O que é classificação de risco do Ministério da Saúde?

O chamado Acolhimento Com Classificação de Risco (ACCR), previsto na Portaria 2048 do Ministério da Saúde, é o processo de avaliação dos pacientes logo no momento que chegam aos serviços de urgência e de emergência das unidades de saúde, classificando-os de acordo com a gravidade.

Além de priorizar o atendimento daqueles que se encontram em estado grave, essa triagem busca reduzir a lotação do pronto-socorro e determinar o tempo de espera.

“Trata-se de um instrumento de trabalho que melhora a organização do fluxo de pacientes que procuram os serviços de urgência/emergência, gerando um atendimento mais rápido e humanizado”, afirma Alex Camargo, diretor da Unidade de Pronto Atendimento de Francisco Morato (UPA-FM), em São Paulo.

O sistema incorpora critérios de avaliação de riscos que levam em conta a complexidade da doença, o grau de sofrimento dos usuários e seus familiares, a priorização da atenção no tempo e, dessa forma, diminui o número de mortes evitáveis, sequelas e internações.

O que é classificação de risco?

A classificação de risco é um método utilizado nos serviços de urgência e emergência, voltada para avaliar e categorizar os usuários  que necessitam de atendimento prioritário.

Esta classificação adota dispositivos que priorizam o atendimento de acordo com quadro clínico com o objetivo de aliviar o sofrimento e salvar vidas. Em contraponto ao tradicional atendimento sem critérios orientado somente  pela ordem de chegada.

Como surgiu a Classificação de Risco?

Jean Dominique Larrey, cirurgião do exército Napoleônico foi responsável por criar o primeiro modelo de classificação de risco.

A partir desse método foi possível avaliar e separar de forma rápida os soldados feridos na guerra. Sendo assim, os que possuíam quadros mais graves eram priorizados no atendimento médico para que pudessem retornar aos campos de batalha.

Portanto, os militares foram os primeiros a conhecer o método em campos de guerra e em cenários de desastres.

O modelo foi aperfeiçoado com o tempo e começou a ser utilizado na população civil em  1960. Momento em que o aumento da procura por serviços de urgência levou a necessidade de estabelecer parâmetros mais eficazes de atendimento.

A gravidade dos ferimentos ou grau de dor se tornaram os fatores determinantes para a classificação da prioridade de tratamento.

Quais são as vantagens da aplicação de uma classificação de risco ?

Organização                                                                                           

Esse método demonstra uma forma mais organizada e ágil de lidar com os pacientes, pois estabelece um padrão de prioridade que auxilia na gestão hospitalar e na qualidade do atendimento.

Eficiência

Dessa forma também é possível distribuir os recursos médicos de forma mais justa, ou seja, aqueles que mais precisam são atendidos primeiro.

Redução de óbitos

Essa organização evita a perda de função dos membros, agravamentos e até mesmo mortes tempo em filas de espera.

Maior satisfação do cliente e redução de erros

A diminuição do tempo de espera minimiza o descontentamento e evita erros, como por exemplo, priorizar pacientes estáveis. Também é possível desafogar as filas com transferências para outras unidades.

Atendimento mais humanizado

Com a superlotação de hospitais nos sistemas de saúde em todo o mundo essa é uma forma de organizar, tratando de maneira mais humanizada, pois coloca aqueles que mais precisam em primeiro lugar e garante o atendimento de forma justa a todos.

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Como a tecnologia beneficia a classificação de risco?

Os centros de saúde foram um dos principais beneficiados pelo avanço da tecnologia. Avançadas ferramentas médicas, inteligência artificial, realidade aumentada, entre outros auxílios. Quanto à triagem, não é diferente, uma vez que os sistemas de gestão auxiliam e automatizam muitos processos.

As integrações entre os sistemas otimizam o tempo de compartilhamento das informações geradas nos protocolos, que conecta os enfermeiros e os médicos, além de armazenar as bases e histórico do paciente.

Diante disso, observada a redução de tempo proporcionada pela inteligência, é, de fato, de significativa importância a presença destas ferramentas de amparo nos hospitais e centros médicos.

4 principais Protocolos da Classificação de risco

O que é classificação de risco do Ministério da Saúde?

