Quais as estratégias da Política Nacional de Promoção proteção e apoio ao aleitamento materno?

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Promoção da Saúde, Saúde da Criança

Núcleo de Telessaúde Sergipe | 28 novembro 2018 | ID: sofs-41964



Entre as principais estratégias para a promoção da amamentação na Atenção Primária, destacam-se os “Dez passos para o sucesso do aleitamento materno”, uma iniciativa promovida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em parceria com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF):


• Ter uma norma escrita quanto à promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno que deverá ser rotineiramente transmitida a toda a equipe da unidade de saúde;
• Treinar toda a equipe da unidade de saúde, capacitando-a para programar esta norma;
• Orientar as gestantes e mães sobre seus direitos e as vantagens do aleitamento materno, promovendo a amamentação exclusiva até os seis meses e complementada até os dois anos de vida ou mais;
• Escutar as preocupações, vivências e dúvidas das gestantes e mães sobre a prática de amamentar, apoiando-as e fortalecendo sua autoconfiança;
• Orientar as gestantes sobre a importância de iniciar a amamentação na primeira hora após o parto e de ficar com o bebê em alojamento conjunto.
• Mostrar às gestantes e mães como amamentar e como manter a lactação, mesmo se vierem a ser separadas de seus filhos;
• Orientar as nutrizes sobre o método da amenorreia lactacional e outros métodos contraceptivos adequados à amamentação;
• Encorajar a amamentação sob livre demanda;
• Orientar gestantes e mães sobre os riscos do uso de fórmulas infantis, mamadeiras e chupetas, não permitindo propaganda e doações destes produtos na unidade de saúde;
• Programar grupos de apoio à amamentação acessíveis a todas as gestantes e mães, procurando envolver os familiares.1,2
Essas recomendações favorecem a amamentação a partir de práticas e orientações no período pré-natal, no atendimento à mãe e ao recém-nascido, ao longo do trabalho de parto, durante a internação após o parto e nascimento e no retorno ao domicílio, com apoio da comunidade.3,4
No entanto, é importante ressaltar que vários fatores podem influir positiva ou negativamente no sucesso do aleitamento materno, entre eles, alguns estão relacionados à mãe, como as posturas e atitudes assumidas frente à situação do amamentar, outros se referem a fatores socioculturais, demográficos, socioeconômicos e de assistência no pré e pós-natal. Nessa conjuntura, o grande desafio está em compreender que a amamentação pode ter diversas representações para o universo feminino e que está diretamente atrelada ao ambiente, às emoções de desejo, prazer e ou desprazer em amamentar, à relação com o esposo e a família, às influências culturais, o retorno ao trabalho e a sobrecarga posta à mulher de cuidado com os filhos, como uma condição exclusivamente feminina.1,5
Nesse contexto, os fatores que influenciam a mãe na tomada de decisão quanto à amamentação, não estão somente relacionados ao processo biológico, mas, principalmente, ao contexto social e cultural, ao qual, ela está inserida. Por isso, o fato apenas da mãe optar pelo aleitamento materno não é suficiente, deve-se levar em consideração o ambiente em que está inserida, já que o constante incentivo e apoio dos profissionais de saúde, bem como dos familiares e amigos são imprescindíveis para uma amamentação bem sucedida.1,6,7Os profissionais de saúde têm um papel importante no processo de orientação à mulher sobre o processo de amamentação adequada, com o desenvolvimento de ações educativas no âmbito das habilidades técnicas e de conhecimento sobre a amamentação, o que requer um trabalho de desconstrução de valores e conceitos inadequados que as mulheres possam ter sobre o aleitamento.
Diante desse pressuposto, à atuação dos profissionais de saúde é de grande relevância para iniciar corretamente o aleitamento materno, apoiando e estimulando as mães na superação dos prováveis problemas precoces recorrentes nesse processo através de orientações simples, mas atualizadas e transmitidas com simpatia, ética, paciência e humanização para assegurar e encorajar a mãe de sua capacidade em amamentar, caso seja seu desejo.8,9,1
Por esse motivo, estudos apontam que a probabilidade do aleitamento materno obter êxito é maior quando o assunto é abordado ainda durante a gestação, pois esse é o período mais adequado para solucionar dúvidas, e o momento em que a família poderá ser esclarecida de possíveis impasses antes que ocorram.10,11
Dessa forma, as equipes de profissionais atuantes na Estratégia Saúde da Família (ESF), devem estar capacitados para acolher precocemente a gestante, garantindo orientação apropriada quanto aos benefícios da amamentação para a mãe, a criança, a família e a sociedade e quanto ao manejo diante das dificuldades.10,11 A intervenção educacional deve abordar questões relacionadas à preparação das mamas, as características do leite materno, prevenção e cuidados do ingurgitamento mamário, os tipos de mamilos, a transição da nova dieta, a postura adequada para amamentar e demais aspectos de incentivo ao aleitamento materno para que a mulher possa ter menos dificuldades para amamentar.2
Enfim, a utilização de medidas profiláticas como educação e preparo das mulheres para a lactação, assim como o aconselhamento, sabendo ouvir e desenvolvendo a confiança das gestantes nesse período, é visto também como uma estratégia fundamental para o sucesso do aleitamento materno, tendo em vista que os profissionais de saúde, sobretudo os atuantes na Atenção Primária, precisam dedicar suas ações para dar apoio à mãe e ao seu bebê durante o início e a manutenção da amamentação. Nesse sentido, o aconselhamento comportamental e a educação para a prática de aleitamento materno são procedimentos recomendados pelo Ministério da Saúde e podem ser iniciados já na primeira consulta de pré-natal, orientando as gestantes quanto à importância e a prática de amamentar, autocuidado, planejamento familiar e os cuidados com o recém-nascido, buscando sempre os aspectos técnicos e práticos, mas focados no contexto da mulher, para proteção, promoção e apoio ao aleitamento materno.1,13,14

