Com quantos cm o bebê é considerado grande

O nascimento de um bebê, nesta quarta-feira (12), chamou a atenção em um hospital de Suzano (SP). Isso porque Pedro Miguel, o "super bebê", nasceu com 5,1 kg e 56 centímetros, sendo considerado um recém-nascido "gigante".

"Foi uma surpresa tanto para nós, como pais, como para o hospital inteiro. Ninguém imaginou que ele ia nascer tão grande", disse a mãe Amanda de Oliveira Prado, de 24 anos, ao site G1.

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Esses bebês "gigantes", ou macrossômicos, termo mais correto utilizado pelos médicos, sempre chamam atenção (principalmente por serem mais "gordinhos"). De acordo com os especialistas, o recém-nascido deve ter mais de 4 kg para ser considerado grande.

Uma outra métrica utilizada pelos médicos é o percentil do feto, que é uma curva calculada a partir do tempo da semana gestacional em relação ao peso do bebê. A partir disso, os recém-nascidos são divididos em pequenos (percentil 10), "normais" (percentil 50) e grandes (percentil 90) —a tabela pode variar, chegando a 95 ou 97.

Por que alguns bebês são 'gigantes'?

Os motivos para isso são os mais diversos, entre eles a genética —pais muito altos, como jogadores de basquete—, obesidade materna e o ganho excessivo de peso na gestação, com alto consumo calórico.

Mas de acordo com a ginecologista e obstetra Carla Muniz, da Sogesp (Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo), a causa mais comum é diabetes gestacional.

"A mãe consome muito açúcar e envia para o feto, que vai responder a este aumento de glicose com um aumento de insulina (hormônio responsável por controlar o nível de açúcar do sangue). Essa hiperinsulinemia pode levar ao crescimento exagerado do feto", explica a médica.

Uma outra situação é caso a gestante tenha diabetes tipo 2 que funciona basicamente da mesma forma citada acima. A diferença é que essa pessoa já vai ter o diagnóstico prévio da doença.

Patrícia, por exemplo, não teve diabetes e nem obesidade, além de não ter estatura alta (1,65 metro), mas ganhou bastante peso na primeira gestação. Foram 13,5 kg a mais.

Há risco para o bebê ou para quem está gestando?

Embora não exista uma regra, bebês macrossômicos podem, sim, trazer mais riscos à saúde da gestante e também à deles, segundo a obstetra da Sogesp.

"Na mãe, há maior risco de [parto] cesárea pela proporção entre o feto e bacia. A mãe tem mais risco de ter atonia uterina, quando o útero fica muito grande e tem maior dificuldade para contrair. Se ele não contrai, há mais probabilidade de ela ter uma hemorragia", diz Muniz.

Para o recém-nascido, os riscos são de hipoglicemia, que é a queda de glicose no sangue, já que a fonte da substância era, dentro da barriga, da mãe. De acordo com a médica, há também os riscos de imaturidade pulmonar, pois o excesso de açúcar causa impacto no desenvolvimento do órgão, hipocalcemia, falta de cálcio no sangue, e policitemia, aumento dos glóbulos vermelhos no sangue.

Na hora do parto, há situações que devem ser avaliadas antes. "Bebês grandes podem ser desproporcionais em relação à bacia da mãe e o trabalho de parto pode não ser favorecido. Isso pode causar fratura de clavícula no recém-nascido e outras complicações no parto. Mas isso não é regra e precisa ser avaliado", diz a pediatra. Por isso, é tão importante fazer pré-natal, que é a chave para garantir saúde para o bebê e para quem está gestando.

* Com informações de reportagem publicada em 25/05/2022.

A definição mais comumente usada para “bebês grandes” ou macrossômicos é baseada no peso ao nascer: maior que 4000g. Em populações de mulheres de baixo-risco, a prevalência de macrossomia varia entre 5% e 10%, de acordo com a região do mundo. Cerca de 70% desses bebês são constitucionalmente grandes, e seu peso não está associado a nenhuma doença. Em 30% dos casos, a macrossomia pode ser provocada por diabetes ou hiperglicemia materna. A freqüência de macrossomia fetal em gestações complicadas por diabetes varia entre 15% a 45%, e depende fundamentalmente do controle glicêmico e da presença ou não de obesidade materna. Níveis elevados de glicose chegam para o feto e este produz insulina, que é um hormônio anabolizante: assim, os bebês são grandes porque são gordos, têm aumento das partes moles (músculos e gordura). Esses bebês têm risco maior de distócia de ombros, ou seja, durante o parto, a cabeça sai, porque cabeça não engorda, é osso, mas o ombro, que tem músculo e gordura, pode ficar preso depois que a cabeça se exterioriza.

