Quais cuidados são necessários na prescrição do exercício para uma pessoa com diabetes?

Se vive com diabetes e decidiu fazer as pazes com o exercício físico ou reforçar as idas ao ginásio, saiba o que fazer para se manter ativo em segurança.

O dia a dia com diabetes é um desafio. Não só é necessário cumprir o tratamento prescrito, como ainda manter uma boa alimentação e fazer exercício. Se gostaria de incorporar mais exercício físico na sua rotina semanal, mas sente que lhe falha a vontade, o ginásio pode ser a melhor opção: afinal, na maior parte dos casos terá acesso a uma variedade de modalidades, aulas e acompanhamento personalizado. 

Foco: exercício físico

Com a correria entre o trabalho, a gestão da casa, da família e  da vida social, não há nada como saber que tem um espaço onde sabe que o foco é o exercício, próximo de si e fácil de encaixar na rotina. Além disso, permite-lhe socializar com pessoas que partilham do objetivo de manter uma vida ativa, ajudando a trabalhar a sua motivação. E mesmo quando a meteorologia não ajuda, não há problema: o ginásio está sempre lá para si.

A diabetes e o ginásio: segurança acima de tudo

Praticar exercício é essencial para ajudar a controlar tanto da diabetes tipo 1, como da diabetes tipo 2. Seja qual for a atividade recomendada para si, o exercício ajuda a reduzir os níveis de glicose no sangue. Ajuda, igualmente, as células a usarem melhor a insulina disponível. Manter uma vida ativa com exercício pode ainda ajudar a reduzir os níveis de hemoglobina HbA1c.

Se descobriu que tem diabetes e gosta de ir ao ginásio ou se, vivendo com a doença, está a pensar em aderir, não se esqueça: comece por falar com o seu médico, de modo a perceber que modalidades são as melhores para si e as precauções que deve tomar antes, durante e após o exercício.

Como começar

Se, já no ginásio não sabe por onde começar ou se está a praticar os exercícios da forma mais correta, considere aderir ao treino personalizado. Um personal trainer com conhecimento da sua situação poderá ajudá-lo a escolher os melhores treinos e a garantir a sua segurança.

Tome especial cuidado com as flutuações do seu nível de glicemia: o exercício físico pode provocar uma descida dos níveis do açúcar de imediato, ou mesmo horas após ter deixado o ginásio, com risco de entrar em hipoglicemia. Esteja sempre atento aos sintomas de hipoglicemia, que podendo ser inicialmente leves, podem passar despercebidos. Por estranho que pareça, há ainda pessoas às quais o exercício físico rápido e intenso provoca hiperglicemia de seguida.

Quais cuidados são necessários na prescrição do exercício para uma pessoa com diabetes?

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Recomenda-se sobretudo a quem está em tratamento com insulina ou antidiabéticos orais que controle o nível de glicose antes, durante e após o exercício físico. Talvez seja melhor levar um pack com o seu equipamento de teste, a medicação e tratamento para uma eventual hipoglicemia (saquetas de açúcar ou uma bebida açucarada, por exemplo).

Poderá ser melhor comer algo antes de iniciar o exercício planeado. Contudo, se está também a tentar controlar o seu peso, garanta que não se deixa levar pelo apelo dos snacks. E não se esqueça de levar uma garrafa de água: manter a hidratação é sempre importante, mas é ainda mais para quem tem diabetes.

Falar sobre a sua condição com os profissionais do ginásio e com seus colegas de exercício pode ajudá-lo a sentir-se mais seguro: em caso de hipoglicemia saberão o que fazer.

    O estilo de vida da popula��o em n�vel mundial, com diminui��o da atividade f�sica (sedentarismo) e o aumento do consumo de alimentos refinados, ricos em a��cares simples e gorduras saturadas levou a um processo de desequil�brio entre a ingest�o cal�rica e o gasto energ�tico (LUDVIK,1998; DOUCET et al, 1998), com isso, a popula��o come�ou a adquirir doen�as provocadas pela m� alimenta��o e a falta de exerc�cios.

    Cerca de 3% da popula��o mundial, aproximadamente 100 milh�es de pessoas, padecem de diabetes melitos, uma doen�acr�nica degenerativa n�o-contagiosa, que leva a uma maior mortalidade entre adultos e idosos e a uma menor perda da qualidade de vida.

    Para que haja um controle dessa patologia, h� a necessidade que a popula��o tenha consci�ncia que saud�veis h�bitos de vida se faz necess�rio para melhoria da sa�de. Para isso, temos algumas indica��es na literatura que sugerem que 150 minutos semanais de atividades leves a moderada � uma medida quantitativa para que as pessoas sejam consideradas ativas (CIOLAC E GUIMAR�ES, 2004).

