Diferença entre diblasticos e triblasticos

Você sabe a diferença entre animais diblásticos e triblásticos? E entre deuterostômios e protostômios. Não? Então vem comigo revisar as características gerais do Reino dos Animais para mandar bem no Enem e nos vestibulares!

Os seres humanos são animais. Apesar de coloquialmente a palavra “animal” ser utilizada para nos referirmos a animais diferentes dos humanos, também fazemos parte desse Reino extremamente biodiverso: o Reino Animal ou Reino Animalia.

O Reino Animal

O Reino Animal, chamado também de Reino dos Metazoários, grupo abriga seres vivos pluricelulares, heterótrofos por ingestão (como poucas exceções), eucariontes e de maioria aeróbia.

Nesse Reino, encontramos desde espécies extremamente simples, como as esponjas e as águas-vivas até espécies extremamente complexas, como os seres humanos. Dentro do Reino Animal há cerca de 54 filos, onde estão classificadas e descritas mais de um milhão de espécies, a maioria macroscópica. Vem com a gente conhecer as principais características do Reino Animal!

Características do Reino Animal

Como acabamos de ver, os animais são seres pluricelulares. A imensa maioria dos seres vivos desse Reino possui tecidos diferenciados com células tipicamente diploides (2n cromossomos).

Em geral, os Animais são seres capazes de responder a estímulos do meio através do sistema nervoso, característica exclusiva desse grupo. Outra característica exclusiva Reino Animalia é a presença de células musculares, estruturas capazes de produzir movimento, permitindo, entre outras coisas, o deslocamento desses seres vivos.

Tipos de reprodução

Apesar de todos os animais realizarem reprodução sexuada, há alguns casos de animais capazes de se reproduzirem assexuadamente. Em seguida, veremos as diferentes formas de reprodução sexuada (ovulíparos, ovíparos, ovovivíparos e vivíparos) e a reprodução assexuada.

Reprodução sexuada

Todos os animais realizam reprodução sexuada. Nesse Reino há tanto espécies dioicas (que possuem sexos separados), quanto monoicas (um único indivíduo com os dois sexos). Em geral, para que a mistura de material genético ocorra, os animais produzem gametas masculinos pequenos e móveis, que chamamos de espermatozoides, e femininos imóveis e grandes, que chamamos genericamente de óvulos.

A fecundação pode ocorrer tanto dentro de um dos animais envolvidos (fecundação interna) quanto no ambiente (fecundação externa). Após a fecundação, o zigoto irá sofrer diversas mitoses, produzindo células que se diferenciam e formam diferentes tecidos.

O desenvolvimento desses embriões pode se dar de diferentes formas. Veja:

Ovulíparos

São animais cujos gametas se juntam no ambiente formando um ovo. É característico de animais aquáticos. Por exemplo, são ovulíparos os peixes ósseos e os anfíbios.

Ovíparos

Ovíparos são animais cujos gametas se unem dentro do corpo de um dos animais envolvidos na reprodução (em geral, dentro das fêmeas). Após a fecundação, forma-se um ovo que será colocado no ambiente para que conclua seu desenvolvimento. São ovíparas várias espécies de peixes cartilaginosos, muitos répteis, todas as aves e os mamíferos monotremados.

Diferença entre diblasticos e triblasticos
Macho de pinguim imperador cuidando de um ovo. Assim como as demais aves, os pinguins são ovíparos.
Ovovivíparos

São ovovivíparos os animais cujos gametas se unem através de fecundação interna. Após a fecundação, há a formação de um ovo que permanece no interior da fêmea. Esse ovo ficará retido dentro do organismo até a sua eclosão, quando o filhote é liberado pela cloaca. São ovovivíparos alguns peixes cartilaginosos e alguns répteis.

Vivíparos

Os vivíparos são animais cujos gametas se unem através de fecundação interna. Após a fecundação, há a formação de anexos embrionários que permitem que o filhote se desenvolva no interior do corpo da fêmea, dentro do útero. O filhote irá trocar substâncias com a mãe através da placenta e o cordão umbilical. São vivíparos a grande maioria dos mamíferos.

Diferença entre diblasticos e triblasticos
Fotografia intitulada “Muitas mãos”, vencedora da categoria “nascimento” do concurso anual Birth Photographers Image of the Year de 2019. Os seres humanos, assim como a maioria dos mamíferos, são vivíparos. Sendo assim, nossos filhotes se desenvolvem no interior do útero materno, com a formação de anexos embrionários como a placenta e o cordão umbilical.