Os usuários são identificados nos protocolos de classificação por cores ou níveis de acordo com sua gravidade clínica. Em geral são utilizados cinco níveis ou cores nos principais métodos de classificação de risco ou triagem.

Vejamos agora os principais protocolos de classificação de risco no mundo.

Escala de triagem Australiana – ATS

Um protocolo com base em tempo máximo para atendimento e em cores  foi criado na Austrália por volta de 1970. A Faculdade de medicina da Austrália em 1990 a adotou como sistema oficial de triagem.

Os fatores determinantes avaliados pelos enfermeiros vão de sintomas a parâmetros clínicos e comportamentais.

As cinco categorias são definidas da seguinte forma:

CATEGORIA  1

O paciente corre risco de vida, o atendimento deve ser imediato.

CATEGORIA 2

O risco de vida é iminente e o paciente deve ser atendido em até 10 minutos.

CATEGORIA 3

Existe potencial ameaça à vida, o atendimento médico pode esperar somente até 30 minutos.

CATEGORIA 4

Casos potencialmente sérios, tempo máximo até o atendimento de 60 minutos.

CATEGORIA 5

Pacientes não-urgentes.

Índice da Gravidade de Emergência- ESI (Emergency Severity Index)

O ESI é um protocolo usado nos Estado Unidos desde 1999.

O método ESI é baseado em um  fluxograma específico utilizado para definir a classificação prioritária de cada paciente. As instituições  devem decidir o tempo de espera que não é determinado pelo protocolo.

Deste modo, os cinco níveis de classificação deste protocolo são :

1° Nível  ou emergente- O paciente necessita de atenção médica imediata;

2° Nível ou urgente- é recomendável que o atendimento não demore mais que 10 minutos para acontecer ou podem levar a complicações no quadro clínico do paciente;

3° Nível- os sintomas podem ter ligação com doença aguda mas não há risco de deterioração rápida dos mesmos;

4° Nível – São queixas de ordem crônicas, mas não apresenta risco à função dos órgãos vitais;

5° Nível – Pacientes estáveis sem necessidades de recursos.

Os pacientes são organizados nos níveis 3°, 4° e 5° de acordo com a quantidade de recursos que necessitam.

Escala Canadense de triagem e acuidade – CTAS

Descrita pela primeira vez em meados da década de 1990, o protocolo canadense também visa o tempo-alvo e utiliza cores em seu nivelamento.

A classificação de cinco níveis é organizada conforme mostro as seguir:

1) Azul – reanimação imediato;

2) Vermelho- emergente 15 minutos;

3) amarelo- urgente 30 minutos;

4) Verde- menos urgente 60 minutos;

5) Branco- não urgente 120 minutos.

Protocolo de Manchester

O Protocolo de Manchester é utilizado no Brasil desde 2008 e nasceu em 1996 no Reino Unido.

Busca separar rapidamente os doentes em situação de risco de morte dos pacientes estáveis. A dor é um importante fator para classificar a urgência.

O protocolo gerencia o risco clínico e o fluxo de forma segura e responsável.

Atualmente o Protocolo de Manchester é a principal classificação de risco utilizada  no Brasil, sendo o GBCR o único órgão no país autorizado a certificar profissionais para a prática do protocolo.

Esse sistema dispõe de cinco categorias, organizadas por nome, número, cor e tempo de atendimento.

1) Emergente- Vermelho- Imediato  

2) Muito urgente- laranja- 10 min no máximo. 

3) Urgente- amarelo- 60 minutos no máximo. 

4)Pouco urgente- verde- 120 minutos no máximo. 

5)Consulta ou exames de rotina- até 240 minutos.

Além destes quatro grandes protocolos existem também dois usados em casos específicos, o Protocolo Obstétrico e o Protocolo Pediátrico ou Clariped.

O que é classificação de risco do Ministério da Saúde?

Protocolo obstétrico

O protocolo obstétrico norteia um padrão de conduta para lidar com as portarias de atendimento no trato de mulheres gestantes.

O modelo descrito é baseado no documento  Manual de acolhimento e classificação de risco em  Obstetrícia.

