Por que as relações ecológicas são importantes para o equilíbrio ambiental?

Mestre em Ecologia e Recursos Naturais (UFSCAR, 2019)
Bacharel em Ciências Biológicas (UNIFESP, 2015)

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Por muito tempo cientistas discutiam a possibilidade de sistemas ecológicos atingirem um estado clímax de equilíbrio, no qual as condições populacionais se manteriam estáveis ao longo do tempo. Esta ideia vem sendo continuamente explorada a muitas décadas e existem observações que a suportam e que a refutam. Ainda assim, ela foi considerada por muito tempo uma importante teoria da Ecologia que é utilizada em muitos modelos de estudos de padrões naturais.

Segundo o equilíbrio ecológico, as populações têm seu crescimento limitado pelos recursos ambientais, atingindo um valor máximo que é mantido ao longo do tempo (taxa de natalidade e mortalidade similares resultando em taxa de crescimento igual a zero). Quando há uma perturbação no sistema, seja ela qual for, ocorre um desequilíbrio que desvia as populações do estado de estabilidade. O retorno a condição de homeostase depende da natureza do distúrbio, de sua intensidade e duração, além da resiliência de cada população. Para a vegetação do cerrado, por exemplo, as queimadas naturais são benéficas e constituem uma oportunidade para o crescimento e fortalecimento de muitas espécies de plantas adaptadas ao fogo.

Nas interações de presa e predador, muitas vezes observa-se uma variação no número populacional que obedece um padrão determinado ao longo do tempo. Presas e predadores variam em um equilíbrio dinâmico em que o aumento de presas e seguido de seu decréscimo e do aumento de predadores. Sem uma quantidade satisfatória de comida, há o declínio da população de predadores seguido do aumento novamente das presas. Estudos que acompanharam populações que interagem através da predação por longos períodos relatam que, em um ambiente estável, a pressão de predação é o fator chave que determina o equilíbrio populacional ao longo do tempo. Um exemplo clássico seria os ciclos populacionais observados por mais de cem anos para as populações de linces e lebres no Canadá.

Outros estudos também aplicam a ideia de equilíbrio ecológico para explicar a relação entre o número de organismos herbívoros e a manutenção das vegetações. A ideia central é demonstrar que as populações de herbívoros são limitadas majoritariamente pela quantidade de alimento, sendo que sua taxa de consumo do mesmo se mantem estável ao longo do tempo, ao invés de continuamente crescer até causar o desequilíbrio das cadeias tróficas com a redução do componente autotrófico.

Aqueles que discordam desta teoria a consideram simplista e limitada, argumentando que os processos ecológicos são caóticos e que não seguem grandes padrões universais. Para estes pesquisadores, a teoria de equilíbrio ecológico só se mantém porque ela foi aceita pelo público leigo, responsável por continuar a propaga-la na atualidade. Muitos ecólogos consideram que cada interação e cada população deve ser analisada de maneira particular, permitindo a percepção de fatores únicos que possam estar levando ao padrão de distribuição e tamanho daquela população ao longo de uma escala de tempo longa.

Referências:

Odum, E.P., Odum, H.T. and Andrews, J., 1971. Fundamentals of ecology (Vol. 3). Philadelphia: Saunders.

Stenseth, N.C., Falck, W., Bjørnstad, O.N. and Krebs, C.J., 1997. Population regulation in snowshoe hare and Canadian lynx: asymmetric food web configurations between hare and lynx. Proceedings of the National Academy of Sciences, 94(10), pp.5147-5152.

Worster, D., 1990. The ecology of order and chaos. Environmental History Review, 14(1/2), pp.1-18.

Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/ecologia/equilibrio-ecologico/

Ecologia é uma ciência complexa que nos permite entender como os seres vivos relacionam-se uns com os outros e com o ambiente em que vivem. Ao estudar ecologia, podemos compreender melhor a importância de cada espécie do planeta e também como o ambiente influencia na distribuição e na abundância das diferentes espécies. Ao entendermos essas relações, fica mais claro também a importância de preservamos o meio ambiente.

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Conceito de ecologia

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O termo ecologia foi originalmente empregado por Ernst Haeckel (1834-1919), em 1866, na obra Generelle morphologie. A palavra ecologia é derivada de duas palavras gregas: oikós e logos,que significam, respectivamente, “casa” e “estudo”. Podemos concluir, desse modo, que ecologia seria o estudo do local em que os seres vivos vivem, entretanto, essa parte da biologia é muito mais complexa. Uma forma melhor de definir a ecologia seria:

A ecologia é a ciência que estuda as relações dos seres vivos entre si e deles com o meio ambiente.

A ecologia apresenta duas subdivisões: autoecologia e sinecologia. Na autoecologia, o objeto de estudo é o indivíduo ou uma determinada espécie, sendo, nesse caso, por exemplo, estudado como o meio pode influenciar no comportamento, fisiologia e morfologia de uma dada espécie. A sinecologia, por sua vez, estuda as comunidades, sendo observado não apenas uma espécie, mas sim diferentes organismos e como eles se associam.