Os riscos da distócia de ombros são: lesões maternas devido ao parto traumático e lesões neonatais, incluindo hipoxia (com ou sem lesão neurológica), fratura de clavícula, fratura de úmero e lesão do plexo braquial, que pode levar a paralisia e déficit do membro afetado.

Por outro lado, os bebês macrossômicos constitucionais (a maioria) são compridos e bem-distribuídos, verdadeiros manequins, belos e longilíneos e não têm risco maior de distócia de ombro. Podem tranqüilamente nascer de parto normal, e não há sentido em realizar cesárea “profilática” para evitar um evento que é raro. Embora exista associação entre macrossomia e distócia de ombro, a maioria dos conceptos macrossômicos não passa por esta complicação e o risco se restringe, na verdade, aos bebês filhos de mães diabéticas com peso maior que 4.500g.

Os principais fatores de risco para distócia de ombro são diabetes materno, obesidade, ganho ponderal excessivo (mais de 20kg durante a gravidez), macrossomia fetal e história de feto macrossômico, porém a distócia de ombro é geralmente imprevisível, e pode ocorrer em bebês com peso normalíssimo: cerca de 50% dos casos de distócia de ombro na ausência de diabetes ocorrem com bebês pesando menos de 4000g, e aí o obstetra deve estar preparado para lidar com esses casos. Algumas intervenções obstétricas, como o uso de fórceps ou vácuo-extrator, estão associados com maior risco de distócia de ombros, e sempre que se realiza um parto instrumental tem que se estar ciente desse risco.

A cesariana eletiva tem sido advogada para mulheres com diabetes e fetos macrossômicos, visando à prevenção da distócia de ombros. Como não existem estudos randomizados, esta é uma recomendação baseada na opinião de experts. Estudos estimam que, mesmo em fetos de mães diabéticas, para evitar um caso de distócia de ombro, se for usado o limite de peso de 4500g, seriam necessárias 443 cesáreas para prevenir um único caso de lesão permanente do plexo braquial. Mesmo assim, a maioria dos autores recomenda a cesárea em casos de bebês de mães diabéticas pesando mais de 4250g. Claramente, esta é uma recomendação que deve ser discutida com a gestante, obtendo-se o consentimento pós-informação para a decisão em relação à via de parto.

Não há evidências para apoiar a indução do parto ou a cesariana eletiva em mulheres sem diabetes, com gestação a termo e suspeita de macrossomia fetal, independente da estimativa de peso pela ultra-sonografia. Estudos randomizados não demonstram melhora dos resultados perinatais com esta prática. Aliás, a predição do peso fetal pela ultra-sonografia tem valor limitado, e são freqüentes os resultados falso-negativos e falso-positivos.

Diversos estudos demonstram que não há benefícios em se realizar indução ou cesariana eletiva quando o concepto de uma gestante normal pesa entre 4500g e 5000g, aguardando-se a evolução do trabalho de parto. Acima de 5000g, discute-se a possibilidade de uma prova de trabalho de parto, desde que a parturiente e o obstetra aceitem um risco aproximado de 10% de distócia de ombros no parto vaginal. De qualquer forma, admite-se que fetos “extremamente grandes” (acima de 5700g) poderiam se beneficiar de uma cesariana, uma vez que a distócia de ombros complica cerca de 40% desses casos. Os limites para o parto vaginal de acordo com o peso fetal são desconhecidos, porque bebês “extremamente grandes” são extremamente raros.

*Fonte: Melania Amorim, Médica Phd, Obstetra, Pesquisadora e Cientista

Setor de Ginecologia e Obstetricia do Instituto Nascer – Hemmerson Henrique Magioni, Médico Obstetra e Diretor Técnico do Instituto Nascer – CRM-MG 34455

Quando o bebê é considerado grande?

O recém-nascido cujo peso de nascimento é superior ao de 90% dos recém-nascidos com a mesma idade gestacional (acima do 90º percentil) é considerado grande para a idade gestacional.

Quantos centímetros nasce um bebê normal?

Quantos centímetros tem um bebê quando nasce? Ao nascer o bebê tem entre 2.500 a 3.500 g e mede cerca de 50 cm.