    Entretanto, para que ocorra melhores resultados quanto a diminui��o do peso corporal e melhorar a resist�ncia a insulina, tem sido recomendado que programas de exerc�cios para obesos comecem com o m�nimo de 150 minutos semanais em intensidade moderada e progridam gradativamente para 200 a 300 minutos semanais na mesma intensidade (ACSM, 2001). Entretanto, deve-se levar em considera��o todas indica��es m�dicas e f�sicas dos novos adeptos a pr�tica da atividade f�sica e ter bom senso quanto as prescri��es.

    Os exerc�cios devem ser rigorosamente controlados por um profissional de educa��o f�sica qualificado a exercer tal fun��o e ter um acompanhamento m�dico sempre que necess�rio quanto a exames e prescri��es de f�rmacos necess�rios para controle da doen�a, como exemplo da insulina.

    O objetivo do presente estudo foi orientar quanto aos benef�cios do exerc�cio f�sico para popula��o com diabetes melitos, mostrando a import�ncia destas atividades e a conscientiza��o para sa�de.

Diabetes Melitos (DM)

    Diabetes melitos � um dist�rbio cr�nico metab�lico devido a uma resposta secret�ria defeituosa ou deficiente da insulina, que se manifesta na utiliza��o inadequada dos carboidratos (glicose) com conseq��ncia (hiperglicemia). � uma desordem metab�lica cr�nico-degenerativa de etiologia m�ltipla que associada � falta e/ou a deficiente a��o de horm�nio insulina produzido pelo p�ncreas (DULLIUS e LOPES, 2003).

    A DM diminui a capacidade do organismo de oxidar o material energ�tico ou glicose que retira dos alimentos para a energia. A glicose � transportada pelo sangue para as c�lulas que necessitam de insulina, que � produzida pelo p�ncreas para permitir que a glicose se movimente para o interior. Sem insulina, a glicose se acumula no sangue e � eliminada pela urina por meio dos rins (NEIMAN,1999).

    Elas podem aparecer devido a diversos fatores como: obesidade, hereditariedade, alimenta��o inadequada, stress, gravidez, sedentarismo, etc. Ela � dividida em tipo I e II.

    A tipo I ou insulino dependente � caracterizado por uma distribui��o auto-imune de c�lulas betas do p�ncreas, ou seja, o pr�prio corpo destr�i por engano o tecido que produz a insulina. � conhecida por diabetes infanto-juvenil por se manifestar geralmente neste per�odo, onde o indiv�duo depende de insulina extra (insulino dependente).

    Segundo Pollock (1993), o diabetes tipo I instala-se de forma mais r�pida e � mais dif�cil de ser controlada e � tratada por meio de aplica��es de insulina.

    A DM tipo II, a insulina est� presente, mas n�o � eficiente para estimular a absor��o de glicose nas c�lulas, o que � chamado resist�ncia � insulina para compensar este efeito.

    A diabetes do tipo II se instala geralmente, de forma insidiosa, e resulta de uma produ��o reduzida de insulina pelo p�ncreas ou de uma diminui��o na sensibilidade dos receptores celulares � insulina. Ela � tratada inicialmente com dieta e exerc�cios, agentes hipoglicemiantes orais e, finalmente, para alguns indiv�duos com a interven��o medicamentosa de insulina (POLLOCK,1993).

Prescri��o de atividades para diab�ticos

    Ao contr�rio da maioria dos horm�nios, as concentra��es de insulina no sangue diminuem durante o exerc�cio em pessoas sem diabetes porque uma quantidade menor insulina � secretada pelo p�ncreas. Como o m�sculo esquel�tico � quantitativamente o tecido mais importante no corpo para absor��o de glicose, especialmente durante o exerc�cio, e como a insulina � o principal est�mulo para a absor��o de glicose nas c�lulas em repouso, esse decl�nio na secre��o de insulina durante o exerc�cio parece, � primeira vista, um paradoxo. No entanto, a necessidade de insulina para a absor��o de glicose diminui durante o exerc�cio, porque as pr�prias concentra��es musculares estimulam a absor��o de glicose no m�sculo, mesmo quando n�o h� insulina, a diminui��o natural da insulina durante o exerc�cio � necess�ria para evitar a hipoglicemia (HAYASHI et. al., 1997; HOLLOSZY, 2003).

    Inicialmente para a prescri��o de uma atividade f�sica para diab�ticos � necess�ria a libera��o m�dica, e que esse cliente esteja com os �ndices glic�micos controlados, se for insulino-dependente.