Reprodução assexuada

Muitos animais também são capazes de se reproduzirem através de reprodução assexuada. Existem vários tipos diferentes de reprodução assexuada, como o brotamento e a fissão transversal. Em geral, os animais capazes de se reproduzirem sozinhos são animais mais simples, como alguns invertebrados.

Diferença entre diblasticos e triblasticos
Na imagem vemos uma hidra, um cnidário. Podemos observar a formação de um pequeno broto que dará origem a um novo indivíduo. Esse é um exemplo de reprodução assexuada por brotamento.

Habitat dos animais e ecologia

Como dito acima, o Reino Animal é um grupo extremamente biodiverso. Sendo assim, podemos encontrar espécies de animais em todos os ambientes do planeta. Há espécies em abundância tanto nos ambientes aquáticos quanto terrestres.

Com a enorme diversidade de espécies, temos também uma gigantesca variedade de hábitos e relações ecológicas estabelecidas entre esses seres vivos. Podemos ter animais parasitas, como os vermes, e outros que estabelecem relações mutualísticas com outros animais ou outros seres vivos. Mas, a maioria é de vida livre. De acordo com a sua participação nas cadeias alimentares, classificamos os animais como:

Carnívoros

Carnívoros são animais que se alimentam exclusivamente de outros animais. Exemplo: onça-pintada e suçuarana.

Herbívoros

São animais que se alimentam exclusivamente de vegetais. Exemplo: veado-campeiro e capivara.

Onívoros

Onívoros são os os animais que se alimentam de vários grupos de seres vivos. Exemplo: lobo-guará e porco-do-mato.

Características utilizadas na classificação dos animais

Para classificarmos os animais, algumas características são constantemente utilizadas pelos diferentes autores. As mais recorrentes levam em consideração o número de folhetos embrionários, o destino do blastóporo, a presença do celoma e simetria anatômica.

Número de folhetos embrionários

Os animais podem ser classificados em diblásticos ou triblásticos, dependendo do seu número de folhetos embrionários.

Animais diblásticos

Após a fecundação, o embrião sofrerá divisões mitóticas que irão gerar as diferentes células e tecidos do seu organismo. A princípio, essas células ficarão bem próximas umas das outras, formando uma estrutura maciça que chamamos de mórula. Posteriormente, as células (que continuam sofrendo mitoses) começam a se organizar, secretando para o interior da mórula um líquido que fará com que se forme uma cavidade, que chamamos de blastocele.

Neste estágio de desenvolvimento o embrião é chamado de blástula. Essa estrutura, por sua vez, dobra-se sobre si mesma, formando uma espécie de bola murcha. Nessa estrutura vemos a formação de duas camadas de células. Essas duas camadas já têm certa diferenciação celular e são chamadas de folhetos embrionários.

A camada mais externa dessas células é chamada de ectoderme. Já a mais interna é chamada de endoderme. Cada uma dessas camadas irá formar diferentes tecidos e órgãos. Os animais cujos embriões possuem apenas dois folhetos embrionários são chamados de diblásticos. Como exemplo de animais diblásticos temos o Filo dos Cnidários, onde estão classificadas as águas-vivas, as anêmonas e os corais.

Animais triblásticos

A maioria dos animais segue uma sequência mais complexa de desenvolvimento embrionário do que a dos animais diblásticos. Após a formação da gástrula, a estrutura embrionária continua se diferenciando. Algumas células da endoderme migram e formam uma terceira camada de células: a mesoderme. Sendo assim, o embrião se torna uma gástrula mais complexa, contendo três folhetos embrionários.

Como há a formação de mais um folheto embrionário, você já consegue imaginar que o animal que se originará será mais complexo que os diblásticos, certo? Sendo assim, os animais com triblásticos (com três folhetos) terão o desenvolvimento de mais sistemas e órgãos. Todos os animais, exceto o filo dos Cnidários e dos Poríferos (esponjas) serão triblásticos.

Diferença entre diblasticos e triblasticos
Desenho esquemático representando a gastrulação. No último desenho, podemos ver a gástrula, onde há a formação de dois folhetos embrionários: a ectoderme (em azul) e a endoderme (em amarelo).

Destino do blastóporo

Quando ocorre a formação do estágio de gástrula, o embrião possui uma cavidade interna, chamada de arquêntero. Essa estrutura irá dar origem ao tubo digestório do animal.

