose nigricans.

  7. Exame de Glicemia de jejum: avalia��o laboratorial.

  8. Dosagem do HDL-colesterol e dos triglicer�deos

    Outros exames laboratoriais poder�o ser realizados para melhor avalia��o do risco cardiovascular e determina��o da SM, tais como: colesterol total, LDL-colesterol. A presen�a aumentada de LDL n�o faz parte dos crit�rios diagn�sticos de SM, por�m, frequentemente, os pacientes portadores de resist�ncia � insulina e s�ndrome metab�lica apresentam aumento da fra��o pequena e densa do LDL-colesterol que tem um potencial arterioscler�tico maior (I-DBSM, 2004).

3.2.     Defini��o dos fatores de risco cardiovascular relacionados � SM

    A gen�tica, o sedentarismo, o tabagismo, o ganho de peso progressivo e uma dieta rica em carboidrato refinados, gorduras saturadas e pobre em fibras alimentares contribuem para o desenvolvimento da S�ndrome Metab�lica, considerada um fator que eleva o risco cardiovascular. Alguns fatores de risco cardiovascular s�o associados a SM e ser�o descritos abaixo:

3.2.1.     Obesidade abdominal

    O padr�o da distribui��o da gordura deve receber grande destaque, pois n�o s� a quantidade de gordura corporal relativa, mas principalmente a distribui��o regional desta apresenta estreita rela��o com o aumento de doen�as cardiovasculares. Essa rela��o pode ser atribu�da � associa��o entre complica��es metab�licas relacionadas � maior incid�ncia de gordura na regi�o abdominal, independente da quantidade total de gordura. A localiza��o da gordura corporal nas diferentes regi�es anat�micas do corpo distingue a obesidade de acordo com os tipos gin�ide e andr�ide. (GUEDES & GUEDES, 2003). Indiv�duos com ac�mulo predominante de gordura na regi�o do quadril, gl�teo e coxa superior apresentam obesidade gin�ide ou perif�rica, sob efeito hormonal dos estr�genos caracter�stica principalmente das mulheres. J� aqueles que apresentam ac�mulo mais acentuado de gordura na regi�o abdominal, tronco, cintura escapular e pesco�o, apresentam obesidade andr�ide ou central, sob efeito hormonal da testosterona manifestam-se, sobretudo nos homens podendo tamb�m atingir mulheres em estados de obesidade excessiva.

    O quociente entre a circunfer�ncia da cintura e do quadril � usualmente empregado para determinar a localiza��o da gordura corporal. Valores superiores a 0,80 nas mulheres e 0,90 nos homens sugerem distribui��o andr�ide ou central da gordura, essa rela��o e medida em plano horizontal, no ponto coincidente com a dist�ncia m�dia entre a �ltima costela e a crista il�aca, e � um dos crit�rios do NCEP-ATP III para identifica��o da S�ndrome Metab�lica.

    A maioria dos casos de SM ocorre em indiv�duos com excesso de peso, o que por si s�, prejudica a sensibilidade � insulina, que diminui em at� 40% quando o indiv�duo apresenta massa corporal maior que 35% e 40% da ideal (SANTOS, 2006). O excesso de gordura corporal leva ao ac�mulo de lip�deos nos tecidos, notavelmente no tecido adiposo, m�sculo,s f�gado e c�lulas pancre�ticas o que parece induzir a��es bioqu�micas ocorridas na SM.

    O padr�o de distribui��o central da gordura corporal apresenta aumento no tamanho ou n�mero das c�lulas adiposas vicerais, metabolicamente mais ativas. Outra altera��o � uma falha dos adip�citos em reter os �cidos graxos livres em seu interior, aumentando seu fluxo para a circula��o. Esse mecanismo � facilitado pela resist�ncia � insulina. (MINAME, 2005) Aumentando assim, a quantidade de �cidos graxos livres para o f�gado e para os tecidos perif�ricos, induzindo redu��es na extra��o hep�tica de insulina, levando a uma hiperinsulinemia perif�rica. Al�m disso, na resist�ncia � insulina, o f�gado libera na circula��o uma forma de lipoprote�nas de muito baixa densidade, o VLDL, pois a s�ntese hep�tica de triglic�rides � estimulada.

    O tecido adiposo � um grande dep�sito de triglicer�deos, e consequentemente, de �cidos graxos, uma vez que cada mol�cula de triglicer�deo cont�m tr�s �cidos graxos ligados a uma mol�cula de glicerol. Embora antes considerado apenas como um grande reservat�rio de energia e isolante t�rmico, o tecido adiposo vem assumindo cada vez mais import�ncia como um tecido end�crino (LOPES, 2004 b). Esse conceito revolucion�rio define o fato de tecido adiposo ser um �rg�o extremamente ativo tanto metabolicamente quanto do ponto de vista secret�rio de um n�mero enorme de subst�ncias que t�m fundamental participa��o em alguns mecanismos da s�ndrome metab�lica: redu��o da capta��o hep�tica de insulina, aumento na produ��o de glicose, s�ntese de VLDL-colesterol, diminui��o do uso da glicose mediada pela insulina.

    Por �ltimo, vale a pena comentar sobre a participa��o dos �cidos graxos livres, os AGNEs, nos mecanismos da hipertens�o em obesos e portadores da s�ndrome metab�lica. A rela��o entre obesidade e hipertens�o apesar de ser bastante conhecida, tem seus mecanismos envolvidos nesse processo pouco esclarecidos. Ela parece ser maior em indiv�duos que apresentam obesidade abdominal ou visceral. Indiv�duos com obesidade central s�o mais resistentes � insulina, t�m mais doen�as cardiovasculares, t�m mais hipertens�o arterial, e t�m n�veis elevados de �cidos graxos livres.

    GUEDES & GUEDES (2003) sugerem a alta predisposi��o dos indiv�duos obesos em apresentar hiperinsulinemia e resist�ncia � insulina, em raz�o da excessiva exposi��o a elevadas concentra��es de �cidos graxos livres como principal fator de eleva��o dos n�veis de press�o arterial. Essas disfun��es aumentam a reten��o de s�dio renal, que juntamente com as disfun��es dos receptores de insulina intensificam a ativa��o do sistema nervoso simp�tico, e assim os n�veis de press�o arterial tendem a aumentar.