Nesse sentido, o  manual dispõe de um fluxograma que indica as devidas identificações para cada caso clínico. São indicados por cor e tempo alvo de atendimento.

Confira as identificações e o que cada uma significa :

  • Classificação vermelha

Atendimento imediato, direto na sala de emergência, pois existe risco de morte necessita-se socorro imediato;

  • Classificação Laranja

Até 15 minutos ,casos a ser enviado para centro obstétrico, pois necessita de uma maior atenção ou atendimento por ambulância de suporte avançado;

  • Classificação Amarela

Até 30 minutos, atendimento em consultório médico ou da enfermeira obstetra;

  • Classificação Verde

Até 120 minutos- pacientes em risco de agravamento;

  • Classificação Azul

Atendimento não prioritário ou encaminhamento.

Classificação de risco  pediátrico (CLARIPED)

Protocolo pediátrico é utilizado para classificar a urgência e emergência em quadros clínicos da pediatria. O modelo baseia-se em classificação por cores e tempo alvo de atendimento e encaminhamento para uma área adequada.

Sendo assim, o CLARIPED é composto por cinco categorias de urgência:

  • Vermelha- risco iminente à  vida, a atenção deve ser imediata. O  paciente deve ser levado à sala de estabilização;
  •  Laranja- (muito urgente), atendimento em até 10 minutos. O  paciente deve ser tratado na sala de observação;
  •  Amarela- (urgente), atendimento em até 30 minutos. O paciente deve ser conduzido à sala de espera;
  • Verde- (pouco urgente) atendimento em até 90 minutos e o paciente deve ser levado à sala de espera;
  • Azul- (sem urgência) atendimento em até 180 minutos. O paciente deve ser conduzido à sala de espera.

É importante que qualquer classificação de risco se inicie em no máximo 10 minutos após a chegada e registro do paciente, e tenha duração máxima de 3 minutos, de acordo com o Protocolo de Manchester.

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Protocolo de classificação de risco no Brasil – Regulamentações 

A escolha de qual protocolo de classificação de risco será utilizado é uma decisão técnica de cada instituição de saúde. No Brasil, o protocolo mais reconhecido e utilizado é o Protocolo de Manchester.

Assim, são várias as portarias que regulamentam o processo de classificação de risco, As resoluções 2077 e 2079 do CFM tornaram obrigatória a classificação de risco em serviços de urgência, com atendimento imediato.

Outros documentos que estabelecem as diretrizes nos atendimentos em urgência e emergência são  as Portaria Ministerial n.º 2.048 de 05/11/2002, Portaria GM/MS n.º 1.863, de 29/09/2003, e a Política Nacional de Humanização da Atenção e da Gestão (2003).

Humaniza SUS –  Novas práticas na produção de Saúde 

Criado em 2009 o Humaniza SUS busca “provocar inovações nas práticas gerenciais e nas práticas de produção de saúde” segundo a própria cartilha do programa.

O HumanizaSUS vale-se de ferramentas e dispositivos para revigorar e garantir a atenção integral, resolutiva e humanizada no Sistema único de Saúde.

Segundo o  ministério da saúde apesar dos avanços observou-se que o sistema de saúde no Brasil ainda existem   desafios que persistem, o que forçou a necessidade do aperfeiçoamento.

Sendo assim, a cartilha instaura o acolhimento como o ser constituinte de todas as práticas de gestão.

O principal foco é a urgência dos hospitais, pois apresentam empecilhos a serem superados no atendimento, tais como superlotação, fragmentação do processo de trabalho, conflitos e desigualdade de poder, exclusão dos usuários na porta de entrada, desrespeito aos direitos desses usuários, pouca comunicação entre as redes de serviços, etc.

Portanto foi fundamental repensar e criar novos modelos de ação em saúde que levem a esta atenção humanizada, decisiva e acolhedora a partir da consciência da inserção dos serviços de urgência na rede local.

O acolhimento nas unidades de saúde públicas no Brasil  

A normatização do acolhimento define que haja uma ação de triagem, seja ela , administrativa, de enfermagem ou médica dos pacientes que serão atendidos pelo serviço público.