SOF relacionada:

Quais cuidados com as mamas devem ser repassados à gestante no pré-natal, principalmente quanto à exposição solar e estímulo mamário?  Disponível em: <http://aps.bvs.br/aps/quais-as-orientacoes-de-cuidados-com-as-mamas-devem-serinteressantes-de-serem-repassadas-apara-uma-gestante-durante-o-pre-natal-principalmente-quanto-exposicao-solar-e-estimulo-mamario/> [ID: sof-6934]

Bibliografia Selecionada:

1. Brasil, Ministério da Saúde. Matriz de ações de alimentação e nutrição na atenção básica de saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2009. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/matriz_acoes_alimentacao_nutricao.pdf>.
2. Santana, EDS. Prevalência do desmame precoce em lactentes no município de Agrestina-PE. [Especialização]. Recife: Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães. Fundação Oswaldo Cruz; 2010. 39f. Disponível em: <http://www.cpqam.fiocruz.br/bibpdf/2011santana-esd.pdf>.
3. Rocci E, Quintella FRA. Dificuldades no aleitamento materno e influência no desmame precoce. Rev. bras. enferm.[Internet].2014 Feb; 67(1):22-27. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-71672014000100022&lng=en. http://dx.doi.org/10.5935/0034-7167.20140002.
4. Bullon RB, Cardoso FA, Peixoto HM, Miranda LF. A influência da família e o papel do enfermeiro na promoção do aleitamento materno. Universitas: Ciências da Saúde, Brasília, 2009; 7(2):49-70. Disponível em: <http://www.publicacoesacademicas.uniceub.br/index.php/cienciasaude/article/view/990/868>.
5. Frescura JC, Ressel LB, Denardin BML, Mello PSM, Hoffmann IC, Dutra, SG. Percepções de puérperas quanto aos fatores que influenciam o aleitamento materno. Rev. Gaúcha Enferm. (Online) [Internet]. 2010 June; 31(2):343-350. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1983-14472010000200020&lng=en. http://dx.doi.org/10.1590/S1983-14472010000200020.
6. Brasil, Ministério da Saúde. Pesquisa nacional de demografia e saúde da criança e da mulher – PNDS 2006: dimensões do processo reprodutivo e da saúde da criança. Brasília: Ministério da Saúde, 2009. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/pnds_crianca_mulher.pdf>.
7. Bonilha ALL, Schmalfuss JM, Moretto VL, Lipinski JM, Porciuncula MB. Capacitação participativa de pré-natalistas para a promoção do aleitamento materno. Rev. bras. enferm. [Internet]. 2010 Oct; 63( 5 ):811-816. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-71672010000500019&lng=en. http://dx.doi.org/10.1590/S0034-71672010000500019.
8. Brasil, Ministério da Saúde. Política Nacional de Alimentação e Nutrição. Secretaria de Atenção à Saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2012. Disponível em: <http://189.28.128.100/nutricao/docs/geral/pnan2011.pdf>.
9. Silva NM, Waterkemper R, Silva EF, Cordova FP, Bonilha ALL. Conhecimento de puérperas sobre amamentação exclusiva. Rev. bras. enferm. [Internet]. 2014 Apr; 67(2):290-295. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-71672014000200290&lng=en. http://dx.doi.org/10.5935/0034-7167.20140039.