3.2.2.     Hipertens�o arterial

    A press�o sangu�nea � resultado da intera��o do trabalho card�aco mediante a��o de contra��o e relaxamento de seus m�sculos e da propriedade de elasticidade dos vasos sangu�neos, destinados a absorver a for�a que o sangue exerce contra suas paredes. A maior press�o exercida pelo sangue ocorre nas art�rias, onde � mensurada e usada como indicador de sa�de. Ela � definida como a for�a exercida pelo sangue contra as paredes arteriais, determinada pela quantidade de sangue bombeado e pela resist�ncia ao fluxo sangu�neo.

    A press�o arterial normal de um homem adulto � de 120/80, enquanto das mulheres adultas tende a ser mais baixa, 110/70 (POWERS & HOWLEY, 2000). A hipertens�o � definida como uma press�o arterial superior � faixa normal para a idade e sexo do indiv�duo. Segundo a Organiza��o Mundial de Sa�de, a hipertens�o arterial em indiv�duos adultos se concretiza quando os valores de press�o sangu�nea sist�lica e diast�lica alcan�am valores igual ou superiores a 140 e 90 mmHg respectivamente. O maior valor, na raz�o da press�o arterial � a press�o arterial sist�lica, ou seja, press�o gerada quando o sangue � ejetado do cora��o durante a s�stole ventricular, j� o menor valor � definido como press�o arterial diast�lica, que ocorre durante o relaxamente ventricular ou di�stole, aonde ocorre diminui��o da press�o arterial.

    Estudos epidemiol�gicos e cl�nicos, dentre eles o �Seven Countries Study�, mostrou haver rela��o direta da press�o arterial sist�lica e da press�o arterial diast�lica com as taxas de mortalidade por doen�a cardiovascular em 16 comunidades. Os dados exibidos evidenciaram que esse risco era duas vezes maior quando havia incremento de 10 mmHg na m�dia da press�o arterial sist�lica (BRAND�O, 2003). No Brasil, n�o � exato o n�mero de indiv�duos hipertensos, a preval�ncia da dessa patologia tem uma varia��o de 12 a 35% em determinadas regi�es.

    A press�o arterial � influenciada e dependente de v�rios fatores fisiol�gicos: d�bito card�aco, volume sangu�neo, resist�ncia ao fluxo e viscosidade do sangue. O aumento de qualquer uma dessas vari�veis pode levar a um aumento na press�o arterial, da mesma maneira que a diminui��o de qualquer componente leva a diminui��o da PA.

    A regula��o aguda (de curto prazo) da press�o arterial � realizada pelo sistema nervoso simp�tico, enquanto a regula��o de longo prazo �, sobretudo, uma fun��o dos rins. Estes regulam a press�o arterial por meio de se controle do volume sangu�neo (POWERS & HOWLEY, 2000). Na art�ria car�tida e aorta existem alguns receptores de press�o, que s�o sens�veis �s altera��es da press�o arterial. Quando aumenta a press�o arterial esses receptores s�o acionados e enviam impulsos ao centro de controle cardiovascular, que responde com uma diminui��o da atividade simp�tica, e isso pode diminuir o d�bito card�aco e/ou resist�ncia vascular, diminuindo assim a press�o arterial.

3.2.3.     Diabetes Mellitus tipo II

    O diabetes mellitus tipo II � uma patologia detectada geralmente na meia-idade e frequentemente esta associada � obesidade andr�ide ou da por��o superior do corpo, podendo tamb�m ocorrer em indiv�duos magros. Constitui-se num grupo de dist�rbios metab�licos caracterizados pela resist�ncia insul�nica perif�rica, combinada com uma falha na secre��o de insulina pelo p�ncreas, aonde o �rg�o n�o produz insulina em quantidades suficientes para satisfazer as necessidades humanas.     A insulina � um horm�nio polipept�dico anab�lico produzido pelas c�lulas beta do p�ncreas, cuja s�ntese � ativada pelo aumento nos n�veis circulantes de glicose e amino�cidos ap�s as refei��es (ZECCHIN, 2004). � respons�vel pelo transporte da glicose atrav�s da membrana celular para sua posterior oxida��o, agindo em v�rios tecidos perif�ricos, como os m�sculos, f�gado e tecido adiposo. O aumento da capta��o de glicose principalmente pelos m�sculos e pelo tecido adiposo e o bloqueio da produ��o hep�tica de glicose, s�o os principais efeitos metab�licos imediatos da insulina. A sua insufici�ncia tem como conseq��ncia um n�vel elevado de glicose circulante no sangue (hiperglicemia) por conseq��ncia da dificuldade da c�lula em utilizar a glicose como fonte de energia.

    A s�ndrome da resist�ncia � insulina pode explicar diversas anormalidades metab�licas e bioqu�micas encontradas nos diab�ticos. Ela � caracterizada principalmente por resist�ncia � insulina, obesidade, hipertens�o e dispilipidemia. A dislipidemia diab�tica � caracterizada pelo aumento de part�culas de LDL pequenas e densas, redu��o do HDL-colesterol e n�veis elevados de triglic�rides (VACANT, 2004). Os diab�ticos apresentam doen�a arterial coron�ria mais grave que os n�o-diab�ticos, possivelmente em fun��o do aumento da incid�ncia das anormalidades lip�dicas, tais como as part�culas de LDL pequenas e densas. A presen�a dessas part�culas est� associada a risco tr�s vezes maior de infarto do mioc�rdio.

    A resist�ncia insul�nica � considerada um fator de risco cardiovascular e um dos principais achados nos indiv�duos portadores da SM. Em rela��o ao efeito da insulina sobre a press�o arterial, sabe-se que a hiperinsulinemia aguda provoca diminui��o da excre��o de s�dio, embora n�o afete a press�o arterial em indiv�duos normotensos (LOPES, 2003). Uma prov�vel hip�tese sobre o mecanismo da insulina na hipertens�o � a hiperinsulinemia exercer a��o tr�fica na musculatura do vaso sangu�neo, al�m da sua a��o vasodilatadora, resultando no aumento da resist�ncia vascular e, conseq�entemente, no aumento da press�o arterial.

    A resist�ncia a Insulina na s�ndrome metab�lica ocorre no metabolismo da glicose e dos �cidos graxos livres e as anormalidades lipoprot�icas consistem aumentos dos n�veis plasm�ticos de triglicer�deos e part�culas de LDL pequenas e densas, com acentuada redu��o dos n�veis plasm�ticos de HDL-colesterol (BERTOLAMI, 2004). Essa resist�ncia dos tecidos perif�ricos � insulina parece ser a principal anormalidade central associada � SM.