    Segundo Novaes e Vianna, (2003), o primeiro passo para prescri��o de exerc�cios � obter do indiv�duo um exame que relate a condi��o dos n�veis sangu�neos de glicose. � necess�rio tamb�m realizar uma avalia��o antes de iniciar o programa de exerc�cios.

    Se antes do exerc�cio a glicemia estiver entre 90mg/dl � porque h� necessidade que se consuma de uma dose extra de carboidrato, e se estiver acima de 270 mg/dl deve-se retardar a atividade e medir as cetonas na urina, e se as mesmas forem negativas pode-se come�ar a atividade mas se forem positivas, faz-se necess�rio a interven��o por insulina e s� deve-se come�ar as atividades quando as cetonas forem negativas (AMERICAN DIABETES ASSOCIATION, 2000).

    O controle de glicemia se baseia no n�vel de aproximadamente 250mg% e aus�ncia de sintomas (VIVOLO,1994).

    Para que o in�cio das atividades f�sicas seja realizado, � necess�rio que seja coletado todas informa��es poss�veis do cliente bem como as avalia��es antropom�tricas, cardiorespirat�rias, composi��o corporal e um exame bioqu�mico completo.

    Ao se prescrever um exerc�cio, deve-se ter consci�ncia o tipo de diabetes e ficar atento para algumas quest�es que segundo Novaes e Vianna (2003), o diab�tico tipo I deve se precaver-se quanto � pr�tica de atividade f�sica logo ap�s a aplica��o de insulina. No tipo II, os exerc�cios ajudar�o a perder ou manter o peso corporal. Deste modo, deve-se tomar cuidado com os exerc�cios que contribuem para que o sobrepeso do indiv�duo comprima os vasos e comprometa a circula��o sangu�nea. O controle do volume e intensidade devem ser sempre realizados respeitando os apontamentos cient�ficos que tangem as devidas prescri��es para esta popula��o espec�fica. Ficar atento tamb�m com o hor�rio de pico de insulina � outra obriga��o que deve ter os profissionais envolvidos em tal processo.

    Segundo Vivolo (1994), os diab�ticos bem controlados devem tomar cuidado com a hipoglicemia que pode ocorrer antes, durante, logo ap�s ou nas 24 horas seguintes ao t�rmino da atividade f�sica, pois o n�vel de glicose continuar� a cair. J� nos mal controlados, a atividade f�sica pode elevar o n�vel de glicose no sangue e tamb�m produzir ou aumentar os corpos cet�nicos de forma indesej�vel.

    As pessoas com diabetes tipo I, n�o precisam restringir a atividade f�sica, desde que a glicemia seja controlada adequadamente, j� no tipo II o exerc�cio f�sico tem um papel importante no controle da glicemia. A produ��o da insulina n�o �, em geral, uma preocupa��o nesse grupo, particularmente durante os est�gios inicias da doen�a e conseq�entemente, o principal problema desse tipo de diabetes � a aus�ncia de c�lulas alvo � insulina. Como essas c�lulas tornam-se resistente a esse horm�nio, este n�o pode exercer sua fun��o de facilitador do transporte de glicose atrav�s da membrana celular, com a contra��o muscular possui um efeito similar ao da insulina, porque a permeabilidade da membrana � glicose aumenta com a contra��o muscular, possivelmente em raz�o de um aumento de transportadores de glicose associados a membrana plasm�tica (WILMORE,1999).

    Vivolo (1994), afirma que a atividade f�sica provoca uma diminui��o do risco de doen�as card�acas, melhora da hipertens�o arterial e em combina��o com a dieta exerce um controle da DM tipo II, eliminando, em alguns casos, a necessidade de medica��o.

    Monitorar a glicemia do individuo sempre antes da atividade, durante e depois para se um controle da glicemia s�o alternativas que dispomos para prescri��es seguras, eficientes e tamb�m como modo de seguran�a para sa�de desta popula��o.

    Segundo o ACSM (2000), o individuo diab�tico deve se exercitar de 5 a 7 dias por semana, com a dura��o entre 30 e 40 minutos e a intensidade variando entre 60 � 70% da freq��ncia card�aca m�xima ou 50 � 60% do VO2 m�ximo. A atividade predominante deve ser a aer�bia. Entretanto atividades neuromusculares como for�a e flexibilidade tendem a ajudar nos resultados positivos no controle da doen�a.

Cuidados a tomar

    A pr�tica de exerc�cios f�sicos s� � recomendada quando os n�veis circulantes de glicose no sangue s�o mantidos sob o controle mediante o uso de insulina e de dieta adequada. Caso isso n�o ocorra, h� risco de levar o indiv�duo diab�tico a um estado de hipoglicemia (GUEDES,1995; COCADE e MARINS, 2005).