10. Stephan AMS, Cavada MN, Vilela CZ. Prevalência de aleitamento materno exclusivo até a idade de seis meses e características maternas associadas, em área de abrangência de unidade de Saúde da Família no município de Pelotas, estado do Rio Grande do Sul, Brasil, 2010. Epidemiol. Serv. Saúde [Internet]. 2012 Set; 21(3): 431-438. Disponível em: http://scielo.iec.gov.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1679-49742012000300008&lng=pt. http://dx.doi.org/10.5123/S1679-49742012000300008.
11. Neu AP, Silva AMT, Mezzomo CL, Busanello-Stella AR. Aleitamento: relação com hábitos de sucção e aspectos socioeconômicos familiares. Rev. CEFAC [Internet]. 2014 June;16( 3 ):883-891. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-18462014000300883&lng=en. http://dx.doi.org/10.1590/1982-0216201410612.
12. Brasil, Ministério da Saúde. Manual técnico de promoção da saúde e prevenção de riscos e doenças na saúde suplementar. Rio de Janeiro: ANS, 2009. [Acesso em: 26 set. 2018]. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_tecnico_promocao_saude_4ed.pdf>.
13. Brasil, Ministério da Saúde. Saúde da criança: nutrição infantil – aleitamento materno e alimentação complementar. Brasília: Ministério da Saúde, 2009. [Acesso em: 26 set. 2018]. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/saude_crianca_nutricao_aleitamento_alimentacao.pdf>.
14. Brasil. Ministério da Saúde. Política Nacional de Alimentação e Nutrição. Secretaria de Atenção à Saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2012. [Acesso em: 26 set. 2018]. Disponível em: <http://189.28.128.100/nutricao/docs/geral/pnan2011.pdf>.

São estratégias que visam incentivar o aleitamento materno?

A "Estratégia Nacional para Promoção do Aleitamento Materno e Alimentação Complementar Saudável no SUS - Estratégia Amamenta e Alimenta Brasil" foi lançada em 2012 e tem como objetivo qualificar o processo de trabalho dos profissionais da atenção básica com o intuito de reforçar e incentivar a promoção do aleitamento ...

Quais os objetivos das políticas de promoção proteção e apoio ao aleitamento materno?

estimular a doação de leite materno e a expansão da rede de bancos de leite humano; estimular a realização de estudos, pesquisas e eventos sobre aleitamento materno; estabelecer a base para a adoção de hábitos de alimentação saudável.

Quais os objetivos da estratégia Amamenta e Alimenta Brasil?

É uma estratégia que visa intensificar as ações de apoio, proteção e promoção ao Aleitamento Materno e à Alimentação Complementar Saudável (crianças até 24 meses de idade) no SUS.

Quais as principais diretrizes do aleitamento materno?

Os bebês até os seis meses de idade devem ser alimentados somente com leite materno, não precisam de chás, sucos, outros leites, nem mesmo de água. Após essa idade, deverá ser dada alimentação complementar apropriada, mas a amamentação deve continuar até o segundo ano de vida da criança ou mais.