3.2.4.     Dispilipidemia

    As lipoprote�nas agem como transportadoras de lip�deos no plasma sangu�neo, elas s�o part�culas macromoleculares compostas pelos lip�dios como o colesterol, os fosfolip�dios e os triglicer�deos e tamb�m por prote�nas especiais conhecidas como apoprote�nas.

    Usualmente a concentra��o s�rica de colesterol � dividida em duas classes, baseadas no tipo de lipoprote�na que transporta o colesterol. Considerando-se que os lip�deos apresentam-se menos densos que as prote�nas, quando as lipoprote�nas apresentam maiores quantidades de lip�deos, ou colesterol em compara��o com as prote�nas diz-se que as lipoprote�nas s�o de baixa densidade ou LDL, quando as lipoprote�nas apresentam maiores quantidades de prote�nas em rela��o aos lip�deos diz-se lipoprote�nas de alta densidade ou HDL. Um terceiro tipo de lip�deo sangu�neo � a lipoprote�na de densidade muito baixa ou VLDL-colesterol, ele apresenta maiores quantidades de lip�deos do que as prote�nas aonde os lip�deos consistem basicamente de triglicer�deos em vez de colesterol. (GUEDES & GUEDES, 1995)

    N�veis elevados de LDL-colesterol est�o diretamente relacionados a risco cardiovascular, enquanto n�veis elevados de HDL-colesterol oferecem prote��o contra as cardiopatias (POWERS & HOWLEY, 2000). A lipoprote�na LDL-colesterol contribu� para altera��es nas paredes internas das art�rias levando ao desenvolvimento da placa arteroscler�tica enquanto que o HDL-colesterol tem a fun��o de transportar o colesterol dos tecidos e da corrente sangu�nea para o f�gado para sua excre��o ou s�ntese em �cidos biliares.

    A maioria dos grandes estudos realizados no passado envolvendo pacientes com agrupamento de fatores de risco cardiovascular tinha como foco principal redu��o do LDL-colesterol e melhora de eventos cl�nicos ou resultado angiogr�fico.Nos �ltimos cinco anos, a preocupa��o com fatores de risco cardiovascular espec�ficos, tais como aumento dos n�veis plasm�ticos de triglic�rides e HDL-colesterol reduzido, importantes componentes da s�ndrome metab�lica, tem aumentado. (LOPES, 2003).

    Na SM, a dispilipidemia caracteriza-se pela presen�a de n�veis mais baixos de HDL-colesterol e n�veis elevados de triglicer�deos (I-DBSM, 2004). Apesar dos n�veis mais elevados de LDL-colesterol n�o entrarem nos crit�rios diagn�sticos da S�ndrome, geralmente os portadores de SM apresentam altera��es na densidade e tamanho dessas part�culas de lipoprote�nas, al�m de seus valores ultrapassarem os n�veis recomendados por diversas diretrizes, ou seja, acima de 100 mg/dl. A sua etiologia esta relacionada � resist�ncia insul�nica, na qual, em virtude do menor metabolismo de lipoprote�na de muito baixa densidade (VLDL) decorrente de hiperinsulinemia, a concentra��o plasm�tica de triglicer�deos encontra-se aumentada, enquanto que a de HDL esta diminu�da.

3.3.     Principais conseq��ncias da SM

    Dentre as doen�as cr�nicas n�o transmiss�veis, a doen�a card�aca coronariana e o diabetes tipo 2 representam as principais causas de morbi-mortalidade em diversos pa�ses do mundo, inclusive o Brasil. Sabe-se que as referidas doen�as decorrem da associa��o de um amontoado dos mais importantes fatores de risco metab�licos, conhecidos como a SM. Esse fator tem feito com que a morbidade e a mortalidade relacionada a diferentes fatores de risco tenha sido abordadas em diversos estudos envolvendo diferentes grupos �tnicos. (LOPES, 2004)

    Um estudo longitudinal realizado por ISOMAA em 2001 citado por LOPES em 2004 envolvendo um total de 4.483 pacientes de ambos os sexos, sendo 1.697 portadores de diabetes tipo 2, 798 com curva de toler�ncia a glicose alterada, e 1988 com resist�ncia a insulina e curva de toler�ncia a glicose normal, mostrou que a preval�ncia de doen�a cardiovascular e cerebrovascular foi maior nos portadores da SM do que nos n�o-portadores. A presen�a da s�ndrome foi associada a risco relativo aumentado da doen�a coron�ria, infarto do mioc�rdio e acidente vascular cerebral e esse risco foi maior que o risco associado com os componentes individuais da s�ndrome. O mesmo autor cita um estudo de LAKKA realizado em 2002, em que foi avaliado a mortalidade tanto global quanto cardiovascular em portadores da SM, e a mortalidade cardiovascular chegou a ser 2,9 a 4,0 vezes maior nos portadores da s�ndrome.

    Um grupo finland�s, The Kuopio Ischemi Heart Disease Risk Factor Study, investigou o impacto da SM sobre a mortalidade geral e por doen�a card�aca cardiovascular (DCC), durante um per�odo de 11 anos, e a mortalidade por DCC apresentada neste estudo estava entre 3,3 e 4,2 vezes maior para as pessoas com a s�ndrome comparadas as sem s�ndrome.

    Analisando esses dados � poss�vel perceber que a presen�a da SM esta intimamente relacionada � mortalidade por doen�a card�aca. Desse modo acredita-se que seu tratamento e preven��o assumam um papel cada vez mais importante e com caracter�sticas complexas, apresentando o objetivo de reduzir as causas subjacentes (obesidade e inatividade f�sica) e tratar os outros fatores de risco associados.