Por que as relações ecológicas são importantes para o equilíbrio ambiental?
Quando estudamos ecologia, percebemos a importância de cuidar-se do meio ambiente.

Níveis de organização em ecologia

Quando estudamos biologia, a divisão em níveis hierárquicos é importante para que o estudo seja facilitado. Essa divisão apresenta, geralmente, 12 níveis:átomo, molécula, organela, célula, tecido, órgão, sistema, organismo, população, comunidade, ecossistema e biosfera.

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Na ecologia, um organismo não será analisado em todos esses níveis, sendo alguns deles exclusivos de outras áreas da biologia. Em ecologia, os níveis de organização tratados são: organismo, populações, comunidades, ecossistemas e biosfera.

  • Organismo: é um indivíduo de uma determinada espécie.
  • População: é um termo usado para referir-se a indivíduos de uma mesma espécie, que vivem num determinado local e num determinado tempo. Em uma população, há a troca de material genético entre os indivíduos.
  • Comunidade: é um termo utilizado para referir-se ao conjunto de populações que vivem numa determinada área e num determinado tempo. Em uma comunidade, os indivíduos de diferentes espécies interagem entre si.

Por que as relações ecológicas são importantes para o equilíbrio ambiental?
Nos ecossistemas, os organismos vivos interagem com outros seres vivos e com fatores abióticos.

  • Ecossistema: refere-se ao conjunto formado pelos componentes abióticos (sem vida) e bióticos (seres vivos) de uma região. Esses dois componentes interagem entre si e garantem que ocorra o fluxo de energia e a reciclagem da matéria.
  • Biosfera: conjunto de todos os ecossistemas do planeta, ou seja, todas as regiões da Terra onde há seres vivos.

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Conceitos básicos da ecologia

Para estudar-se ecologia, é importante ter-se conhecimento de alguns conceitos básicos. Além dos já estudados quando falamos sobre níveis de organização, são conceitos importantes:

  • Habitat: é onde uma determinada espécie vive. A zebra vive na savana africana, sendo esta, portanto, seu habitat.
  • Nicho ecológico: é o modo de vida de determinado organismo.
  • Pirâmide ecológica: é a representação gráfica que reproduz os diferentes níveis tróficos de um ecossistema. As pirâmides ecológicas podem ser de três tipos: número, biomassa e energia.
  • Relações ecológicas: são as interações estabelecidas entre os seres vivos. As relações ecológicas podem ser intraespecíficas, quando envolvem indivíduos da mesma espécie, e interespecíficas, quando ocorre entre indivíduos de espécies diferentes. As relações ecológicas podem, ainda, ser classificadas em harmônicas e desarmônicas, considerando-se os benefícios e malefícios advindos da interação.

Por que as relações ecológicas são importantes para o equilíbrio ambiental?
As abelhas estabelecem relações ecológicas com várias plantas, promovendo a sua polinização, enquanto as plantas fornecem-lhe néctar.

  • Cadeia alimentar: sequência linear pela qual a matéria e a energia são transferidas de um nível trófico a outro. A cadeia alimentar mostra uma sequência de seres vivos que servem de alimento para outros, iniciando-se com os organismos produtores.
  • Teia alimentar: conjunto de várias cadeias alimentares interligadas. Nas teias alimentares, um mesmo organismo pode estar em diferentes níveis tróficos.
  • Nível trófico: conjunto de organismos de um ecossistema que apresentam o mesmo tipo de nutrição. Todos os organismos que realizam fotossíntese, por exemplo, ocupam o mesmo nível trófico: os produtores. Existem três níveis tróficos principais: produtores, consumidores e decompositores.
  • Produtores: são os organismos autotróficos, ou seja, aqueles capazes de sintetizar seu próprio alimento. Plantas e algas são organismos produtores.
  • Consumidores: são aqueles organismos heterotróficos, incapazes de sintetizar seu próprio alimento, e, desse modo, precisam ingerir outros seres vivos. Os consumidores primários são aqueles que se alimentam dos produtores, os secundários alimentam-se dos consumidores primários, os terciários alimentam-se dos consumidores secundários, e assim sucessivamente.
  • Decompositores: são organismos que realizam a decomposição, processo por meio da qual obtêm os nutrientes de que necessitam da matéria morta, e promovem a devolução de alguns compostos químicos para o ambiente.

Publicado por Vanessa Sardinha dos Santos

Qual a importância das relações ecológicas para o meio ambiente?

As relações ecológicas são extremamente importantes para o equilíbrio das populações que interagem. Relações ecológicas são as interações que ocorrem entre os seres vivos dentro dos ecossistemas. Elas podem ser entre indivíduos da mesma espécie (intraespecífica) ou entre espécies diferentes (interespecíficas).

Porque o equilíbrio ecológico e importante na natureza?

O Equilíbro nos ecossistemas Em um ecossistema equilibrado o tamanho das populações de seres vivos se mantêm mais ou menos constante ao longo do tempo. Caso ocorram alterações no tamanho de uma população, isso pode, consequentemente, alterar as características de outras populações que coexistem naquele ambiente.