Além dessa cavidade, há uma abertura para o meio externo, que conecta o arquêntero ao ambiente. Essa abertura é chamada de blastóporo. Em muitos animais (praticamente todos os invertebrados) o blastóporo será responsável por dar origem à boca do animal. Esses animais são chamados de protostômios.

Porém, em alguns animais, o blastóporo será responsável por dar origem ao ânus. Nesse caso, os animais são chamados de deuterostômios. Todos o Filo dos Cordados (dentro do qual se encontram todos os vertebrados) e os Equinodermos (como as estrelas-do-mar) são classificados como deuterostômios.

Presença ou não de celoma

Em alguns animais, durante o desenvolvimento embrionário, há a formação de uma cavidade no interior do folheto embrionário que chamamos de mesoderme. Essa cavidade é chamada de celoma.

Nos animais adultos, o celoma corresponde à região situada entre a epiderme e o tubo digestório do animal. Essa região é responsável por alojar vários órgãos internos. Os animais que possuem essa cavidade são chamados de celomados. Todos os animais vertebrados, por exemplo, são celomados.

Há também animais que possuem uma cavidade no interior do corpo. Porém, essa cavidade não foi formada a partir da mesoderme, mas sim da blastocele. Nesse caso, esses animais são chamados de pseudocelomados. Esse é o caso dos animais do Filo dos Nematelmintos, como a lombriga.

Existem ainda animais que não possuem cavidade celomática. Neste caso, seus tecidos se organizam de maneira maciça em torno do tubo digestório. Esses animais são chamados de acelomados. Temos como exemplo de acelomados os Platelmintos, como a planária e a tênia.

Diferença entre diblasticos e triblasticos
Desenho esquemático representando os três tipos de classificações de acordo com a presença ou não de celoma.

Tipos de formação do celoma

Você acabou de aprender que o celoma se forma a partir da mesoderme, certo? Mas, essa cavidade pode se formar a partir de diferentes mecanismos. Veja:

Formação de esquizoceloma

Esse tipo de formação ocorre nos animais protostômios. A formação do celoma, nesse caso, ocorre a partir de massas (amontoados) de células mesodérmicas que secretam líquido para o interior da sua formação.

Formação de enteroceloma

Esse tipo de formação de celoma ocorre nos deuterostômios. Nesses animais, a formação do celoma ocorre a partir de evaginações da mesoderme que se diferencia a partir do fundo do arquêntero. Formam-se bolsas a partir dessas evaginações, que darão origem ao celoma.

Para facilitar sua compreensão, veja a imagem a seguir:

Diferença entre diblasticos e triblasticos
Desenho esquemático representando os diferentes tipos de formação do celoma.

Tipos de simetria

A anatomia do corpo dos animais é adaptada ao tipo de movimentos que sua musculatura realiza. Sendo assim, temos dois tipos de simetria:

Simetria radial

Dizemos que um animal possui simetria radial quando seu corpo pode ser dividido em várias “fatias” (planos) como uma pizza ou os raios dos pneus de uma bicicleta. Esse tipo de simetria é encontrado em animais que possuem pouca ou nenhuma mobilidade. Dessa maneira, esses animais acabam tendo contato com o ambiente em todas as direções. Esse é o caso dos Poríferos, dos Cnidários e dos Equinodermos.

Simetria bilateral

Nesse tipo de simetria conseguimos dividir o animal em apenas duas partes simétricas. Esse é o caso dos animais que se deslocam e se movimentam bastante no ambiente. Dessa maneira, o formato do animal com essa simetria diminui a resistência do seu corpo ao ar e à água, facilitando seu deslocamento. Esse é o caso dos demais animais.

Para facilitar sua compreensão, veja a imagem a seguir:

Diferença entre diblasticos e triblasticos
Imagem 7: Desenho esquemático representando os diferentes planos de simetria.

Agora, veja na tabela a seguir, como podem ser agrupados os filos de animais mais cobrados no Enem e nos vestibulares a partir das características embrionárias:

Diferença entre diblasticos e triblasticos

Animais vertebrados e invertebrados

Outra classificação muito utilizada em relação ao Reino Animal é a de invertebrados e vertebrados. Os animais vertebrados são aqueles que possuem um endoesqueleto com coluna vertebral e crânio. Já os invertebrados não possuem essas estruturas.