Ademais determina que se restabeleça no cotidiano,  o princípio da universalidade e equidade para o acesso e também a responsabilização das instâncias públicas pela saúde dos cidadãos.

Semelhantemente o Acolhimento com Classificação de Risco deve ser o guia orientador para a atenção e gestão na urgência com fluxos adequados que favoreçam os processos de trabalho.

Algumas instituições desenvolvem protocolos próprios de classificação de risco. Nesse caso, recomenda-se que o protocolo de classificação de risco atenda a pelo menos os seguintes fatores:
  1. Primeiramente deve haver consenso entre as equipes médicas, juntamente com a orientação e capacitação de enfermagem e outros profissionais envolvidos;
  2. A finalidade da classificação de risco é a definição da ordem do atendimento em função do potencial de gravidade ou de agravamento da queixa apresentada;
  3. Do mesmo modo o objetivo é garantir o atendimento a todos ao invés de encaminhar pessoas  sem atendimento;
  4. A classificação de risco deve ser realizada por profissionais  de enfermagem de nível superior, preferencialmente com experiência em serviço de urgência, com a capacitação específica para a atividade proposta; Segundo a Resolução  COFEN Nº 423/2012;
  5. Igualmente o Protocolo deve ser apropriado por toda a equipe da urgência, enfermeiros, técnicos de enfermagem, médicos, psicólogos, assistentes sociais e administração;
  6. O protocolo deve explicitar com clareza qual o encaminhamento após a classificação;
  7. Recomenda-se que o protocolo tenha no mínimo quatro níveis de classificação de risco;
  8. Indica-se o uso preferencial de cores, e não de números, para classificar;
  9. A classificação de risco é dinâmica, sendo necessário reavaliação periódica periodicamente;
  10. Sugere-se  identificar a classificação na ficha de atendimento, e não diretamente no usuário, pois ela pode mudar em função de alterações do estado clínico e de reavaliações sistemáticas;
  11. A classificação precisa ser divulgada com clareza para os usuários;
  12. Deve-se levar em conta a capacidade instalada de acordo com o número de atendimentos diários a serem prestados nas unidades; Assim como, horários de pico de atendimentos, fluxos internos, movimentação dos usuários, locais de espera, de consulta, de procedimentos, de reavaliação etc;
  13. Da mesma forma deve haver análise da rede para os níveis de complexidade de cada caso;
  14. Bem como, a disponibilização de relatórios com o tipo de demanda, necessidades dos usuários, perfil epidemiológico local.

Conclusão

Dessa forma a Classificação de risco é um método utilizado em vários países para melhorar o atendimento em unidades de urgência e emergência ao redor do mundo.Cada protocolo a sua maneira contribui para um atendimento mais justo e organizado. A padronização por prioridades médicas torna o processo mais humanizado, alocando recursos de forma eficiente. Sendo assim, os protocolos, quando aplicados de forma correta salvam vidas.

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O que é a classificação de risco?

A classificação de risco é utilizada no acolhimento hospitalar para se fazer uma avaliação inicial do paciente e determinar a necessidade de um atendimento mais urgente. Esse método permite saber a gravidade do estado de saúde dos pacientes, seu potencial de risco, o grau de sofrimento, entre outras informações.

Qual é a importância da classificação de risco?

A classificação de risco é uma ferramenta utilizada nos serviços de urgência e emergência, voltada para avaliar e identificar os pacientes que necessitam de atendimento prioritário, de acordo com a gravidade clínica, potencial de risco, agravos à saúde ou grau de sofrimento.

Qual é a diferença na classificação de risco utilizada pelo Ministério da saúde e pela triagem de Manchester cor tempo de espera?

Vermelho: representa emergência, com atendimento imediato a pacientes com risco iminente de morte. Laranja: muito urgente, com paciente grave e atendimento necessário em 10 minutos. Amarelo: urgente, com gravidade moderada. Paciente deve ser atendido em até 60 minutos.

Quantos modelos existem de classificação de risco?

Os usuários são identificados nos protocolos de classificação por cores ou níveis de acordo com sua gravidade clínica. Em geral são utilizados cinco níveis ou cores nos principais métodos de classificação de risco ou triagem.