    � importante a informa��o sobre os efeitos provocados pelos medicamentos utilizados pelo indiv�duo. Os pacientes que ingerem simultaneamente insulina e betabloqueadores, podem mascarar os sintomas de hipoglicemia e de eleva��o da freq��ncia card�aca (NOVAES e VIANNA, 2003).

    Segundo o ACSM (2000), exerc�cios de intensidade elevada ou longa dura��o devem ser evitados, acima de 60 minutos, como tamb�m em temperaturas elevadas.

    Deve ser dada uma aten��o especial aos p�s dos diab�ticos, pois � comum apresentarem neuropatia perif�rica, nervos doentes, com alguma perda de sua sensibilidade. Como os exerc�cios, h� tend�ncia da diminui��o do peso corporal e uma maior circula��o perif�rica ajudando assim na maior sensibilidade e diminui��o para que este risco venha a acontecer. Para ajudar ainda mais neste aspecto, deve haver sele��o adequada quanto ao uso de cal�ados e todos cuidados preventivos.

    Segundo Chisholm (1992), a doen�a vascular perif�rica � igualmente mais comum entre os pacientes diab�ticos e por essa raz�o, a circula��o das extremidades, especialmente os p�s encontram-se muitas vezes comprometidas.

    N�o fazer uso de insulina no local onde o grupamento muscular vai ser solicitado no treinamento do dia e tamb�m ficar atento ao hor�rio de seu pico.

Considera��es finais

    Quanto a prescri��es de exerc�cios para um indiv�duo com diabetes, devemos ficar atentos quanto: ao tipo de diabetes, composi��o corporal, antropometria, idade, e realizar uma anamnese detalhada para conhecer melhor esse indiv�duo, suas limita��es, f�rmacos que ingerem, entre outras informa��es importantes.

    Ap�s esta etapa, deve-se escolher a melhor atividade de acordo com o objetivo deste indiv�duo e suas limita��es, lembrando de sua patologia em primeiro plano.

    O ideal � um trabalho conjunto entre o profissional de educa��o f�sica, o m�dico e o nutricionista. Onde o profissional de educa��o f�sica ir� prescrever a atividade baseada na avalia��o e recomenda��o do m�dico e no tipo de dieta que o nutricionista passou, juntamente com o objetivo do aluno.

    O tipo de atividade n�o precisa ser somente aer�bico, mais o ideal � o conjunto de uma atividade aer�bica com uma neuromuscular, tomando cuidado com o peso para n�o causar muito impacto nas articula��es e n�o dificultar passagem do fluxo sangu�neo, atrav�s compress�o dos vasos sangu�neos.

    Atento tamb�m ao hor�rio que foi ministrada a insulina, o tipo que foi usada, e o local aplicado. Deve-se aferir a glicemia antes da atividade e se ela estiver <80-100 mg/dl deve-se consumir carboidratos antes do treino e deve-se evitar o exerc�cio no dia se a glicemia estiver entre 250 e 300 mg/dl e com cetonas presentes no sangue est� menor que 300mg/dl, uma recomenda��o do ACSM (2000).

Refer�ncias bibliogr�ficas

Como deve ser a prescrição de atividade física para o portador de diabetes?

Em relação a duração do exercício físico a recomendação mais atual para diabéticos é: 150 minutos de exercícios de moderada intensidade por semana. 75 minutos de exercícios de alta intensidade por semana ou uma combinação de ambos. O ideal é que a prescrição contemple exercícios de moderada e alta intensidades.

Quais são os cuidados necessários quando se pretende aplicar um programa de exercício para pessoas com diabetes?

Tempo e frequência. Nada de passar horas na academia, segundo a educadora física Luciana Mendonça, 60 minutos de exercícios físico diários, com frequência de no mínimo três vezes por semana, são comprovadamente suficientes para melhorar os níveis de glicose no sangue do paciente.

Qual é a principal preocupação ao fazer o exercício físico em quem tem diabetes?

Respeite os limites do seu corpo. Pratique o exercício físico com bastante atenção ao seu corpo. A qualquer sinal de hipo ou hiperglicemia, e sintomas como mal-estar, dor no peito, falta de ar, tontura, sudorese ou fadiga, o melhor é interromper a atividade. Respeite seus limites e conquiste a melhora com o tempo.

Quais cuidados devemos ter para prescrever treinamento para indivíduos diabéticos do tipo I?

É aconselhável iniciar a atividade até pelo menos uma hora após ter tomado insulina. Não recomenda-se a prática de exercício caso: o nível de glicose esteja acima de 300 mg/dl; o nível de glicose esteja acima de 240 mg/dl e cetonas na urina; quando apresentar alguma complicação.