Bebê 2 anos mão na boca

Quanto mais tempo o bebê for amentado no peito, mais ele exercitará a sucção e assim não precisa chupar o dedo, a chupeta, o travesseiro ou seja lá o que for. O bico do seio é anatômico para a boca da criança e ela faz o esforço necessário para retirar o leite. Quando a amamentação é restrita ou suspensa por alguma razão, é normal a criança recorrer a outras “instâncias” para exercer o desejo de sugar. O problema é que algumas formas de sucção podem prejudicar a saúde. A chupeta nem sempre tem o formato adequado e cria um acomodamento no bebê, que não tem de fazer nenhuma força – afinal, dali leite não sai. A mamadeira é tampouco anatômica e exige esforço mínimo. Já o dedinho, alternativa prática e rápida na ausência de qualquer uma das opções acima, pode se transformar no grande vilão dessa história infantil.

A bronca dos dentistas é que o dedo e os artefatos artificiais podem causar deformidades na arcada dentária e distúrbios no posicionamento da língua, o que pode prejudicar a fala e a respiração. “Sugar mexe com a musculatura do rosto todo e dedo ou chupeta fazem pressão sobre a arcada (ainda molinha nos pequenos), que se estreita, deixando a mordida aberta. Daí a colocar a língua no espaço que fica é um pulo. Assim, prejudica-se a fala e a criança começa a respirar pela boca, que não está preparada para esta função. Surgem então os casos de amigdalites e faringites”, comenta a odontopediatra Liliana Temporão. Ela explica que a chupeta, se bem usada, pode até ser uma aliada no exercício da sucção: “Você deixa ela sugar e puxa de leve para intensificar o movimento. Repete isso umas 10 vezes”, ensina. Já o dedo, de acordo com Liliana, pressiona ainda mais o céu da boca e intensifica os efeitos ruins. A mamadeira, segundo ela, é dispensável, já que até os seis meses o ideal é amamentar no peito. Depois o bebê já está preparado para se habituar ao copinho. “Só para se ter idéia, quando a criança mama no peito ela faz 2, 5 mil movimentos de sucção por dia. Na mamadeira ela faz 1, 5 mil, errados”, diz.

Bebê 2 anos mão na boca

Liliana, entretando, concorda que dedo ou chupeta na boca tem a ver com a idéia de afago, segurança e carinho. “Mais fácil consertar os dentes depois que a cabeça”, pondera.

Para a psicóloga Úrsula Marianne Simons, é preciso entender o que há por trás da fase oral estendida. “Observamos que certos especialistas, como dentistas e fonoaudiólogos, desaconselham o uso da chupeta por analisarem exclusivamente o aparelho fonoarticulatório e o conjunto dentário. E o restante do indivíduo? Como fica a sua afetividade, sua angústia, sua entrada neste mundo? A criança é mais que seus dentes e sua boca”, diz. E mais: ela reforça que negada a chupeta a substituição pelos dedinhos – que estão sempre à disposição – é rápida e muito mais difícil de ser controlada. “Quando lhe propiciamos um objeto para esse fim, como a chupeta, a criança suga e sente-se na situação próxima a ideal de estar ao seio de sua mãe. Isto significa que a chupeta passa a ser um substituto da mãe e desempenha o papel de diminuir a angústia frente ao mundo estranho. Quando, porém, a chupeta não lhe é dada, isto não muda o sentimento de angústia existente, nem da sensibilidade oral. A criança procura da mesma forma a segurança e o substituto da mãe. E aí vêm os dedinhos.”

E o que inicialmente servia como uma estratégia de asseguramento, torna-se desnecessário à medida que a criança começa a desenvolver sua autonomia. É mantido, entretanto, como um hábito. “E hábitos podem ser difíceis de mudar. A chupeta pode ser afastada do campo de visão, o dedo não, uma vez que é um componente anatômico do ser humano”, comenta Úrsula.