3.4.     Preval�ncia da SM

    O controle da SM tem tido uma grande preocupa��o em fun��o de sua forte associa��o com morbidade e mortalidade por diabetes tipo 2 e doen�a cardiovascular. A sua preval�ncia tem sido descrita em diferentes grupos �tnicos e popula��es de diferentes pa�ses (LOPES, 2004). Um dos estudos de maior destaque nessa �rea foi realizado por Ford e colaboradores aonde foi abordada a preval�ncia da SM na popula��o americana a partir de dados colhidos entre 1988 e 1994, aonde os autores descrevem a preval�ncia da s�ndrome no sexo masculino e no sexo feminino de acordo com diferentes faixas et�rias. Os resultados demonstraram que n�o h� diferen�a em rela��o � preval�ncia da s�ndrome metab�lica de acordo com o sexo. A preval�ncia da s�ndrome ajustada para a idade � de 23,7%; por�m, para a faixa et�ria de 20 a 29 anos, a preval�ncia � de 6,7%, e esse valor aumenta de forma progressiva de acordo com o aumento da idade. Na faixa et�ria de 60 a 69 anos, a preval�ncia � de 43,5% e de 42% para a faixa et�ria acima de 69 anos. A queda da preval�ncia ap�s os 69 anos pode ser explicado pelo aumento das taxas de mortalidade relacionada aos portadores da SM ap�s essa idade. (LOPES, 2003).

    Independente do sexo, os negros apresentam menor preval�ncia que os brancos e mexicanos, ap�s ter sido realizada investiga��o seccional com amostra representativa nos Estados Unidos. E a preval�ncia da SM eleva-se tanto com a idade quanto com o aumento do IMC (PARK, 2003).

    Em um estudo realizado por ISOMAA (2001) e citado por SANTOS (2006), j� comentado no presente trabalho, aonde foram avaliados 4 483 indiv�duos com idade entre 35 e 70 anos, sendo que destes 1697 eram diab�ticos tipo 2798 possu�am glicemia de jejum alterada (IFG) e 1988 eram resistentes � insulina com toler�ncia a glicose normal (NGT). A s�ndrome metab�lica esteve presente em 10% dos indiv�duos com NGT, 50% daqueles com IFG e 80% dos diab�ticos tipo 2.

    Apesar dos poucos estudos significantes sobre a preval�ncia da SM na popula��o brasileira, e poucos com grandes amostras populacionais, acredita-se que alguns fatores maiores, emergentes do estilo de vida influenciam diretamente a sua etiologia, como � o caso da obesidade visceral juntamente com baixos n�veis de atividade f�sica, por�m alguns indiv�duos parecem apresentar uma predisposi��o gen�tica (MENEZES, 2004). Nesse contexto seu tratamento assume caracter�sticas cada vez mais complexas com o objetivo de reduzir as causas externas (obesidade e inatividade f�sica) e causas internas (fatores de risco lip�dicos e n�o lip�dicos associados). Por�m a exist�ncia de uma car�ncia de informa��es pertinentes � preval�ncia da S�ndrome Metab�lica em diferentes popula��es dificulta a melhor caracteriza��o do aparecimento dessa s�ndrome e seus aspectos relacionados � cultura e ao estilo de vida.

3.5.     Formas de preven��o e interven��o para o controle da SM

Com o avan�o nas pesquisas em rela��o ao tratamento e controle da SM, observa-se a exist�ncia de duas formas de tratamento com pretens�es de melhoria dos sintomas de mortalidade e morbidade do paciente que apresenta fatores de risco relacionados � DCC. O primeiro m�todo � o tratamento cl�nico com medicamentos direcionados aos fatores de risco da SM isolados, o segundo � por meio da mudan�a do estilo de vida do paciente que de uma forma geral dever� ser prioridade em casos mais precoces e ser� a forma mais abordada no presente trabalho.

    De acordo com a OMS, os fatores de risco mais importantes para a morbiomortalidade relacionada �s doen�as cr�nicas n�o-transmiss�veis (DCNT) s�o: hipertens�o arterial sist�mica, hipercolesterolemia, ingest�o insuficiente de frutas, hortali�as e leguminosas, sobrepeso ou obesidade, inatividade f�sica e tabagismo (I-DBSM, 2004). Sendo alguns desses fatores de grande impacto no aparecimento da SM.

    A patog�nese da s�ndrome � multifatorial, sendo a obesidade, a vida sedent�ria, a dieta e a intera��o com fatores gen�ticos respons�veis pelo aparecimento da mesma. (MINAME, 2005). A preven��o prim�ria desses componentes principalmente os relacionados � alimenta��o e � atividade f�sica parece ser um desafio Mundial contempor�neo muito importante para a sa�de.

    A ado��o de medidas preventivas desde os jovens tem sido altamente reconhecida cen�rio da abordagem das doen�as cardiovasculares As medidas adotadas devem se concentrar na ado��o de estilo de vida saud�vel, relacionados � manuten��o da sa�de com dieta adequada e a pr�tica regular de atividade f�sica e absten��o do fumo e preferencialmente desde a inf�ncia. De acordo com a divulga��o do The Lifestyle Heart Trial (ORNISH, 1998) que publicou uma pesquisa que inclu�a mudan�as no estilo de vida de pacientes portadores de DCC, concluiu que houveram redu��es na freq��ncia, severidade e dura��o da angina pectoris � quando comparado ao grupo controle � observando tamb�m redu��o no grau de obstru��o coronariana, al�m da diminui��o nos n�veis de colesterol total.

    A preven��o espec�fica da obesidade por meio de dieta e da atividade f�sica deve ser prioridade, visto que seu �xito ter� uma repercuss�o direta e positiva na melhora da dispilipidemia, hipertens�o art�ria e nas altera��es do metabolismo do carboidrato (BRAND�O, 2005). A alimenta��o adequada deve permitir a manuten��o do equil�brio energ�tico (rela��o entre o consumo e a demanda energ�tica) e do peso saud�vel. Com uma redu��o na ingest�o cal�rica principalmente das gorduras saturadas e gorduras trans, a��car livre e sal sobre todas as forma,e aumento na ingest�o de frutas, verduras, hortali�as, leguminosas e cereais integrais.

    A inatividade f�sica e baixo n�vel de condicionamento f�sico t�m sido considerados fatores de risco para mortalidade prematura t�o importantes quanto fumo, dispilipidemia e hipertens�o arterial. (CIOLAC, 2004). O exerc�cio f�sico regular com dura��o m�nima de 30 minutos, preferencialmente di�rio (exerc�cios aer�bicos e anaer�bicos) � fundamental para o balan�o energ�tico diminuindo o risco relacionado a cada componente da SM, reduzindo a press�o arterial, elevando o HDL-colesterol e melhorando o controle glic�mico dos indiv�duos. A seguir abordaremos separadamente as principais formas de preven��o e interven��o para o controle da SM.

