Dado é de uma pesquisa da ONG Plan International, realizada em 22 países. No Brasil, 77% das jovens já foram vítimas de assédio através de plataformas virtuais Show Por: Júlia Pereira Uma pesquisa da ONG Plan International revelou que entre, as jovens mulheres de 15 a 25 anos entrevistadas em 22 países, 58% já sofreram algum tipo de assédio online. No Brasil, o número chega a 77%. A pesquisa ‘Liberdade on-line? – Como meninas e jovens mulheres lidam com o assédio nas redes sociais’ teve 14 mil participantes. O estudo foi apresentado no Brasil no seminário ‘Conectadas e Seguras – Desafios para a presença de meninas no espaço on-line’, no dia 8 de outubro. A divulgação da pesquisa é parte do movimento #MeninasOcupam, que celebrou o Dia Internacional da Menina, em 11 de outubro. A pesquisa, que compõe a campanha mundial Meninas pela Igualdade, ressalta que entre as jovens que afirmam ter sofrido assédio, 62% das brasileiras disseram que a situação aconteceu no Facebook (39% no estudo global) e 44% no Instagram (23% no global). Os ataques no WhatsApp também são relevantes, com 40%. Por meio da pesquisa, foi possível descobrir que meninas que usam as redes sociais em países de alta e baixa renda estão cotidianamente sujeitas a mensagens explícitas, fotos pornográficas, perseguição online e outras formas de abuso. O problema, segundo elas, é a ineficiência das ferramentas de denúncia. A violência no meio virtual fez com que quase uma em cada cinco (19%) das meninas assediadas no mundo parasse ou reduzisse significativamente o uso da plataforma onde a violência ocorria, enquanto uma em dez (12%) mudou a forma de se expressar. No Brasil, 39% das entrevistadas que sofreram assédio online ignoraram seus assediadores e continuaram usando a rede social da mesma forma. 22% das participantes disseram que elas ou uma amiga ficaram preocupadas pela segurança física. Entre as brasileiras, 46% das meninas e de suas amigas enfrentam mais assédio nas redes sociais do que nas ruas. O tipo de ataque mais comum é a linguagem abusiva e insultuosa, relatada por 59% das meninas que foram assediadas no mundo. Depois, vêm o constrangimento proposital (41%), vergonha do corpo e ameaças de violência sexual (ambos 39%). Já no Brasil, o ataque mais comum também foi a linguagem abusiva e insultuosa (58%), seguido de ataques à aparência, incluindo vergonha do corpo (54%) e constrangimento proposital (52%). Aqui, os comentários racistas (41%) e os homofóbicos (40%) tiveram percentuais relevantes. Mais da metade (54%) das brasileiras que são de minoria étnica e sofreram abusos afirmam que são atacadas por causa da raça ou etnia, enquanto quase a metade (44%) das que se identificam como LGBTIQ+ afirmam que são assediadas por causa de sua identidade de gênero ou orientação sexual. No mundo, a questão homofóbica chega a 56%. A faixa etária das meninas que sofrem os assédios mais frequentes é dos 12 aos 16 anos, mas a pesquisa também recebeu relatos de garotas que foram assediadas pela primeira vez entre os 8 e os 11 anos. A violência é praticada majoritariamente por pessoas estranhas (47%), anônimas (38%) e fora do círculo de amizade (38%), segundo relatado por meninas brasileiras. O assédio tem um impacto profundo na confiança e bem-estar das garotas, sendo que 41% delas afirmam ter estresse mental e emocional, 39% têm sensação de insegurança física e 29% baixa na autoestima e perda da confiança. Acesso à internetNo Brasil, o acesso às redes também é uma discussão importante. Por isso, tanto aqui quanto na América Latina, a campanha da Plan International também carrega a hashtag #ConectadasESeguras, para exigir a garantia de um serviço disponível e uma conexão de qualidade. Segundo dados da pesquisa TIC Domicílios, cerca de 70 milhões de brasileiros têm acesso precário à internet ou não têm qualquer acesso. Mais de 42 milhões de pessoas nunca acessaram a rede e mais de 25 milhões de pessoas em situação de vulnerabilidade só acessam a internet pelo celular com pacotes de dados limitados. Entre quem acessa a rede com regularidade, em média 56% só têm o celular como meio disponível. Esse número aumenta para 85% nas classes D e E. A denúncia nas plataformasUma em cada três meninas (35%) no mundo afirma que denunciou os abusadores, porém relata que a situação persiste porque eles abrem novas contas e um número significativo de pessoas precisa denunciar o conteúdo prejudicial antes que qualquer ação seja tomada. Aquelas que concordam que essas empresas precisam protegê-las são 44%. Juntas, as meninas escreveram uma carta aberta para Facebook, Instagram, TikTok e Twitter, convocando-os a quebrar o silêncio e criar formas mais fortes e eficazes de denunciar abusos e assédio. A Plan International também está pedindo aos governos no mundo todo para que implementem leis específicas para lidar com a violência online baseada em gênero e garantir que as meninas que sofrem isso tenham acesso à justiça. A carta está disponível no site e aberta para a assinatura de todas e todos. O que é o assédio virtual entre os jovens no Brasil?A ação é denominada como "assédio virtual", onde as tecnologias de informação e comunicação, como a internet e as redes sociais, são utilizadas como ferramentas para importunar, intimidar, perseguir, ofender ou hostilizar alguém.
Quais os tipos de assédio virtual?O assédio virtual se caracteriza pelo ato de importunar, intimidar, perseguir, ofender ou hostilizar uma pessoa pela internet. São diversas as formas como o assédio virtual se mostra para a sociedade, sendo que ele engloba diversos outros tipos de discriminação.
Qual a porcentagem de assédio virtual no Brasil?A principal violência que mulheres e meninas sofrem em ambientes digitais é o assédio nas interações virtuais (38%) e, na sequência, as ameaças de vazamento de imagens íntimas (24%).
Quais as causas do assédio virtual?As diferenças de raça, origem, cultura, orientação sexual, aspecto físico etc., aumentam a probabilidade de sofrer assédio pela Internet. Baixa autoestima, insegurança ou falta de habilidades sociais complicam as relações com outras pessoas, a resolução de conflitos e a defesa dos próprios direitos.
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