No entanto, essa classificação não significa a presença ou não de ossos nos animais. Por exemplo, há animais que possuem um endoesqueleto de ossinhos calcificados, como os Equinodermos. Apesar disso, eles não podem ser considerados vertebrados, uma vez que não possuem vértebras ou crânio.

Outro ponto importante a ser colocado sobre essa classificação é que ela não forma grupos taxonômicos verdadeiros. Dentro do Filo dos Cordados, por exemplo, encontramos tanto animais vertebrados, quanto invertebrados.

Videoaula sobre o Reino Animal

Para terminar, aprenda mais sobre o Reino Animal assistindo à minha videoaula, disponível no canal do Curso Enem Gratuito!

Exercícios sobre o Reino Animal

Por fim, resolva os exercícios de Reino Animal que selecionei para você!

Questão 01 – (OBB/2015)

Entre as novidades evolutivas que surgiram ao longo da irradiação dos grupos animais é correto afirmar:

a) O celoma é uma cavidade com função digestória.

b) Os tecidos verdadeiros surgiram ao mesmo tempo em que a triblastia.

c) O tubo nervoso ventral é encontrado apenas nos animais protostômios.

d) A simetria bilaterial está associada à capacidade de encontrar recursos de forma ativa.

e) A metameria está presente apenas em artrópodes e anelídeos.

Questão 02 – (Mackenzie SP/2019)

A figura abaixo apresenta cortes transversais de embriões animais, indicando seus três folhetos germinativos.

Diferença entre diblasticos e triblasticos

Foram feitas afirmativas a respeito dos três tipos de embrião.

I. A figura A refere-se aos cnidários, animais triblásticos sem cavidade celomática.

II. Na figura B observa-se uma cavidade pseudocelomática, revestida parcialmente por mesoderme.

III. A figura C representa, exclusivamente, animais esquizocelomados e protostômios.

IV. As letras A, B e C podem representar o desenvolvimento embrionário de uma planária, uma lombriga e uma minhoca, respectivamente.

São verdadeiras as afirmativas

a) I, II, III e IV.

b) I, II e III, apenas.

c) II e III, apenas.

d) I e III, apenas.

e) II e IV, apenas.

Questão 03 – (Mackenzie SP/2018)

O quadro abaixo mostra as características embrionárias presentes nos filos animais mais importantes.

Diferença entre diblasticos e triblasticos

São exemplos de animais pertencentes aos filos A, B, C, D e E, respectivamente,

a) esponja, água-viva, planária, lombriga, ouriço-do-mar e minhoca.

b) coral, ancilostoma, filária, poliqueto e pepino-do-mar.

c) planária, lombriga, minhoca, coral e estrela-do-mar.

d) água-viva, lombriga, planária, minhoca e ouriço-do-mar.

e) água-viva, tênia, lombriga, sanguessuga e estrela-do-mar.

GABARITO:

  1. D
  2. E
  3. E

Sobre o(a) autor(a):

Juliana Evelyn dos Santos é bióloga formada pela Universidade Federal de Santa Catarina e cursa o Mestrado em Educação na mesma instituição. Ministra aulas de Ciências e Biologia em escolas da Grande Florianópolis desde 2007 e é coordenadora pedagógica do Blog do Enem e do Curso Enem Gratuito.

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Qual a diferença entre diblásticos e triblásticos?

Os animais diblásticos são aqueles que apresentam apenas dois, a ectoderma e a endoderma. Já os animais triblásticos são aqueles que apresentam três folhetos germinativos: ectoderma, mesoderma e endoderma. Os cnidários são exemplos de animais diblásticos e os cordados são exemplos de animais triblásticos.

Quais são animais diblásticos?

São chamados de diblásticos os animais que apresentam apenas dois folhetos: endoderma e ectoderma. São exemplos os cnidários (corais e medusas).

Qual o significado de Diblastico?

Designação dos seres vivos que têm o corpo constituído fundamentalmente por duas camadas celulares: a ectoderme e a endoderme. A camada média, denominada, nestes casos, ectosoderme, é bastante simples e delgada. São tipicamente diblásticos os celenterados, como, por exemplo a hidra-de-água-doce.

O que é triblásticos e celomados?

O Celoma. O Celoma pode ou não existir nos animais triblásticos, que significa que a cavidade geral do corpo funciona como espaço para os órgãos internos, que são as vísceras. Os animais que não possuem o celoma, são chamados de acelomados, a exemplo dos vermes de corpo achatado, os platelmintos.