3.5.1.     H�bitos alimentares

    A op��o de um plano alimentar saud�vel para a redu��o do peso, associado ao exerc�cio f�sico s�o considerados terapias de primeira escolha para o tratamento da SM, contribuindo para o controle da obesidade, hiperglicemia ou do diabetes propriamente dito, na hipertens�o arterial e na dispilipidemia (�VILA, 2004). De acordo com a OMS, 80% dos casos de doen�as coronarianas e 90% dos casos de diabetes tipo 2 poderiam ser evitados com mudan�as representativas no h�bitos alimentares, n�veis de atividade f�sica e uso de produtos derivados do tabaco.

    Sabe-se que a liga��o de h�bitos alimentares pouco saud�veis com as doen�as cr�nicas n�o transmiss�veis � grande, o elevado consumo de carboidratos e gordura representam grandes riscos para as doen�as cardiovasculares. Por outro lado existem evid�ncias de que h�bitos alimentares que incluem variedades de frutas, vegetais, carnes magras, e gr�os diminuem a baixa quantidade de gordura saturada e colesterol, sal e �lcool, desempenham papel protetor no surgimento das doen�as, podendo reduzir a incid�ncia de hipertens�o arterial, obesidade, AVC e DM2 (MENEZES, 2004). O Relat�rio Mundial sobre Sa�de- 2002 da OMS estima que o baixo consumo desses alimentos esta associado � cerca de 31% das doen�as isqu�micas do cora��o e 11% dos casos de derrame no mundo (INCA, 2004).

    O plano alimentar para o controle da SM deve ser individualizado e prever uma redu��o de peso sustent�vel de 5% a 10% de peso corporal inicial. A dieta visando � redu��o do peso diminui a resist�ncia � insulina e facilita a redu��o dos n�veis de LDL e dos demais fatores de risco da SM. O primeiro passo � estabelecer as necessidades do indiv�duo a partir de avalia��o nutricional, incluindo a determina��o do �ndice de massa corporal, circunfer�ncia abdominal e, quando poss�vel, composi��o corporal. A nova dieta deve ser hipocal�rica, com uma redu��o de 500kcal a 100ckal do gasto energ�tico total di�rio previsto ou da anamnese alimentar, com o objetivo de promover perdas ponderais de 0,5kg a 1,0kg/semana, respeitando-se o ritmo individual e com acompanhamento da evolu��o nutricional (I-DBSM 2004).

    Para atingir a meta em termos de reeduca��o alimentar � preciso levar em conta alguns aspectos pr�ticos relacionados � dieta, � importante adequ�-la ao estilo de vida e ao h�bito alimentar do paciente. Ela deve ser equilibrada na distribui��o dos nutrientes e fracionada durante o dia, com intervalos m�dios de tr�s a quatro horas durante as refei��es. Os alimentos que dever�o ser evitados ou controlados englobam a�ucares em geral, mel, doces em geral, refrigerante e bebidas ado�adas com a��car, bebidas alco�licas, e alimentos gordurosos. Uma alimenta��o saud�vel dever� conter tub�rculos, massas, p�es, cereais, farinhas integrais, leguminosas, �leos vegetais, carnes magras, leite desnatado e derivados magros, frutas e hortali�as (�VILA, 2004).

    As fibras alimentares devem ser priorizadas, por serem subst�ncias de origem vegetal, importantes por retardar a absor��o de glicose e diminu�rem o colesterol s�rico (fibras sol�veis), al�m de aumentar a sensa��o de saciedade, o bolo fecal, facilitando a defeca��o (fibras insol�veis). � recomendado o consumo de fibras de 20g a 30g/ dia sob a forma de hortali�as, leguminosas, gr�os integrais e frutas (I-DBSM 2004).

    A ingest�o de gorduras � inversamente associada � sensibilidade insul�nica por apresentar rela��o positiva com o peso corporal e pela grande oferta de �cidos graxos. Os �cidos graxos s�o subdivididos em saturados e n�o-saturados, suas principais diferen�as est�o na presen�a ou n�o de liga��es com mol�culas de hidrog�nio na cadeia de carbono. Os �cidos graxos insaturados desempenham papel estrutural como parte das membranas das c�lulas, os �cidos graxos insaturados s�o mais predispostos a serem utilizados como energia metab�lica, assim, o maior consumo destes esta associado ao aumento de ocorr�ncias de dist�rbios cr�nico-degenerativos.

    A ingest�o de �cidos graxos saturados origina a eleva��o plasm�tica do colesterol total. Os �cidos graxos trans aumentam o LDL-colesterol e triglicer�deos e reduzem as fra��es de HDL-colesterol. Em contrapartida, os �cidos graxos polinsaturados �mega-3apresentam a propriedade de diminuir os lip�dios e as lipoprote�nas do plasma, podendo assim ser ben�fico na SM, em especial no tratamento da hipertriglicemia grave em pessoas com diabetes tipo 2 (I-DBSM 2004).

    Para os carboidratos � recomendado (I-DBSM 2004) o uso de hortali�as, leguminosas, gr�os integrais e frutas. O a��car de mesa ou produtos contendo a��car podem eventualmente ser ingeridos no contexto de um plano alimentar saud�vel. Deve-se dar prefer�ncia a ingest�o de carboidratos complexos (com tr�s ou mais mol�culas de monossacar�deos), pois s�o absorvidos mais lentamente nos intestinos, o que tamb�m preenche de maneira mais lenta as reservas de glicog�nio hep�tico e muscular. Os carboidratos simples por apresentarem absor��o mais r�pida, al�m de preencherem as reservas de glicog�nio s�o depositados no tecido adiposo sob forma de triglicer�deos, em raz�o dos tecidos muscular e hep�ticos n�o conseguirem absorver toda a glicose colocada rapidamente a sua disposi��o (GUEDES & GUEDES 2003).

    As prote�nas apresentam fun��o anab�lica e devem ser consumidas cotidianamente com objetivo de atender �s necessidades org�nicas, n�o existe nenhuma vantagem na ingest�o excessiva de prote�nas, tendo em vista a impossibilidade de armazenamento pelo organismo, assim todo excesso cal�rico na forma de prote�nas dever� ser transformado em gordura. Recomenda-se ent�o uma ingest�o di�ria de 0,8g a 1g/kg de peso atual para as prote�nas.