Em caso de necessidade…

• Desde o início, a chupeta não deve ser de uso constante e, sim, associada ao dormir ou acalmar situações estressantes. A criança não necessita da chupeta quando brinca, está calma ou passeando no colo.

• Quando a criança começa a se locomover, a compreender o que lhe é dito, é importante que a chupeta seja associada ao dormir. Vários fatores justificam isto: ela aprenderá a diferenciar entre o sim e o não e entenderá que a chupeta é para dormir. A criança que deseja muito a chupeta até deita na cama, chupa a chupeta, mas após cinco minutos cansa e levanta. Se houver coerência, os pais insistirão que ela só terá a chupeta se ficar na cama.

• Em casos de chupeta ou dedo na boca fora de época, não adianta falar ou gritar para que a criança pare. Ela ainda não entende que o ato faz mal. Se a criança fica com o dedo na boca, o ideal é sugerir outras atividades, em que ela se mantenha ocupada.

• A chupeta é facilmente abandonada, quando envolve uma negociação adequada. Algumas crianças a abandonam espontaneamente. Quando isto não acontece, o ideal é aguardar que ela tenha entre três e quatro anos. Investiga-se algo que a criança deseja muito e propõe-se uma troca: ela poderá receber o que pediu, em troca da chupeta. Mas não podem haver recaídas: nem das crianças, nem dos pais.

• Tente minimizar as situações de estresse e dê a criança a atenção e carinho necessários para que ela se sinta amada. Depois que a criança tiver passado da primeira infância, chupar dedo torna-se um comportamento em busca do conforto. Medidas amorosas são eficazes. (LJ)

Distração para os dedinhos

É só ficar quietinha na frente da tevê, que Ana Beatriz, 5 anos, coloca um dedinho na boca e outro no umbigo. “A impressão que dá é que ela se acalma com isso, é como se ela ficasse se agradando”, comenta a mãe Marisa Cosmo do Nascimento, 30 anos. A mais velha – Letícia, 7 – tinha o mesmo costume, só que era um dedo na boca e outro no peito e que sumiu “do nada” há um ano. “Quando começamos a ter mais contato com a família do meu ex-marido a mania desapareceu. Ela mesma veio me perguntar se eu tinha reparado que ela já não chupava mais o dedo”, lembra.

A estratégia usada por Marisa é convidar Ana Beatriz para fazer atividades junto dela e “distrair” os dedinhos. “Assim, com as mãos ocupadas, ela esquece da mania”, diz. “Às vezes, eu brinco e lembro a ela de uma prima de 17 anos que chupa o dedo, que é feio e como o dedo dela está achatadinho. Ela só me olha e dá risada.”

Serviço

Liliana Temporão, odontopediatra, fone (41) 3335-4388 / Ursula Marianne Simons, psicóloga e psicopedagoga, fone (41) 3338-8223.

Porque criança de 2 anos fica com a mão na boca?

De acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria, chupar o dedo também faz parte do comportamento normal do bebê, assim como colocar as mãos e os pés na boca. Ele faz isso desde o útero materno, para fortalecer a musculatura responsável pelos movimentos de sucção, preparando-se para mamar.

É normal criança de 2 anos colocar tudo na boca?

Até os dois anos de idade, é comum que crianças levem qualquer coisa à boca. Isso, segundo alguns autores, acontece porque a boca é usada por elas para conhecer o mundo, uma fase de experimentação oral. Nessa etapa, a boca serve para identificar o gosto e a textura dos objetos.

Porque criança de 3 anos fica com a mão na boca?

É comum que os pais se preocupem e tentem impedir o filho de levar as mãos à boca, mas especialistas afirmam que esse ato é saudável e pode ser importante para o desenvolvimento da fala.

Como lidar com manha de bebê de 2 anos?

Mudar de ambiente, olhar para o céu, dar uma volta e tirar o foco do motivo da birra muitas vezes ajuda a "desativar a bomba". Mas vivenciar a tristeza decorrente das frustrações é parte do (difícil) processo de crescer. "O choro cura e é uma ferramenta para se acalmar", diz Santos.