    Em um estudo publicado por �VILA (2004) � citado o Grupo de Atendimento ao Paciente com S�ndrome Metab�lica, aonde s�o realizadas reuni�es semanais com uma equipe multidisciplinar que trabalha a da quest�o pr�tica regular de atividade f�sica juntamente com a reeduca��o alimentar, foi constatada perda ponderal m�dia do grupo de 8,0kg em quatro meses resultando em melhores n�veis pres�ricos e s�ricos de glicose, colesterol total e fra��es, e triglic�rides, al�m de contribuir para a melhora da qualidade de vida desses pacientes. O que torna o aspecto nutricional de grande destaque no controle dos componentes da s�ndrome metab�lica.

3.5.2.     Exerc�cio f�sico

    Estudos epidemiol�gicos t�m demonstrado forte associa��o entre inatividade f�sica e presen�a de m�ltiplos fatores de risco, como os encontrados na SM. Segundo a OMS, a pr�tica regular de atividade f�sica reduz o risco de mortes prematuras, doen�as do cora��o, diabetes tipo 2, atua na preven��o ou redu��o da hipertens�o arterial, resist�ncia a insulina, dispilipidemia e previne o ganho de peso. Adicionalmente o condicionamento f�sico adquirido com o exerc�cio, reduz a mortalidade e morbidade, mesmo em indiv�duos que se mant�m obesos. (INCA, 2004).

    A inatividade f�sica � respons�vel por aproximadamente 2 milh�es de mortes no mundo. Anualmente, estima-se que ela seja respons�vel por 10-16% do casos diabetes e 22% das doen�as isqu�micas do cora��o (GUEDES & GUEDES 2003). Nos Estados Unidos, o sedentarismo associado a uma dieta inadequada � respons�vel por aproximadamente 300 mil mortes por ano, ou 12% dos �bitos neste Pais, caracterizando-se como uma situa��o de risco semelhante ao tabagismo, hipertens�o alta, colesterol elevado, diabetes e obesidade.

    Estudos epidemiol�gicos e de corte tem demonstrado forte associa��o entre a obesidade e a inatividade f�sica, assim como uma associa��o inversa entre atividade f�sica, �ndice de massa corporal e circunfer�ncia da cintura, vem demonstrando que os benef�cios da atividade f�sica sobre a obesidade podem ser alcan�ados com intensidade baixa, moderada ou alta, indicando que a manuten��o de um estilo de vida ativo, independentemente de qual atividade � praticada pode evitar o desenvolvimento da obesidade, podendo reduzir tamb�m os riscos de mortalidade em torno de 44%.

    Atividades f�sicas vigorosas parecem atenuar os riscos de mortalidade por DCC de forma mais significativa, quando comparado com atividades leves ou moderadas. Por�m, atividades de cunho recreativo tamb�m parecem promover alguma vantagem em rela��o � mortalidade por DCC. Em um estudo feito na Finl�ndia, foram estudados cerca de 5000 pessoas (homens e mulheres), durante 10 anos, a diminui��o do tempo de recrea��o destinado a atividade f�sica, estava diretamente relacionado com o aumento da massa corporal, enquanto que aqueles indiv�duos que aumentaram seu tempo de atividade f�sica, apresentaram uma diminui��o da massa corporal (O. HILL, 1999).

    Apesar da grande maioria dos estudos examinarem o efeito do exerc�cio aer�bico sobre a perda de peso, a inclus�o do exerc�cio resistido, tamb�m apresenta vantagens, pois ajuda o organismo a preservar a massa isenta de gordura que diminui simultaneamente com a gordura em fun��o da redu��o do peso corporal como conseq��ncia de dietas de baixo aporte cal�rico.

    CIOLAC (2004) sugere que programas de exerc�cios para obesos devam iniciar com no m�nimo 150 minutos semanais em intensidade moderada, e progredir gradativamente para 200 e 300 minutos semanais na mesma intensidade, para que sejam obtidas perdas significativas no peso corporal do indiv�duo obeso.

    A pr�tica regular de atividade f�sica � eficaz para a preven��o e o controle do diabetes tipo 2, podendo diminuir sua incid�ncia em indiv�duos com intoler�ncia a glicose tanto em homens como em mulheres, al�m de diminuir os riscos de seu desenvolvimento independente da hist�ria familiar, peso e outros fatores de risco cardiovascular como fumo e hipertens�o.

    Programas de exerc�cio f�sico tem se mostrado eficientes no controle glic�mico de diab�ticos e na melhora da sensibilidade a insulina e da toler�ncia a glicose. Os exerc�cios aer�bicos, em geral tem sido recomendados para indiv�duos com diabetes tipo 2. A realiza��o de pelo menos quatro horas semanais de atividade f�sica de intensidade moderada diminui em m�dia 70% a incid�ncia de diabetes do tipo 2 em rela��o ao estilo de vida sedent�rio. No entanto exerc�cios resistidos tamb�m � ben�fico no controle glic�mico dos pacientes.

    Em 2002, foram divulgados os resultados de um estudo americano multic�ntrico, que diz respeito �s mudan�as no estilo de vida, o Diabetes Prevention Program � DPP. Foram inclu�dos indiv�duos diab�ticos tipo 2 de diversas etnias, sendo 54,7% caucas�ides, 19,9% negros, 15,7% hisp�nicos e o restante distribu�do entre asi�ticos e �ndios. Foram simplesmente observados, ap�s orienta��es convencionais, ou submetidos a interven��es de dois tipos: mudan�as de estilo de vida, incluindo orienta��o diet�tica e exerc�cio, ou uso de metformina. Em tr�s anos, esta interven��o provocou mudan�as no estilo de vida dos indiv�duos, reduzindo a incid�ncia de DM em 58% em indiv�duos de alto risco ap�s ajustes para idade, �ndice de massa corporal (IMC) e grupos �tnicos, quando comparados ao grupo controle. Importante assinalar que tal redu��o de incid�ncia foi superior � obtida com metformina (31%) (FERREIRA, 2005).

    MENEZES (2004) cita pesquisa realizada com seguimento de 11 anos, em pacientes diab�ticos, mostrou que pacientes menos aptos e com relato de inatividade f�sica apresentaram maiores n�veis de glicemia em jejum, colesterol total, triglicer�deos e press�o sangu�nea, al�m de alto risco de mortalidade de 2,1 e 1,7 para baixa aptid�o e inatividade f�sica respectivamente.

    Os benef�cios da pr�tica de atividade f�sica sobre a press�o arterial fazem dela uma importante ferramenta na preven��o e tratamento da hipertens�o. No que diz respeito aos benef�cios do exerc�cio f�sico para portadores de hipertens�o arterial, a sua pr�tica tem sido associada a menores n�veis de press�o arterial tanto sist�lica como diast�lica nos indiv�duos hipertensos e normotensos.

    NUNES (2006) ao verificar os efeitos de um programa de condicionamento f�sico n�o-supervisionado e acompanhado via internet, por um per�odo de seis meses, na press�o arterial e composi��o corporal em 135 indiv�duos divididos em dois grupos: 1) normotenso (n = 57), 43 � 1 anos, press�o arterial sist�lica (PAS) < 120 e diast�lica (PAD) < 80 mmHg (GI); e 2) pr�-hipertenso (n = 78), 46 � 1 anos, PAS de 120 a 139 e PAD de 80 a 89 mmHg (GII). Constatou que ap�s tr�s e seis meses de condicionamento f�sico, os indiv�duos GII apresentaram redu��o significativa na PAS e PAD, peso corporal, IMC e circunfer�ncia da cintura. No GI, o condicionamento f�sico diminuiu a circunfer�ncia da cintura no sexto m�s. Constituindo-se, portanto, numa estrat�gia segura e de baixo custo na preven��o de doen�as cardiovasculares e melhoria da condi��o de sa�de da popula��o.

    As associa��es de sa�de, objetivando a massifica��o da pr�tica regular de atividade f�sica, t�m diversificado seu foco tradicional na prescri��o do exerc�cio f�sico para a manuten��o da sa�de, recomendando o m�nimo de 30 minutos de atividade de intensidade moderada, na maioria dos dias da semana, podendo ser realizada no trabalho, lazer ou com exerc�cios formais que incluem exerc�cios aer�bicos, resistidos e alongamento. No entanto, para potencializar os benef�cios e a seguran�a da pr�tica regular de atividade f�sica, existe uma necessidade de planejamento e individualiza��o na prescri��o de exerc�cios f�sicos para o desenvolvimento de capacidades cardiovasculares, for�a e resist�ncia muscular, e flexibilidade articular, levando e considera��o �s capacidades iniciais do paciente bem como as doen�as associadas.

4.     Resultados e discuss�o

4.1.     Exerc�cio f�sico e S�ndrome Metab�lica

    A associa��o de baixos n�veis de atividade f�sica, e alimenta��o inadequada com o perfil de risco cardiovascular � bem clara e foi fortemente evidenciada por um conjunto de estudos epidemiol�gicos. N�o s� essa associa��o, mas tamb�m, tanto a S�ndrome Metab�lica quanto seus componentes isolados est�o associados ao elevado risco de diabetes tipo 2 e DCC.

    Algumas pesquisas relacionando exerc�cio f�sico e SM parecem mostrar evid�ncias positivas no que diz respeito a essa associa��o. MENEZES (2004), ao relacionar os efeitos de um programa de exerc�cio f�sico estruturados, com dura��o de um ano, quatro vezes na semana, sendo composto de exerc�cios aer�bicos, nos componentes da s�ndrome metab�lica em homens e mulheres, observou que a interven��o com exerc�cio f�sico estruturado foi eficiente na eleva��o dos n�veis de HDL-colesterol e na redu��o dos n�veis de press�o arterial, os quais podem contribuir para um maior sucesso dos programas de exerc�cio f�sico no controle da s�ndrome metab�lica.

    O The Kuopio Ischemic Heart Disease Risk Factor Study em pesquisa realizada na Finl�ndia, com dura��o de quatro anos, incluindo 1005 participantes homens, investigou a associa��o entre a atividade f�sica no tempo de lazer e aptid�o cardiorrespirat�ria com o desenvolvimento da SM. Os resultados demonstraram que os sujeitos com elevada aptid�o cardiorrespirat�ria e praticantes de atividades f�sicas rigorosas tinha 2/3 menos SM do que comparados aos inativos (LAAKSONEN, 2002).

    Em um estudo publicado com o objetivo de examinar se as modifica��es de estilo de vida afetariam as concentra��es de leptina, que � um pept�deo secretado pelos adip�citos, importante na regula��o da quantidade de gordura corporal, aonde participaram 186 homens com SM e sedent�rios, que foram divididos em quatro grupos: um grupo controle,um grupo sob interven��o diet�tica, um submetido a programa de exerc�cios f�sicos e o quarto grupo combinando dieta hipocal�rica e exerc�cios. Ao final de um ano de interven��o as modifica��es no estilo de vida a longo prazo, com a diminui��o da ingest�o de lip�deos e o aumento da atividade f�sica, reduziram as concentra��es plasm�ticas de leptina, o IMC e a gordura corporal, em associa��o com a redu��o da ingest�o diet�tica e aumento de atividade f�sica (RESELAND, 2001).

    Estudos conduzidos por KATZMARZYK (2000) evidenciaram altera��es importantes em todos os componentes da SM em 621 indiv�duos sedent�rios e portadores de SM, ap�s treinamento aer�bico, os resultados indicaram melhora na mesma. HAMDY e colaboradores (2003) estudaram 24 indiv�duos obesos com SM, ap�s seis meses de exerc�cio f�sico de intensidade moderada, os resultados indicaram perda de peso de aproximadamente 6,6%, com melhora na sensibilidade a insulina e na fun��o endotelial, a despeito do grau de toler�ncia a glicose.

    Uma investiga��o realizada por WHALEY (1999) tinha como proposta estudar a rela��o entre os n�veis de atividade f�sica de lazer, e diferen�a nas caracter�sticas do conjunto de anormalidades da SM, em um grupo de aproximadamente vinte mil pessoas de ambos os sexos, sugeriu que tanto elevados n�veis de aptid�o quanto de atividade f�sica tem rela��o inversa com os marcadores da SM.

    Resultados semelhantes foram encontrados ap�s pesquisa em 1 069 homens de meia idade, que tinha por objetivo associar o tempo de atividade f�sica de lazer, aptid�o cardiovascular e a s�ndrome metab�lica, os autores sugerem que um estilo de vida sedent�rio n�o est� apenas associado a SM, mas tamb�m � um componente dela (LAKKA, 2003).

    Em um estudo de KULLO, HENSRUD & ALISSON (2002), de corte transversal realizado com 360 sujeitos, em Minessota nos Estados Unidos, utilizando como base os crit�rios do NCEP (2001), foi encontrada a preval�ncia de SM por volta de 19,4% em homens de meia idade com elevado n�vel socioecon�mico, observando-se uma rela��o inversa entre aptid�o cardiovascular e SM.

    Uma outra causa que parece estar associada � S�ndrome Metab�lica � o stress no trabalho. Um estudo contendo 10 308 homens e mulheres com idades entre 35-55 anos, trabalhadores em departamentos de servi�o social de Londres, acompanhados em m�dia por 14 anos, comprovou rela��o entre essa causa e a SM independente de qualquer outro fator de risco relevante. Os indiv�duos que sofriam de stress no trabalho tinham em m�dia duas vezes mais chance de ter SM do que os que n�o sofriam de stress no trabalho, o que prova a exist�ncia de rela��o entre stress psicossocial causado no dia-a-dia e problemas card�acos (CHANDOLA, 2006).

    Os resultados mostrados acima mostram o impacto favor�vel da pr�tica regular de atividade f�sica sobre os fatores de risco que comp�em a SM. Por�m os poucos estudos encontrados nas bases de dados pesquisadas, n�o indicam a melhor maneira de se trabalhar para minimizar as suas causas ou para prevenir a SM. No entanto a Primeira Diretriz Brasileira de Diagn�stico e Tratamento da S�ndrome Metab�lica (I-DBSM, 2004) faz algumas recomenda��es de exerc�cio f�sico para atenua��o nos fatores de risco associados a SM, apresentados no quadro abaixo:

Quais os benefícios da atividade física no combate a síndrome metabólica?

Quadro1. Recomenda��es de exerc�cio f�sico na SM

4.2.     Considera��es finais

    Alguns resultados de pesquisas recentes demonstram �ntima rela��o entre a pr�tica de atividade f�sica regular, bem como h�bitos de vida saud�veis desde a inf�ncia como um fator determinante na preven��o e melhoria nos sintomas da S�ndrome Metab�lica. Dentre as atividades praticadas, atividade aer�bica tem se mostrado a principal maneira de a��o para melhorar ou at� mesmo prevenir os sintomas relacionados � SM e diminuir os fatores de risco cardiovascular. Apesar do n�mero de pesquisas sobre a influ�ncia do treinamento resistido ser muito pequena, alguns �rg�os de preven��o a SM como � o caso do I-DBSM tamb�m fazem recomenda��es desse tipo exerc�cio. Os cuidados com a alimenta��o e com h�bitos de vida saud�veis s�o citados como ponto fundamental na preven��o e interven��o para o controle da SM, sendo de fundamental import�ncia a associa��o da pr�tica de exerc�cios f�sicos regulares com uma dieta balanceada.

    Conforme demonstrado nesse estudo, ainda existe uma grande dificuldade na defini��o da S�ndrome Metab�lica e a n�o uniformiza��o dos seus crit�rios tem dificultado pesquisas direcionadas ao seu diagn�stico e tratamento, al�m de limitar a possibilidade de pesquisas mais significativas relacionando o exerc�cio f�sico e os seus reais efeitos com a SM. Apesar disso, o crit�rio que tem sido mais adotado e recomendado pela sua simplicidade e praticidade � o sugerido pela I Diretriz Brasileira de Diagn�stico e Tratamento da SM (I-DBSM), que prop�e diagn�stico por meio da presen�a de no m�nimo tr�s dos fatores de risco mais caracter�sticos relacionados ao estilo de vida e a fatores de risco emergentes. Os fatores de risco cardiovascular relacionados � SM tamb�m s�o bem estabelecidos pela I-DBSM, que recomenda investiga��o cl�nica laboratorial para sua melhor identifica��o.

    As limita��es do estudo apontam para a necessidade da cria��o de pesquisas futuros sobre a SM. Assim, o trabalho tem o intuito de instigar outros pesquisadores interessados na referida tem�tica em diversas localidades do Brasil, visto a defici�ncia de investiga��es neste pa�s. Tem-se por sugest�o a realiza��o de pesquisas nacionais com maior numero de pessoas envolvidas em diversas localidades do pais, tendo em vista as diferen�as sociais e culturais, relacionadas aos h�bitos alimentares e estilo de vida. Al�m propor pesquisas que diversifiquem o tipo e a intensidade dos exerc�cio para identificar a melhor dose-resposta do programa para o controle e interven��o na SM.

Nota

  1. O diagn�stico da s�ndrome metab�lica se estabelece na presen�a de tr�s ou mais desses determinantes de risco.

Refer�ncias

  • �VILA, Adriana L�cia van-Erven: Tratamento n�o-farmacol�gico da s�ndrome metab�lica: abordagem do nutricionista. Revista da Sociedade de Cardiologia do Estado de S�o Paulo - S�o Paulo, SP; v.14, n.4, 2004.

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Outro artigos em Portugués

 
Quais os benefícios da atividade física no combate a síndrome metabólica?

revista digital � A�o 13 � N� 125 | Buenos Aires,Octubre de 2008  
© 1997-2008 Derechos reservados

Como a atividade física pode intervir na síndrome metabólica?

No tratamento da síndrome metabólica, o exercício físico tem sido considerado de grande importância (CIOLAC; GUIMARÃES, 2004). Tal intervenção, comprovadamente, melhora à tolerância à glicose e reduz a resistência à insulina.

Quais os benefícios da atividade física para a saúde metabólica?

Diversas evidências tem demonstrado os efeitos benéficos da atividade física na prevenção e no tratamento da hipertensão arterial, na resistência à insulina, no diabetes, na dislipidemia e especialmente na obesidade.

Quais as características do treinamento físico para portadores de síndrome metabólica?

A recomendação de exercício aeróbico no tratamento da síndrome metabólica é um pouco maior, sendo necessário atingir entre 30 a 60 minutos de atividade física moderada por dia, além de ser aconselhado incluir mudanças ao longo do dia afim de tornar o dia mais ativo possível, incluindo mudanças simples como subir ...

Como os exercícios físicos e as práticas corporais podem prevenir ou tratar as doenças metabólicas?

Os mecanismos que ligam a atividade física à prevenção e ao tratamento de doenças e à incapacidade funcional envolvem principalmente a redução da adiposidade corporal, a queda da pressão arterial, a melhora do perfil lipídico e da sensibilidade à insulina, o aumento do gasto energético, da massa e da força muscular, da ...